domingo, 22 de dezembro de 2013

Pausa para descanso...

Escola nova com novas rotinas e trabalho a dobrar. É isto, de forma muito sintética, aquilo que posso dizer deste primeiro período de aulas que agora chegou ao fim. 
Alguém escreveu no artigo anterior que eu tinha feito greve à blogosfera, dado que nos últimos tempos não tenho vindo aqui escrever. A verdade é que a razão que me obrigou a deixar de vir aqui com a regularidade que costumava fazer é muito simples: falta de tempo. E se o muito trabalho é um dos factores responsáveis por essa falta de tempo (escola mais distante, turmas mais difíceis, a leccionação de uma nova disciplina técnica de um curso profissional que obriga a uma exausta preparação de aulas, etc.) há um outro factor que justifica a secundarização da blogosfera: a família. Sim, porque se a escola me tira mais do que as 40 horas de trabalho legalmente estabelecidas por lei, a verdade é que tento sempre que o pouco tempo que me sobra seja passado com os dois "alunos" mais importantes que tenho: os meus filhos. Sim, porque quando, ao final do dia, chego a casa deixo a "farda" de professor de lado e coloco a de pai  (e é aqui é que se nota a importância que os pais têm no aproveitamento escolar dos filhos)...
Este foi um primeiro período de aulas longo e duro. Catorze semanas de aulas que, a nível nacional, foram marcadas, sobretudo, pela questão da prova que no início era para ser aplicada a todos os colegas contratados e que, depois de uma jogada política muito baixa (a que a FNE acedeu) ficou destinada aos que têm menos de 5 anos de serviço. Uma prova que alimentou a sedenta comunicação social e que permitiu que não se falasse do mais importante que há na Educação: os alunos. Ainda por cima, a reacção de alguns dos nossos colegas à prova, rasgando enunciados e utilizando impropérios à frente dos jornalistas, em nada ajudou à imagem que pais e alunos têm da classe docente. 
Entretanto, nas escolas continua-se a assistir a um declínio generalizado da exigência e dos resultados escolares dos alunos, bem evidenciados no cada vez mais desigual comportamento das escolas públicas e privadas relativamente aos resultados obtidos nos exames nacionais. Se o contraste litoral-interior era já algo que se conhecia, os contrastes entre escolas privadas e escolas públicas agudiza-se. Por outro lado, pouco se sabe sobre os reais efeitos que o ensino profissional leccionado nas escolas públicas tem nos jovens que pretendem começar a sua vida laboral. Parece cada vez mais claro que a crise financeira que há vários anos assola o país está a ter consequências nefastas nas nossas escolas. Já não bastava o desânimo que tomou conta da classe docente! É que todos os dias somos confrontados, nas nossas escolas, com a falta de vontade de muitos dos alunos em aprender, situação que é agravada pelo facto de muitas famílias estarem separadas (o problema de emigração) ou a viverem com graves dificuldades (o problema do desemprego). E o que esperar dos filhos destas famílias? Coisas boas é que não...
Enfim, pelo menos (ainda) temos direito a uns dias de pausa lectiva para descansar e "recarregar" baterias para os segundo e terceiro períodos de aulas que se seguem. Provavelmente a discussão à volta da prova aos colegas contratados irá ressurgir. No terceiro período, serão as vagas e os horários-zero a tomar conta das preocupações de muitos dos professores do quadro. Os cortes na Educação não parecem ter limites (o OE 2014 é disso prova), pelo que se espera uma nova redução do número de colocações. Como se isso não bastasse, no próximo mês de Janeiro já iremos sentir uma nova redução nos salários! Só más notícias. Parece claro que a austeridade veio para ficar, pelo menos para quem é funcionário público. Pelo meio, e enquanto o crescimento económico não chega de vez, os problemas das famílias portuguesas (as que são confrontadas com o desemprego, a emigração e a crise) continuarão a ter reflexo nas nossas escolas, com muitos alunos sem ambições, sem perspectivas, sem objectivos e aos quais se torna cada vez mais difícil "resgatá-los" para a primeira finalidade da escola: a aquisição de conhecimentos.
Votos de Boas Festas para todos os que aqui (ainda) costumam vir dar uma espreitadela e que 2014 seja um ano de boas concretizações...