quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Sem tempo para escrever...

Há cerca de um mês que não venho aqui escrever. Porquê? Muito simples: trabalho, trabalho, trabalho... Em quê? Muito simples: preparação de aulas, elaboração de testes, correcção de testes, correcção de trabalhos, manutenção do blogue da disciplina, encontros com encarregados de educação, registos de faltas dos alunos, substituição de aulas de uma colega que está de baixa e papelada, papelada e mais papelada relacionada não só com a Direcção de Turma, mas com tudo o que diga respeito ao departamento e grupo disciplinar.
Há cerca de um mês que as minhas 35 horas de trabalho semanais que a lei prevê são acrescentadas de, pelo menos, 15 ou 20 horas. E tenho a certeza que muitas dessas horas não são de trabalho com as oito turmas que tenho a meu cargo. Há muito trabalho ligado à Direcção de Turma e a muitas outras tarefas que não apenas ligadas à docência, mas a projectos (a Educação Sexual, o Parlamento dos Jovens, o moodle, a blogosfera, as visitas de estudo, as acções formação e muito mais).
Até ao Natal.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O que esperar da nova Ministra da Educação?

Com a saída de Maria de Lurdes Rodrigues do cargo de Ministra da Educação há quem pense que se abra uma nova porta na forma como a Educação tem sido encarada pela tutela. Certamente que o estilo de governação irá mudar, mas não me acredito que haja mudanças no rumo até aqui traçado: facilitismo, burocracia e irrealismo continuarão a ser, na minha opinião, as traves mestras deste Governo.
Há quem pense que o facto da nova Ministra Isabel Alçada já ter passado pelo ensino básico (embora há mais de 15 anos) lhe dará uma nova aura no sentido de estar familiarizada com os problemas com que a Educação se enfrenta em Portugal. Não me acredito...
Nos últimos tempos (lembremo-nos dos tempos de antena do PS) Isabel Alçada teve elogios para com a anterior Ministra que a colocam no mesmo estado de desenvolvimento político: completamente desfasada da realidade escolar.
O mal já está todo feito: indisciplina, burocratização, facilitismo e falta de democratização tomaram conta das escolas públicas portuguesas. Os professores continuam a ser "pau para toda a colher" e a escola deixou de ser um local de estudo para passar um local de "depósito de alunos". Isabel Alçada apenas irá "fazer render o peixe"... Poderá mexer nalguma pequena coisa, mas no essencial tudo ficará na mesma: o facilitismo irá continuar, a falta de disciplina e de interesse dos pais não terá consequências, a profissão docente não será valorizada...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pais afastam-se da escola

Na última sexta-feira realizou-se na escola que a minha filha frequenta uma reunião de pais e encarregados de educação. A escola tem cerca de trezentos alunos, mas apenas compareceram catorze pais. Ou seja, a taxa de adesão dos pais não chegou aos 5%. Outra curiosidade: muitos dos pais que apareceram eram professores!!! Claro que muito se comentou sobre o desinteresse manifestado pela maioria dos encarregados de educação que, de facto, de encarregados têm muito pouco...
Assim vamos de interesse dos pais pela educação dos filhos. Outro facto: este ano sou director de turma e, com mais de um mês de aulas, em dezanove alunos que tenho na minha turma ainda só conheci oito pais (menos de metade). Ainda por cima, já tentei convocar alguns encarregados de educação e de alguns deles não há sequer rasto.
Cada vez mais me convenço que só à força lá poderemos chegar: enquanto os pais não forem, efectivamente, responsabilizados pelos actos dos filhos e não for penalizado o desinteresse manifestado pelos ditos encarregados de educação, muitos destes jovens andarão à "roda livre". Com consequências nefastas no seu sucesso educativo...

sábado, 10 de outubro de 2009

A presidente do CNE sabe do que fala???

Há uns dias atrás li no Público que a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) defende uma nova forma de organização da escola pública, que em vez de chumbar os alunos com dificuldades se preocupe mais com uma aprendizagem de qualidade. Referiu-se muito à escola e aos professores, mas em relação aos pais e famílias nem uma palavra.
Melhor ainda. Afirmou que o actual sistema de percursos educativos não serve nem o desenvolvimento do país nem os alunos. Depois de o Governo PS ter apostado nos CEF`s, nos cursos profissionais e nas Novas Oportunidades, pior crítica não poderia existir.
Por fim, deu a entender que devemos "copiar" o Canadá e a Austrália, como se por lá existisse a miséria que por cá abunda em termos de pobreza. Convém não esquecermos que a maioria dos alunos problemáticos, indisciplinados e sem sucesso escolar são os que provêm de famílias onde os rendimentos económicos estão muito abaixo do razoável.
Ora, só com a erradicação da pobreza se poderá acabar com o insucesso escolar. Veja-se os alunos que estão nos CEF`s. A maioria deles são oriundos de famílias onde impera a pobreza e a ignorância.
Neste particular, aproximo-me bastante do discurso do CDS-PP: acabe-se com a subsidiodependência, que apenas tenta esconder os problemas e nada resolve, aumente-se a produtividade e o rendimento das famílias e aposte-se na disciplina, rigor e exigência na escola. Pode ser que assim aumente o sucesso escolar à custa de uma verdadeira aprendizagem dos alunos.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Para que vai servir o Ministério da Educação?

O PS ganhou com maioria relativa. Ou seja, o poder absoluto do PS, com a lógica prepotente do "quero, posso e mando" terminou, pelo que o mais provável é que durante esta legislatura tudo fique na mesma. O novo Ministro da Educação não vai mudar uma "palha" naquilo que a sua antecedente fez, seja nas alterações efectivadas no Estatuto da Carreira Docente, no Estatuto do Aluno, na Gestão das escolas ou tão simplesmente no aumento do facilitismo protagonizado pelas Novas Oportunidades, EFA`s, CEF`s e cursos profissionais. Sem concursos de professores nos próximos anos e com a continuação da mesma lógica de exames nacionais pouco rigorosos, fica a questão: para que serve o cargo de Ministro da Educação??? Para muito pouco ou quase nada.
Assim, sou da opinião que esta pasta ministerial deveria ficar de sabática? Se é para ficar tudo na mesma, não faz cá falta nenhum Ministro da Educação...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A herança de MLR

Maria de Lurdes Rodrigues está prestes a abandonar o cargo que a tornou na maior "inimiga" de uma classe profissional com mais de 100 mil trabalhadores. O que deixou ela, para além de uma enorme desilusão e angústia nos professores. Sejamos rigorosos:
De positivo, acabou com as escolas do 1º ciclo das aldeias, introduziu o Inglês no 1º ciclo e massificou o uso do computador pelos professores e alunos.
De negativo, destruiu a democraticidade da escola pública, impondo um novo regime de gestão e dividindo uma classe profissional entre titulares e não titulares. Fez de conta que melhorou as aulas de substituição dos alunos. Massificou, ainda mais, o facilitismo com um Estatuto do Aluno vergonhoso e alinhando por exames nacionais pouco sérios e rigorosos. Fez vista grossa ao problema da indisciplina e ignorou os programas curriculares das disciplinas, preferindo por manter tudo na mesma. Ou seja, onde deveria ter mexido, nada fez e onde deveria estar quieta, destruiu e estragou.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Um ano que se espera difícil...

Escola nova, vida nova!!! Esta parece ser a melhor forma de encarar a entrada numa nova escola, depois de quatro anos a leccionar no mesmo estabelecimento escolar. Novos colegas, novos alunos, novas rotinas, novos procedimentos... Claro que, nestes primeiros dias de trabalho burocrático (reuniões de departamento e de grupo, conselhos de turma, planificações, etc.) a única grande diferença que encontro para com os anos anteriores é o facto de ser Director de Turma, visto que já há cinco anos que não tinha este cargo.
Agora, o que me tem deixado mais "assustado" é o facto de ir ter muitos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE): em seis das oito turmas às quais lecciono Geografia, vou ter, pelo menos um aluno com NEE, quase todos casos bastante graves. A isto há que acrescentar o facto desta ser uma escola com um considerável número de alunos da Europa de Leste: só na minha Direcção de Turma vou ter dois alunos da Moldávia e uma do Uzbequistão. Enfim, os desafios que me esperam não serão pequenos, pelo que espero um ano de muito trabalho.
A todos os que agora iniciam um novo ano lectivo, votos de bom trabalho.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Início de mais um ano lectivo

1 de Setembro: dia de apresentação na nova escola e início de muito trabalho burocrático até ao arranque das actividades lectivas. Depois de um Agosto completamente dedicado à família é tempo de retomar a vida de professor e, inevitavelmente, abdicar de parte do tempo destinado à esposa e filhos. Infelizmente, a vida é mesmo assim: cada vez se "perde" mais tempo com o trabalho, em detrimento daquele que é passado com a família. E, com este Governo a vida de professor complicou-se, com menos tempo dedicado aos alunos e mais à papelada burocrática.
Felizmente que me aproximei de casa. Se nos últimos quatro anos estive a leccionar a 70 Kms de casa, sei que nos próximos quatro estarei bem mais perto: de Viseu a Oliveira de Frades (vila onde fiquei colocado por destacamento) é quase um "tirinho". Pelo contrário, a minha mulher ficou bem pior: de 5 minutos passa a estar a 40 minutos de casa. É esta a vida de muitos professores: alunos, encarregados de educação, colegas e viagens de carro!!! Tudo com prejuízos claros para os filhos.
Desejo a todos os que tiveram colocação um bom ano lectivo, na esperança de que daqui a um mês tenhamos alguém à frente do Ministério da Educação dotado de duas qualidades que faltaram nos últimos quatro ano e meio à tutela: diálogo e bom-senso!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Colocados e à espera dos destacamentos...

Final de mais um ano lectivo. Depois das reuniões de avaliação, das reuniões de departamento, das vigilâncias e correcção de exames e da avaliação do desempenho docente, começa-se a pensar no novo ano lectivo.
As colocações foram conhecidas há alguns dias atrás. Toda a gente ligada à educação diz que este concurso foi uma vergonha, com poucas vagas a concurso, muitos lugares guardados e pouco mais de 400 contratados a passarem a efectivos. Muita gente pergunta-se quais as razões que levaram a que poucas vagas tivessem sido postas a concurso. Agora, milhares de professores vão ficar a desesperar pela 2ª fase das colocações, quer seja para esperar pelas colocações dos QZP`s sem escola ou para simples contratação. Enfim, para muitos docentes as férias vão ser stressantes...
Agora, há que esperar pelos destacamentos de aproximação à residência familiar. Lá vamos ter que esperar pelos finais de Agosto para sabermos se, pelo menos um de nós, consegue ficar mais perto de Viseu, até porque convém que um de nós fique perto dos nossos filhos. Caso contrário, lá teremos que andar quatro anos a percorrer centenas de quilómetros por semana e a engordar os lucros das gasolineiras.
Agora, é tempo de descansar e recarregar baterias para um novo ano lectivo que se espera complicado (ainda por cima a gripe A não vai ser nada amiga das escolas; esperemos que o ME assuma que os professores constituem um grupo de risco). Umas boas férias para todas (caso seja esse o caso) e boa sorte para as novas colocações para aqueles que continuam sem escola. Até breve...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Exames vergonhosos!!!

Passou-se um ano e o mesmo voltou a repetir-se! Há uma ano atrás escrevi aqui um artigo sobre o facilitismo que tinha tomado conta dos exames nacionais. Agora surge a confirmação das intenções desta equipa ministerial: enveredar pela caminho do facilitismo, permitindo que os alunos concluam o mais depressa possível o ensino secundário, sem grande esforço. Aliás, a haver esforço, este será maior nas avaliações internas e não tanto nas externas.
Em relação à disciplina que lecciono, Geografia, posso confirmar que os testes que dou aos meus alunos no 8º e 9º anos têm questões com um grau de complexidade superior em relação às que aparecem no exame de Geografia do secundário. Eu peço aos meus alunos que expliquem e caracterizem fenómenos geográficos. O Ministério prefere dar quatro opções de resposta, esperando que os alunos acertem na opção mais óbvia. Num exame em que metade da cotação total é avaliada em questões de resposta múltipla, como defende o ME, não se fica a saber a verdade sobre os conhecimentos adquiridos pelos alunos ao longo do ano lectivo.
Deixo-vos com o excelente artigo do Director do Público. A ler aqui...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Um relatório da OCDE para a Sr.ª Ministra ler

Resposta do Ministério: "as recomendações da OCDE confirmam a centralidade e a premência das reformas introduzidas".
Isto só pode dar para rir!!! Então a OCDE afirma que os professores devem ser apoiados, recompensados e reconhecidos e a Ministra vem dizer que é isso que tem vindo a ser feito! Em que país vive a Ministra? A senhora não sabe que os professores se sentem mais que perseguidos e mal tratados por esta equipa ministerial???
Mas, a notícia do Público traz outras informações muito interessantes. Um exemplo: "É o comportamento dos estudantes que prejudica a aprendizagem". Ora, o que é que este Ministério fez para devolver às escolas portuguesas a disciplina e o rigor? Nada. Bem pelo contrário. Tem vindo a estragar os alunos, colocando no mesmo saco faltas justificadas e faltas injustificadas e impondo uma lógica de facilitismo que envergonha qualquer professor sério. Veja-se o que se passa com a (falta de) exigência das provas de aferição e dos exames nacionais...
PS - Podem ler aqui o sumário do relatório.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Provas de ilusão!!!

Durante esta semana realizaram-se as provas de aferição a Língua Portuguesa e Matemática para os alunos do 4º e 6º anos de escolaridade. A Ministra da Educação veio elogiar o «elevado profissionalismo» das escolas e professores na forma como decorreram estas provas.
Pois bem, profissionalismo a sério existiria se as ditas provas servissem realmente para a avaliação dos alunos e se na resolução das mesmas todos os professores que vigiam os alunos (pelo menos os do 4º ano) tivessem a mesma atitude que têm os seus colegas que vigiam exames do ensino secundário.
Digo isto porque em muitas escolas do 1º ciclo os alunos tiveram a ajuda de professores que deveriam estar apenas a vigiar a correcta realização das provas, em vez de estarem a chamarem a atenção dos alunos para esta ou aquela resposta mal dada. Sei de casos em que professores do 1º ciclo chegaram a ler respostas dos alunos e os "obrigaram" a alterar as mesmas, para assim a escola ficar com uma boa avaliação final.
Todos sabemos que as escolas comparam resultados entre si e, em muitas escolas do 1º ciclo, a situação é vergonhosa, com professores titulares a deslocarem-se às suas turmas durante a realização das provas para ver como é que os alunos se estavam a sair e, muitas vezes, a ajudarem-nos da resolução das questões.
Na terça-feira estive a falar com colegas meus do 1º ciclo que estavam surpreendidos com a forma como alguns professores ajudaram os seus alunos e disseram as respostas correctas em questões relacionadas com os "tempos verbais". Uma vergonha!!!
Cada vez mais me convenço que a distância que separa um professor do 1º ciclo de um seu colega do ensino secundário, nomeadamente em termos de seriedade no trabalho, é abissal.

sábado, 16 de maio de 2009

Não percebo estas teorias...

Notícia de ontem do novo diário "I" (por sinal, um jornal bastante interessante): "Telemóvel na sala de aula. Para usar sem limites, diz professora". Na notícia é referido que uma psicóloga de uma escola de Setúbal decidiu fazer dos telemóveis um instrumento de trabalho dos alunos, defendendo o seu uso para fotografar o quadro com o resumo da matéria, fazer vídeos para registar visitas de estudo, marcar as datas dos exames na agenda, configurar o alarme para lembrar que há trabalhos de casa a fazer, usar a internet para pesquisar, o bloco de notas para apontamentos, o bluetooth para partilhar ficheiros ou o gravador para reproduzir a aula em casa. Isto são alguns exemplos.
Ora, enquanto professor de alunos do 3º ciclo e do secundário não consigo imaginar uma aula minha com os alunos a fotografarem a matéria que escrevi no quadro. Era o que faltava! Eu a trabalhar e os alunos a saberem que não necessitariam de passar a matéria, porque bastaria que a fotografassem. Outra hipótese defendida por esta professora é o da pesquisa. Então e as bibliotecas e os portáteis já não são suficientes? Quanto à marcação dos testes e trabalhos de casa no telemóvel seria uma forma de desresponsabilizar os alunos.
Estou mesmo a ver os meus alunos com liberdade total para utilizarem os seus telemóveis na sala de aula!!! Era o descalabro... Se já agora têm dificuldades em tirar apontamentos (no meu tempo de alunos o professor falava e os alunos tiravam apontamentos, enquanto que agora querem que ditemos a matéria), com os telemóveis na aula seria a ditadura da preguicite aguda!!!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Fomentar o trabalho? Sim. Motivar a preguiça? Não.

Estive um mês sem conseguir arranjar tempo para aqui vir actualizar a escrita. Depois da interrupção lectiva dedicada aos concursos de professores e a passar mais algum tempo com a família, o terceiro período de aulas iniciou-se com muito trabalho: as aulas, o jornal da escola, os projectos, a avaliação de desempenho, a inspecção, enfim, não tenho parado um bocadinho!!!
Ora, hoje que se comemora o dia do trabalhador (felizes aqueles que, nos dias de hoje, podem dizer que têm trabalho) coloquei-me a mim mesmo a obrigação de aqui vir escrever sobre um tema da educação. Temas não faltam, desde o alargamento anunciado (pela enésima vez) da escolaridade obrigatória de 18 anos, até ao assunto do dia de hoje (a trapalhada da campanha do PS e do aproveitamento das imagens de crianças com os Magalhães), não esquecendo a forma como o Governo tenta "comprar" o voto dos pais dos alunos portugueses, com o anúncio de bolsas de estudo para alunos do ensino secundário.
Em relação ao primeiro tema e aquele que considero mais pertinente e a necessitar de um debate sério (condição que penso não ter tido o alcance exigível), seria interessante que se questionasse a Ministra da Educação em que condições é que pretende alargar a escolaridade obrigatória dos 15 para os 18 anos. É que tenho a impressão que esse objectivo terá como pressuposto a banalização da escola e o fomento (ainda com maior ênfase do que o actual) do facilitismo e da preguiça.
Já dizia alguém que só se deve dar água a quem tem sede. Obrigar um aluno a andar na escola até aos 18 anos para cumprir uma mera formalidade legislativa é um erro crasso, que apenas irá contaminar, ainda mais, a escola que temos. E não me venham com as conversas dos pedagogos que é obrigação da escola saber e conseguir motivar para a escola os alunos até aos 18 anos de idade. Para os que não gostam de estudar, reinventaram-se ao cursos profissionais, os CEF`s e os PIEF`s, mas sem ainda se ter feito uma avaliação séria destes cursos, já o Ministério os vê como a "galinha dos ovos de ouro" para copiar os países nórdicos. Como se a Educação fosse uma lógica de "copy paste"...
Com tantos problemas por resolver na Educação, tais como a reforma dos currículos e dos programas disciplinares, logo tinha o Governo que começar pelo menos importante. Estamos em campanha eleitoral, não é? Está tudo explicado!!!

terça-feira, 31 de março de 2009

Uma notícia que passou ao lado de muita gente...

O Público de sábado passado trouxe na página sete da sua edição uma pequena notícia que passou despercebida à generalidade da comunidade educativa. Não vi ninguém do Ministério da Educação, dos sindicatos, da blogosfera ou das associações de pais referir-se à notícia do Público. O título é bastante significativo: "Liderança das escolas está à frente dos resultados".
Como a notícia não tem acesso no site do Público deixo aqui as partes mais importantes da mesma:
"Um relatório da Inspecção-Geral de Educação, responsável pela avaliação externa das escolas, mostra que estas se destacam mais em capítulos como "liderança" ou "organização e gestão escolar" do que naqueles que alegadamente seriam o seu cerne, como são o caso dos "resultados" ou a "prestação do serviço educativo".
Esta notícia é a prova de como a maioria das escolas portugueses se preocupam mais com as papeladas e todas as matérias relacionadas com as burocracias que, muitas vezes, apenas impedem que os professores tenham tempo para o que realmente interessa (os alunos), enquanto que os resultados dos alunos e toda a componente pedagógica é quase que ignorada pelas lideranças escolares.
Curiosamente, regra geral, as escolas com melhores resultados nos capítulos pedagógicos são aquelas em que os alunos obtêm melhores resultados, enquanto que as que mais se interessam com a "organização e gestão escolar" não passam, na sua maioria, de líderes em matéria de burocracia e papelada. O simplex ainda está por chegar à maioria das escolas públicas portuguesas...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Outra vez o stress dos concursos de professores...

Entramos hoje formalmente no período que visa a colocação de professores por quatro anos. É chegado o tempo de gastar horas a ler e interpretar dezenas de papéis que legislam esta matéria, analisar as vagas positivas e negativas de preenchimento de lugares, estudar as localizações das escolas, enfim, stressar com todo o processo burocrático que levará à colocação ou não de milhares de professores numa escola da sua preferência.
Não bastava todo o tempo gasto com a avaliação de desempenho docente, processo que continua eivado de trapalhadas e burocracias, para agora termos os concursos de professores que, segundo se consta, continuam a ter aspectos menos claros, nomeadamente nos lugares postos a concurso. Muita gente, sobretudo os sindicatos, vai falando à boca fechada, sem certezas, sobre a possibilidade de muitos professores ficarem sem escola, com o risco de na bolsa de recrutamento estarem sujeitos a situações que poderão levar à perda do lugar. O Secretário de Estado Pedreira diz que não, mas se há alguém neste Governo em quem não confio é toda a equipa do Ministério da Educação. E com isto tudo quem mais perde são mesmo os alunos: muitos professores perdem mais tempo com esta burocracia toda do que com as suas actividades lectivas!!!
A todos aqueles que começam agora com o "inferno" dos concursos desejo boa sorte e sobretudo calma...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Sobre a Educação Sexual só tenho a dizer que estes deputados pouco percebem de Educação!!!

Os deputados do PS, apesar de alguns deles serem professores (embora não dêem aulas há muito tempo) julgam-se muito conhecedores da realidade escolar, dos currúculos disciplinares e dos conteúdos programáticos destas, pelo que se decidiram agora por "impingir" às escolas a obrigatoriedade de serem estabelecidas doze horas anuais de carga horária mínima em todas as escolas e em todos os graus de ensino para serem dados conteúdos sobre Educação Sexual.
Não acredito que haja alguma escola que ignore nos seus projectos educativos a componente da Educação para a Sexualidade, inserida na área curricular não disciplinar de Formação Cívica. Por outro lado, nas disciplinas de Ciências Naturais e Geografia, os respectivos programas já contemplam conteúdos sobre o aparelho reprodutivo, o planeamento familiar e os métodos contraceptivos. Há ainda muitos projectos que as escolas desenvolvem sobre esta temática.
Os senhores deputados pensam agora que descobriram a forma de evitar as gravidezes precoces? Pensam agora que será com estas doze horas anuais que os jovens irão ter cuidados ao nível da sua vida sexual? Que grande ingenuidade!!!
As escolas têm já mecanismos ao seu dispôr que lhes permitem desenvolver nos alunos as competências ligadas à formação cívica e à cidadania. Em todas as minhas turmas do 8º ano, o programa de Geografia (definido pelo ME) obriga-me a dar conteúdos relacionados com o planeamento familiar, métodos de contracepção, aborto, gravidez precoce e muitas outras questões que visam desenvolver competências de educação para a sexualidade.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Um Primeiro-Ministro que mente e não pede desculpas de tentar enganar o povo!!!

O mais recente caso do "pseudo-relatório" da OCDE prova até que ponto este Governo e a respectiva equipa ministerial da Educação tentam enganar os portugueses. Sejamos factuais:
1. Sócrates apresentou o relatório como sendo da OCDE;
2. Sócrates omitiu que o relatório tinha sido encomendado e pago pelo Governo;
3. A Ministra da Educação que estava junto a Sócrates na sessão pública de apresentação do relatório concordou com o Primeiro-Ministro, não o tendo chamado a atenção, o que prova que estava "feita" com ele na estratégia de mentir;
5. Depois da dupla-mentira, nem o Primeiro-Ministro, nem a Ministra da Educação foram capazes de ser humildes e pedir desculpas pelas mentiras proferidas.
Com isto tudo como podem os professores acreditar neste Ministério da Educação? É impossível. Quanto mais se agudiza o lastimável estado de desconfiança entre a comunidade educativa e a tutela, mais difícil será recuperar a credibilidade ao sistema de educação público. Que venham depressa as eleições para mudar de Governo!!!
Ironicamente, Sócrates tratou a Ministra da Educação no "pretérito perfeiro" ("Foi um gosto trabalhar consigo"), o que deixa antever que Maria de Lurdes Rodrigues terá já avisado Sócrates que não conte com ela para depois das eleições legislativas.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O ensino profissional e a diferença entre a quantidade e a qualidade...

A Ministra da Educação resolveu iniciar o ano 2009 exaltando os benefícios do ensino profissional, qual desfraldar de auto-elogios à sua política educativa... Afirma a Ministra que o ensino profissional responde aos «anseios» de alunos e às «necessidades» do país. Ora, vejamos é quais são esses anseios e essas necessidades???
Se entendermos a conclusão rápida e facilitada do ensino secundário como o principal anseio dos alunos dos cursos profissionais, dou inteira razão à Ministra. Quanto às necessidades do país, se estas se resumirem à mera obtenção de qualificações profissionais para melhorar as estatísticas da educação, então não tenhamos dúvidas que a Ministra sabe o que diz...
Neste 2º período de aulas já tive duas aulas com a minha turma do ensino profissional e o "ran-ran" continua na mesma. Trabalho não é mesmo com eles. Em dezoito alunos que estão a tirar o curso de Técnico de Turismo Ambiental e Rural, se houver um que daqui a três anos vá trabalhar nesta área, será uma grande novidade para mim... Se a aula é teórica queixam-se que não gostam de escrever. Se a aula é prática queixam-se que não percebem nada do que pesquisam. Se lhes trago notícias para comentar, mapas para analisar ou gráficos para elaborar, dizem que estão muito cansados. Nada os satisfaz. Há pouco passaram por mim no recreio e estavam todos contentes. Perguntei-lhes qual a razão de tal felicidade e disseram-me me a professora de Ambiente lhes tinha dado "furo". Questionados sobre se iriam aproveitar os 90 minutos para adiantar algum trabalho ou estudar, responderam-me que "nem pensar, vamos é para o bar da escola conversar e jogar"... Enfim, a ignorância é tanta que me incomoda seriamente que possa passar para a opinião pública a ideia de que estes cursos são um sucesso.
Senhora Ministra, quantidade não é sinónimo de qualidade. Mais valia termos menos alunos no ensino profissional, mas este ser, na sua generalidade sério, credível e exigente, do que termos a situação que temos: um crescente número de alunos sem qualquer tipo de capacidade e até vontade (de trabalhar) neste tipo de cursos...
Adenda: o Público desta segunda-feira analisa com algum detalhe o "faísco" que é, em Portugal, o ensino profissional. A ler...