domingo, 27 de dezembro de 2015

E, passado um mês... nada!!!

Já passou mais de um mês desde que o novo Ministro da Educação tomou posse e... nada. Nem uma palavra sobre o pensamento do novo Ministro acerca do que quer para a Educação em Portugal. Até agora apenas vimos em todo o seu esplendor a força do PCP ao proclamar o fim dos exames do 4º ano e a impor a extinção da prova dos professores. Assistimos também ao agrado da Fenprof  no final da primeira reunião com Tiago Brandão Rodrigues, mas de resto nada...
Penso que já houve tempo para uma primeira entrevista televisiva ou de jornal de Tiago Brandão para que professores e pais possam saber o que pensa o sucessor de Crato. É que não basta falar no fim da austeridade ou na redução do número de alunos por turma. É preciso concretizar o que pensa o novo Ministro sobre as matrizes curriculares, os programas das disciplinas, o ensino não regular, a escolaridade obrigatória, a avaliação por exames... Afinal de contas, o que quer Tiago Brandão fazer em relação às escolas com contrato de associação? E o que pensa Tiago Brandão do ensino vocacional? Já agora, o que vai Tiago Brandão mudar em relação ao processo de colocação de professores? Tanto há por dizer e... nada!!!
Bem sei que havia necessidade do novo Ministro da Educação conhecer os dossiês. Aliás, Tiago Brandão teve necessidade de conhecer todo o Sistema de Educação português, dado que esteve bastantes anos no estrangeiro. Mas, já passaram mais de trinta dias desde que tomou posse. Não chega? Pelos vistos, só mesmo em 2016 vamos saber o que pensa Tiago Brandão sobre a pasta ministerial que lhe calhou na rifa. Cá para mim, nem ele esperava ser Ministro... Aguardemos... 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O fim dos vocacionais ou uma mera alteração de designações???

A Educação há muito que constitui uma das políticas onde a estabilidade não constitui palavra de ordem. As políticas educativas em Portugal correm ao sabor dos governos, ora mais à esquerda, ora mais à direita. Que me lembre, nos últimos anos, e na área da Educação, os partidos políticos apenas numa questão estiveram de acordo: no alargamento da escolaridade obrigatória para os 18 anos de idade. Uma medida que, na minha opinião, trouxe muitos problemas à Escola Pública. Quem está nas escolas todos os dias percebe o alcance das minhas palavras. Haverá coisa pior para um professor do que tentar ensinar um jovem de 16, 17 ou 18 anos que detesta estudar e que apenas gosta da Escola no tempo dos intervalos?
Mas, vamos ao cerne deste artigo. O PS, de acordo com o seu programa de Governo, defende que o currículo no ensino básico, ou seja, até ao 9º ano de escolaridade, deve ser "integrado, global e comum". E o seu comum implica, segundo o DN, que se extingam os cursos vocacionais dos 2º e 3º ciclos. Ora, a pergunta que há que fazer é a seguinte: vamos ter o fim destes cursos ou mais uma mudança de designação, como já assistimos noutros tempos? O Ministro não responde. Deve estar a estudar os dossiers. já que 15 anos fora do país e da realidade educativa nacional não é brincadeira. Aguardamos, ansiosamente, pela primeira entrevista do Ministro Tiago...
Mas, o que quer este novo Governo? Terá o novo Ministro Tiago pensamento próprios sobre o assunto ou apenas irá levar à prática o que está delineado no programa de Governo do PS? Teremos mesmo um currículo comum a todos os alunos do básico? Se sim, o que fazer com os tais alunos que desde cedo sabemos que não dão "uma para a caixa" em termos de estudo?
Aqui fica a minha opinião. Há que criar uma alternativa para esses alunos. Entre os actuais cursos vocacionais (ou seja, os ex-CEF`s) e uma espécie de Necessidades de Aprendizagens Especiais (NAE) a implementar para os tais alunos, inseridos em turmas do ensino regular, prefiro esta segunda opção. Pelo menos, diluem-se os alunos problemáticos nas ditas turmas de alunos "normais", em vez de os encafuarmos em turmas a que lhes damos nomes pomposos (vocacionais, CEF`s, PIEFs, PCA`s ou outros), numa espécie de autêntica bomba-relógio pronta a explodir. Pelo menos, nas turmas do ensino regular, "puxam-se" estes alunos para cima, em vez de lhes reduzirmos o nível de exigência e fingirmos que os alunos aprendem, que é que acontece actualmente com os cursos vocacionais em muitas escolas do país, nomeadamente as situadas em regiões deprimidas do Interior, onde nem sequer duas empresas se consegue arranjar para que os miúdos façam a componente prática dos cursos...
Necessidades de Aprendizagens Especiais é do que esses miúdos padecem... Pensemos nisso, em vez de mudarmos os nomes para tudo ficar na mesma. A ver vamos o que pensa o Ministro Tiago...    

sábado, 21 de novembro de 2015

O fim dos exames no 4º ano. Chegou o facilitismo socialista...

A esquerda negativa que tem a maioria parlamentar começou a dar de si. Ainda nem sequer estão no Governo mas, já agem como se lá estivessem. Uma das primeiras medidas que resolveram aprovar no Parlamento tem que ver com o fim dos exames no 4º ano. Nem sequer pelo fim do ano lectivo esperaram e, em pleno decurso do 1º período, quando o calendário escolar já está aprovado para todo o ano escolar, eis que a esquerda brada aos céus: "Este ano os meninos do 4º ano já não vão fazer exames"! Olhem que rico exemplo estão a passar às crianças. É o facilitismo esquerdista em todo o seu esplendor...
Políticos nada visionistas e que apenas querem mudam por mudar. É o que temos vistos nos últimos 40 anos de democracia em Portugal, ao nível da exigência. O PSD constrói, o PS destrói, o PSD volta a construir e o PS volta a destruir. Como pode a Educação em Portugal viver num clima de estabilidade com este tipo de estratégia destrutiva da esquerda portuguesa? A procura de consensos é nula...
E que exemplo estamos a dar aos nossos alunos? Os miúdos do 4º ano e que pensavam que iam ter exames no final do ano deverão ficar todos contentes. Lá vão relaxar. Os do 5º ano que tiveram de fazer exames no ano passado irão ficar defraudados, numa espécie de injustiça que lhes fizeram. Os do 3º ano, cujos professores já lhes iam falando nos exames nacionais, vão esfregar aos mãos de contentes. Enfim, é a imagem do facilitismo que passa.

sábado, 7 de novembro de 2015

Sabem quem é a Amélia Loureiro?

O XX Governo Constitucional corre o sério risco de ser o mais curto da história da democracia portuguesa. A razão é simples: a procura do poleiro por parte de António Costa e seus amigos e o constante ódio que a esquerda radical nutre por Passos Coelho. Por isso, corremos o risco de desperdiçar uma oportunidade de ouro, pelo menos ao nível da Educação. Explico-me melhor...
Apesar da Ministra da Educação e da Ciência vir da área da Gestão (deve ser para poupar ainda mais dinheiro na Educação!), a verdade é que a Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário e, portanto, quem realmente tem a função de dialogar com os diretores das escolas é alguém que conhece como poucos na Educação o real funcionamento das escolas. Porquê? Muito simples. Porque já deu aulas no ensino básico e secundário e porque era até agora a Diretora de uma das escolas de Coimbra. Portanto, sabe do que fala quando o tema é a Educação...
É uma novidade relativamente a muitos dos governos anteriores. Ter uma Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário que, na prática, foi professora e diretora de uma escola pública é uma vantagem que, nestes tempos difíceis que vivemos, não deveríamos desperdiçar. Claro que ainda podemos vir a ter um governo de gestão (tudo depende do que Cavaco Silva decidir fazer depois da aprovação da moção de rejeição do programa de Governo) mas, ainda é possível, acreditar que esta equipa governativa fique por mais alguns meses...
É uma oportunidade de ouro que pode ser desperdiçada pela ânsia de poder de António Costa, alguém que se comportou como um verdadeiro imbecil, sem escrúpulos, depois de tanto ter criticado Seguro pela sua vitória por "poucochinho". Depois de António Costa ter sofrido uma derrota tão humilhante, como a que sofreu no passado dia 4 de outubro, é preciso ter descaramento e não ter um pingo de vergonha para se sujeitar ao papel de fazer as vontades todas à esquerda radical para conseguir ir para Primeiro-Ministro.
Volto à carga! Estamos prestes a desperdiçar a oportunidade de não ver atuar como Secretária de Estado alguém que, de facto, vem da área da Educação (como professora e como diretora de uma escola) e que até já confrontou a própria tutela, ou seja, Nuno Crato há cerca de dois anos a propósito da abertura de turmas em Coimbra (ver aqui)... É mais uma razão para não guinamos à esquerda...   

domingo, 18 de outubro de 2015

Sobre a idade dos professores...

Na semana passada, o CNE (Conselho Nacional da Educação) publicou um interessante estudo sobre o Estado da Educação. É um estudo muito pormenorizado sobre a Educação em Portugal, onde são dados a conhecer centenas de gráficos a propósito da evolução registada pelo nosso país ao nível dos resultados escolares, da população estudantil, dos docentes, sempre numa lógica de comparação temporal e geográfica com os outros países da UE. Aconselho a sua leitura...
Um dos indicadores que tive maior curiosidade em analisar foi o da idade da classe docente. Sabemos que nos queixamos de que a idade média dos professores portugueses tende a ser cada vez maior, que cada vez há menos colegas contratados nas nossas escolas, que há cada vez mais professores com 50 ou mais anos de idade a leccionar... Tudo verdade! Com a quebra da natalidade e o contínuo êxodo rural, as escolas do Interior do país são aquelas que mais se ressentem com a diminuição do número de alunos. Nem o alargamento da escolaridade até aos 18 anos de idade ameniza este problema... E com a política de agrupar estabelecimentos escolares, a acrescentar à redução do número de professores no sistema, a tendência para o envelhecimento da classe docente é inevitável...
Mas, comparemos a nossa realidade com aquilo que se passa nos outros países da UE. Entre os 27 países da UE considerados no estudo (com dados de 2013), mais de metade (15 países) apresentam uma classe docente mais envelhecida que a portuguesa. De facto, se considerarmos apenas os professores com mais de 50 anos de idade, a realidade portuguesa não é das piores. Ou seja, até podemos considerar a nossa classe docente como das mais jovens da UE: há apenas 11 países, de um total de 26, que têm mais professores até aos 49 anos do que Portugal. Afinal, a nossa classe docente não está assim tão envelhecida... E, professores com mais de 60 anos de idade, há 20 países da UE, onde o seu peso percentual em relação ao total é maior do que em Portugal.
Claro que não podemos analisar apenas este tipo de indicador de forma isolada. Seria importante saber como são as condições laborais dos docentes tendo em conta a sua idade. Como é a redução da componente letiva tendo em conta a idade dos docentes nos outros países da UE? Qual é o número médio de alunos por professor, com base na idade, nos outros países da UE? Em que tipo de atividades (letivas ou não letivas) é que os professores com mais de 50 anos ocupam a maior parte do seu tempo nos outros países da UE? Muitas são as questões que estão por responder e que, efetivamente, seriam importantes de responder por forma a saber a realidade das condições em que trabalham os docentes nos países da UE
Mas, com este relatório, ficamos a saber que, afinal, a classe docente portuguesa não é assim tão envelhecida como muitos julgam. Em Portugal, no 3º ciclo do ensino básico, sete em cada dez professores têm menos de 50 anos de idade!

sábado, 12 de setembro de 2015

Os professores são a segunda classe profissional mais representantiva no parlamento. Mas isso não se nota nada...

Na última legislatura, dos 230 deputados com assento na Assembleia da República, 39 tinham a profissão de professores. A seguir aos advogados é a segunda classe profissional com maior protagonismo no parlamento. Contudo, se analisarmos com atenção a sua acção legislativa (sim, porque a principal função do parlamento é a de legislar), a verdade é que estes professores quando chegam a deputados parecem esquecer-se por completo da sua profissão anterior. Vestem a pele de deputados e a Educação parece ser algo que pouco ou nada lhes diz...
Digo isto porque tendo estes professores a obrigação de saber o que se passa nas nossas escolas e a forma como o sistema de educação funciona no nosso país, haveria muito a legislar por forma a que o sistema melhorasse substancialmente. Quem está bem colocado num lugar trabalha sempre melhor. Toda a gente o sabe. Ora, no início de cada ano lectivo um dos assuntos de que mais se costuma falar nas nossas escolas é o que tem que ver com os concursos de professores e as suas injustiças. Este ano não fugiu à regra. Todos dizem que a existência de um único concurso, assente apenas na graduação profissional, seria factor de justiça e equidade. E o que temos é precisamente o contrário; várias fases de concursos, várias prioridades e a graduação profissional ultrapassada por outros critérios. Ora, porque razão é que durante os últimos quatro anos não vimos acções concretas por parte dos deputados da Nação que já foram professores falar no parlamento sobre a necessidade de alterar os procedimentos nos concursos de professores? E todos os partidos têm professores nas suas listas!!!
Atentemos agora aos candidatos a deputados. Basta analisar as listas dos dois principais partidos no círculo eleitoral de Viseu. A coligação PSD-PP apresenta uma lista em que 36% dos candidatos são professores. No PS, a segunda profissão mais representativa dos candidatos é a de professor. Pois é, continuamos a ter muitos professores nas listas dos vários partidos. E é caso para perguntar: será isto uma vantagem para a classe docente? Só se for por sobrarem mais algumas vagas para os concursos, porque quando estes colegas chegam a deputados parecem esquecer-se que são professores e deixam-se enredar pela teia dos regimes partidários e da disciplina de voto. 
Porque não se legisla na Assembleia da República no sentido de haver apenas um concurso de colocação de professores assente na graduação profissional? Com tantos professores no Parlamento não seria difícil legislar nesse sentido... 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Mal-estar latente entre QA`s e QZP`s...

A publicação das listas de colocação referentes à Mobilidade Interna (MI) veio agudizar o mal-estar que já era evidente entre os professores vinculados a uma escola ou agrupamento e os que estão vinculados a um QZP.
Já por várias vezes aqui escrevi sobre este assunto. Para alguns não pensarem que apenas agora me queixo desta injustiça, basta lerem o que escrevi há um ano e meio aqui... Parece claro que o clima de tensão é bem evidente: basta ler os comentários incluídos no artigo anterior para perceber como se sentem os QA`s que estão vinculados longe das suas áreas de residência e que se vêem, ano após anos, "ultrapassados" por colegas menos graduados na fase dos destacamentos para aproximação à residência. É que convém não esquecer que muitos destes QA`s estão efectivos longe das suas casas porque a isso foram obrigados quando há uns anos atrás o MEC obrigou os QZP´s a concorrerem para efectivar numa escola, tendo em vista o fim dos QZP´s. Os governos mudaram, as regras mudaram e agora parece evidente que o MEC pretende ter o maior número possível de docentes afectos a um QZP para reduzir o número de professores contratados. E quem fica prejudicado com esta situação toda são muitos dos QA`s que se vêm "ultrapassados" por colegas QZP`s menos graduados...
É claro que os professores QZP`s que saem beneficiados com as actuais regras injustas não têm culpa dessa situação. Não cometem nenhuma ilegalidade e apenas usufruem das regras existentes. E é claro que nem todos os QZP`s conseguem ficar próximos das suas áreas de residência, mesmo concorrendo na 1º prioridade na fase da MI. Há casos para todos os gostos...
Mas, nota-se que aqueles colegas que estão vinculados a um QZP e que nesta fase dos concursos concorrem na 1º prioridade, com uma graduação muito abaixo de colegas QA`s e que, fruto das regras existentes, ficam próximos das suas casas, muitas vezes, com componentes lectivas que não chegam a 10 horas semanais, esse colegas QZP`s, dizia, parecem andar comprometidos com a situação. Sentem que beneficiam de algo que, em termos de ética profissional, é injusto. Pelo menos é isso que tenho constatado ao falar com colegas com pouco mais de dez anos de serviço, que estão vinculados a um QZP e que, concorrendo na 1ª prioridade na MI, passam à frente de colegas QA´s muito mais graduados e que, ano após ano, vêm cada vez mais longínqua a hipótese de ficarem destacados mais próximo das suas famílias.
É que, convenhamos, quando analisamos as listas da MI e verificamos que no nosso grupo disciplinar dezenas de colegas menos graduados passam para a 1º prioridade porque estão vinculados a um QZP (queixando-se que não têm escola) e depois conseguem, ano após ano, um horário, muitas vezes com pouco mais do que oito horas lectivas, numa escola bem perto das suas áreas de residência, a palavra que mais se ouve nas conversas entre professores é "injustiça"...
Já não bastava o mal-estar que, muitas vezes, é bem notório nas nossas escolas entre professores mais velhos e menos velhos (por causas dos salários auferidos) ou entre colegas efectivos e colegas contratados (por causa do tipo de turmas que lhes são distribuídas), agora temos o "conflito" entre docentes QA`s e os que são QZP`s. 
Com um novo Ministro da Educação (a questão dos concursos foi um dos pontos negros da governação de Nuno Crato durante estes quatro anos)  pode ser que as regras concursais mudem. Aliás, urge reformar por completo os procedimentos de colocação de professores. É que também nas BCE`s, a confusão é total... Mas, também seria importante que os sindicatos se mexessem...

sábado, 29 de agosto de 2015

Para muitos, a mesma sina de sempre: voltar à estrada...

Aí está Setembro e o início de um novo ano lectivo. As listas finalmente foram publicadas (uma vez mais quase no final de Agosto) e a lotaria deu no que deu: alegria para alguns, tristeza para muitos e angústia para mais de vinte mil colegas que não conseguiram colocação...
Uma vez mais confirma-se que é urgente mudar por completo o processo de colocação de professores: os colegas QZP`s menos graduados continuam a sair beneficiados na fase de mobilidade interna em relação aos colegas QA`s mais graduados; continuam a processar-se colocações pelo mês de Setembro, quando já todas as escolas deveriam estar com os seus professores ao serviço e continua patente a confusão e burocratização das colocações ao nível de escola. Urge reformar por completo o processo de colocação de professores: uniformizar e simplificar, tendo como critério principal a graduação profissional...
No final do dia de publicitação das listas, o Facebook transformou-se no local de desabafo de muitos professores: uns contentes com o que lhes havia caído em sorte, outros (muitos) desiludidos. Para muitos (demasiados) à medida que os anos passam parecem mais distantes as hipóteses de ficarem mais próximo das suas áreas de residência. Só meu rol de colegas vi demasiados ficarem bem pior do que haviam estado nos últimos dois anos. E falo de colegas já vinculados ao MEC, na casa dos quarenta anos, que constituíram família e que têm filhos: uma colega de Trancoso que ficou agora colocada em Montalegre, outra de Tondela a ficar colocada em Leiria, um outro de São João da Madeira a ficar colocado em Vila Pouca de Aguiar. Todos eles estiveram nos últimos dois anos mais próximos de casa... Enfim, podia dar mais exemplos: professores com cerca de vinte anos de serviço e que, nesta fase dos concursos, continuam a não conseguir-se aproximar-se de casa. Porquê? Em parte porque concorrem na 2ª prioridade e são passados à frente pelos colegas QZP`s, muitos deles menos graduados... Mas, muitas outras injustiças existem neste obsoleto modelo de colocação de professores!!!
Pena é que daqui a duas semanas os sindicatos deixem de falar no assunto e apenas se volte a ouvir falar em concursos de professores daqui a um ano. Até lá, mais do mesmo...

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O que dizem os programas eleitorais do PSD e PS sobre os concursos de colocação de professores...

Programa da Coligação
Programa eleitoral da coligação PSD/CDS, páginas 15 e 16: "Reforçar a contratualização da autonomia das escolas (...) com contratação de docentes para preencher necessidades transitórias e renovação por mútuo acordo do serviço docente prestado por professores contratados."
Programa eleitoral do PS, páginas 46 e 47: "Consolidar e alargar significativamente o regime de autonomia, administração e gestão das escolas e agrupamentos; garantir uma maior estabilidade do corpo docente, utilizando mecanismos de incentivo à localização de professores a zonas menos atrativas, promovendo a redução da rotação dos professores por diferentes escolas, garantindo que a colocação dos professores permite o acompanhamento dos alunos durante um ciclo de ensino; rever o processo de recrutamento de educadores e professores".
Programa do PS
Diferenças? Poucas. De facto, se a coligação é ambígua na forma como se refere à contratação de docentes para preenchimento das necessidades transitórias (não especifica se é por concurso nacional ou por contratação de escola), a proposta do PS não é muito mais esclarecedora, apenas referindo que pretende rever o processo de recrutamento dos professores. Em que sentido? Não sabemos. Para alargar o âmbito da autonomia das escolas? Não sabemos. Para definir apenas a graduação profissional como critério de selecção? Não sabemos. O que sabemos é que o PS quer promover a redução da rotação dos professores pelas escolas. O que isso implica? Bem, no esboço de programa eleitoral significava penalizar (não sabemos como) os professores que concorressem insistentemente para ficarem próximos das suas residências. Esta ideia da penalização foi deixada cair na definição do programa eleitoral, mas continua vincado o objectivo de garantir que os professores fiquem quatro anos na mesma escola. Será que o PS quer terminar com a mobilidade interna anual (os antigos destacamentos por aproximação à residência)? Não sabemos, mas...
Enfim, se alguém está à espera de definir a sua intenção de voto a partir do que são as intenções da coligação e do PS quanto aos concursos dos professores, já sabe que as semelhanças são maiores que as diferenças. É o centrão no seu melhor! Ambos continuam com o discurso do reforço da autonomia das escolas, mas são bastante ambíguos no que tencionam fazer com o processo de colocação de professores. Defenderão apenas um concurso geral baseado na graduação profissional? Não sabemos! Pretenderão continuar com as confusões das contratações de escola? Parece que sim, já que a coligação refere-se à continuação da renovação de professores contratados pelas escolas e o PS insiste na autonomia das escolas a este nível. Irão criar obstáculos a quem todos os anos concorre na mobilidade interna para tentar aproximar-se de casa? Bem, aqui parece que temos uma diferença: a coligação nada refere sobre o assunto, enquanto que o PS dá a entender que tudo irá fazer para que as colocações de professores sejam obrigatórias por quatro anos (recordemos a conversa da penalização que vinha no esboço do programa eleitoral do PS...). 
Portanto, parece haver uma única diferença entre a coligação e o PS no que se refere ao processo de colocação de professores. Ambos insistem na autonomia das escolas e não são contra a que a contratação de docentes possa ser feita a nível de escola. Quanto à possibilidade dos professores tentarem (todos os anos) ficarem mais próximos das suas residências, o PS deixa claro que o que lhe interessa é a estabilidade do corpo docente por quatro anos, recusando a sua rotatividade. De resto, temos as duas faces da mesma moeda, ao estilo Dupont e Dupont... 

sábado, 25 de julho de 2015

A dura realidade explicada por Passos Coelho

Na mais recente entrevista concedida por Passos Coelho à TVI falou-se sobre o "desinvestimento" público no sector da Educação a que assistimos nestes últimos quatro anos. De facto, basta recorrermos ao últimos quatro Orçamentos de Estado para percebermos que a despesa pública destinada à Educação decresceu. Uma das perguntas feitas a Passos Coelho teve que ver precisamente com essa constatação.
Ora, como já escrevi aqui inúmeras vezes, gastar-se menos dinheiro numa determinada área não significa, forçosamente, que nessa área se assista a uma perda de qualidade ao nível do serviço prestado. E Passos Coelho explicou-se muito bem. De facto, se nestes quatro anos houve uma redução do número de professores, é óbvio que a despesa pública na área da Educação teve que baixar, até porque 70% da despesa pública na Educação se destina ao pagamento de salários. Claro que, como diz o povo, "sem ovos não se fazem omoletes" e, portanto, se há menos professores para o mesmo número de alunos, a qualidade do ensino em Portugal não pode ser a mesma, até porque, a tendência sentida não foi a da redução do número de alunos por turma. Mas, também aqui há pontos que devem ser esclarecidos para que se compreenda por que razão se pode dizer que um menor número de professores no sistema não tem, forçosamente, de comprometer a qualidade do ensino prestado aos nossos alunos. Efectivamente, há três realidades que não devem ser esquecidas: o número de alunos, por via da redução da natalidade, tem vindo a decrescer; o fecho das pequenas escolas do 1º ciclo e a sua concentração em pólos foi uma medida que já vinha de trás e em que se continuou a apostar; a crescente litoralização é um fenómeno também sentido na Educação. Estas três realidade explicam, em grande parte, a redução do número de professores, para além da tomada de uma medida administrativa que levou à redução do número de professores do quadro com horário zero ou reduzido: a redução do número de QZP`s. A combinação destes factores levou a que, nestes quatro anos, o número de professores contratados tenha decrescido na ordem das duas dezenas de milhar, com consequências óbvias ao nível da redução da despesa pública.
Claro que o ideal seria termos menos alunos por turma, mais escolas de média dimensão (em vez dos mega-agrupamentos que temos), maior número de professores e, já agora, uma taxa de natalidade mais elevada. Mas, a dura realidade que temos é bem diferente da idealizada e é com ela que temos de nos confrontar: um país que há quatro anos esteve à beira da bancarrota, com défices orçamentais anuais a rondar os 10% e que foi obrigado a entrar numa lógica de austeridade e contenção de gastos, também ela sentida na Educação, sobretudo ao nível da redução do número de professores contratados. Como escrevi há quatro anos penso que, tal como pode e deve ocorrer ao nível dos orçamentos familiares, também ao nível do Estado se "pode fazer o mesmo ou melhor com menos"...
Agora é chegado o tempo de reflectir e decidir: ou continuamos paulatinamente o caminho que temos vindo a trilhar com, como diz o povo, "os pés bem assentes na terra" e sem desvarios ou, em alternativa, voltamos ao passado e à lógica do viver-se "em grande e em festa", qual desvario socialista que quase nos levou à bancarrota... 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Escola-contentorização...


A revista Visão desta semana volta a prestar serviço público, dando a conhecer importantes dados sobre o tempo que os alunos portugueses passam na Escola (em comparação com os alunos do resto da Europa) e a organização (ou falta dela) das férias ao longo do ano. 
São informações importantes que deveriam servir, antes de tudo, para que a tutela refletisse e ponderasse efetivar mudanças que urgem aplicar, por forma a que se deixe de ter uma situação de "oito e oitenta" como por cá vigora: muito tempo seguido de aulas, em cada um dos períodos de aulas, e demasiado tempo sem aulas no tempo de verão.
Para quem é professor não é novidade que no ensino básico temos um excesso de número de horas letivas, a acrescentar ao facto de, no 3º ciclo, termos também disciplinas a mais. É uma sobrecarga de horas passadas nas salas de aula que só prejudica os nossos alunos, sobretudo os alunos medianos e os que apresentam maiores dificuldades de aprendizagem. Ainda por cima, há que não esquecer que estes alunos mais fracos são aqueles que acabam por ser "bombardeados" com maior número de horas de apoio, de tutoria, de assessoria, de sala de estudo que, muitas vezes, têm efeitos contraproducentes. Há muito que defendo que urge fazer alterações nos currículos e cargas horárias, sobretudo, no ensino básico. E, falando do 1º e 2º ciclos, sabemos que as últimas alterações produzidas apenas vieram no sentido de antecipar conteúdos programáticos que eram lecionados uns anos mais tarde. Veja-se o que aconteceu com a disciplina de Matemática...
Os defensores do imobilismo defendem que os países que apresentam maiores pausas letivas ao longo do ano fazem-no por razões ligadas à severidade das condições climatéricas. Afirmam que nos países do centro e norte da Europa, o Inverno é muito rigoroso e que, por isso, os alunos têm de ter um maior número de dias sem aulas. Ora, se isso não deixa de ser verdade, também não é mentira que os melhores resultados obtidos por esses países nos rankings internacionais (p.ex. do PISA) poderão ter que ver com essas quebras letivas.
Por cá, há muito que temos o domínio da Escola-contentorização. A reduzida flexibilidade nas condições laborais, a acrescentar às dificuldades em harmonizar os tempos de escola e de trabalho, tem levado ao absurdo de termos os alunos portugueses entregues, durante o dia (muitas vezes, desde as 8 horas da manhã até às 19 horas da tarde) aos seus professores. E, se fosse possível, muitos pais deixariam os seus filhos até mais tarde nas escolas...
E, no dia a dia, o que temos? Disciplinas atrás de disciplinas, com o disparate de chegarmos a ter alunos do 3º ciclo do ensino básico com sete e oito disciplinas num só dia! Como podem os miúdos chegar à ultima aula do dia com vontade e empenho para trabalhar? Veja-se o que se passa na Finlândia, tantas vezes, elogiado como o bom exemplo a seguir em matéria educacional. Por lá, até ao sexto ano de escolaridade, os alunos têm menos 35% de horas letivas ao fim de um ano comparando com o que se passa por cá! E isso quer dizer que as crianças finlandesas aprendem menos? Não, apenas que aprendem melhor!!!
"Mais Escola" não é sinónimo de "Melhor Escola". Pode ser que o próximo Ministro da Educação, independentemente de quem o venha a ser, perceba isso...  


quarta-feira, 3 de junho de 2015

A propósito das turmas do vocacional e profissional...

Nas últimas semanas muito se falou de delinquência e violência na adolescência. Todos recordamos os casos ocorridos em Salvaterra de Magos e na Figueira da Foz. Contudo, basta folhear o Correio da Manhã, o Jornal de Notícias ou os jornais locais para perceber que a delinquência juvenil apresenta contornos cada vez mais graves e preocupantes que vão para além das situações pontuais ou ocasionais.
Curiosamente (ou não), quando a comunicação social aprofunda um pouco mais estes casos (não se limitando a reportar a notícia), ficamos a saber que, muitas vezes, estes adolescentes frequentam turmas do ensino vocacional ou profissional. Claro que também há alunos problemáticos em turmas do ensino regular, mas seria importante que a tutela e as escolas refletissem sobre este fenómeno. É que se o ensino vocacional/profissional apresenta contornos especiais ao nível do tipo de alunos que o frequentam (desmotivados, desinteressados, com problemas de aprendizagem e/ou comportamentais, etc.), então há que repensar a forma como são dadas às escolas as condições necessárias para que os professores que têm estas turmas consigam lidar com alunos tão problemáticos como os que frequentam estas turmas.
É que não basta juntar neste tipo de turmas do vocacional/profissional os alunos problemáticos das escolas, por forma a que se "limpe" das turmas do regular os alunos desinteressados e indisciplinados, e depois esperar que aulas menos teóricas e mais práticas possam "despertar" nestes alunos o interesse pela escola... Há muito mais a fazer, sobretudo ao nível do apetrechamento dos recursos humanos e materiais necessários para que os professores consigam lidar com estes alunos tão "difíceis". 
Há oito anos consecutivos que tenho turmas com este tipo de alunos: dos antigos cursos tecnológicos aos atuais cursos profissionais, passando pelos ex-CEF`s e atuais vocacionais, há oito anos que tenho tido a meu cargo este tipo de alunos. E se nalguns casos (excecionais) houve turmas que se assemelharam a turmas do regular (lembro-me, sobretudo, de uma turma do curso profissional de turismo, cujos alunos estavam nesse curso porque assim queriam e não porque tivessem sido "empurrados"), outros casos tive em que o objetivo da formação deste tipo de alunos foi apenas o de permitir que os alunos que contribuíam para as retenções fossem para um tipo de curso mais fácil de terminar. Mas, e o resto? É que se estes alunos apresentam caraterísticas muito próprias, então há que canalizar meios específicos para estas turmas. Dou apenas alguns exemplos: possibilidade de haver assessorias nas disciplinas ditas mais teóricas, disponibilizar salas específicas para estas turmas (dotadas de computador, de projetor multimédia e de materiais específicos para trabalhos práticos), possibilitar que estas turmas sejam divididas em dois grupos e tenham uma componente horária de aulas menos pesada, apostar nos serviços de psicologia e orientação das escolas relativamente a estes alunos, etc. 
É que é, também na escola, que os problemas de delinquência juvenil pode ser prevenida. E um dos focos de abordagem deste fenómeno está precisamente neste tipo de turmas...   

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Sabiam que os "sábios" do PS defendem a penalização dos professores que tentam aproximar-se das suas áreas de residência?!

Pois bem, na parte do relatório relacionada com o tema "Organização das escolas - criação de um quadro estável nas escolas", é referido que um dos factores que mais contribui para o insucesso escolar tem que ver com a falta de estabilidade docente nas escolas. Para os sábios do PS um professor colocado há vinte anos na mesma escola ensina melhor do que um professor que a cada quatro anos muda de escola, para tentar aproximar-se da sua área de residência! Então surge esta ideia completamente disparatada: penalize-se os professores que tentam mudar de escola por quererem estar mais próximos das suas áreas de residência e das suas famílias. Só falta mesmo escrever no relatório que os professores portugueses não podem ter família!!!
Para estes senhores, um professor de Viseu que esteja colocado em Lisboa, deve ser penalizado (é esta a palavra que utilizam!) por querer estar numa escola mais próxima da sua área de residência!!! Para estes senhores, sempre que este professor se apresentasse a concurso, deveria ser penalizado, porque estaria a contribuir para o insucesso dos seus alunos. Para estes senhores, os professores que mudam de escola (e, geralmente, agora só se muda de escola de quatro em quatro anos!) só pensam nas suas famílias, prejudicando os alunos! Será que o PS quer acabar com os concursos? Se não é, parece! É que na mesma página do relatório surge esta frase: "os concursos (...) devem ser reduzidos às situações de substituição de ausências temporárias".
Estou curioso para ver a reacção dos meus colegas socialistas que tanto criticaram o risco da municipalização da Educação (diziam que seria o fim dos concursos gerais de colocação de professores!) e que agora ficam mudos quando no relatório do PS se dá a entender que o melhor é acabar com os concursos ou penalizar quem se submete ao concurso. Já agora, gostaria de saber que tipo de penalização será esta?!...
Ficamos a aguardar! Volto a referir: sigam até à página 57 do relatório e leiam, com muita atenção, o que vem lá escrito! O relatório está aqui.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Dizem que na Finlândia se vai acabar com a Matemática, a História e a Geografia...

A notícia passou um pouco despercebida à opinião pública e à própria comunidade educativa. Não se falou muito do assunto. Os telejornais não lhe deram grande relevo e na comunicação social escrita apenas a revista Sábado lhe deu algum destaque. Contudo, o título da notícia também é enganador: "Acabou-se a Matemática e a História nas escolas finlandesas" escreveu a Sábado. Mas, não é bem assim...
O que se passa é que a Finlândia quer pôr em prática aquilo a que nós por cá chamamos de interdisciplinariedade. Só que, por cá, essa interdisciplinariedade não passa, muitas vezes, de teoria e apenas é aplicada nos papéis quando no início do ano elaboramos as planificações e fica assente que será nos trabalhos de grupo e nas visitas de estudo que a interdisciplinariedade será concretizada. Por outro lado, sabemos que, muitas vezes, num mesmo ano de escolaridade os alunos ouvem falar dos mesmos temas em duas, três ou até mais disciplinas. Dou apenas o exemplo das alterações climáticas, tema abordado na Geografia, nas Ciências Naturais e nas Línguas Estrangeiras.
Claro que assumir o fim de disciplinas nucleares como a Matemática, a História ou a Geografia para apostar em disciplinas mais generalistas e transversais parece algo disparatado. Dar, baralhar ou trocar disciplinas pouco importa. Saber que a disciplina tem este ou aquele nome não é relevante. Importante é, sim, assumir a aposta num currículo que não seja repetitivo, teórico, demasiado extenso e, muitas vezes, inócuo como aquele que vigora no nosso país, por exemplo, para o 3º ciclo do ensino básico. Enquanto continuarmos a ter cerca de dez disciplinas (a que há que acrescentar as aulas de apoio, as salas de estudo, as tutorias, etc.) para alunos de 13 anos, onde a matéria é, pura e simplesmente, debitada a correr porque o currículo tem que ser todo dado até ao 9º ano e há que preparar os alunos para os exames, então bem que podemos ficar surpreendidos com o facto de em Portugal a taxa de alunos que já tiveram pelo menos uma retenção ser superior a 30%, enquanto que na Finlândia essa taxa não chega aos 5%. Não me incomoda nada que na Finlândia a disciplina de Geografia seja chamada de "Ciências da Terra", "Ciências Histórico-Geográficas", "O País e o Mundo", "A Natureza e o Homem"...
O que também sei é que quando se chega ao topo, o difícil é manter essa posição, tal como sei que quando se parte de muito baixo, qualquer ascensão é de relevo. Digo isto a propósito do estudo que compara Portugal e Finlândia nos relatórios do PISA de 2003 e 2012: enquanto que Portugal reduziu a percentagem de alunos com maus resultados e aumentou os de bons resultados, na Finlândia ocorreu o inverso. Será que os finlandeses, por verem os seus resultados piorarem (claro que de um "Muito Bom" para um "Bom") ficaram assustados e resolveram apostar na interdisciplinariedade pura e dura? Se sim, não vejo mal algum. Sempre é melhor do que fazer como por cá se faz: o "faz de conta"...  

segunda-feira, 30 de março de 2015

Quem não sabe debater não se pode queixar da falta de debate...

Paulo Guinote desistiu ou, numa lógica mais politicamente correta, decidiu-se por colocar um ponto final num dos blogues mais lidos pela comunidade docente. Se o blogue "Arlindovsky" é o mais lido por ter um conteúdo sobretudo informativo e de esclarecimento sobre a profissão docente (informa muito melhor do que os sites dos próprios sindicatos), já o blogue "A Educação do Meu Umbigo" apresentava um cariz sobretudo ideológico. Mais do que informar, o blogue de Paulo Guinote funcionava quase como que um repositório de opiniões pessoais do autor sobre o que se ia passando na Educação, numa lógica quase propagandística e de confronto com a tutela. Quanto ao debate de ideias, por culpa do próprio Guinote, era quase nulo.
Pois bem, sem que ninguém o fizesse prever Paulo Guinote decidiu-se pelo fim do blogue. A razão parece ter que ver com uma espécie de desilusão pelo atual estado do panorama político-partidário: "o consenso entre PSD e PS torna o debate numa coreografia de fingimento", afirma Guinote, pelo que, segundo o autor o melhor mesmo é desistir. É curiosa a queixa de falta de debate vindo de alguém que, nas aparições públicas e no seu próprio blogue demonstrou uma incapacidade para debater e aceitar opiniões diferentes da sua. Próprio de que tem uma postura demasiado egocêntrica...
Apesar de todo este "umbiguismo guinotista" e falta de postura democrática, é pena que o autor se tenha decidido por "fechar portas". Não tanto porque deixemos de ter acesso a uma opinião de alguém que está no terreno e que efectivamente sabe o que é uma escola (certamente continuará a escrever artigos de opinião aqui e ali), mas porque deixa antever qualquer coisa de estranho. É que convém relembrar que estamos quase em período de campanha eleitoral e, não deixa de ser estranho, que seja nesta altura que Guinote se lembra de colocar um ponto final no seu blogue. E mais não digo...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Sobre a greve de sexta-feira. E lá se foram 5 milhões de euros...

A passada sexta-feira foi marcada pela greve da Função Pública. Os sindicatos falaram em 80% de adesão; o Governo nem do assunto falou. O certo é que no sábado já ninguém falava da greve e a semana começa com a conversa do costume: a novela "Sócrates" e a continuação da sua prisão preventiva.
É verdade que muitas escolas fecharam e que a grande maioria dos professores está descontente com a actual situação que atravessamos. Há razões para o descontentamento: as carreiras estão congeladas, a vida profissional dos docentes está mais difícil (as turmas estão maiores e a instabilidade profissional cresce), continua a desvalorizar-se a profissão. Enfim, se há classe que tem sido atingida pela austeridade é a dos professores. 
Mas, a melhor solução para demonstrar esse descontentamento será mesmo a greve? Ainda por cima a uma sexta-feira? Não me parece. Já aqui escrevi muitas vezes sobre os benefícios reais de se fazer greve. Não me vou alongar muito sobre o assunto. Apenas sei que a greve apenas beneficia o Estado, com a poupança de largas centenas de milhares de euros em salários, e prejudica os grevistas (menos um dia de salário não é nada displicente). Mas, respeito quem opta por fazer greve. É um direito que tem... Apenas penso que as consequências reais são inócuas...
Pois bem, a greve da passada sexta-feira já passou e tudo segue na mesma. A única certeza é que o Estado poupou, pelas contas dos sindicatos, quase 5 milhões de euros em salários. Basta fazer as contas: cerca de 70 mil professores em greve, com um prejuízo de 70 euros em média para cada docente, dá quase 5 milhões de euros...
Greves? Não, obrigado! Para uma grande manifestação em Lisboa até à Av. 5 de Oububro, lá estarei, como já estive noutras ocasiões...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

As discórdias à volta do concurso de professores para 2015/2016...

O tema de conversa já começa a ser rotineiro nas salas de professores de muitas das nossas escolas. Pelo menos, naquelas onde a idade média do corpo docente ainda não é muito avançada, ou seja, sobretudo nas escolas das regiões do Interior do país, onde ainda há muitos professores deslocados e longe das suas áreas de residência.
Muitos são os colegas que estão contra a realização do concurso que está prestes a começar. Aqueles que estão bem colocados preferiam estar mais dois anos na escola onde dão aulas a terem de arriscar ficar mais longe. E é claro que há os outros: os que anseiam há muito pela realização deste concurso, na esperança de conseguirem uma melhor colocação ou a verem "corrigida" as injustiças que ocorreram no último concurso interno. Ora, desta divisão de opiniões (os que discordam do concurso e os que o defendem) resulta o óbvio: uma nova discórdia a dominar a classe docente. Nota-se nas conversas entre colegas: os que se insurgem contra o concurso, os que desesperam por uma nova colocação, os que ficam incrédulos com o que possa aí vir, os que estão pessimistas, os que confiam no futuro, enfim, um pouco de tudo. E até há os que, imagine-se, continuam a não acreditar que um novo concurso venha a realizar-se. Pois bem, para esses colegas (que não são poucos pelo que vamos lendo nas redes sociais) deixo aqui em cima a imagem da notícia de há um ano atrás quando ficou definido que este ano iríamos ter a realização de um novo concurso interno de professores. Será que esses colegas não ouvem notícias?!
É óbvio que quem está bem colocado preferia que a sua situação se prolongasse por mais dois anos. Pelo contrário, quem está longe de casa e pensa ter hipóteses de melhorar a sua situação, não se importa que haja um novo concurso. O problema de sempre reside nas vagas (não) existentes, pelo que as mudanças ao nível das colocações para efectivar não serão significativas. E temos o velho problema de colegas dos QZP`s menos graduados ficarem "melhor" colocados que colegas QE`s que não conseguem aproximar-se das suas áreas de residência por concorrerem numa prioridade inferior à dos colegas QZP`s, apesar de serem mais graduados. Enfim, problemas que apenas poderiam ser resolvidos de uma forma: ter na graduação dos docentes o único critério a utilizar no concurso interno, independentemente de se ser "QZP" ou "QE".
Enfim, nos próximos tempos teremos o stresse habitual: os concursos a tomarem conta das conversas de muitas das salas de professores das escolas deste país. Por enquanto, aguardemos pelo aviso de abertura para ver se há ou não novidades. Aguardemos serenamente...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Um terço dos professores chumbou na PACC... e Nuno Crato sorriu!

Já há alguns dias que ando para escrever um artigo sobre a prestação do ministro Nuno Crato no programa da SIC-Notícias "Por onde vamos". No referido programa, Nuno Crato voltou a insistir na questão de haver uma verdadeira exigência na preparação dos futuros professores saídos das Faculdades. Voltou a falar na necessidade de haver avaliação docente. Ou seja, voltou a defender a "sua" PACC. Curiosamente ou não, voltou a nada referir sobre a formação contínua de professores, esta sim uma necessidade premente nas nossas escolas. Ou seja, parece haver uma grande preocupação em, através da PACC "afunilar" o acesso à profissão docente, enquanto que para os que já estão no sistema (e recorde-se que são largos milhares aqueles que, já dando aulas há mais de cinco anos, continuam sem ter certezas acerca do seu futuro) o ministro nada diz...
Como sabemos a natalidade tem vindo a decrescer, o que acompanhado de uma emigração que não cessa, conduz a uma situação crítica: estamos numa profissão, onde a "matéria-prima" tende a escassear. Depois há que acrescentar o problema do despovoamento das regiões do Interior que, na prática, irá levar a que no espaço de menos de duas décadas, muitas escolas do Interior tenham de fechar portas. E não me refiro a escolas do 1º ciclo, mas sim a escolas dos 2º e 3º ciclos. Muitas escolas irão, forçosamente, agregar-se. Enfim, o futuro não é risonho para quem trabalha na área da Educação.
Ora, com tantos professores do quadro ainda longe da idade da reforma sem terem certezas sobre o seu futuro e com tantos professores ainda sem vínculo ao MEC, mas com largos anos de experiência (e, portanto, à espera do surgimento de vagas para poderem efectivar) é, no mínimo, risível que o ministro Nuno Crato continue a perder tanto tempo dos seus discursos com a conversa de que há a necessidade de se ser exigente com os jovens saídos da Faculdades e que optaram por serem professores! Por isso é que não se compreende que se continue a insistir com esta farsa da PACC, enquanto que aos outros, aqueles que já têm largos anos de experiência e que, muitas vezes, estão ávidos de novas formações e especializações, o MEC pouco ou nada apresenta em termos de formação adequada, séria e acessível. Quantos de nós tivemos de pagar do nosso bolso uma qualquer formação para obtenção de créditos, porque a ela somos obrigados? Ou quantos de nós nos sujeitámos à frequência de uma qualquer acção de formação sem qualquer interesse, mas que por necessidade de créditos, tivemos de frequentar? E quantos de nós apostámos, do nosso bolso, na frequência de uma pós-graduação ou de um mestrado apenas para nossa satisfação pessoal, sem grandes regalias ao nível da carreira? Entretanto, o MEC perde tempo com a PACC!!!
Crato fala muito de avaliação, de exigência e de preparação adequada na formação dos novos professores (quantos deles conseguirão mesmo ser professores?), mas parece ignorar, por completo, de forma propositada ou não, a necessidade do MEC apostar, de forma séria, na formação daqueles que já estão no sistema há muitos anos e que, realmente, deveriam ser a prioridade da tutela. É que sem (bons) ovos não se fazem (boas) omeletes e, seria importante que o MEC se preocupasse, também, com aqueles professores que já servem o MEC há muitos e largos anos...
Entretanto, ficámos hoje a saber que um terço dos professores que fizeram a PACC chumbaram. Lá teremos de ouvir Nuno Crato vir dizer que tinha razão, que os resultados da PACC demonstram a necessidade da avaliação, que isto já deveria ter sido feito há mais tempo, blá, blá, blá... e quanto ao realmente importa, nada...