segunda-feira, 30 de março de 2015

Quem não sabe debater não se pode queixar da falta de debate...

Paulo Guinote desistiu ou, numa lógica mais politicamente correta, decidiu-se por colocar um ponto final num dos blogues mais lidos pela comunidade docente. Se o blogue "Arlindovsky" é o mais lido por ter um conteúdo sobretudo informativo e de esclarecimento sobre a profissão docente (informa muito melhor do que os sites dos próprios sindicatos), já o blogue "A Educação do Meu Umbigo" apresentava um cariz sobretudo ideológico. Mais do que informar, o blogue de Paulo Guinote funcionava quase como que um repositório de opiniões pessoais do autor sobre o que se ia passando na Educação, numa lógica quase propagandística e de confronto com a tutela. Quanto ao debate de ideias, por culpa do próprio Guinote, era quase nulo.
Pois bem, sem que ninguém o fizesse prever Paulo Guinote decidiu-se pelo fim do blogue. A razão parece ter que ver com uma espécie de desilusão pelo atual estado do panorama político-partidário: "o consenso entre PSD e PS torna o debate numa coreografia de fingimento", afirma Guinote, pelo que, segundo o autor o melhor mesmo é desistir. É curiosa a queixa de falta de debate vindo de alguém que, nas aparições públicas e no seu próprio blogue demonstrou uma incapacidade para debater e aceitar opiniões diferentes da sua. Próprio de que tem uma postura demasiado egocêntrica...
Apesar de todo este "umbiguismo guinotista" e falta de postura democrática, é pena que o autor se tenha decidido por "fechar portas". Não tanto porque deixemos de ter acesso a uma opinião de alguém que está no terreno e que efectivamente sabe o que é uma escola (certamente continuará a escrever artigos de opinião aqui e ali), mas porque deixa antever qualquer coisa de estranho. É que convém relembrar que estamos quase em período de campanha eleitoral e, não deixa de ser estranho, que seja nesta altura que Guinote se lembra de colocar um ponto final no seu blogue. E mais não digo...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Sobre a greve de sexta-feira. E lá se foram 5 milhões de euros...

A passada sexta-feira foi marcada pela greve da Função Pública. Os sindicatos falaram em 80% de adesão; o Governo nem do assunto falou. O certo é que no sábado já ninguém falava da greve e a semana começa com a conversa do costume: a novela "Sócrates" e a continuação da sua prisão preventiva.
É verdade que muitas escolas fecharam e que a grande maioria dos professores está descontente com a actual situação que atravessamos. Há razões para o descontentamento: as carreiras estão congeladas, a vida profissional dos docentes está mais difícil (as turmas estão maiores e a instabilidade profissional cresce), continua a desvalorizar-se a profissão. Enfim, se há classe que tem sido atingida pela austeridade é a dos professores. 
Mas, a melhor solução para demonstrar esse descontentamento será mesmo a greve? Ainda por cima a uma sexta-feira? Não me parece. Já aqui escrevi muitas vezes sobre os benefícios reais de se fazer greve. Não me vou alongar muito sobre o assunto. Apenas sei que a greve apenas beneficia o Estado, com a poupança de largas centenas de milhares de euros em salários, e prejudica os grevistas (menos um dia de salário não é nada displicente). Mas, respeito quem opta por fazer greve. É um direito que tem... Apenas penso que as consequências reais são inócuas...
Pois bem, a greve da passada sexta-feira já passou e tudo segue na mesma. A única certeza é que o Estado poupou, pelas contas dos sindicatos, quase 5 milhões de euros em salários. Basta fazer as contas: cerca de 70 mil professores em greve, com um prejuízo de 70 euros em média para cada docente, dá quase 5 milhões de euros...
Greves? Não, obrigado! Para uma grande manifestação em Lisboa até à Av. 5 de Oububro, lá estarei, como já estive noutras ocasiões...