Muitos são aqueles que falam do ensino profissional sem saberem realmente como funciona o ensino profissional em Portugal. Para já há que distinguir o ensino profissional privado (tanto existe o bom como o péssimo) do ensino profissional público que ainda está, regra geral, muito aquém do melhor que há no privado...
De facto, existem escolas profissionais de ensino privado que já têm muitos anos de experiência e que, de facto, são exigentes tanto ao nível da requisição de professores, como no que concerne à aplicação requerida aos alunos. Muitas destas escolas têm uma forte ligação ao mundo empresarial e os alunos rapidamente encontram lugar no mundo do trabalho. Depois temos as escolas profissionais privadas que apenas têm em vista a obtenção de fundos comunitários para atrair futuros alunos (à custa dos subsídios de alojamento, de refeição e de estudo) e cujo nível de exigência está muito abaixo do mínimo.
Quanto ao ensino profissional das escolas públicas, a ideia geral que se tem (e falo daqueles que sabem o que são os CEF`s e as turmas do profissional porque já lhes deram aulas) é que o nível de exigência é ainda muito reduzido.
Este ensino profissional enferma dos seguintes problemas:
- a maior parte dos alunos são incluídos neste tipo de ensino não por vocação e interesse, mas porque são alunos menos interessados e com maiores dificuldades de aprendizagem, ou seja, já com algumas retenções no seu historial;
- a maior parte dos alunos são incluídos neste tipo de ensino não por vocação e interesse, mas porque são alunos menos interessados e com maiores dificuldades de aprendizagem, ou seja, já com algumas retenções no seu historial;
- a maior parte dos professores que dão aulas a estas turmas são escolhidos não porque têm maiores competências para ensinar a este tipo de alunos, mas porque não estão no topo da carreira e, portanto, não podem escolher as turmas aquando da distribuição de serviço; aliás, muitos dos professores contratados chegam às escolas e ficam com estas turmas (os do quadro preferem as turmas do ensino regular);
- o nível de exigência requerido a estes alunos não é o mesmo em relação aos alunos do ensino regular: basta referir que quando um aluno não termina com aprovação um módulo a uma qualquer disciplina tem à sua disposição pelo menos mais três momentos de avaliação (o 2º momento, a época de Junho/Julho e a época de Setenbro) para conseguir aprovação ao respectivo módulo;
- a forma como a maior parte do mundo empresarial olha para os alunos provenientes do ensino profissional é ainda de muita desconfiança: o objectivo de muitas empresas é ainda a questão do emprego a baixos custos (ou mesmo de borla) e não tanto a competência dos alunos com vista a contratarem um futuro empregado pós-estágio;
- a maior parte dos pais e encarregados de educação continuam a ver o ensino profissional como um reduto confinado aos alunos problemáticos e que, de outro modo, estariam destinados a abandonar precocemente a escola;
- os professores que têm a seu cargo este tipo de turmas (muito mais difíceis, tanto ao nível do tipo de alunos que têm a seu cargo - menos interessados e mais perturbadores - como ao nível da preparação de aulas e de fichas de avaliação - visto a maior parte das disciplinas não terem um manual previamente adpotado) não têm qualquer tipo de redução da sua componente lectiva (o que deveria ser merecido), prejudicando o seu desempenho profissional.
Enfim, muito haveria a dizer sobre o ensino profissional em Portugal, mas fico-me por aqui na certeza de que muitos daqueles que falam deste assunto estão a milhas de saber o que realmente é ter uma turma do ensino profissional, seja um CEF do ensino básico, seja um profissional do secundário.
Fica aqui o registo do último artigo de Santana Castlho sobre este assunto: