terça-feira, 26 de setembro de 2006

A blogosfera nas aulas de Geografia

O aparecimento da blogosfera há uns anos atrás revelou-se como um importante instrumento de cada um, sem estar dependente das vontades das editoras ou jornais, poder manifestar a sua opinião sobre os assuntos mais diversos. A minha adesão a esta nova forma de comunicação ocorreu há pouco mais de um ano, com a criação do INTIMISTA. No início, a nova experiência quase que se transformou num vício, com a rotina de escrever dois a três artigos por dia, para além da leitura de muitos outros blogues "amigos", mas rapidamente entrei numa onda de escrita mais moderada...
Há um ano atrás resolvi criar o blogue NA SALA DE AULA dedicado exclusivamente aos assuntos da educação: matérias sobre a vida de professor, comentários às novidades provenientes do Ministério da Educação, relatos de aulas, entre outros temas, são dados aqui a conhecer, na procura do debate livre e sério de ideias.
No início deste ano lectivo confrontei a minha turma do 11º E com a possibilidade de se criar um blogue da aula de Geografia, onde todas as semanas um grupo de dois alunos deveria suscitar um assunto da actualidade para debater com os seus demais colegas. Aliás, esta estratégia de debater temas diversos já no ano anterior (no então 1oºG) foi posta em prática, mas apenas circunscrita à sala de aula. A reacção dos alunos foi bastante positiva, pelo que no blogue NA AULA DE GEOGRAFIA passarão a constar artigos escritos e comentados pelos alunos e todos aqueles que queiram aderir. Espero que com bons resultados...
Penso que é com este tipo de estratégias activas que poderemos tornar as aulas de Geografia e de outras disciplinas mais interessantes para alunos e professores. Convido todos a darem lá uma espreitadela...

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

As primeiras aulas e a importância de motivar os alunos...

A primeira semana de aulas está a chegar ao fim, sendo já possível fazer um pequeno balanço de como é que os alunos estão a reagir a mais um novo ano lectivo. No meu caso particular, tenho que distinguir as três turmas às quais estou a dar continuidade desde o ano lectivo passado das outras quatro turmas que me passaram a conhecer, enquanto professor, pela primeira vez.
A forma como conseguimos ou não captar o interesse dos alunos e despertar a sua curiosidade para as matérias que abordamos ao longo de nove meses de aulas é condição fundamental para que o ano lectivo decorra de forma positiva, com óbvias consequências em termos do sucesso escolar.
Assim, a primeira aula de contacto com os alunos reveste-se de uma extrema importância. Agostinho da Silva dizia que é essencial que professor e alunos, em contexto de aula, se debrucem sobre os problemas do quotidiano, em vez de termos uma situação de mera transmissão de conhecimentos. Tendo esta ideia como primado basilar das minhas aulas, aproveitei a recente passagem do furacão Gordon pelos Açores para, na primeira aula de Geografia, fazer ver aos meus novos alunos a importância desta disciplina para o nosso dia-a-dia, debatendo com eles as causas e consequências de tal situação atmosférica, assim como as acções de prevenção que foram tomadas. Mostrei-lhes imagens de satélite da passagem do furacão e trocámos impressões sobre a sua possível relação com as alterações climáticas provocadas pelo Homem. Enfim, logo na primeira aula debruçámo-nos sobre a actualidade e pareceu-me que a estratégia obteve resultados positivos...
A motivação é, cada vez mais, condição essencial para que os alunos tenham interesse pelas aulas e obtenham resultados satisfatórios. Não é tarefa fácil, mas, no final de mais um dia de trabalho, recompensa...

terça-feira, 19 de setembro de 2006

A prestação da Ministra no Prós e Contras

Ontem estive a assistir ao programa da RTP Prós e Contras até à 1 hora da manhã, onde se debateu, com a presença da Ministra Maria de Lurdes Rodrigues, o actual estado da Educação.
Depois de mais de duas horas de intervenções por parte da Ministra, dos representantes das escolas, dos sindicatos, dos pais e dos alunos fiquei com a clara convicção que a posição firme e rigorosa da Ministra em termos de política educativa e laboral saiu duplamente reforçada. Por um lado, a Ministra preparou-se devidamente e foi para o debate com o claro sentido de defender, a todo o custo, as suas ideias, tendo sido apoiada pela maior parte dos representantes das escolas presentes no programa (quase todos Presidentes dos Conselhos Executivos). Por outro lado, os professores, pais e alunos que intervieram não tiveram a coragem (ou capacidade?) de colocar as questões mais pertinentes à Ministra. Como resultado, tivemos um programa em que no palco quase todos os intervenientes comungaram das mesmas opiniões, sendo que apenas o ex-Secretário de Estado da Educação tentou contrariar o excesso de confiança da tutela em relação às medidas que têm vindo a ser aplicadas.
Do lado dos professores presentes no programa, há que dizer que o representante da Fenprof bem tentou alertar a Ministra para algumas injustiças vigentes na proposta ministerial do ECD, nomeadamente em relação às limitações impostas para a subida na carreira, mas não conseguiu. A moderadora do programa não ajudou e, final, tudo ficou na mesma... Pior ainda foi quando, quase no final, alguns professores da plateia apuparam, sem o mínimo de educação, a prestação de um dos seus colegas no palco!!! A prestação dos alunos foi secundarizada e nem sequer se abordou o tema dos desajustados currículos que existem no ensino básico.
Não há dúvidas que a Ministra está, de novo, numa maré de boa imagem junto da opinião pública, enquanto que aos professores resta ter paciência, pois o tempo necessário para credibilizar a nossa classe será longo. Os sindicatos precisam de uma reforma, sendo imprescindível a criação de uma Ordem com uma acção exigente e rigorosa junto dos docentes.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Altos e baixos...

Para a maioria dos alunos portugueses hoje é o primeiro dia efectivo de aulas, com a apresentação mútua de professores, alunos e encarregados de educação. Depois de na quarta-feira a Ministra da Educação ter concedido uma entrevista ao DN, hoje foi a vez do Secretário de Estado Valter Lemos ter ido ao Fórum TSF responder às questões dos pais e professores.
Das duas "aparições" em público resulta uma conclusão óbvia: esta equipa ministerial está mais que firme nas acções que tem vindo a tomar e nada (ou quase nada) parece suficiente para que mudem de ideias!!!
Assumamos que, neste início de ano, tivemos situações que correram bem e outras que se têm revelado problemáticas.
Aspectos positivos: as actividades de enriquecimento curricular no 1º ciclo, apesar da confusão sentida em muitas escolas, por via da falta de espaço e de recursos; o encerramento de escolas do 1º ciclo com reduzido número de alunos, apesar de algumas situações continuarem a ser duvidosas; a aposta nos cursos profissionais e nos CEF.
Aspectos negativos: o excesso de carga horária para os alunos com a implementação das actividades de substituição na sala de aula (atenção que não estou a falar das aulas de substituição efectiva por um professor da mesma disciplina); a situação de instabilidade vivida com milhares de professores dos quadros com horário zero; a estratégia levada a cabo por sindicatos e tutela no conflito travado a propósito da reformulação do ECD (com os sindicatos a terem de levar com as consequências da sua própria falta de credibilidade que foram construindo ao longo de muitos anos e com um Ministério da Educação que avança agora com rebuçados "envenenados" relacionados com prémios e aumentos salariais).
Muitos outros aspectos poderiam ter sido aqui referenciados, mas penso que estes foram suficientes, na certeza de que este será um ano lectivo cheio de mudanças, umas positivas, outras negativas para professores, pais e alunos.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Perplexidades em início de ano lectivo...

O ano lectivo 2006/2007 começou formalmente no passado dia 11 de Setembro. No entanto, a maioria das escolas apenas irão receber os alunos no final desta semana, o que se compreende pelo facto de haver muito trabalho de planificação do ano lectivo a efectuar antes das aulas começarem a sério. Os Departamentos têm que reunir para definirem estratégias e planificarem conteúdos, ao mesmo tempo que também os Conselhos de Turma devem reunir-se para que os professores conheçam minimamente os seus alunos e apontem rumos de actuação. Enfim, vida de professor não é só a de estar na sala de aula com os alunos. Há pois muito trabalho preparatório...
Apesar deste início de ano lectivo estar a decorrer de forma muito mais calma do que em relação a anos anteriores, há três assuntos pertinentes e pouco esclarecedores que merecem referência:
1. Muito se falou na passada semana no pacto da justiça assinado entre o PS e o PSD. Então e em relação às políticas de educação não seria conveniente também termos um acordo, sob pena de, quando o PSD voltar ao poder daqui a uns anos, termos novas experiências e mudanças nesta área, com as consequências que se conhecem ao nível do insucesso escolar?
2. O processo de colocação de professores deste ano decorreu, à luz do que a opinião pública em geral vai dizendo, de forma irrepreensível. Mas, será que alguém vai ser responsabilizado pelo facto da lista de graduação não ter sido respeitada em muitos grupos disciplinares, fazendo com que docentes melhor classificados tenham visto colegas seus com menor graduação passar-lhes à frente, pelo facto de nem todas as vagas disponíveis terem sido postas a concurso ao mesmo tempo?
3. A notícia caiu que nem uma bomba: "Professores portugueses no topo dos vencimentos da OCDE". E quais foram os critérios utilizados para realizar este estudo? O escalão mais alto da carreira e o PIB/per capita. Pois, mas se utilizarmos a média salarial de todos os 180 000 docentes portugueses e o nível de vida/per capita dos países da OCDE, os resultados serão muito diferentes...
Nota - Os sindicatos de professores uniram-se, pela primeira vez, para fazerem frente à proposta do Governo para o novo Estatuto da Carreira Docente. Falam muito nos direitos e ameaçam com manifestações e greves... Agora já é tarde. Tiveram anos e anos para se credibilizarem e agora resolvem juntar-se num último esforço. Não lhes irá servir de nada. E por causa dos "maus" professores (alguns dos sindicatos já nem leccionam há anos) todos "pagam" pela mesma bitola...

terça-feira, 5 de setembro de 2006

De regresso à escola

Estamos em Setembro, mês em que se inicia mais um ano de trabalho para professores e alunos. Ao contrário do que seria de esperar, parece que, uma vez mais, o início do ano lectivo não está a ser tranquilo. Bem pelo contrário! O processo de colocação dos professores esteve (e está) envolto numa maré de contestações e, fala-se até de injustiças, com docentes contratados "melhor" colocados que os seus colegas efectivos, isto já para não falar dos complicados embróglios que afectaram os docentes de Português-Francês. A isto há que acrescentar a inflexibilidade que a tutela demonstra nas negociações para a reformulação do Estatuto da Carreira Docente: a teimosia demonstrada na imposição de quotas em matéria de avaliação do desempenho docente, com consequências na (não) progressão na carreira evidencia, a olhos vistos, as preocupações puramente economicistas do Ministério da Educação. Mais valia dizer a verdade...
Na escola, estamos em tempo de reuniões de departamento, conselhos de turma, execução das planificações, apresentação de projectos, enfim, todo o trabalho que o início de um ano lectivo normal implica. Infelizmente, nem todos os professores têm a motivação suficiente para entrar com garra neste início de trabalho, por via dos problemas familiares a que esta profissão, muitas vezes, está sujeita. Não é o meu caso, mas conheço alguns casos em que, marido e esposa, têm de se despedir ao domingo para apenas se verem na sexta-feira seguinte, pelo facto de leccionarem bem longe de casa...
Um bom início de ano lectivo para todos é o que vos desejo...