quinta-feira, 17 de abril de 2014

Citando Maria Filomena Mónica

Para esta pausa lectiva da Páscoa resolvi comprar os dois mais recentes livros de Maria Filomena Mónica. Bem sei que tem havido muita publicidade aos livros (as aparições da escritora nas televisões, jornais e rádios têm sido mais que muitas) e que a técnica de investigação escolhida pela autora (o recurso a diários de meia dúzia de professoras e alunos) é pouco usual. Mas, mesmo assim, optei por, nestes dias, me dedicar à leitura destes dois livros e não me arrependo da minha decisão.
Mais do que discorrer sobre as ideias que Maria Filomena Mónica tem da Escola Pública, prefiro recorrer a algumas das afirmações que constam do seu livro "A Sala de Aula" e com as quais me identifico.
Deixo uma citação respeitante a cada um dos capítulos do livro, citação essa que define muito bem aquilo que penso e que tenho vindo a apresentar neste blogue desde há muitos anos...
- "Ao longo dos anos, (o MEC) não tem cessado de emitir leis e mais leis, o que mina a autonomia e a responsabilidade das escolas". - página 52
- "E aqueles (alunos) que se esforçam, que são capazes de renunciar à folia e à preguiça para terem as matérias em dia, que estão atentos, que participam que atingem notas altas, que valorizam a escola, que respeitam os professores e dão bom nome a uma instituição, ... às vezes são esquecidos". - página 82
- "Os jovens deixaram de acreditar no valor do esforço; os pais deixaram de ser capazes de inculcar regras e as escolas optaram por divertir os alunos" - página 97
- "...é preciso formar técnicos, mas os cursos (profissionais) que os preparam não podem ser o caixote do lixo para onde se atiram os deserdados da sorte. Há dois lados nesta fraude: cursos mal concebidos e alunos mal-educados" - página 122
- "A ideia de que, em Humanidades, é possível aplicar testes de escolha múltipla é um crime... tudo fica reduzido a um jogo de sorte e azar". - página 131 
- "É como se aos estudantes fossem apenas exigidas técnicas de copy & paste. Muitas vezes o que lhes é solicitado é que escrevam por palavras próprias, ou nem isso, o que está nas fontes e documentos dos enunciados dos exames". - página 157
- "Todos sabem, em cada escola, quem são os maus professores, os baldas, aqueles que não preparam aulas... mas falta a coragem para tomar a decisão de se lhes atribuir uma avaliação negativa". - página 169
- "Há o problema da uniformidade dos salários dos docentes, que faz com que os preguiçosos recebam o mesmo que os que se esforçam. Trata-se de uma assunto tabu para os sindicatos". - página 195
- "Entre o compadrio que possa existir quando as escolas são entregues às comunidades (especialmente devido à corrupção endémica das autarquias) e o MEC a escolha é difícil". - página 210
- "Há muitos professores nas escolas... que apenas têm 14 horas de aulas. Até se reformarem há, de facto, uma injustiça no interior da classe: ao lado de professores com imensos alunos, haverá outros com poucos". - página 249
Ficam apenas algumas das frases que constam do livro de Maria Filomena Mónica das muitas com as quais concordo. Um livro que aconselho a todos...