sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Mais uma para o rol dos disparates!!!

Só quem está no ensino, sabe realmente como funcionam os CEF`s, os PIEF`s, os cursos profissionais e as Novas Oportunidades. Só quem lecciona a turmas deste género é que sabe até que ponto pode chegar o desleixo, a iliteracia e o desprezo demonstrados por muitos dos alunos que compõem estas turmas. Já nem falo da (falta de) postura que muitos dos alunos destas turmas demonstram dentro da sala de aula! Enfim, a procura do sucesso forçado tem destas consequências...
Vou já na lição número 60 com a minha turma dos profissionais de Turismo e já sei, como se costuma dizer, "o que a casa gasta". Nesta turma tenho dezoito alunos e as dificuldades em termos de aprendizagem demonstradas por uma larga maioria deles são de bradar aos céus. A falta de pré-requisitos, de conhecimentos e de métodos de trabalho é de tal ordem que, comparando com as demais turmas, o ensino nestes profissionais parece estar ao nível do 2º ciclo do ensino básico e não de um ensino secundário. Muitos alunos não sabem sequer elaborar uma introdução para um trabalho prático e a ignorância é tanta que ter resultados sem recorrer ao facilitismo é uma tarefa árdua... Veja-se aqui ao lado a prova de como a ignorância pode ser de arrepiar!!! Pensar que o Algarve é um país é sinal de quê? Não pode ser só distracção...
Ora, a solução para este estado de coisas passa por "puxar" por estes alunos e não por ir atrás da lógica do "deixa andar" ou do "faz de conta". Recuso-me a passar alunos que não sabem o mínimo dos mínimos e não evidenciam o mínimo dos esforços... Nâo estou para fomentar a ignorância!!!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Quais as consequências dos rankings?

Depois de há três semanas muito se ter falado e escrito sobre os rankings das escolas resultantes das avaliações tidas pelos alunos nos exames nacionais, o tema agora em voga é o das avaliações dos professores. Ora, convém esclarecer que o mais importante sobre os rankings ficou por dizer e escrever...
Apenas o jornal Público, uma vez mais, se prestou ao trabalho de fazer uma profunda reflexão sobre o que realmente está por trás dos resultados obtidos pelos alunos aos exames do secundário e a sua seriação por escola e distrito. Fizeram-se muitas reportagens nas "melhores" e "piores" escolas, nas públicas e nas privadas, mas será que o Ministério da Educação se interessou em fazer uma análise atenta dos resultados dados a conhecer. Não me parece...
Durante pouco mais de uma hora debruçei-me sobre os resultados obtidos pelos alunos da escola onde dou aulas de Geografia há já quatro anos. Uma análise atenta aos resultados das seis disciplinas com mais alunos levados a exame nos últimos dois anos na minha escola permitiu-me chegar a duas conclusões deveras pertinentes:
1. As disciplinas de História e de Geografia são aquelas que dão um melhor contributo para os resultados da escola, com classificações nos exames bem acima da média nacional (ver o 1º quadro). As outras quatro disciplinas apresentam resultados abaixo da média nacional, algumas delas com valores, no mínimo, preocupantes.
2. Quer no ranking nacional, como no ranking distrital, a minha escola obtém resultados bastante positivos às disciplinas de História e de Geografia, bem diferentes dos resultados verificados com as outras disciplinas, com destaque pela negativa para a de Matemática (ver o 2º quadro).
Razões? Não acredito na mera casualidade. Porventura, este sucesso a História e a Geografia advém de um trabalho que vem já do 3º ciclo do ensino básico e que baseia o ensino aqui ministrado, pelo menos no que diz respeito à Geografia, na prossecução de uma estratégia de exigência e rigor nas competências exigidas aos alunos.
Curiosamente, nos últimos anos, a disciplina de Geografia tem sido aquela que, na minha escola, tem tido piores performances a nível interno no que diz respeito às classificações obtidas pelos alunos no 3º ciclo. Mas, o facto de termos a Geografia mais negativas do que a generalidade das disciplinas da escola não tem de ser, forçosamente, sinal de desleixo, incúria ou mau ensino ministrado. Bem pelo contrário. Pode ser (e na minha opinião é) sinal de exigência e seriedade. Ou seja, será que são os professores de Geografia da minha escola que são muito exigentes ou os demais é que não exigem tanto??? A verdade é que, nos últimos dois anos, a fazer valer nos resultados obtidos pelos alunos no exame nacional de Geografia A, aqueles que têm chegado ao ensino secundário parece já levarem uma boa "bagagem" de conhecimentos adquiridos em anos de escolaridade anteriores, permitindo-lhes ter bons resultados a nível nacional. À custa de quê? Muito simples: à custa da elevação do nível de exigência... Quando em 2007 levei os "meus" alunos ao exame de Geografia A foi com imensa satisfação que os vi alcançar resultados bem acima da média nacional. Claro que eles se portaram bem no exame não só porque "exigi" deles ao longo dos dois anos de Geografia, mas também porque já vinham com bons pré-requisitos, por acção dos professores de Geografia que tiveram no ensino básico. E, claro, também devido ao empenho e determinação dos próprios alunos.

sábado, 8 de novembro de 2008

Estou com vocês...

Escrevo já depois da 1 hora da manhã de sábado, depois de ter estado quase duas horas no Hospital de S. Teotónio, em Viseu, com a minha filha, aflita com uma gastroenterite. O meu outro filhote ficou em casa com a minha esposa e desde quinta-feira que anda às voltas com vómitos...
Quando se tem dois filhos doentes e os avós estão distantes, qualquer decisão que se queira tomar está dependente dos filhotes. Eles são a prioridade, pelo que me é totalmente impossível, assim como à minha esposa, também ela professora, irmos acompanhar a manifestação do desagrado docente. Apesar de tudo, estamos com vocês todos. Força...
Adenda - Actualizei a foto às 18H. de sábado e que me foi enviada por telemóvel pelo meu colega Paulo Ribeiro, da Régua. Entretanto, a Ministra já veio dizer que esta manifestação em nada alterará o rumo por ela defendido em termos de modelo de avaliação do desempenho docente. Fica a questão: o que se seguirá???

sábado, 1 de novembro de 2008

Figuras patéticas!!!

É triste termos de assistir à prestação patética do nosso Primeiro-Ministro por terras da América Latina no papel de autêntico vendedor da banha da cobra numa cimeira onde dominaram as caras de espanto e de desprezo por parte dos representantes políticos dos países participantes. Alguém imagina o Primeiro-Ministro espanhol a suplicar para que lhe comprassem uns quantos portáteis? Claro que não...
Mas, Sócrates presta-se a este tipo de serviço, qual companheiro de democratas tão singelos como Chavéz, Kadafi ou Eduardo dos Santos. Mas, ainda por cima o homem representa o papel de caixeiro-viajante da pior forma possível: com analogias infantis, afirmando que o seu portátil é como o Tintim e tentando convencer os mais ingénuos que no seu Governo não há outro portátil em funcionamento que não seja o Magalhães!!!
Este Sócrates anda perdido de amores pelo Magalhães que até mete dó... O fanatismo é tanto que ignora as figuras tristes que faz. Bem esteve o SPRC que chamou a comunicação social em peso para dar a conhecer as condições de trabalho miseráveis para professores e alunos que ainda grassam por este país fora... Com tanto "choque tecnológico" na cabeça de Sócrates e Lurdes Rodrigues, estas personagens esquecem-se que ainda há quem tenha de ensinar e aprender em salas minúsculas, onde cada aluno tem menos de 1 metro quadrado de espaço para se mexer. Ainda esta semana tive de dar uma aula à minha turma do profissional numa sala que tem menos de 20 metros quadrados, onde os alunos são enfiados em três filas de mesas, sem espaços livres entre eles e onde para chegar aos alunos da ponta tenho de passar pelo meio de sete alunos, entre carteiras e mochilas espalhadas pelo chão. Miserável... E anda este Primeiro-Ministro a representar este tipo de papel, que a não ser dramático, é, no mínimo, de autêntica comédia... Nem Charlot faria melhor!!!