sexta-feira, 23 de junho de 2006

Complicadex e desleixadex!!!

Depois de tido a primeira de quatro reuniões de avaliação de turmas dos 7º e 8º anos de escolaridade fico com a ideia de que a burocracia na Educação não pára de aumentar. De facto, em 8 anos de serviço (bem sei que, para alguns, ainda sou novato nestas andanças da Educação!) tenho notado que a papelada que se tem de preencher a cada momento de avaliação, sobretudo nas turmas do 3º ciclo (quando comparados com as do secundário), é cada vez em maior número. Isto já para não falar nos procedimentos que têm de ser tomados por um conselho de turma quando este considera que um aluno já com, pelo menos, uma retenção no seu percurso escolar deve ser retido (até já parece que é proibido dizer a palavra "reprovar"): veja-se o caso da justificação da retenção de um aluno com base na avaliação de uma série de parâmetros, através de cruzes, que vão desde a assiduidade do aluno até à sua capacidade para se evidenciar de forma notória nalguma actividade... Quem é professor sabe do que falo!!! Enfim, tudo está previsto para facilitar as progressões e complicar as retenções dos alunos...
A verdade é que estou de rastos depois da reunião de avaliação de hoje. Começou às 9H. e só terminou depois das 14H. Pelo meio assisti a discussões entre professores, formas de pressão exercida a colegas para subirem a proposta de nível atribuída, desconhecimento das formalidades a tomar por alguns dos intervenientes; enfim, uma série de peripécias que demonstram a falta de profissionalismo e seriedade de alguns docentes, o que a juntar à incrível dose de burocracia que acompanha estas reuniões, resulta numa maior propensão para transitar os alunos de ano. Imagine-se que há colegas que chegam a defender, em plena reunião, a transição de alunos para que a reunião decorra de forma mais rápida para, assim, poderem ir mais cedo para as suas casas, apenas porque são de longe! Andamos a brincar ou quê? Por isso é que defendo uma avaliação séria e rigorosa do desempenho do trabalho docente...
Bem vistas as coisas, a Ministra da Educação até tem razão num aspecto: há que ser rigoroso na avaliação dos professores. Mas, convinha que a Ministra não se esquecesse de trazer para a sua pasta o plano Simplex. É que, com tanta papelada e burocracias extremas o professor mais parece uma funcionário administrativo e não tanto um profissional da educação...

8 comentários:

amigona avó e a neta princesa disse...

Não sei porque acha que com a avaliação são esses tais professores que vão melhorar!!!! Não está a ser ingénuo?

IsaMar disse...

Bem...sinceramente...é complicado.
Este País vive da burocracia...para dar trabalho ..aliás mais trabalho a quem já tem e facilitar outros...
Segundo Ruben Alves, numa conferencia sobre a Educação no ano transacto.."precisamos é de educar o país e não de papelada que ninguem lê".Ele tem razão!
Lamento que haja professores com a ousadia de quererem aprovar alunos só para não terem maçada. É muito grave.
Como dizes...a Ministra até tem razão!
Tem paciência..com as avaliações e reuniões...está a acabar.

fica bem

Anónimo disse...

Não percebo como pode alguém concordar com a ministra.Quando ela desresponsabiliza o ministério e responsabiliza os professores pelo estado da educação, só está a fugir ao problema e a intoxicar a opinião pública.Os professores só acatam as ordens do ministério e de quem o tutela.Os professores não são ouvidos nestas questões.A burocracia e as pressões nas avaliações a que os professores estão sujeitos, fazem parte integrante dás ordens do ministério.Quando a ministra diz, que existe uma muitissima elevada percentagem de retenções, o que estará a insinuar?Está a ser isenta?Abraço

A Professorinha disse...

Das 9h às 14h??? Pressões?? Para onde vou eu?!?!?!?!?...

E depois ainda há quem defenda certos e determinados professores em detrimento dos competentes.

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

«Há que ser rigoroso na avaliação dos professores». Há que ser rigoroso, há que ser honesto, e sobtretudo há que ser transparente quanto aos critérios.
Mas para ser transparente quanto aos critérios, o Ministério da Educação teria que ser claro quanto ao que espera dos professores. E para dizer claramente o que espera dos professores, teria que confessar os objectivos da sua política educativa. E como estes objectivos não são confessáveis...

soledade disse...

Concordo com o quiron: não são confessáveis, de facto. Embora, neste momento, lhe seja já difícil (à empenhada ministra da "escola dos resultados") ocultar aquilo a que veio.

habacuc disse...

Oh Miguel, toda essa burocracia tem uma finalidade,está longe de ser inocente! A finalidade é exactamente aquela que tanto contestas no teu post, é cansar os professores de tal forma que o mais fácil é mesmo "passar" os alunos e assim fazer diminuir o insucesso escolar estatisticamente... Só que obviamente, é um objectivo que não pode ser "confessado". Se não, repara, que sentido faz ter de andar à procura ao longo de 8 anos se em algum deles um aluno já teve uma retenção para o considerar como caso de dupla retenção, mesmo que tenha sido no 2º ano da 1ª fase por ter tido uma doença que o impediu de ir à escola, há 7 anos atrás???
Depois, os exames, são só para "inglês ver"...Até nem contam quase nada!
Quem te disse que o ministério quer professores "competentes"??? Alguma vez?
O que quer é professores submissos, o que é outra coisa completamente diferente....
habacuc

Maria Bettencourt Lemos disse...

Olá,
Esta manhã ao efectuar uma pesquisa s/um assunto relacionado com o "ensino" reparei no seu link que achei atractivo, pelo que resolvi entrar ...e estou aqui há mais de 2 horas a ler o que publica, não só o que escreve como também alguns comentários.
Óbviamente que acho o seu blog "muito interessante", parabens pela frontalidade!
Resolvi e bem percorrer o blog desde o inicio e não era minha intenção tecer qualquer comentario, mas devo dizer que fiquei e estou francamente incomodada com o conteudo deste post...acho até que se não fossem escritas por um professor num blog que é público eu jamais acreditaria!!!Porque uma coisa é eu colocar a hipótese de estes "desastres" acontecerem e outra é constatar através das suas palavras que são reais...é inacreditável!Para quem tem filhos em idade escolar e que acompanha e investe seriamente nesse mesmo percurso ler o que acabei de ler é no minimo absolutamente desagradável!
Não sou professora, mas o seu blog e respectivo conteudo interessa-me como encarregada de educação e mãe de duas filhas, uma delas aluna do 3º ciclo e outra a terminar a Licenciatura do Curso de Professores!
Maria Lemos