domingo, 27 de janeiro de 2008

Avaliação dos professores: uma necessidade que merece justiça e imparcialidade

O Ministério da Educação tem vindo sucessivamente a afirmar que a avaliação dos docentes constitui condição essencial para que o sistema educacional português possa caminhar no sentido da sua credibilização. Estou completamente de acordo...
O que tinhamos até há bem pouco tempo era um sistema de avaliação de professores que de rigor e exigência não tinha nada. Mais parecia um processo de auto-avaliação não sujeito a qualquer tipo de ponderação e que, por isso, permitia que dois docentes completamente díspares em termos de trabalho efectivamente prestado tivessem a mesma avaliação. Não conheço ninguém que naquela forma de avaliar tivesse tido uma avaliação abaixo de Satisfaz.
E, o que temos agora? De um sistema automatizado como o que tinhamos e, por isso, injusto, passámos para um sistema excessivamente burocratizante e envolto em complexidades enormes, em que a arbritariedade poderá ser uma realidade a partir do momento em que existem quotas e, por isso, de interesses instalados em cada uma das escolas e departamentos curriculares.
Por isso, considero que seria importante simplificar as fichas de avaliação (temos 14 items de auto-avaliação sujeitos a resposta aberta, 16 items de avaliação a preencher pelo coordenador do departamento e mais 14 items de avaliação a preencher pelo director da escola) e abolir as quotas em vigor, sob pena de se arrastarem injustiças e pedidos de reapreciação e anulação das avaliação dos docentes, algo parecido com o que aconteceu com a subida à condição de professor titular. Ora, como o tempo não estica e a motivação origina bons desempenhos, não tenhamos dúvida que muitos docentes estariam mais preocupados na sua auto-avaliação do que na avaliação dos alunos. E, o processo de ensino-aprendizagem não pode ser prejudicado apenas pelo facto fos docentes estarem inundados em papelada para preencher (já chegam os papéis relacionados com os planos de recuperação e outros que tais).
Mais uma vez alguém mente: os sindicatos afirmam não terem sido chamados a intervir na elaboração das fichas de avaliação dos docentes, enquanto que o Ministério da Educação afirma o contrário. Seguem-se ameaças da Fenprof de recorrer aos tribunais. Enfim, parece-me que tempos melhores na Educação ainda estão por chegar...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Para onde vai o nosso ensino???

O Presidente da República começou o ano, questionando os nossos governantes sobre o caminho que está a seguir o estado da saúde em Portugal... Foi prespicaz e pertinente na questão formulada. Pena é que, mais uma vez, tenha optado pelo silêncio no que toca às mudanças que se perspectivam para a área da Educação do nosso país. Tendo-se referido ao aumento do número de alunos a frequentar a escola e à diminuição do insucesso escolar, não foi ao fundo da questão, omitindo as verdadeiras razões para tais factos. E, a tendência será sempre para melhorar nas estatísticas, dado que, com a lógica do insucesso escolar a impedir uma boa avaliação do desempenho dos professores, estou para ver até que ponto é que um professor se vai a arriscar a dar mais do 20% de níveis negativos...
No campo da Educação, este ano 2008 começa envolto em circunstâncias que indiciam uma vida ainda mais difícil para todos aqueles que se dedicam a esta nobre tarefa de educar e instruir. As mexidas previstas para as direcções das escolas deixam antever o regresso à velha lógica do Estado Novo, em que o poder era detido pelo "reitor". Ao passar-se da lógica colegial para a lógica individualista não estaremos a enveredar pelo caminho de uma menor democraticidade nas nossas escolas?
E o que dizer de toda a carga burocrática que espera os professores aquando da sua avaliação? Isto já para não falar da injustiça de termos a imposição de cotas, que, certamente, irão impedir que muitos dos docentes mais novos (e, por isso, os menos bem pagos e, muitas vezes, os que apanham com mais tumras) possam progredir na carreira...
De Cavaco Silva não se pode esperar nada (depois de ter concordado com um estatuto tão injusto)! Do Governo, com mais ou menos acção dos sindicatos, muito menos! Mesmo assim, acredito que a solução para esta desgraça toda apenas será uma: quando, no nosso país, a Educação bater bem lá no fundo, como aconteceu no Reino Unido há uns anos atrás (por lá até chegaram a ter falta de docentes, tal era o descrédito da função docente) aí, sim, assistiremos a verdadeiras reformas em prol da dignidade da profissão docente!!!