terça-feira, 22 de abril de 2008

O resultado obtido pelos sindicatos: de milhares passámos a algumas dezenas...

Ontem foi dia de manifestação de professores em Viseu. Ou melhor, de mini-manifestação!!! Segundo a Plataforma Sindical, a manifestação visou protestar contra a "divisão dos docentes em categorias hierarquizadas, a prova de ingresso dos jovens professores e o modelo de gestão". Ora, com o memorando de entendimento recentemente assinado entre o Ministério da Educação e a Plataforma Sindical a força de contestação dos professores esmoreceu por completo. Se em Fevereiro tinhamos sido mais de 2 000 docentes nas ruas de Viseu, ontem não passámos de algumas dezenas. Simplesmente miserável!!!
Os sindicatos bem tentam passar a ideia de que a luta continua, mas o sentimento da maioria dos professores é outro: desistência, desilusão e desacordo. Os sindicatos criticam o que muitos professores vão desabafando pela blogosfera. Ainda agora, enquanto escrevo estas palavras, oiço na sala de professores um sindicalista dizer a seguinte piada: "os meninos dos blogues só sabem escrever, mas não sabem lutar". Sabe lá ele o que diz! Será que costuma ler os blogues do Ramiro Marques ou o do Paulo Guinote, entre muitos outros? Será que sabe da importância de grupos de professores que surgiram na blogosfera e se transformaram em movimentos credíveis de defesa da profissão docente? Este ódio dos sindicatos por todos quantos não pensam como eles é demonstrativo da reduzida capacidade de democraticidade destas estruturas...
Continuo a pensar que o rumo seguido pela Plataforma Sindical poderia ter sido outro. Concordar com o Mnistério da Educação e depois ouvir os professores em pseudo-plenários não foi a melhor estratégia. Esticar a corda e depois fazer figura de fraqueza deu no que deu: os professores perderam a força e a luta esfumou-se!!!
Enfim, como se costuma dizer no futebol, para o ano há mais...

sábado, 12 de abril de 2008

Uma força de contestação que se esfumou...

Depois de uma série de rondas negociais que deveriam ter ocorrido antes da publicação do decreto n.º 2/2008, eis que, em simultâneo, Ministério da Educação e Plataforma de Sindicatos sorriem para as televisões e "cantam" vitória. Uma vitória de Pirro, muito provavelmente... Só faltou mesmo a foto em conjunto com ambos os intervenientes a darem palmadinhas nas costas entre si!
O Ministério consegue que as manifestações e greves deixem de ter sentido de se realizarem, fazendo com que se esfume, por completo, a força emanada pelo descontentamento dos professores. Os tão badalados plenários a realizar na próxima 3º feira terão, muito provavelmente, uma adesão diminuta.
De facto, o que continua a ter força de lei é a "monstruosidade" em vigor pelo decreto nº 2/2008. Muito água irá ainda correr debaixo da ponte. As minhas espectativas não são as mais optimistas. Mas, não tenhamos dúvida que toda uma força de contestação se esfumou...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A indisciplina, os pais e a (falta de) lógica dos números...

Há quem pense que a análise dos números oficiais do Ministério da Educação sobre as situações de violência e indisciplina nas escolas constitui condição suficiente para avaliar até que ponto é que as escolas são locais mais ou menos seguros. Aliás, o presidente do Conselho das Escolas, Álvaro Santos, defende que os estabelecimentos de ensino são dos lugares mais seguros da sociedade. Só alguém que ande muito distraído é que pode afirmar algo deste género.
Desde logo, porque todos (ou quase todos, pelos vistos) sabemos que os números oficiais sobre tudo o que diga respeito a violência (seja verbal ou física, seja na escola ou fora dela) ficam sempre abaixo da realidade e estão sujeitos a factores diversos que impelem ou não à sua denúncia.
Só alguém muito distraído é que não percebe que o bulling nas escolas é uma realidade que nada tem que ver com as partidas e brincadeiras que os alunos realizavam há 20 anos atrás na escola. Hoje, temos uma situação em que basta percorrer os corredores das escolas ou frequentar os seus espaços de recreio, já para não falar das próprias salas de aula, para perceber que a violência entre alunos constitui uma realidade banal e rotineira das nossas escolas.
Uma forma de alterar a situação actual passa por termos um Estatuto do Aluno exigente para com os alunos e os seus pais. O mais recente é o que sabe: facilitista e nada exemplar. Desde logo, temos o erro gravíssimo de se minimizar o facto do aluno incorrer em faltas injustificadas. Por outro, há que ser consequente. Quando o Estatuto do Aluno refere que "aos pais e encarregados de educação incumbe, para além das suas obrigações legais, uma especial responsabilidade, inerente ao seu poder-dever de dirigirem a educação dos seus filhos e educandos, no interesse destes, e de promoverem activamente o desenvolvimento físico, intelectual e moral dos mesmos", o referido Estatuto deveria prever consequências não apenas para os alunos, mas também para os pais quando o aluno demonstrasse um comportamento incorrecto. Porque não retirarem-se privilégios em sede de abono de família ou em termos fiscais? Talvez assim os pais negligentes abrissem os olhos...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Estar no terreno...

Paulo Guinote e Isabel Fevereiro falaram bem e demonstraram até que ponto é que o discurso dos teóricos da Educação é confrangedor! Há que estar no terreno para saber a realidade do ensino em Portugal.