sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Seis aulas de profissional decorridas...

Depois de seis aulas (9 horas) passadas com os alunos do curso profissional de Turismo Ambiental e Rural é-me já possível formular conclusões um pouco mais sustentadas sobre a "matéria-prima" que tenho de moldar ao longo deste ano lectivo.
A turma tem dezanove alunos, sendo que uma boa parte deles provém de um CEF (curso de educação profissional) da área de fotografia. Os outros vêm do ensino dito regular. Constatei que, à excepção de três alunos que demonstram ter razoáveis hábitos de trabalho, os outros vêm com a ideia que neste tipo de curso não tem de se trabalhar muito. Na primeira semana de aulas quase todos se queixaram que, à disciplina que lecciono, estavam a escrever muito. Ora, tendo em conta que não existe manual para a disciplina de TTG (Turismo e Técnicas de Gestão) e que quase tudo o que têm escrito tem sido copiado dos Power-points que lhes elaboro e apresento, não existem razões sérias para estas queixas. Por outro lado, o que passam para o caderno é sobre a forma de tópicos, esquemas e diagramas, o que os favorece no trabalho. E ainda lhes criei um blogue, onde apresento resumos da matéria dada nas aulas...
Mas, há mais! Nas últimas duas aulas estive a desenvolver com eles matéria relacionada com os temas da análise da produtividade e dos custos, matéria esta essencial tendo em conta que é suposto que, caso eles venham a trabalhar na área do turismo, convém estarem familiarizados com a forma de gerir convenientemente qualquer negócio da área do turismo. Ora, logo no início da realização dos exercícios práticos, pude constatar que os números são um dos "terrores" que os atormentam. Deste modo, tive que ensinar-lhes o cálculo matemático mais elementar.
Apesar de tudo, dos dezanove alunos da turma, a maior parte deles parece estar a gostar da disciplina. Claro que todos os dias se queixam da "dureza" da disciplina, mas quase todos se têm aplicado na hora de passar a matéria leccionada e realizar os exercícios exigidos. A participação oral continua a não ser muita e, a verdade, é que o silêncio impera em muitos momentos da aula. Às vezes, sinto que estou a falar "chinês" para eles...
Como acontece em quase todas as turmas existem sempre os "desmancha-prazeres". Na turma, há um aluno, já com 22 anos(!) que tem vindo a "saltitar" de profissional para profissional, sabe-se lá à procura de quê, e que a toda a hora se queixa do esforço da aula! E, há ainda a acrescentar que um dos alunos da turma, pura e simplesmente, não liga a nada do que ali se passa. Não passa nada para o caderno, não participa de forma interessada e demonstra que, vindo dele, pouco ou nada se pode esperar de positivo: já apresenta uma boa dose de faltas injustificadas...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A primeira impressão com os alunos do "profissional de turismo"

Ontem tive o primeiro contacto com a turma do curso profissional de Turismo Ambiental e Rural onde lecciono a disciplina de Turismo e Técnicas de Gestão. Apresentei os objectivos do curso e as possíveis saídas profissionais e a primeira impressão que tive foi a de que ficaram minimamente entusiasmados. O problema surgiu quando lhes pedi para escreverem na ficha biográfica a razão pela qual escolheram este curso. A principal resposta que apareceu não foi a do gosto pelo curso ou a vontade de procurar emprego nesta área. Bem pelo contrário. O que mais li foi do género "quero acabar o 12º ano mais depressa" e "o curso de turismo é interessante". Ora, este tipo de respostas dá a entender que algo de muito errado está a acontecer com estes cursos e que os objectivos dos mesmos poderão estar a ser deturpados.
Pretende-se que os alunos que optam por um curso profissional tenham grandes afinidades, a começar pela vontade e o gosto, com a área do curso que terão de desenvolver ao longo de três anos. Ora, tirando três alunos, num conjunto de dezassete, que escreveram querer ir trabalhar no sector do turismo, a verdade é que parece que muitos alunos (ainda) não estão motivados para o que os espera...
Na aula de hoje, a segunda, comecei a dar a matéria propriamente dita. O primeiro módulo versa matéria de economia e, a verdade, é que não percebo qual a razão que leva os autores dos programas destas disciplinas a serem tão exigentes. É que o primeiro módulo que vou desenvolver com os alunos é quase "copy-paste" do programa de economia do 10º ano. Não se percebe: se se pretende que este tipo de cursos sejam mais práticos, então porque é que são tão exigentes com os conteúdos das disciplinas? Estive 90 minutos a tentar estabelecer diálogo com os alunos sobre temas como o orçamento familiar e a economia aberta e, da parte deles, o que mais ouvi foi silêncio, à excepção de dois alunos que ainda foram falando sobre a matéria.
Já vários colegas me disseram para simplificar ao máximo o programa da disciplina, mas, mesmo assim, não vai ser fácil. Está visto que a primeira estratégia terá de ser a de motivá-los; caso contrário a sala de aula irá ficar mais parecida com uma sala de palestrantes, onde um fala e os outros ouvem... Demasiado calmo para o meu gosto. Darei mais notícias.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Em início de ano lectivo nada melhor para o Governo do que dar a conhecer dados estatísticos do sucesso educativo. É a política...

A equipa da Ministra Maria de Lurdes Rodrigues tem a máquina bem oleada. Senão vejamos... Agora que o novo ano lectivo está aí à porta e a comunicação social nos brinda todos os dias com notícias e reportagens sobre a precaridade social em que vivem muitos professores, o aumento do desemprego docente e as elevadas despesas com que muitas famílias da classe média são confrontadas, nada melhor do que um "turbilhão" de informações veiculadas pela tutela para amenizar esta situação. Se nos últimos dias tinhamos tido uma catadupa de reportagens, emanadas do Ministério da Educação (ME), sobre o mais que propalado "Plano Tecnológico da Educação", eis que hoje surgem informações, outra vez veiculadas pelo ME, sobre o sucesso escolar, com a contínua diminuição das taxas de retenção de alunos.
A Ministra da Educação e o Secretário de Estado Valter Lemos desdobram-se em entrevistas junto da comuncação social sobre o alcance deste sucesso escolar. Justificam-no com as acções levadas a cabo por esta equipa governamental, recusando a ideia de facilitismo. Quem não está nas escolas todos os dias e ignora a realidade escolar desconhece até que ponto é que um aluno tem de ser tão fraco para ficar retido. E, agora, com a avaliação dos professores, não me admiro que a tendência para passar os alunos continue a aumentar.
Os verdadeiros resultados deste sucesso educativo serão dados a conhecer daqui a uns anos quando se souber por onde param muitos dos alunos que agora frequentam os CEF`s, os cursos profissionais e as Novas Oportunidades... É bom que se saiba!!!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

De volta ao trabalho...

Aí está mais um ano lectivo! Para muitos professores é sinal de desânimo por não terem obtido colocação, por não estarem numa escola do seu agrado ou por outra razão qualquer. Para outros, esperemos que a maioria, é sinal de regresso à nobre função de ensinar...
Na minha escola, hoje foi um dia dedicado às reuniões de departamento. Por sinal, no meu departamento fui eu o secretário e muitos foram os temas abordados. Claro que o que mais suscitou curiosidade por parte de todos foi o da distribuição de serviço. Houve quem ficasse agradado, mas também quem demonstrasse enfado com o que lhe calhou em "sorte".
Eu não me posso queixar muito. Comparando com o ano passado, em que tive oito turmas com Geografia, acrescidas de duas trumas com Área de Projecto e uma com Estudo Acompanhado, foram-me agora destinadas sete turmas do básico com Geografia e uma turma do secundário com uma disciplina que, para mim constitui novidade: Turismo e Técnicas de Gestão. Esta nova disciplina faz parte do curso profissional denominado "Turismo Ambiental e Rural".
Estou para ver como vai decorrer este novo ano lectivo, nomeadamente, com esta turma do curso profissional. Estive a falar com alguns colegas meus lá da escola que não me deram boas notícias sobre este tipo de alunos. Aconselharam-me a não "puxar" muito por eles, pois, na sua maioria, são alunos com grandes limitações. O problema é que, depois de ter analisado o programa da disciplina de "Turismo e Técnicas de Gestão", das duas uma: ou levo o programa a sério e não posso facilitar, ou ignoro as orientações do Ministério da Educação e coloco a fasquia da exigência muito por baixo. A primeira estratégia para arranjar uma solução viável será ver a "matéria-prima" com que vou trabalhar. A ver vamos no primeiro dia de aulas como correm as coisas... De resto vou ter duas turmas do 7º ano que são novidade e mais cinco turmas que sigo desde o ano passado.
Votos de um ano lectivo proveitoso para todos...