quinta-feira, 21 de maio de 2009

Provas de ilusão!!!

Durante esta semana realizaram-se as provas de aferição a Língua Portuguesa e Matemática para os alunos do 4º e 6º anos de escolaridade. A Ministra da Educação veio elogiar o «elevado profissionalismo» das escolas e professores na forma como decorreram estas provas.
Pois bem, profissionalismo a sério existiria se as ditas provas servissem realmente para a avaliação dos alunos e se na resolução das mesmas todos os professores que vigiam os alunos (pelo menos os do 4º ano) tivessem a mesma atitude que têm os seus colegas que vigiam exames do ensino secundário.
Digo isto porque em muitas escolas do 1º ciclo os alunos tiveram a ajuda de professores que deveriam estar apenas a vigiar a correcta realização das provas, em vez de estarem a chamarem a atenção dos alunos para esta ou aquela resposta mal dada. Sei de casos em que professores do 1º ciclo chegaram a ler respostas dos alunos e os "obrigaram" a alterar as mesmas, para assim a escola ficar com uma boa avaliação final.
Todos sabemos que as escolas comparam resultados entre si e, em muitas escolas do 1º ciclo, a situação é vergonhosa, com professores titulares a deslocarem-se às suas turmas durante a realização das provas para ver como é que os alunos se estavam a sair e, muitas vezes, a ajudarem-nos da resolução das questões.
Na terça-feira estive a falar com colegas meus do 1º ciclo que estavam surpreendidos com a forma como alguns professores ajudaram os seus alunos e disseram as respostas correctas em questões relacionadas com os "tempos verbais". Uma vergonha!!!
Cada vez mais me convenço que a distância que separa um professor do 1º ciclo de um seu colega do ensino secundário, nomeadamente em termos de seriedade no trabalho, é abissal.

sábado, 16 de maio de 2009

Não percebo estas teorias...

Notícia de ontem do novo diário "I" (por sinal, um jornal bastante interessante): "Telemóvel na sala de aula. Para usar sem limites, diz professora". Na notícia é referido que uma psicóloga de uma escola de Setúbal decidiu fazer dos telemóveis um instrumento de trabalho dos alunos, defendendo o seu uso para fotografar o quadro com o resumo da matéria, fazer vídeos para registar visitas de estudo, marcar as datas dos exames na agenda, configurar o alarme para lembrar que há trabalhos de casa a fazer, usar a internet para pesquisar, o bloco de notas para apontamentos, o bluetooth para partilhar ficheiros ou o gravador para reproduzir a aula em casa. Isto são alguns exemplos.
Ora, enquanto professor de alunos do 3º ciclo e do secundário não consigo imaginar uma aula minha com os alunos a fotografarem a matéria que escrevi no quadro. Era o que faltava! Eu a trabalhar e os alunos a saberem que não necessitariam de passar a matéria, porque bastaria que a fotografassem. Outra hipótese defendida por esta professora é o da pesquisa. Então e as bibliotecas e os portáteis já não são suficientes? Quanto à marcação dos testes e trabalhos de casa no telemóvel seria uma forma de desresponsabilizar os alunos.
Estou mesmo a ver os meus alunos com liberdade total para utilizarem os seus telemóveis na sala de aula!!! Era o descalabro... Se já agora têm dificuldades em tirar apontamentos (no meu tempo de alunos o professor falava e os alunos tiravam apontamentos, enquanto que agora querem que ditemos a matéria), com os telemóveis na aula seria a ditadura da preguicite aguda!!!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Fomentar o trabalho? Sim. Motivar a preguiça? Não.

Estive um mês sem conseguir arranjar tempo para aqui vir actualizar a escrita. Depois da interrupção lectiva dedicada aos concursos de professores e a passar mais algum tempo com a família, o terceiro período de aulas iniciou-se com muito trabalho: as aulas, o jornal da escola, os projectos, a avaliação de desempenho, a inspecção, enfim, não tenho parado um bocadinho!!!
Ora, hoje que se comemora o dia do trabalhador (felizes aqueles que, nos dias de hoje, podem dizer que têm trabalho) coloquei-me a mim mesmo a obrigação de aqui vir escrever sobre um tema da educação. Temas não faltam, desde o alargamento anunciado (pela enésima vez) da escolaridade obrigatória de 18 anos, até ao assunto do dia de hoje (a trapalhada da campanha do PS e do aproveitamento das imagens de crianças com os Magalhães), não esquecendo a forma como o Governo tenta "comprar" o voto dos pais dos alunos portugueses, com o anúncio de bolsas de estudo para alunos do ensino secundário.
Em relação ao primeiro tema e aquele que considero mais pertinente e a necessitar de um debate sério (condição que penso não ter tido o alcance exigível), seria interessante que se questionasse a Ministra da Educação em que condições é que pretende alargar a escolaridade obrigatória dos 15 para os 18 anos. É que tenho a impressão que esse objectivo terá como pressuposto a banalização da escola e o fomento (ainda com maior ênfase do que o actual) do facilitismo e da preguiça.
Já dizia alguém que só se deve dar água a quem tem sede. Obrigar um aluno a andar na escola até aos 18 anos para cumprir uma mera formalidade legislativa é um erro crasso, que apenas irá contaminar, ainda mais, a escola que temos. E não me venham com as conversas dos pedagogos que é obrigação da escola saber e conseguir motivar para a escola os alunos até aos 18 anos de idade. Para os que não gostam de estudar, reinventaram-se ao cursos profissionais, os CEF`s e os PIEF`s, mas sem ainda se ter feito uma avaliação séria destes cursos, já o Ministério os vê como a "galinha dos ovos de ouro" para copiar os países nórdicos. Como se a Educação fosse uma lógica de "copy paste"...
Com tantos problemas por resolver na Educação, tais como a reforma dos currículos e dos programas disciplinares, logo tinha o Governo que começar pelo menos importante. Estamos em campanha eleitoral, não é? Está tudo explicado!!!