quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mais uma vez, o descalabro nos exames nacionais...

Se na 1ª fase os resultados foram insatisfatórios, sobretudo às disciplinas nucleares, agora na 2ª fase (realizados pelos alunos com negativa ou que pretenderam melhoria) não se esperavam boas novas. Bem pelo contrário...
Perspectivando o próximo ano lectivo não se esperam boas notícias. Da facto, com o aumento do número médio de alunos por turma e com a confusão que a agregação de escolas pode provocar (para além do facto de em dezenas de escolas as aulas decorrerem em contentores, devido às obras da Parque Escolar) não acredito que os resultados sejam melhores do que os deste ano. Depois, há que não esquecer que as novas regras de distribuição de serviço docente levam a que cada professor tenha um maior número de turmas e de alunos a seu cargo, o que, logicamente, só prejudica o seu desempenho profissional, com óbvias consequências ao nível do sucesso escolar dos alunos. 
Mas, o que mais me incomoda (há já vários anos) é o facto dos exames serem, regra geral, de reduzida exigência. Como professor de Geografia só posso falar do exame de Geografia A e este, posso dizê-lo à vontade, é um exame que já há muitos anos é elaborado de forma pouco séria e roçando a mediocridade. Digo isto porque no exame surgem 20 questões de escolha múltipla (que representam metade da cotação total do exame) em que o aluno não necessita de justificar a sua opção de resposta. Ora, esta metodolgia é extremamente injusta e nada rigorosa quando se pretende apurar se o aluno sabia a resposta correcta ou se respondeu "ao calhas". Um exame que se quer sério e rigoroso não pode apresentar questões de escolha múltipla sem incluir o respectivo pedido de justificação da opção assinalada. Já há vários anos que escrevo isto aqui no blogue. Infelizmente, a Associação de Professores de Geografia parece que não age em conformidade e o GAVE continua a insistir neste tipo de exame. Mesmo assim, a média nacional à disciplina ronda, todos os anos, uns míseros 11 valores.
Ora, Nuno Crato afirmou que, durante o seu "consulado" os exames nacionais passariam a ser mais rigorosos, mas quanto ao de Geografia A, ainda não foi este ano que se vislumbraram mudanças. Se para o próximo os exames passarem a ser de maior exigência e com as dificuldades que se esperam no decorrer do ano lectivo (turmas com mais de 26 alunos e professores cheios de turmas a seu cargo; mau ambiente nas escolas fruto das injustiças provocadas pela distribuição de serviço entre docentes com componente lectiva e os que tiverem "horário zero"; aulas em contentores em muitas escolas, etc.) espera-se um autêntico desastre ao nível dos resultados dos exames nacionais.
Cá estaremos para ver o que foi (ou não foi) feito durante este ano lectivo...

2 comentários:

Carlos Pires disse...

Escrevi isto a propósito dos resultados da primeira fase, mas infelizmente pode-se repetir: Medidas simples para melhorar os resultados dos exames nacionais

A medida D) parece-me a mais importante, pois contribuiria para implementar as outras.

Júlio Bastos disse...

Com tanta coisa que se diz sobre os concursos de professores nem dos exames se fala...