Vou ser simples e directo ao assunto. Como aqui escrevi no post anterior, Nuno Crato e Casanova de Almeida haviam garantido há pouco tempo que nenhum professor do quadro iria para o regime da mobilidade especial. Veio a 7ª avaliação da troika e com ela a mudança de discurso. Uma volta de 180º, pelo que a ideia de que "o que hoje é verdade, amanhã é mentira" se aplica que nem uma luva a este caso. A isto chama-se defraudar as espectativas e, em bom português, mentir à descarada. Vou ficar a aguardar pelas declarações de Nuno Crato.
Contudo, estamos em fase de negociações entre o Ministério da Educação e os sindicatos, pelo que convém esperar para ver como vai ficar tudo no papel. Todos sabemos como são as negociações com os sindicatos: o Governo vem com propostas duras para depois retroceder, numa lógica de concessão e partilha de propostas e a resolução final fica-se pelo meio-termo. Neste sentido, continuo a acreditar que, no final, ninguém irá para a mobilidade especial...
Portanto, e indo de encontro ao que aqui venho defendendo, direi que:
1. Não há professores do quadro a mais, mas há problemas óbvios ao nível da sua distribuição;
2. As regras do concurso que se aproxima serão alteradas (como já aqui tinha escrito), sobretudo ao nível da obrigatoriedade dos colegas com horário-zero concorrerem a áreas mais vastas que não apenas as resultantes dos actuais 23 QZP`s;
3. Tendo em conta a saída, nos últimos anos, de milhares de docentes do quadro por aposentação, a acrescentar à redução do número de professores contratados, não se justifica que a mobilidade especial atinja a classe docente;
4. Caso a mobilidade especial se concretize para os docentes do quadro, Nuno Crato passará a ser visto apenas como um "lacaio" da troika e de Vítor Gaspar, pelo que o que Crato deveria fazer era demitir-se por ter faltado à sua palavra.
A "bomba" foi lançada ontem por Casanova e agora há razões claras para contestar e protestar. Ainda por cima a notícia foi conhecida, cirurgicamente, em período de pausa lectiva. Mas, estou certo que teremos aí um 3º período de aulas em brasa e com muitos protestos. Das duas, uma: ou o Governo volta atrás nesta matéria (tal como aconteceu noutras) ou Crato acabou de "comprar" uma guerra com os professores.
9 comentários:
Muito boa a sua análise.
Também penso que reduzir as zonas para concurso é um mal menor, mas há quem nunca concorde...
MJ
Ái agora já temos bomba? E antes o que tivémos? Onde é que você esteve na defesa da classe docente?
Agora já acredita que o Crato consegue ser pior que a Lurdinhas?
Haja paciência. Mas, mais vale tarde do que nunca.
Carlos,
a "Lurdinhas",como lhe chama, introduziu a ADD e grande parte dos profs enfureceu-se porque isto e mais aquilo, pensando que a avaliação que tinham até então era o ideal. Treta, era uma simulação de avaliação. Havia podres por todo o lado. Se os listasse, demoraria aqui muito tempo, coisa que não quero porque tenho uma vida para além da escola.Mas,tenho de concordar que não se pode fazer omoletes sem ovos e essa é a verdade que, infelizmente temos, culpa de muitas coisas e de muitos políticos, mas apesar de o Pedro estar a referir-se como uma bomba o que poderá acontecer e a falta de palavra de Crato, só é cego quem não quer ver.Talvez Crato tivesse errado ao fazer tais afirmações, mas há muito que as universidades deviam ter fechado os cursos de ensino e as pessoas tb. já sabiam que o barco estava cheio. Lamento muitas coisas, mas tento ver as coisas com objetividade, acreditando que nem tudo será assim tão mau. Detesto radicalismos e queixas por tudo e por nada. Cada um que se faça à vida e que dê o seu melhor em vez de passar horas a fio a carpir em umbigos e outros afins.
MJ ( para o Pedro: Prof. 3.º Ciclo, Sec. e Profissionais- Aveiro)
Caro Carlos, claro que só agora é que temos a "bomba", visto que agora é que temos a confirmação do ME que a mobilidade especial poderá vir a concretizar-se para os professores. Agora há, quanto a mim, razões para protestar.
Caro MJ, Crato deve explicações, de viva voz (e não por intermediários) aos professores. Temos 106 mil professores do quadro. É verdade que muitos estão mal distribuídos, pelo que se compreende que se revejam os QZP`s. Mas discordo da necessidade de haver mobilidade especial, tendo em conta a redução de milhares de docentes verificada nos últimos anos. Espero que tudo não passe de mera lógica de negociação com os sindicatos para depois o ME voltar atrás na sua proposta. Veremos...
Quanto aos contratados parece-me inevitável a sua redução. Já quanto aos do quadro, todos somos necessários...
Fora de tópico, mas gostaria de saber como é que se pode ler os comentários ou comentar no profblog.org.
MJ
MJ, só mesmo pelo facebook.
Pedro,
obrigada. Não tenho FB, mas vou seguindo os títulos do RM:-)
Uma verdadeira bomba. Vamos ter um 3º período de muito stresse e angústia nas escolas.
Se houver manifestação em Lisboa vou outra vez e espero bem que coloquem a hipótese da greve aos exames.
He, he, he, os calos começam a apertar a todos, não é? Até aos boys.
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