sábado, 18 de dezembro de 2010

Tempo de retemperar forças!!!

Depois de 14 semanas de aulas é tempo de fazer uma pausa na árdua tarefa de preparar aulas, leccionar conteúdos, preparar reuniões, "dar e baralhar" papelada, entre muitos outros trabalhos inerentes à profissão docente. Ainda por cima, quando se tem cinco turmas e quatro disciplinas diferentes, a que há que acrescentar uma Direcção de Turma, o tempo escasseia e torna-se difícil ter tudo pronto a horas.
Mas, o primeiro período de aulas já passou e o balanço, em termos gerais, foi positivo. Claro que há duas realidades completamente antagónicas: nas três turmas do ensino regular que tenho (duas do 9ºano e uma do 11º ano) a palavra de ordem é uma: sucesso! Alunos interessados, empenhados e com objectivos claros. Nas duas turmas do ensino profissional que tenho a meu cargo, apenas me vem à cabeça uma ideia: mais do que ensinar, a minha função principal nas aulas é a de educar aqueles alunos nas atitudes e valores.
A isto há que acrescentar o facto de continuarmos a ter uma tutela que ignora, por completo, a vida real nas escolas. A actual Ministra da Educação pode ser mais sorridente (de forma exagerada) que a anterior, mas a política continua a ser a mesma: proletarizar a classe docente. A este propósito deixo-vos com este excelente texto de Luís Cabral de Moncada, publicado no jornal I.
Sendo certo que nos esperam tempos difíceis, desejo-vos a todos um feliz Natal...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Não há pachorra...

Este ano lectivo está a ser terrível. E tudo porque me calharam na rifa duas turmas do ensino não regular. Bem sabemos que para a Ministra da Educação estas turmas constituem o "a cerja em cima do bolo" em matéria de educação.
Ora, o que temos nestes cursos é uma estratégia de puro engano. Digo isto porque quem inventou os programas das disciplinas destes cursos não faz a mínima ideia de que tipo de alunos se inscrevem nestas turmas. Os programas de muitas disciplinas são mais exigentes do que os do ensino regular (exemplo da disciplina de Geografia).
Com esta contradição o trabalho sobre para os professores. É verdade: demora-se mais tempo a preparar as aulas do que a leccioná-las. E melhor ainda: se o aluno reprova no módulo tem ainda direito a mais três tentativas para recuperar. Ora, o trabalho sobre para quem: para o professor. Depois há que acrescentar que para a maioria das disciplinas não existem manuais, pelo que todos os materiais têm de ser construídos de raíz.
Conclusão: o facilitismo puro e duro para o aluno e o cargo dos trabalhos para o professor.

domingo, 17 de outubro de 2010

Analisar os rankings

O jornal Público presta, uma vez mais, um serviço de excelente qualidade ao publicar o ranking das escolas a partir da análise dos resultados dos exames às principais disciplinas do ensino secundário.
Aconselho a todos os professores que leccionam no ensino secundário que comprem o Público da última sexta-feira e tomem atenção às excelentes reportagens e artidos de opinião que surgem no suplemento do ranking das escolas. Caso já não encontrem o jornal, sempre podem ir ao site do jornal e consultar a maior parte dos artigos.
Eu, que "levei" 17 alunos ao exame nacional de Geografia A que não tiveram explicadores ao longo do ano, nem tão pouco pertencem a agregados familiares da classe alta, fiquei muito agradado com os resultados da escola onde lecciono. Conseguimos um excelente 39º lugar no exame de Geografia A, entre quase as 600 escolas a nível nacional (públicas e privadas) que levaram alunos ao exame de Geografia A. Fica o registo para a posteridade...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Antes das aulas, o muito trabalho que muita gente esquece que existe...

Por estes dias a conversa que tenho com os meus amigos que não são professores bate sempre na mesma tecla:
"Então, o trabalho só começa para a semana, não é?".
"Não há nada como a vida de professor, de férias até meados de Setembro...".
Quando me vêm com estes comentários tenho que me desdobrar sempre em explicações sobre o muito trabalho que existe antes de começarem as aulas com os alunos. Mas, mesmo assim, existem renitentes que parecem ter um qualquer ódio de estimação pela profissão docente.
Durante esta semana, o trabalho burocrático foi, de facto, muito e moroso. Para além de várias reuniões (geral de professores, de departamento, de grupo disciplinar e dos cursos profissionais) e de dois conselhos de turma que têm alunos com Necessidades Educativas Especiais, houve ainda o extenso trabalho de preparar as planificações anuais de cada uma das disciplinas que lecciono. E este ano vão ser quatro disciplinas: geografia no ensino regular ao 9º e 11º anos, geografia no ensino profissional, área de integração no ensino profissional e ainda cidadania e mundo actual a um curso de educação e formação. Houve ainda a tarefa de elaborar os testes diagnósticos para as turmas do ensino regular. Como vou ser Director de Turma tive ainda que recolher os processos individuais dos 21 alunos que vou ter a meu cargo, para além de preparar as três reuniões que vou ter segunda-feira com os alunos, os respectivos Encarregados de Educação e os professores da turma. Ah, e não se esqueçam que houve ainda que preparar as aulas da próxima semana...
Portanto, trabalho foi algo que não faltou durante esta semana...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

De volta ao trabalho...

Depois de umas férias bem merecidas é tempo de voltar ao trabalho. Foi um mês de Agosto inteiramente dedicado à família: finalmente pude usufruir um mês completo (manhãs, tardes e noites) da companhia da minha mulher e dos nossos dois filhos. Agora virão onze meses de trabalho, em que o tempo dedicado à escola será maior do que aquele que passo com a família. Mas, a vida é mesmo assim e a vida de professor tem ainda outras contrariedades: o muito trabalho que se leva da escola para casa...
Hoje foi dia de reuniões (geral e de departamento) e fiquei a saber o serviço que me foi destinado este ano. Já sabia que pior do que no ano passado seria quase impossível (foi um ano em que tive a meu cargo nove turmas de quatro níveis diferentes e ainda uma DT). Assim, não me posso queixar de este ano passar a ter "apenas" cinco turmas.
Mas, não será um ano fácil: tenho duas turmas do 9º ano e uma do 11º ano a leccionar Geografia; terei ainda uma turma do curso profssional de Turismo Ambiental e Rural a quem irei leccionar Geografia e Área de Integração, para além de ser DT desta turma; e finalmente, terei ainda que dar Cidadania e Mundo Actual a uma turma CEF do 9º ano. Assim, terei a meu cargo duas disciplinas em que me irei estrear e, portanto, não me posso descuidar na preparação destas aulas, nomeadamente na disciplina de Área de Integração que tem uma grande componente da área da Filosofia. Mas, comparando com ano passado penso que estarei mais "desafogado" em trabalho, sobetudo nas épocas dos testes. A ver vamos...
Pior, noutro sentido, vai estar a minha esposa. Num ano em que fecharam tantas escolas do 1º ciclo, bem que poderiam ter encerrado a escola onde vai leccionar este ano. Digo isto porque lhe calhou em "sorte" uma escola com 18 alunos repartidos pelos quatro anos de escolaridade e, ainda por cima, a Direcção da escola dela queria que ficasse sozinha com os alunos durante todo o dia, sem o apoio de uma funcionária ou de uma colega dos apoios. Imagine-se o que seria se ela tivesse que se ausentar da sala de aula com um aluno e deixasse ou outros 17 entregues a eles próprios!!! Felizmente que "forçou" a Direcção a colocar lá durante algumas horas uma funcionária na escola. Ainda por cima está a 80 Kms da escola e terá que fazer a A25 para chegar à escola. Com dois filhos no infantário, certamente que este vai ser mais um ano em que ambos chegaremos a Julho de rastos...
A todos desejo um bom ano de trabalho.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O que se passa com os exames de Geografia A???

Nos últimos dias estive a corrigir 28 provas de Geografia A e fiquei perplexo com o exame. Nos primeiros quatro grupos surgem 20 questões de escolha múltipla, sendo que a maioria das questões pode ser facilmente respondida por um aluno médio do 9º ano de escolaridade. Mas, o que mais incrível surge nos dois grupos de resposta aberta, visto que das oito questões apenas duas são de desenvolvimento e também estas poderiam ser respondidas de forma razoável por um aluno do 9º ano. Veja-se bem que no grupo V o tema proposto é o da evolução da distribuição da população em Portugal Continental e a sua relação com o fenómeno migratório, matéria que é leccionada no 8º ano de escolaridade e cujo teor das questões não me pareceu muito exigente. O grupo VI aborda o transporte marítimo de mercadorias (matéria também leccionada aos alunos do 9º ano) e apenas a questão de desenvolvimento exige conhecimentos leccionados no 11º ano, sendo que as três primeiras questões de resposta curta são bastante acessíveis a um aluno que termina o 3º ciclo.
Enfim, pareceu-me um exame demasiado facilitista, dando a ideia aos alunos que os exames são muito mais fáceis que as fichas de avaliação feitas ao longo do ano lectivo. Por outro lado, muitos alunos preparam-se para os exames e depois sentem-se frustrados por encontrarem um exame tão fácil de realizar. Mais uma vez, os bons alunos ficam desiludidos por se esforçarem tanto sem necessidade, enquanto que os alunos medianos são como que "levados ao colo", subindo a sua nota interna.
Enfim, seria bom que a Associação de Professores de Geografia se manifestasse sobre o assunto e defendesse a elaboração de exames bem mais exigentes. Os bons alunos seriam os primeiros a agradecer, por forma a que as provas nacionais revelassem quem realmente sabe e não sabe de Geografia.
A propósito, dos 28 exames que corrigi, foram poucos os alunos que, nas questões de desenvolvimento, tivessem elaborado resposta com princípio, meio e fim. Aliás, este ano tive alunos do 9º ano de escolaridade que nos meus testes elaboravam respostas bem mais completas do que a maioria daquelas que tive agora de corrigir nos exames do secundário.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Missão cumprida

Ontem foram publicados os resultados da 1ª fase dos exames nacionais. Sempre considerei importante que se comparem estes resultados a nível de escola e por disciplina.
Este ano "levei" 17 alunos ao exame nacional de Geografia A. Levaram uma CIF (classificação interna de frequência) de 13,3 valores. As últimas aulas do 3º período, depois de ter dado o programa nacional, destinaram-se a prepar estes alunos para o exame.
Ontem saíram os resultados e todos ficámos satisfeitos. Não houve notas abaixo de 10 e a média destes 17 alunos foi de 12,8 valores, apenas 0,5 valores abaixo da média interna.
A média nacional de Geografia A foi de 11 valores. Os "meus" alunos estiveram quase 2 valores acima da média nacional, o que me satisfaz e evidencia que todos fizemos um bom trabalho.
Seria bom que todas as escolas fizessem uma análise séria e rigorosa dos resultados dos exames nacionais.
É caso para dizer: missão cumprida!!!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Balanço final de mais um ano lectivo

Depois das aulas terem terminado há quem pense que começam as férias dos professores. Todos os anos, por estes dias, os meus vizinhos perguntam-me sempre se já estou de férias. Claro que a resposta que lhes dou é sempre a mesma: "férias só se for de alunos; há ainda muito trabalho, como reuniões de avaliação, reuniões de departamento, realização e correcção de exames de equivalência à frequência, coadjuvâncias, vigilâncias e correcção de exames nacionais, realização de inventários, análise de resultados, matrículas e muito mais trabalho burocrático". Enfim, a verdade é que muita gente pensa que acabando as aulas, o trabalho acaba para os professores. Para muitos certamente que diminui em muito, mas não é o meu caso. Até 28 de Julho há ainda muito para fazer...
Este foi para mim um ano lectivo particularmente trabalhoso. Para além de ter tido as oito turmas que me foram destinadas desde o início do ano lectivo, tive ainda a meu cargo, desde Outubro, uma turma de 11º ano (com seis horas semanais), por ter tido que substituir uma colega que ficou de baixa médica durante o resto do ano lectivo. Há ainda que acrescentar a isto uma Direcção de Turma...
Apesar de ter tido um ano cheio de trabalho (mais de 200 alunos de 4 níveis diferentes), os resultados finais foram globalmente positivos. Aqui ficam registados para memória futura:
- Nas duas turmas do 7º ano: 14% de níveis negativos
- Nas três turmas do 8º ano: 13% de níveis negativos
- Nas três turmas do 9º ano: 12% de níveis negativos
- Na turma do 11º ano: 5% de níveis negativos e uma média final de 12,7 valores
Penso que este foi dos anos em que menos alunos ficaram retidos. Nas 8 turmas do ensino básico que tive a meu cargo, num total de cerca de 180 alunos, apenas 16 não progrediram de ano, o que corresponde a uma taxa de sucesso de mais de 90%. Sinal de maior empenho dos alunos ou da falta de exigência que se instalou no ensino básico. Vou mais pela segunda opção...
Agora há ainda que esperar mais uns dias para saber os resultados dos alunos do 11º ano que foram fazer o exame nacional de Geografia A. Há sempre alguma expectativa para saber se a média que os alunos tiveram na nota interna se mantém nos exames. A ver vamos o que fazem estes 19 alunos que levam uma média interna (média conjunta do 10º e 11º ano) de 13,3 valores.
Entretanto, continua o trabalho de tudo o que tem que ver com os exames de equivalência à frequência do 9º ano e sobretudo o dos exames nacionais do ensino secundário.
Até breve

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A odisseia está quase a terminar...

Este é o meu 12º ano de serviço como professor de Geografia.
Até agora o ano mais trabalhoso: nove turmas de quatro níveis diferentes, mais de duzentos alunos na disciplina de Geografia, uma direcção de turma a meu cargo e ainda outros cargos como o de subcoordenador e o de responsável pelo projecto Parlamento dos Jovens. A isto tudo há que acrescentar as horas na biblioteca, no gabinete do aluno e nas substituições.
Resta-me dizer que passo mais tempo na escola e com actividades ligadas à escola do que com a minha família. No entanto, mais trabalho não significa melhores resultados. Bem pelo contrário!!! De ano para ano, a vida na escola torna-se mais penosa e escasseiam os alunos que têm um espírito de verdadeiros estudantes...
Desde os tempos de Guterres que se insituiu a ideia nos jovens portugueses que para transitar de ano não é necessário grande esforço. E a lógica dos PCS`s, dos CEF`s, dos cursos profissionais e das novas oportunidades veio piorar isto tudo!!!
Os grandes prejudicados de uma profissão que tem vindo a ser completamente mal tratada e ignorada pelo Ministério da Educação são os mais novos. Não esqueçamos que todas as desgraças que os sucessivos governos PS têm vindo a fazer na escola pública portuguesa terão consequências nefastas na próxima geração de adultos que (não) andamos a formar.
Daqui a dez anos é que nos vamos queixar (ainda mais) da ignorância e falta de formação manifestada pelo povo português...

sábado, 6 de março de 2010

Até quando durará a impunidade???

Já todos conhecem a história do pequeno Leandro que, à custa do bullying constante de que era alvo, colocou termo à sua vida. O seu desaparecimento não pode ser inconsequente. Muito há por esclarecer e os responsáveis (por acção ou omissão) por esta situação não podem ficar impunes.
A investigação que está a ser desencadeada pelo Ministério Público e pela Inspecção da Educação tem que ser eficaz. E a Direcção da Escola EB 2,3 Luciano Cordeiro, em Mirandela, já se deveria ter demitido e pronunciado publicamente sobre o caso. E a Ministra da Educação tem o dever de vir a público dizer que esta morte não será ignorada e que a autoridade e a disciplina das escolas serão uma prioridade deste Ministério da Educação. Basta de falar em obras nas escolas e de avaliação docente. Há que legislar "forte e feio" para punir aqueles que estão na escola não para aprender, mas para se distraírem. E os pais dos alunos indisciplinados devem ser punidos...
A partir do dia em que Leandro pôs termo à sua vida nada pode ficar na mesma. A Escola não pode ser invadida por delinquentes que estão na escola para passar o tempo. A Escola não pode ser um local de facilitismos. A Escola não pode ser o "armazém" onde os pais irresponsáveis colocam os filhos para não tomarem conta deles.
A Ministra da Educação tem que falar do assunto. O Primeiro-Ministro tem que dar a cara pela Escola Pública. O Procurador Geral da República tem que apresentar resultados da sua acção nesta matéria. E esta escola onde tudo aconteceu tem que ser investigada com o máximo de rigor para se apurarem responsabilidades e agir-se em conformidade.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Missão (quase) impossível...

Já lá vão mais de dois meses desde a última vez que aqui vim escrever. Não pensem que desisti da blogosfera. Apenas não tenho tido tempo para aqui vir. Com nove turmas (sim, nove!!!), de quatro níveis diferentes, o que perfaz quase 250 alunos e uma direcção de turma que tem dado muito que fazer, não tenho tido vagar para aqui vir "desabafar".
Resolvi vir aqui hoje porque li na revista Visão que a Ministra pretende desburocratizar a vida de professor. Espero bem que sim, porque estou farto de planos de recuperação, planos de acompanhamento, provas de recuperação, planificações, autorizações, informações, quadros, grelhas e mais burocracias que me impedem de ter tempo para preparar actividades ainda mais motivadoras para os meus alunos. E então as reuniões intermináveis é que me tiram do sério!!!
Continuação de bom trabalho para todos...