Passos Coelho falou hoje sobre os professores e a mobilidade especial. Felizmente não andou com rodeios e foi bem claro no que disse. Aqui fica o registo das suas declarações para memória futura: "Não é preciso colocar nenhum professor efetivo na mobilidade especial, mas é preciso que os professores efetivos possam dar aulas. Não vamos pagar a um professor efetivo para não dar aulas numa escola e contratar outro professor para outra escola em que há falta de professores".
Por outras palavras, hoje "enterrou-se" a mobilidade especial e "ressuscitou-se" a mobilidade geográfica que já por aqui, inúmeras vezes, havia defendido como a alternativa mais credível e sensata... Escrevi isso em Março aqui e voltei à carga em Maio aqui.
Relembro o que escrevi: "Caso a precarização na função docente se concretize (e basta que um professor seja remetido para a mobilidade especial para que isso aconteça) resta a Nuno Crato uma alternativa: a sua demissão. Apesar de tudo, continuo a pensar que nenhum professor do quadro terá como destino o desemprego... Quero crer que apenas estamos na fase das suposições e que, no final, todos os docentes do quadro acabarão por ter horário".
As declarações de Passos Coelho, forçadas ou não pelas greves que se avizinham, têm pelo menos a vantagem de descansar os professores do quadro. A mobilidade especial morreu e defender a mobilidade geográfica é uma questão de bom-senso.
Estou para ver o que vão dizer Mário Nogueira, Dias da Silva e todos aqueles que exigiam que o Governo enterrasse, de vez, a ideia da mobilidade especial aplicada aos professores. Ora, já foi enterrada...
Fica o registo das declarações de Passos Coelho. E, já agora, o elogio pelo bom-senso demonstrado. Há quem lhe possa chamar de recuo. Eu prefiro ver as coisas pela positiva...
Com um país refém da troika e sabendo nós das propostas do FMI e da OCDE em relação à mobilidade especial a aplicar aos professores, há que compreender que, em tempo de resgate financeiro, a margem de manobra deste (ou de qualquer outro) Governo não é larga. É, neste contexto, que elogio as declarações de Passos Coelho sobre os professores. Preferia que fosse Nuno Crato a fazê-lo, mas sendo o Primeiro-Ministro, fica claro que o bom-senso ainda existe na cabeça do chefe de Governo...
E as greves às avaliações e aos exames? De certeza que irão ter pouca adesão, mas pelo menos já serviram para alguma coisa: para esclarecer a posição do Governo em relação à não aplicação da mobilidade especial aos professores...
Adenda - Hoje, Nuno Crato veio corroborar das declarações de sábado de Passos Coelho e garantiu que "a mobilidade especial não terá efeitos práticos para os professores". Fica aqui o registo para memória futura...
11 comentários:
Como é que pode haver gente que ainda acredita neste aldrabão que depois de destruir a escola pública vem agora pedir aos professores que vão dar aulas para uma escola ao lado.
Tretas e mais tretas. Greve para a frente.
Mandar para o desemprego milhares de colegas contratados é ter bom-senso? É uma ova.
Se fosses contratado já não estavas com esse paleio todo de elogios e sensatez para com este sacana que odeia professores e vem agora com conversa fiada para ver se a greve tem pouca adesão.
Greve sim senhor!
No entanto...
... embora a maior parte não esteja para aí virado, o ideal não seria uma greve, ma sim precisamente o inverso!!!
Eles querem as 40 horas?
Demos-lhes as 40 horas!
Horário administrativo para a frente, isso sim faria com que mudasse EFECTIVAMENTE muita coisa.
- oito horas por dia no local de trabalho;
- trabalhando com as condições (na maior parte dos casos) de merda existentes nas nossas escolas;
- usando apenas os computadores do patrão (os outros são nossos e em lado nenhum está escrito que temos que adquirir materiais para trabalhar, seja onde for, e não me lembro de que isso estivesse no contrato que assinei!)
- requisitando tudo, desde um clip à esferográfica;
- ... etc
Isto é que serve de alguma coisa, agora, se a única forma de me mostrar indignado é fazendo greve!
Greve para a frente!
Beijos e abraços
Bom senso? Isso é coisa que este governo não tem.
Este é o governo que diz hoje uma coisa e amanhã o seu contrário.
É o governo dos recuos e com a desculpa de sempre. De que as condições mudaram e que, portanto o que ontem era um objetivo, hoje deixou de ser possível de concretizar.
Para quem acredita no Pai Natal até se pode deixar levar na conversa deste primeiro-ministro. Eu não me deixo.
Para a semana vamos para a greve com eles. Até os comemos...
Calculo que tenha sentido um grande alívio...Acha que o seu umbiguinho está a salvo? Ainda acredita nas tretas dos políticos depois destes mentirem descaradamente?
Quem escreveu isto só pode estar alinhado com este (des)governo...
Meu amigo, enquanto o Crato não passar as intenções para o papel nada feito.
Ana e bibónorte,
cada um tem a sua opinião. Importante é saber fundamentá-la. E não penso que tenha ocorrido nenhuma destruição da Escola Pública. Claro que houve cortes, mas com a entrada da troika em Portugal isso era de esperar...
Anónimo(o 1º),
a redução no número de contratados era inevitável. É pena que tenha de ocorrer, mas a prioridade em termos de horários deverá ser para quem já está no quadro. É verdade que se fosse contratado estaria descontente, mas há que contextualizar as situações. Continuará a haver vagas para os contratados, embora em menos número. Algo inevitável e que já era de esperar desde que a troika aterrou por cá...
Anónimo(o 2º),
infelizmente a nossa profissão não se coadugna com horários fixos e rígidos, dado que levamos muito trabalho para casa. Mas, é verdade que há quem trabalhe mais de 40 horas por semana. Mas, também há o inverso. Não sejamos ingénuos...
Anónimo (o 3º),
se fosse um mero alinhado com este governo não teria pedido a demissão de Crato caso a mobilidade especial avançasse...
Anónimo(o 4º),
concordo que é importante que na próxima reunião entre o MEC e os sindicatos hajam novidades nesse aspecto...
De certeza que não vai haver mobilidade especial? é que para este governo o que hoje é verdade amanhã já é mentira.
Ora toma lá uma greve geral como resposta. Toma e embrulha.
Pedro, concordo que é uma boa notícia. Mas, a garantia verbal não chega. Seria importante que Passos Coelho passasse das intenções às acções e colocasse no papel essa garantia.
Só assim podemos acreditar que nenhum professor irá para a mobilidade especial.
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