quarta-feira, 22 de abril de 2015

Sabiam que os "sábios" do PS defendem a penalização dos professores que tentam aproximar-se das suas áreas de residência?!

Pois bem, na parte do relatório relacionada com o tema "Organização das escolas - criação de um quadro estável nas escolas", é referido que um dos factores que mais contribui para o insucesso escolar tem que ver com a falta de estabilidade docente nas escolas. Para os sábios do PS um professor colocado há vinte anos na mesma escola ensina melhor do que um professor que a cada quatro anos muda de escola, para tentar aproximar-se da sua área de residência! Então surge esta ideia completamente disparatada: penalize-se os professores que tentam mudar de escola por quererem estar mais próximos das suas áreas de residência e das suas famílias. Só falta mesmo escrever no relatório que os professores portugueses não podem ter família!!!
Para estes senhores, um professor de Viseu que esteja colocado em Lisboa, deve ser penalizado (é esta a palavra que utilizam!) por querer estar numa escola mais próxima da sua área de residência!!! Para estes senhores, sempre que este professor se apresentasse a concurso, deveria ser penalizado, porque estaria a contribuir para o insucesso dos seus alunos. Para estes senhores, os professores que mudam de escola (e, geralmente, agora só se muda de escola de quatro em quatro anos!) só pensam nas suas famílias, prejudicando os alunos! Será que o PS quer acabar com os concursos? Se não é, parece! É que na mesma página do relatório surge esta frase: "os concursos (...) devem ser reduzidos às situações de substituição de ausências temporárias".
Estou curioso para ver a reacção dos meus colegas socialistas que tanto criticaram o risco da municipalização da Educação (diziam que seria o fim dos concursos gerais de colocação de professores!) e que agora ficam mudos quando no relatório do PS se dá a entender que o melhor é acabar com os concursos ou penalizar quem se submete ao concurso. Já agora, gostaria de saber que tipo de penalização será esta?!...
Ficamos a aguardar! Volto a referir: sigam até à página 57 do relatório e leiam, com muita atenção, o que vem lá escrito! O relatório está aqui.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Dizem que na Finlândia se vai acabar com a Matemática, a História e a Geografia...

A notícia passou um pouco despercebida à opinião pública e à própria comunidade educativa. Não se falou muito do assunto. Os telejornais não lhe deram grande relevo e na comunicação social escrita apenas a revista Sábado lhe deu algum destaque. Contudo, o título da notícia também é enganador: "Acabou-se a Matemática e a História nas escolas finlandesas" escreveu a Sábado. Mas, não é bem assim...
O que se passa é que a Finlândia quer pôr em prática aquilo a que nós por cá chamamos de interdisciplinariedade. Só que, por cá, essa interdisciplinariedade não passa, muitas vezes, de teoria e apenas é aplicada nos papéis quando no início do ano elaboramos as planificações e fica assente que será nos trabalhos de grupo e nas visitas de estudo que a interdisciplinariedade será concretizada. Por outro lado, sabemos que, muitas vezes, num mesmo ano de escolaridade os alunos ouvem falar dos mesmos temas em duas, três ou até mais disciplinas. Dou apenas o exemplo das alterações climáticas, tema abordado na Geografia, nas Ciências Naturais e nas Línguas Estrangeiras.
Claro que assumir o fim de disciplinas nucleares como a Matemática, a História ou a Geografia para apostar em disciplinas mais generalistas e transversais parece algo disparatado. Dar, baralhar ou trocar disciplinas pouco importa. Saber que a disciplina tem este ou aquele nome não é relevante. Importante é, sim, assumir a aposta num currículo que não seja repetitivo, teórico, demasiado extenso e, muitas vezes, inócuo como aquele que vigora no nosso país, por exemplo, para o 3º ciclo do ensino básico. Enquanto continuarmos a ter cerca de dez disciplinas (a que há que acrescentar as aulas de apoio, as salas de estudo, as tutorias, etc.) para alunos de 13 anos, onde a matéria é, pura e simplesmente, debitada a correr porque o currículo tem que ser todo dado até ao 9º ano e há que preparar os alunos para os exames, então bem que podemos ficar surpreendidos com o facto de em Portugal a taxa de alunos que já tiveram pelo menos uma retenção ser superior a 30%, enquanto que na Finlândia essa taxa não chega aos 5%. Não me incomoda nada que na Finlândia a disciplina de Geografia seja chamada de "Ciências da Terra", "Ciências Histórico-Geográficas", "O País e o Mundo", "A Natureza e o Homem"...
O que também sei é que quando se chega ao topo, o difícil é manter essa posição, tal como sei que quando se parte de muito baixo, qualquer ascensão é de relevo. Digo isto a propósito do estudo que compara Portugal e Finlândia nos relatórios do PISA de 2003 e 2012: enquanto que Portugal reduziu a percentagem de alunos com maus resultados e aumentou os de bons resultados, na Finlândia ocorreu o inverso. Será que os finlandeses, por verem os seus resultados piorarem (claro que de um "Muito Bom" para um "Bom") ficaram assustados e resolveram apostar na interdisciplinariedade pura e dura? Se sim, não vejo mal algum. Sempre é melhor do que fazer como por cá se faz: o "faz de conta"...