sexta-feira, 20 de julho de 2012

Os teóricos do eduquês voltam à carga

As metas de aprendizagem têm sido um assunto de reduzido debate e ainda são muitos os professores que estão a leste desta questão. Se antes tinhamos os objectivos, depois passámos a ter as competências e agora inventaram as metas de aprendizagem para que os professores saibam os que os alunos devem saber no final de cada ano de escolaridade por disciplina. E é tudo tão pormenorizado que, para não nos corar de vergonha, mais vale rirmo-nos do assunto...
Do conjunto de metas de aprendizagem propostas para os alunos do 1º ano de escolaridade apenas destaco estas duas pérolas que os alunos devem evidenciar no final do 1º ano:
- Ler corretamente, por minuto, no mínimo 40 palavras de uma lista de palavras de um texto apresentadas quase aleatoriamente;
- Ler um texto com articulação e entoação razoavelmente corretas e uma velocidade de leitura de, no mínimo, 55 palavras por minuto.
Já estou a imaginar os professores do 1º ciclo a terem de levar para as suas aulas um cronómetro para verem ao pormenor se os seus alunos cumprem os requisitos de leitura. Será para isso que Nuno Crato fala agora nos professores coadjuvantes para o 1º ciclo???
Será que os autores destas metas sabem o que é dar aulas ou será que apenas estão ocupados com as suas cátedras da Universidade? Serão os percursores do "eduquês" que Crato afirmou querer destruir? Cá para mim apenas demonstram que querem fazer dos professores verdadeiros "bonecos telecomandados", não lhes dando a autonomia necessária para avaliarem os alunos da forma mais correcta. Muitas das directrizes que são emanadas do Ministério da Educação têm como autores gente que ignora o que é leccionar ao ensino básico e secundário e que fizeram toda a sua vida profissional na Universidade.
O que deveria existir para cada disciplina em cada ano de escolaridade eram objectivos gerais que os professores deviam certificar-se que os alunos atingiam, independentemente dos recursos e materiais utilizados ao longo do ano. O que se quer nos dias de hoje é que os alunos sejam co-autores do processo de ensino-aprendizagem e não apenas receptores de matéria. Ora, com estas metas de aprendizagem tão pormenorizadas e eivadas de "picuinhices" apenas se promove o "decoranço" e o "vomitar" de matéria.
Já agora, certamente que muitos políticos da nossa praça não iriam cumprir algumas das metas de aprendizagem definidas para o 1º ano de escolaridade. He, he, he!!! 

2 comentários:

Anónimo disse...

55 palavras num minuto? Só podem estar a gozar! Quem se lembrou dessa barbaridade?

Júlio Bastos disse...

Essa está boa. Nem alguns professores conseguem ler a tal velocidade, quanto mais alunos da 1ª classe.