domingo, 29 de julho de 2012

Uma das possíveis consequências da trapalhada provocada por Nuno Crato

Como sabemos, as primeiras instruções dadas às escolas para a distibuição de serviço lectivo deu no que deu: o aparecimento de milhares de "horários zero".
Depois de muita pressão, nomeadamente blogosférica, a equipa de Nuno Crato deu novas instruções às escolas, de forma a "recuperar" o maior número de professores do DACL, inventando um conjunto de actividades não lectivas (apoios, biblioteca, coadjuvação, etc.) para que os "horários zero" o deixassem de ser.
Com tanta confusão e trapalhada, corre-se o risco de em Setembro termos a situação ingrata de no mesmo grupo disciplinar haver um professor com quase dez turmas (ou até mais), enquanto que um seu colega poderá ter uma turma e o resto do horário completo com apoios. No mínimo, é uma injustiça enorme, sobretudo para o primeiro docente que se arrisca a ter um ano infernal (com quase 300 alunos a seu cargo), enquanto que o seu colega, inicialmente DACL, até poderá ter um ano  de "descanso"...
Se os que foram a DACL se podem queixar, e com razão, visto que não havia necessidade de irem a DACL se fosse tudo feito com o devido planeamento e, sobretudo, respeito (por parte do ME), tendo havido, inclusivé, situações de autêntico desprezo por docentes "da casa", também muitos dos que não foram a DACL poderão em Setembro vir a queixar-se por terem uma "carrada" de trabalho (com muitas turmas e centenas de alunos a seu cargo), enquanto que um seu colega "repescado" poderá vir a ter um ano sem grande trabalho, numa espécie de "tapa-buracos", com apoios e coadjuvação em ciclos inferiores (1º e 2ª ciclo) de eficácia duvidosa.
Caberá às Direções das escolas envidar os esforços necessários para evitar este tipo de situações. A ver vamos no que isto vai dar...

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nova trapalhada. Mau demais para ser verdade!!!

A equipa de Nuno Crato voltou a revelar falta de responsabilidade e de respeito pelos professores, nomeadamente com os colegas contratados. Depois da trapalhada que foi a indicação das regras de distribuição de horários nas escolas, com informações dadas às Direcções que deram no que deram (milhares de horários zero), agora voltámos às velhas notícias de erros informáticos durantes os concursos de professores. Começa a ser mau demais!!!
Depois de tanta confusão com a indicação da componente lectiva nas escolas, correndo-se agora o risco de haver professores com nove ou mais turmas (cada uma com pelo menos 26 alunos), enquanto que outros estarão um ano com apoios, biblioteca e projetos (o que é profundamente injusto e imoral, tanto para uns, como para os outros), temos agora o desespero e o stress a invadir milhares de professores e suas famílias devido a erros que são inadmissíveis (ainda por cima em tempos que deveriam ser de férias e descanso).
Com tanta confusão, voltes-faces e trapalhadas, nem a imagem de rigor e exigência salva Nuno Crato. As últimas três semanas foram demasiado más para quem afirma querer "salvar" o estado da educação em Portugal. Com turmas enormes (muitas salas das escolas deste país não chegam sequer para ter 26 alunos!) e uma comunidade docente descrédula, insatisfeita e esgotada, não se afiguram tempos fáceis para a educação.
Seria bom que Nuno Crato fosse de férias e refletisse sobre o que está a fazer à educação em Portugal. Não se pode melhorar o nível da educação com turmas enormes e professores com nove e mais turmas a seu cargo. Ainda para mais quando teremos dezenas de professores dos quadros sem turmas (e não serão as suas tarefas de "tapa-buracos" que vão melhorar a situação).
Seria ainda urgente que Nuno Crato olhasse para o seu Ministério (na 5 de Outubro e na 24 de Julho) e iniciasse uma limpeza séria nos serviços internos do Ministério. É que tanta trapahada junta tem de ter responsáveis e a incompetência não pode morrer solteira!!!
PS - As lacunas informáticas de Nuno Crato também já não são novidade...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Os teóricos do eduquês voltam à carga

As metas de aprendizagem têm sido um assunto de reduzido debate e ainda são muitos os professores que estão a leste desta questão. Se antes tinhamos os objectivos, depois passámos a ter as competências e agora inventaram as metas de aprendizagem para que os professores saibam os que os alunos devem saber no final de cada ano de escolaridade por disciplina. E é tudo tão pormenorizado que, para não nos corar de vergonha, mais vale rirmo-nos do assunto...
Do conjunto de metas de aprendizagem propostas para os alunos do 1º ano de escolaridade apenas destaco estas duas pérolas que os alunos devem evidenciar no final do 1º ano:
- Ler corretamente, por minuto, no mínimo 40 palavras de uma lista de palavras de um texto apresentadas quase aleatoriamente;
- Ler um texto com articulação e entoação razoavelmente corretas e uma velocidade de leitura de, no mínimo, 55 palavras por minuto.
Já estou a imaginar os professores do 1º ciclo a terem de levar para as suas aulas um cronómetro para verem ao pormenor se os seus alunos cumprem os requisitos de leitura. Será para isso que Nuno Crato fala agora nos professores coadjuvantes para o 1º ciclo???
Será que os autores destas metas sabem o que é dar aulas ou será que apenas estão ocupados com as suas cátedras da Universidade? Serão os percursores do "eduquês" que Crato afirmou querer destruir? Cá para mim apenas demonstram que querem fazer dos professores verdadeiros "bonecos telecomandados", não lhes dando a autonomia necessária para avaliarem os alunos da forma mais correcta. Muitas das directrizes que são emanadas do Ministério da Educação têm como autores gente que ignora o que é leccionar ao ensino básico e secundário e que fizeram toda a sua vida profissional na Universidade.
O que deveria existir para cada disciplina em cada ano de escolaridade eram objectivos gerais que os professores deviam certificar-se que os alunos atingiam, independentemente dos recursos e materiais utilizados ao longo do ano. O que se quer nos dias de hoje é que os alunos sejam co-autores do processo de ensino-aprendizagem e não apenas receptores de matéria. Ora, com estas metas de aprendizagem tão pormenorizadas e eivadas de "picuinhices" apenas se promove o "decoranço" e o "vomitar" de matéria.
Já agora, certamente que muitos políticos da nossa praça não iriam cumprir algumas das metas de aprendizagem definidas para o 1º ano de escolaridade. He, he, he!!! 

sábado, 14 de julho de 2012

Ninguém esperava uma hecatombe destas...

Esta foi uma semana de profunda angústia para milhares de professores. Pela primeira vez, muitos dos professores do quadro e que pensavam que tinham o seu lugar de escola assegurado para o resto da vida despertaram para o problema da instabilidade que, todos os anos, vivem dezenas de milhares dos seus colegas contratados.
Apesar de se saber que as alterações introduzidas pela equipa de Nuno Crato ao nível da criação de novos agrupamentos de escolas, do alargamento do número mínimo de alunos para a constituição de turmas e das novas matrizes curriculares (com aumento da componente letiva por docente) iriam levar à diminuição drástica do número de professores necessários ao sistema público de Educação, poucos eram os docentes do quadro que julgavam poder estar agora sem componente lectiva. Mais, esta ausência de componente letiva apanhou de surpresa muitos docentes com mais de 15 anos de serviço e que já estão efetivos em lugar de escola há muitos anos e que, portanto, já nem sabem como se concorre...
Uma verdadeira hecatombe!!! Na minha escola vi, ontem, colegas com sentimentos muito díspares: uns choravam com medo do futuro, outros discutiam entre si sobre quem não deveria ter componente letiva, outros estavam conformados, outros surpreendidos e sem reacção... Claro que os que mais davam nas vistas eram os que choravam e não se conformavam por estarem agora sujeitos à pressão de terem de concorrer a DACL, depois de tantos anos efetivos numa escola. Uma dessas colegas com 23 anos de serviço, muitos deles já no atual lugar de escola, não compreendia como podia estar numa situação destas. Só na disciplina dela, Língua Portuguesa, foram cinco os colegas sem componente lectiva... No total, em cerca de 100 professores, foram 23 (muitos deles QE) os que ficaram sem componente letiva
A diminuição de turmas está à vista: com a agregação de escolas e a constituição de turmas com um mínimo de 26 alunos é clara a redução das turmas. Se a isto juntarmos o aumento da componente letiva para as 24 horas e a saída de muitos colegas das direções, percebe-se a escala das mudanças...
Quanto aos colegas contratados, muitos deles com mais de 10 anos de serviço, não gostava de estar na sua pele! A angústia deve ser terrível! Está claro que Nuno Crato tem instruções para diminuir o número de professores existentes no sistema: somos quase 170 000, o que em salários constitui a maior fatia em toda a Adiminstração Pública. A troika sabe disso e deu "ordens" ao Governo português (basta ler o memorando assinado por Sócrates com a troika) para reduzir o número de docentes...
Avizinham-se tempos (ainda mais) terríveis... 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

É professor? Então já está de férias!!!

Todos os anos é a mesma história. Quando os alunos deixam de ter aulas, é comum ouvir-se a expressão: "É professor? Então já está de férias". Amigos, vizinhos e até familiares parecem ficar admirados quando lhes digo que não estou de férias, mas sim que deixei de ter aulas com alunos. Mas, isso não implica que tenha deixado de trabalhar. Bem pelo contrário, é nesta altura do ano que mais me aborreço com a (ainda) quantidade enorme de burocracia que invade as escolas.
Deixo aqui apenas uma parte das tarefas que tenho vindo a realizar desde que as aulas terminaram. Bem sei que muitos professores não têm que se preocupar com metade destas tarefas, visto não serem diretores de turma ou por serem do 1º ciclo:
- conselhos de turma de avaliação (este ano foram sete);
- reuniões de grupo disciplinar;
- reunião de departamento curricular;
- reunião geral de professores;
- avaliação dos planos de recuperação dos alunos com maiores dificuldades (este ano foram sete);
- avaliação dos planos de acompanhamento dos alunos repetentes (este ano foram dois);
- elaboração dos novos planos de acompanhamento dos alunos retidos (este ano foram três);
- elaboração dos relatórios de avaliação repetida para os alunos repetentes em risco que ficarem retidos (este ano foram dois);
- reunião de entrega das avaliações aos encarregados de educação;
- actualização dos processos individuais dos alunos;
- conclusão do Projeto Curricular de Turma;
- organização do dossier de Direcção de Turma;
- elaboração do relatório de Direcção de Turma;
- avaliação das actividades realizadas ao longo do ano lectivo com os alunos (visitas de estudo, exposições, etc.);
- elaboração das matrículas dos alunos;
- vigilância de exames do 6º ano, 9º ano, ensino secundário (1ª e 2ª fases) e ensino profissional;
- elaboração e correcção dos exames de equivalência à frequência para os alunos do 9º ano retidos (1ª e 2ª chamadas);
- elaboração e correcção dos exames dos módulos em atraso dos alunos do ensino profissional (épcas de Julho e Setembro):
- ...
Por acaso este ano não tive que corrigir exames do ensino secundário. Mas, penso que o conjunto de tarefas atrás descritas é o suficiente para se perceber que o trabalho de um professor vai muito para além da sala de aula...