Já tenho este blogue desde 2005 e todos os anos, por finais de Julho, costumo aqui escrever um artigo a dar conta de como decorreu o ano transacto. Havendo grandes probabilidades de no próximo ano lectivo estar na escola onde sou efectivo, dadas as circunstâncias deste concurso de professores (com quase 12 mil professores do QZP à espera de escola, a acrescentar a muitos QA em situação de DACL não acredito que os antigos DAR`s sejam em número elevado!) é chegado o tempo de fazer um curto balanço de como foram os meus últimos quatro anos na escola onde estive a leccionar.
Primeiro que tudo tenho que dizer que fiz boas amizades. Uma das vantagens de se chegar a uma escola e ficar por lá durante quatro anos tem que ver com as raízes que se vão criando nesse novo ambiente escolar. E estes foram quatro anos de muito trabalho, compensados por um espírito de grupo e de inter-ajuda bastante positivos. Fosse durante os intervalos, na sala dos professores, ou naqueles almoços de intensa cavaqueira, muitos foram os bons tempos passados com alguns dos colegas de profissão...
Quanto ao trabalho lectivo, posso dizer que das várias escolas por onde passei desde que comecei a dar aulas esta foi aquela onde, sem dúvida, menos "brindes" tive. Basta pensar que nestes quatro anos lectivos, para além da disciplina de Geografia (aos 7º, 8º, 9º e 11º anos de escolaridade) tive ainda que leccionar quatro disciplinas diferentes de cursos de âmbito profissional que me obrigaram a preparar toda a matéria, dada a falta de manuais escolares e de outros recursos pedagógicos a não ser o programa das disciplinas: só no curso de Turismo Ambiental e Rural leccionei Geografia, AI (Área de Integração) e ADR (Ambiente e Desenvolvimento Rural), para além da disciplina de CMA (Cidadania e Mundo Actual) no curso CEF de pastelaria. Enfim, só quem já deu aulas a cursos CEF`s e a profissionais, sobretudo em disciplinas técnicas, é que sabe do imenso trabalho que estas disciplinas dão, não esquecendo que as características específicas destes alunos (geralmente alunos com maiores dificuldades de aprendizagem) implicam um trabalho redobrado em termos de motivação e apoio...
Mas, houve uma outra situação que, não sendo muito usual ocorrer, implicou uma maior dose de trabalho: é que nestes quatro anos lectivos nunca dei continuidade a nenhuma direcção de turma. Tive o cargo de DT em quatro turmas diferentes: uma do 8º ano, duas do 9º ano e uma do 10º ano profissional! Ora, não sendo esta situação muito habitual, o trabalho com este cargo foi sempre "coartado" no final de cada ano lectivo, tendo tido sempre a obrigação de começar tudo de novo em Setembro com uma nova turma...
O que mais me agradou, em termos profissionais, nestes quatro anos foi ter leccionado a disciplina de Geografia a duas turmas do 11º ano, sobretudo porque, aquando da realização dos exames nacionais, os alunos não falharam e obtiveram excelentes resultados, colocando-os nos primeiros lugares do ranking distrital do exame de Geografia. Já há alguns anos que não leccionava ao 11º ano e a experiência com estes alunos, apesar da situação das Humanidades no país não ser a melhor, foi nesta escola bastante profícua... Todos concluíram a disciplina com sucesso, o que ajudou a que a média da escola nos exames nacionais fosse bastante positiva.
Quanto ao aspecto menos positivo destes quatro anos, sou obrigado a constatar que as obras de requalificação da escola não beneficiaram em nada (pelo menos por enquanto!) o processo de ensino-aprendizagem. Há quatro anos atrás tínhamos duas escolas (uma básica e outra secundária), é certo que mais pequenas, mas que, como se costuma dizer, "davam para as encomendas" e agora temos uma escola (que no final das obras mais vai parecer uma universidade, tal a grandiosidade da mesma!), mas que por enquanto (com as obras paradas por falta de verba) mais parece uma escola "espartilhada", com uma parte renovada, uma outra parte que transformada em estaleiro de obras e ainda outra parte repleta de contentores, sem pavilhão desportivo e sem suficientes espaços de recreio para os alunos, situação que transformou os dois últimos anos mais difíceis de enfrentar, tanto para alunos como para professores... Muitas foram as vezes em que cheguei a pensar "Que saudades da antiga escola!", mas o Governo socrático quis apostar na requalificação das escolas e agora as obras não andam, nem desandam...
Enfim, agora resta esperar pelo dia 31 de Agosto para saber os resultados da mobilidade interna. Até lá, há que gozar de umas merecidas férias em família para que em Setembro a mente e o corpo estejam em ordem para enfrentar um novo lectivo e um novo ciclo de quatro anos. Até lá, votos de umas boas férias para os que aqui costumam vir dar uma espreitadela, em especial para aqueles que, nestes últimos quatro anos, deixaram de ser meros colegas de trabalho e se transformaram em verdadeiros amigos...