sexta-feira, 31 de março de 2006

Avaliações do 2º período...

Chegou a hora da verdade! Depois de um longo segundo período de aulas, é tempo de pensar nas avaliações de mais de duzentos alunos. Há que ponderar as notas das quatro fichas de avaliação realizadas até hoje, mais os trabalhos realizados durante as aulas (sim, porque sou contra os ditos TPC`s), para além das atitudes demonstradas pelos alunos desde Setembro...
Ora, sabendo que a componente do saber e saber-fazer vale 70% e que a do saber-ser tem um peso de 30% na avaliação final, a verdade é que tenho casos de alunos que, tendo tido média positiva nas fichas de avaliação terão um nível negativo no final deste período por manifesto desinteresse e desleixo demonstrado noutras vertentes avaliativas: realização de trabalhos práticos, participação, assiduidade e postura na sala de aula, entre outros aspectos. Também tenho situações inversas, nas quais o empenho revelado proporcionará a subida das notas negativas (mas perto da positiva) das fichas de avaliação...
Enfim, hoje em dia não conta só aquilo que se faz nos testes, mas tudo aquilo que o aluno revela em termos de interesse, empenho, participação e postura. Há que ser equilibrado, pois o tempo de avaliar apenas conhecimentos já lá vai. Para o bem e para o mal...
Ora, fico satisfeito por, em termos gerais, conseguir que a média das avaliações nas minhas turmas de Geografia seja maioritariamente positiva, numa proporção de quatro positivas por cada negativa...

15 comentários:

Anónimo disse...

Olá Pedro.
Aind abem que não é só pelos testes que os alunos são avaliados.Seria muito racional embora esse tipode avaliação já decorresse durante muito anos. sempre achei muito mal ser avaliada só por um teste.
Onde está o empenho, a participação, as reflexoes ...e muitas vezes o estimulo perante os colegas de turma.( já referiste muitos factores)
Aind abem que a avaliação na tua disciplina é positiva.
Continua....

fica bem

Anónimo disse...

Mais um final de período, mais uns dias de inquietude em relação à avaliação dos alunos. Também eu não avalio os alunos apenas pelas notas que têm nos testes, aliás, como é que alguns professores conseguem fazer (só) isso? Todos nós também já fomos alunos e todos nós já passamos por testes e sabemos o quanto eles podem ser influenciados por diversos factores que não sejam só a falta de estudo. Como somos, além de professores, amigos, conselheiros, psicólogos, ... conseguimos ver que um aluno não está bem no dia do teste, ou que a nota que tirou não reflecte aquilo que o aluno demonstrou saber durante as aulas.
Mas, o que me preocupa mais nestes dias que se avisinham, são sem dúvida os malfadados planos de recuperação. Feitos no final do período passado, avaliados e reformulados a meio deste período, o que se seguirá agora? A reformulação da reformulação? Esquecer os planos feitos e fazer outros novos? Que mais documentação se há-de inventar? Quantos mais papéis vamos nós ter que preencher?
Tenho esperança que o Socrastex se há-de lembrar de reduzir a quantidade de papéis também na reunião de avaliação, acho até que ainda não se lembrou disso, senão era vê-lo, qual cerimónia de entrega de Óscares, a anunciar mais uns quantos pacotes de medidas com um nome qualquer terminado em "lex".
Nós até dispensavá-mos as cermónias. Que passem das palavras aos actos...

M disse...

Não achas que 30% para as atitudes/valores é exagerado?

Francis disse...

bom dia, venho agradecer a ajuda na maluqeira que nos propusemos no blog.

Pedro disse...

Caro Marco, o peso dado às atitudes e valores (30%) foi definido em reunião de departamento.
Pessoalmente, considero ser uma percentagem adequada, uma vez que a Escola, ao longo dos anos, tendeu a desvalorizar esta parte do saber (o saber-ser), sendo que, actualmente, a mesma se reveste de importância redobrada, dada a manifesta falta de valores e respeito que grassa em grande parte da nossa juventude.
Contudo, cada caso é um caso, pelo que o peso de 30% depende muito da realidade contextual em que se insere cada escola.

M disse...

Miguel, sei perfeitamente onde se definem os critérios de avaliação, não estava a insinuar que seriam de tua autoria. Não te parece no entanto que a escola ao chamar para si a responsabilidade pelas atitudes/valores está a fazer-se substituir aos pais, provocando assim a sua demissão do papel? Ou achas que foi pela desresponsabilização gradual dos pais que a escola teve de tomar como sua essa parte da educação dos alunos?

Pedro disse...

Marco, nunca pensei que não saberias quem define os critérios de avaliação. Apenas, quis passar essa informação para que quem ler este artigo (que não seja docente) tenha mais essa informação.
Quanto às razões para o peso dado às atitudes e valores defendo a tua segunda opção: de facto, a desresponsabilização que grassa na nossa sociedade e que se estende às famílias tem de ser combatida de alguma forma e esta talvez seja uma delas...

Anónimo disse...

Como professor sempre tive dificuldade em traduzir as questões da avaliação dos alunos em percentagens relativas aos domínios taxonómicos ou de aprendizagem.
Penso, embora nunca tenha feito nenhum estudo sobre tal assunto, que os professores (apesar da definição dessas questões nos documentos dos departamento nas escolas) não chegam a fazer as contas sobre as percentagens...
Penso também que os professores, por variadas razões e isto é apenas uma constatação não fundamentada cientificamente mas no que ouço, continuam a valer-se essencialmente dos resultados dos testes para atribuir a sua avaliação de final de período.
Penso que a discussão entre o Marco e o Miguel derivou para um campo exterior à questão. Se o professor trabalhou com os alunos, questões de natureza atitudinal, como deve trabalhar, aliás, como é impossivel não trabalhar, então deve dar-lhe um peso na sua avaliação. E isso depende da disciplina, do nível de ensino e dos alunos com que se trabalha.
Voltando ao início do meu comentário, eu penso que no ensino básico, por exemplo no pós 1º ciclo cuja avaliação somativa é atribuída em 5 gráus qualitativos de 1 a 5, repito, qualitativos, a definição de perfis de aprendizagem, com referenciais criteriais e não normativos, seria mais adequado. Mais trabalhoso, mas mais adequado e mais ajustado, alinhado e autêntico com aquilo que um professor deve pretender do seu trabalho: promover aprendizagens com os seus alunos. Aprendizagens de conteúdos declarativos, procedimentais ou atitudinais.

Anónimo disse...

O anónimo anterior tem nome. sou eu.

Rui Diniz Monteiro disse...

Caro Miguel,
1º, muito obrigado pela visita aos indocentes;
2º, ler os seus artigos e respectivos comentários sobre a avaliação dos professores suscitou-me algumas considerações breves sobre o assunto que postei nos indocentes;
3º, sobre este post aqui, devo confessar que cada vez tenho mais dúvidas e dificuldades em avaliar globalmente os alunos de forma justa: por isso, procuro sempre que haja um consenso entre mim e cada aluno sobre a nota que ele ou ela merece (quando há desacordo, conversamos e tentamos esclarecer-nos mutuamente).

Rui Diniz Monteiro disse...

Caro Miguel,
1º, muito obrigado pela visita aos indocentes;
2º, ler os seus artigos e respectivos comentários sobre a avaliação dos professores suscitou-me algumas considerações breves sobre o assunto que postei nos indocentes;
3º, sobre este post aqui, devo confessar que cada vez tenho mais dúvidas e dificuldades em avaliar globalmente os alunos de forma justa: por isso, procuro sempre que haja um consenso entre mim e cada aluno sobre a nota que ele ou ela merece (quando há desacordo, conversamos e tentamos esclarecer-nos mutuamente).

M disse...

Caro Henrique Santos, a questão tem a sua relevância quando há escolas em que as atitudes valem 50% da nota!

A Professorinha disse...

Também dou 30% às atitudes e valores. Há outros professores que dão 40%, atribuindo 60% aos testes, isto eu ja acho um exagero. Qualquer miúdo que se porte bem, faça os TPCs, participe, não tenha falta de material mas não consiga, por qualquer motivo, ter positiva nos testes, consegue ter um nível 3.
O pior é quando tens alunos que têm pouco acima dos 50% nos testes e pouco têm nas atitudes e muito menos nos valores e no fim levam com o 3 porque a média final dá 49,5... eu sei que devia dar 2, mas não dei... se calhar por falta de coragem da minha parte...

AnaCristina disse...

Há escolas que dão 60% às atitudes, por imposição do CP.
Quando soube, eu cheguei pasmada mas o que costumo fazer é dar 70-30. E dou nas orelhas dos miúdos no primeiro e no segundo período, dou 2 quando tenho dúvidas. Mas no 3ºperíodo analiso tudo e avalio tudo muito muito bem...

Boa Páscoa Miguel

Anónimo disse...

Carta enviada pela Porto Editora aos Professores mas que deve ser dada a conhecer aos pais e educadores:

No passado dia 13 de Abril de 2006, foi aprovado em Conselho de Ministros o Projecto de Lei para os Manuais Escolares.

Sobre este facto, a Comissão do Livro Escolar da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros lamenta que o Ministério da Educação tenha optado por um caminho que nos afasta das práticas seguidas em países com notório sucesso na Educação e que representa, ao mesmo tempo, um recuo de décadas do nosso ensino.

Em causa não está apenas a liberdade de autores e editores disponibilizarem novas propostas pedagógicas, está também a liberdade dos professores escolherem as suas ferramentas de trabalho de acordo com o projecto educativo das escolas e com os alunos que têm sob sua responsabilidade.

Durante este tempo que decorreu desde que se tomou conhecimento da intenção do Ministério da Educação em instituir um sistema centralizado e estatizado de controlo da edição escolar, e já lá vai um ano, os editores escolares da APEL deram a conhecer a sua posição de forma responsável e construtiva, alertando para os perigos inerentes a tal sistema. O exemplo mais recente da nossa postura é a Carta Aberta ao Primeiro-Ministro, que saiu no Jornal Público de 13 de Abril último, que disponibilizamos, por este meio, para seu conhecimento. Infelizmente, os argumentos apresentados não colheram junto dos responsáveis governamentais.

Assim, resta aos editores escolares da APEL renovarem o seu compromisso junto da sociedade portuguesa de que tudo farão para contribuir da melhor forma para o desenvolvimento da Educação no nosso país, pese embora os sérios constrangimentos que se adivinham.

Agradecendo, desde já, a sua melhor atenção, subscrevemo-nos, com os melhores cumprimentos

Porto Editora

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Exmo. Senhor Primeiro-Ministro

No passado fim-de-semana, tomámos conhecimento através das declarações do Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Dr. Jorge Pedreira, publicadas na Comunicação Social, que o Projecto de Lei para os Manuais Escolares iria em breve a Conselho de Ministros para aprovação.

Perante esse cenário, entende a Comissão do Livro Escolar da APEL, Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, dirigir a V. Exa., através desta carta aberta, um apelo para que impeça a concretização de um projecto que conduzirá o nosso sistema de ensino a um retrocesso de dezenas de anos.

De facto, o referido Projecto de Lei apresenta características que não só são desadequadas à realidade do nosso país, como impedirão a concretização da estratégia definida por V. Exa. para o desenvolvimento de Portugal. Falamos, naturalmente, do Plano Tecnológico e da modernização do país, para cujo sucesso é fundamental a promoção de uma Educação virada para o futuro.

Ora, tal estratégia será seriamente posta em causa se for dada luz verde a um sistema centralizado e estatal de controlo prévio de qualidade dos manuais escolares e demais materiais auxiliares. Um sistema que, por exemplo, obrigará a que os livros vigorem por oito anos – dois anos para a concepção, certificação e produção do livro escolar, mais seis anos de vigência no mercado –, pelo que, em 2015, os alunos estarão a estudar por manuais redigidos em 2006...

Além deste aspecto, é de sublinhar que os próprios argumentos avançados pelo Ministério da Educação para justificar a definição de um novo enquadramento legal para os manuais escolares são nada menos do que falsos e infundamentados.

Os responsáveis do Ministério da Educação afirmaram várias vezes que este sector estaria desregulado e que os livros escolares em Portugal não são de qualidade. Pois bem, esclareça-se que (i) há um Decreto-Lei em vigor, o n.º 369/90, que tem sido escrupulosamente respeitado por todos os agentes, incluindo os editores, à excepção do Ministério da Educação; (ii) não há um único estudo sério e rigoroso, publicado ou por publicar, que prove objectivamente que os livros escolares em Portugal não são de qualidade. Nenhum! Nem a actual equipa ministerial, em funções há mais de um ano, cuidou de produzir um só documento onde fossem apontadas deficiências a um qualquer manual.

Se há algo que se pode afirmar peremptoriamente em relação aos manuais escolares e outros materiais didácticos disponíveis no nosso país, é que estes apresentam uma evolução qualitativa inquestionável.

É importante que V. Exa. saiba, bem como toda a sociedade portuguesa, que as edições escolares têm sido responsáveis pela integração e difusão em Portugal de novas práticas educativas, nomeadamente as que recorrem à utilização de novas tecnologias, com o necessário rigor científico e pedagógico, respondendo de forma competente às necessidades e expectativas de alunos e professores. Há um conjunto de factores que contribui para esta realidade: desde logo, o investimento contínuo dos editores portugueses nas áreas da formação e investigação; a aposta no trabalho de autores e consultores de reconhecida competência nas respectivas disciplinas; a colaboração dos mais reputados professores universitários, pedra-de-toque num processo exigente e criterioso que, como se constata, resulta, na prática, num sistema de auto-regulação de provas dadas.

O próprio Ministério da Educação tem beneficiado em muito do trabalho desenvolvido pelos editores escolares, nomeadamente em iniciativas que visam o apoio a alunos com necessidade educativas especiais, a promoção da utilização das novas tecnologias nas escolas, o combate ao insucesso escolar. Ao longo dos anos, os editores escolares têm apoiado o Ministério da Educação em inúmeros programas de elevado mérito socio-educativo, sem exigir quaisquer contrapartidas, numa lógica de responsabilidade social que, pese embora não seja do conhecimento de todos, consideramos ser injusto desconsiderar.

Ainda assim, reconhecemos, com toda a naturalidade e transparência, que ainda há aspectos a melhorar, mas em abono da verdade lhe dizemos que a maioria das supostas deficiências apontadas a alguns manuais escolares são tão-somente a prova de que os respectivos programas curriculares não correspondem ao desejável. Não são só os editores que o afirmam: professores e especialistas nas mais diferentes áreas têm vindo a público criticar os programas em vigor, os mesmos pelos quais autores e editores são obrigados a elaborar os manuais escolares.

O exemplo da Finlândia
A visita de V. Exa. à Finlândia foi acompanhada pelos editores escolares com particular interesse e foi com enorme satisfação que constatámos a admiração por si manifestada quanto ao modelo educativo finlandês. Essa satisfação deve-se ao facto de há muito acompanharmos atentamente a realidade finlandesa, bem como a de outros países de notório sucesso educativo, caso da Noruega, da Holanda, da Suécia, da Espanha, da França, da Itália, entre outros, o que tem contribuído para que as edições escolares portuguesas reflictam também o que de melhor se faz ao nível da educação nesses países.

No entanto, é extremamente importante que todos saibam que, nesses mesmos países, o controlo da qualidade dos manuais escolares é exercido pelos professores, a quem se exige profissionalismo e responsabilidade pelas escolhas efectuadas. Nesses países, que apresentam os mais elevados índices de sucesso educativo, não vigoram sistemas de certificação prévia de manuais escolares, estatizados e centralizados, por tal ser entendido como contraproducente.

Não se compreende, pois, o porquê de se querer impor no nosso país um sistema absolutamente inadequado e retrógrado. Mais incompreensível se torna porque se vive o momento em que se exige a modernização da Educação em Portugal através da integração das novas tecnologias, da promoção da autonomia das escolas e consequente diminuição do peso do Estado central, e da responsabilização dos diferentes agentes educativos.

Numa altura em que a maioria dos países europeus tenta seguir o exemplo da Finlândia, investindo na ligação das salas de aula à Internet e, assim, permitindo a utilização de imensos recursos por parte de professores e alunos, o Ministério da Educação parece querer trilhar o caminho inverso.

Em vez de motivar os professores e os órgãos de gestão das escolas para seleccionarem com rigor e exigência os materiais didácticos que os seus alunos vão usar, preparam-se para eternizar o uso de materiais escolhidos por três ou cinco especialistas com reduzido conhecimento da realidade das escolas e, sobretudo, dos alunos.

Ao subalternizar e afastar os professores do processo de selecção de manuais, o Ministério da Educação está a desmotivá-los, obrigando-os a trabalhar com materiais que não foram escolhidos por eles nem tão-pouco serão os mais rigorosos e adequados para os respectivos alunos. O impacte negativo que esse cenário terá na leccionação afigura-se, pois, enorme.

Creia, Senhor Primeiro-Ministro, que nos move muito mais do que quaisquer interesses empresariais, ainda que tal fosse perfeitamente legítimo. Os nossos argumentos evidenciam uma preocupação sincera pela salvaguarda das necessidades dos alunos e do país, a mesma que nos tem motivado a aceitar o congelamento dos preços dos manuais escolares que vigora há quatro anos e que partiu da nossa iniciativa.

Não é, pois, de ânimo leve que afirmamos que a criação de comissões de certificação prévia de manuais escolares resultará em incalculáveis prejuízos para o nosso sistema de ensino. Haja bom senso para que se evite esse cenário, em nome dos alunos que constituem o futuro do nosso País.

Vasco Teixeira
Comissão do Livro Escolar da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros
Um pai atento