quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Para que servem os resultados dos exames?

Há quem defenda que os resultados dos exames servem para avaliar apenas os alunos: afinal é esse o seu objectivo fundamental. Há ainda aqueles que fazem realçar as desigualdades entre escolas públicas e privadas, a fim de provar até que ponto é que o facilitismo pode imperar em muitas das escolas privadas do nosso país, enquanto que noutras emerge o factor financeiro como suporte basilar das elevadas médias obtidas. Há ainda quem comungue da ideia de que, mais do que avaliar alunos, este rankings devem servir como suporte de caracterização dos professores e das escolas.
Ora, um dos aspectos que mais me interessa analisar cada vez que são divulgados os resultados dos exames (desde 2001) são as enormes discrepâncias com que algumas escolas e disciplinas se destacam comparando as avaliações internas com as avaliações obtidas nos exames. Como lecciono Geografia e já leccionei IDES tenho curiosidade em ver as avaliações destas duas disciplinas. Este ano encontrei várias escolas onde os alunos levam uma média de 16 valores de nota interna e chegam ao exame e conseguem apenas 8 valores!!! Ora, aqui está uma das situações que no meu entender deve ser alvo de análise profunda por parte da tutela, a fim de perceber as razões de tais disparidades.
De resto, concordo, no geral, com a Ministra: mais do que avaliar escolas, os exames devem servir para avaliar alunos. No entanto, também podem servir para avaliar a prestação e o desempenho de alguns professores...

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

O rescaldo da greve...

Depois de dois dias dominados por uma considerável adesão à greve decretada pela plataforma sindical de professores (apesar de não entrar na guerra dos números!) é tempo de fazer uma curta reflexão sobre os reais proveitos da estratégia levada a cabo pelos sindicatos:
1. Não coloco em causa a decisão de se recorrer à greve para tentar pressionar a tutela a mudar o rumo que escolheu para a criação de um novo Estatuto da Carreira Docente (ECD). Foram dois dias como poderiam ser cinco: os sindicatos apenas convocam a greve e aderem os professores que bem entenderem!!!
2. A adesão à greve parece-me ter sido bastante considerável se tivermos em conta que estamos num tempo de "vacas magras" e que perder um ou dois dias de salário já se nota bem ao fim do mês.
3. A greve permitiu à tutela a poupança de mais de 10 milhões de euros, pelo que o Ministro das Finanças deve estar bem satisfeito com a situação.
4. Tal como previ, a quarta versão (pós-greve) de alteração ao ECD apresentado pelo Governo não traz grandes novidades, nem tão pouco vai ao encontro dos principais anseios dos sindicatos. Bem pelo contrário, a forma ofensiva como a tutela sujeita a não aplicação da lei dos supranumerários aos professores com "horário zero" à condição dos sindicatos se silenciarem apenas prova que a greve apenas serviu para "esticar a corda" entre os intervenientes no processo negocial.
5. A "bola" está agora do lado dos sindicatos, mas parece-me que, com este clima de "cortar à faca" instalado entre o Ministério da Educação e os sindicatos, será a proposta da tutela a vingar, até porque as recentes declarações do Presidente da República indiciam uma crítica à decisão de convocar uma greve em pleno período negocial.
Para não ser acusado de apenas criticar e não avançar com alternativas, apenas direi que a solução para esta situação já vem tarde. Digo isto porque certamente que toda esta situação teria tido uma evolução diferente caso os sindicatos de professores tivessem uma imagem de credibilidade, rigor e exigência junto da opinião pública e da tutela. Ora, com sindicatos que, durante décadas, não se renovaram e deram a imagem de nunca se terem preocupado com os deveres profissionais, mas sim e apenas com os direitos e privilégios de uma classe demasiada afectada pela inércia, os resultados dificilmente poderiam ser diferentes daqueles que temos... E, note-se que sempre afirmei que com estes sindicatos não iríamos muito longe!

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

As razões que me levam a não aderir à greve

1. Os sindicatos da Educação nunca lutaram por alterar o actual sistema de avaliação de desempenho dos professores, o que lhes retira toda a credibilidade quando dizem defender uma avaliação rigorosa e exigente;
2. Só agora os sindicatos se unem num único propósito, depois de durante anos terem adoptado a estratégia de dividir para reinar, quase sempre em proveito próprio;
3. Este tipo de estratégia não terá quaisquer efeitos na acção da tutela, até porque a maioria da opinião pública está com o Governo e "contra" os sindicatos;
4. Defendo uma alteração completa do actual Estatuto da Carreira Docente e, embora não me reveja totalmente na proposta governamental (sobretudo em relação às cotas e à divisão da profissão em duas carreiras), sou apologista da elevação dos critérios de avaliação de todos os intervenientes na Escola Pública (alunos, professores, tutela e pais);
5. Tenho opinião própria, dando-a a conhecer aqui no meu "cantinho".

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

A voz aos alunos

O actual estado da Educação em Portugal está envolto num clima de extrema ambiguidade: por um lado, temos a tutela que, de forma assídua e decidida tem apostado na implementação de um conjunto de medidas que visam alterar, por completo, a situação de insucesso e desconforto a que se chegou; por outro lado, temos uma classe docente amordaçada a uma imagem de total desprestígio e que é vista, aos olhos da opinião pública em geral, como detentora de privilégios que são negados aos demais trabalhadores do sector privado. Temos ainda uma minoria de pais que se fazem representar nas escolas de forma bastante activa, mas que se mostram incapazes para arrastarem consigo aqueles pais que, na prática, mais interessava que fossem à escola saber da postura dos seus filhos (reporto-me aos encarregados de educação dos alunos com piores avaliações). Finalmente, e no meio desta confusão toda, falta falar daqueles para os quais todas estas discussões deveriam dar resultados: os alunos...
Ora, ao contrário do que muita gente pensa, há na actual juventude portuguesa, sobretudo daqueles que têm idades entre os 15 e os 18 anos, uma parte significativa de rapazes e raparigas que sentem falta de se fazerem ouvir e exprimirem as suas opiniões. Já alguém questionou os alunos sobre o que pensam acerca da (falta) de pertinência de muitos dos actuais currículos, ou a propósito das vantagens decorrentes da introdução das actividades de substituição, ou ainda da forma como o ensino está organizado? Poderão os alunos dar a sua opinião sobre a forma como os professores devem ser avaliados? E sobre os chamados TPS`s? O que dizem eles?
Pois bem, deixo aqui os comentários feitos pelos alunos de uma turma minha do ensino secundário a propósito do actual estado da Educação e que, através da dinamização de um blogue deles, pretendem fazer ouvir a sua voz. É que esta não tem de ser uma geração (à) rasca!!!

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Inovar para aprender...

Num mundo crescentemente globalizado, a manipulação das mais recentes tecnologias de informação e comunicação reveste-se de uma importância fulcral para que a sala de aula possa ser verdadeiramente um local "apetecível" para os alunos. A Internet é, sem dúvida, um dos meios mais decisivos para que os alunos tenham a oportunidade de aprender de forma mais activa, tornando-se cidadãos com capacidade de intervenção num mundo em que o que é actual rapidamente se torna parte do passado. É que ensinar não é só transmitir conhecimentos, mas antes e, sobretudo, tornar jovens em indivíduos com plena capacidade de intervenção na comunidade em que se inserem.
É neste contexto que me congratulo com a atitude evidenciada pela grande maioria dos alunos do 11º E que responderam da melhor forma ao desafio que lhes coloquei: o blogue NA AULA DE GEOGRAFIA está em "velocidade de cruzeiro" e os comentários feitos ao primeiro tema trazido pelos alunos demonstram isso mesmo.
Um outro recurso que se revela de pertinente utilização nas aulas de Geografia é o que diz respeito à manipulação das imagens de satélite que muitos sítios da Internet colocam à disposição de todos através de acesso livre. Reporto-me, por exemplo, às imagens de satélite de excelente qualidade do GOOGLE EARTH quando se dá no 7º ano a matéria das representações cartográficas do planeta Terra ou as que provêm do Instituto de Meteorologia quando no 8º ano se desenvolvem as questões relacionados com o clima.
É, pois, essencial que o Ministério da Educação e as escolas invistam cada vez mais na aquisição de material audiovisual e de tecnologia moderna (Internet sem fios, computadores, projectores, etc.) para que o processo de ensino-apredizagem seja muito mais activo e potenciador de elevados níveis de sucesso...