O ano 2012 será para sempre recordado como o ano em que os portugueses sentiram na pele (uns mais do que outros) os efeitos da crise, cujos principais responsáveis muitos já esqueceram.
No sector da educação, o ano fica marcado por mudanças verificadas ao nível do currículo, da organização das escolas e das condições laborais dos professores, com objectivos essencialmente de ordem orçamental. Todos sabemos porquê. O Ministério da Educação é aquele que apresenta maior número de funcionários públicos e onde as despesas com o pessoal superam os 70% das despesas totais do Ministério. Foi o ano em que saíram mais professores para a aposentação e onde o número de contratados reduziu de forma substancial. Foi também o ano em que o número de docentes com horário zero aumentou consideravelmente. Enfim, foi o ano em que, também na educação, imperou a austeridade.
A nível pessoal, este voltou a ser um ano de muito trabalho, o que, nos dias de hoje e tal como está a classe docente é bom sinal. Com tantos colegas em horário zero ou horário lectivo incompleto (já para não falar daqueles que não obtiveram colocação) é positivo podermos dizer que tivemos um ano de muito trabalho. A grande satisfação surge quando vemos antigos alunos a chegarem à Faculdade e a sentirem saudades das aulas que tiveram quando foram nossos alunos. É sempre positivo quando vemos antigos alunos dizerem-nos que aprenderam muito connosco e que gostaram da nossa forma de ensinar, assente na preocupação de suscitar nos alunos a curiosidade geográfica...
A Geografia é das poucas disciplinas onde os alunos são impelidos a interpretarem e, sobretudo, a pensarem e, até a poderem criticar. Muitos são os temas que possibilitam a troca de opiniões e o debate: a demografia, a economia, o ambiente, o desenvolvimento humano, entre muitos outros temas, foram alvo de debates interessantes em contexto de sala de aula. E, claro, ver os alunos com boas avaliações na disciplina que leccionamos é, como diz o povo, a cereja em cima do bolo! É bom saber que os alunos gostam de aprender Geografia, e que, efectivamente, aprendem.
Em 2013, o mais provável é termos um ano dominado pelos concursos de colocação de professores, com todas as consequências daí resultantes, pois esperam-se mais agregações de escolas, mais cortes e, provavelmente, novas medidas ao nível da organização do serviço lectivo. Acredito que teremos um ano de forte contestação, sobretudo, a partir de Setembro.
A nível pessoal, se tiver um ano igual ao anterior (com uma escola e com alunos para dar aulas) já me dou por satisfeito. Se forem alunos interessados como os que tenho este ano lectivo, melhor ainda...
Aproveito para desejar a todos um 2013 repleto de coragem para enfrentarmos as dificuldades que se avizinham...