O Ministério da Educação tem vindo sucessivamente a afirmar que a avaliação dos docentes constitui condição essencial para que o sistema educacional português possa caminhar no sentido da sua credibilização. Estou completamente de acordo...
O que tinhamos até há bem pouco tempo era um sistema de avaliação de professores que de rigor e exigência não tinha nada. Mais parecia um processo de auto-avaliação não sujeito a qualquer tipo de ponderação e que, por isso, permitia que dois docentes completamente díspares em termos de trabalho efectivamente prestado tivessem a mesma avaliação. Não conheço ninguém que naquela forma de avaliar tivesse tido uma avaliação abaixo de Satisfaz.
E, o que temos agora? De um sistema automatizado como o que tinhamos e, por isso, injusto, passámos para um sistema excessivamente burocratizante e envolto em complexidades enormes, em que a arbritariedade poderá ser uma realidade a partir do momento em que existem quotas e, por isso, de interesses instalados em cada uma das escolas e departamentos curriculares.
Por isso, considero que seria importante simplificar as fichas de avaliação (temos 14 items de auto-avaliação sujeitos a resposta aberta, 16 items de avaliação a preencher pelo coordenador do departamento e mais 14 items de avaliação a preencher pelo director da escola) e abolir as quotas em vigor, sob pena de se arrastarem injustiças e pedidos de reapreciação e anulação das avaliação dos docentes, algo parecido com o que aconteceu com a subida à condição de professor titular. Ora, como o tempo não estica e a motivação origina bons desempenhos, não tenhamos dúvida que muitos docentes estariam mais preocupados na sua auto-avaliação do que na avaliação dos alunos. E, o processo de ensino-aprendizagem não pode ser prejudicado apenas pelo facto fos docentes estarem inundados em papelada para preencher (já chegam os papéis relacionados com os planos de recuperação e outros que tais).
Mais uma vez alguém mente: os sindicatos afirmam não terem sido chamados a intervir na elaboração das fichas de avaliação dos docentes, enquanto que o Ministério da Educação afirma o contrário. Seguem-se ameaças da Fenprof de recorrer aos tribunais. Enfim, parece-me que tempos melhores na Educação ainda estão por chegar...