segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O que esperar da nova Ministra da Educação?

Com a saída de Maria de Lurdes Rodrigues do cargo de Ministra da Educação há quem pense que se abra uma nova porta na forma como a Educação tem sido encarada pela tutela. Certamente que o estilo de governação irá mudar, mas não me acredito que haja mudanças no rumo até aqui traçado: facilitismo, burocracia e irrealismo continuarão a ser, na minha opinião, as traves mestras deste Governo.
Há quem pense que o facto da nova Ministra Isabel Alçada já ter passado pelo ensino básico (embora há mais de 15 anos) lhe dará uma nova aura no sentido de estar familiarizada com os problemas com que a Educação se enfrenta em Portugal. Não me acredito...
Nos últimos tempos (lembremo-nos dos tempos de antena do PS) Isabel Alçada teve elogios para com a anterior Ministra que a colocam no mesmo estado de desenvolvimento político: completamente desfasada da realidade escolar.
O mal já está todo feito: indisciplina, burocratização, facilitismo e falta de democratização tomaram conta das escolas públicas portuguesas. Os professores continuam a ser "pau para toda a colher" e a escola deixou de ser um local de estudo para passar um local de "depósito de alunos". Isabel Alçada apenas irá "fazer render o peixe"... Poderá mexer nalguma pequena coisa, mas no essencial tudo ficará na mesma: o facilitismo irá continuar, a falta de disciplina e de interesse dos pais não terá consequências, a profissão docente não será valorizada...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pais afastam-se da escola

Na última sexta-feira realizou-se na escola que a minha filha frequenta uma reunião de pais e encarregados de educação. A escola tem cerca de trezentos alunos, mas apenas compareceram catorze pais. Ou seja, a taxa de adesão dos pais não chegou aos 5%. Outra curiosidade: muitos dos pais que apareceram eram professores!!! Claro que muito se comentou sobre o desinteresse manifestado pela maioria dos encarregados de educação que, de facto, de encarregados têm muito pouco...
Assim vamos de interesse dos pais pela educação dos filhos. Outro facto: este ano sou director de turma e, com mais de um mês de aulas, em dezanove alunos que tenho na minha turma ainda só conheci oito pais (menos de metade). Ainda por cima, já tentei convocar alguns encarregados de educação e de alguns deles não há sequer rasto.
Cada vez mais me convenço que só à força lá poderemos chegar: enquanto os pais não forem, efectivamente, responsabilizados pelos actos dos filhos e não for penalizado o desinteresse manifestado pelos ditos encarregados de educação, muitos destes jovens andarão à "roda livre". Com consequências nefastas no seu sucesso educativo...

sábado, 10 de outubro de 2009

A presidente do CNE sabe do que fala???

Há uns dias atrás li no Público que a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) defende uma nova forma de organização da escola pública, que em vez de chumbar os alunos com dificuldades se preocupe mais com uma aprendizagem de qualidade. Referiu-se muito à escola e aos professores, mas em relação aos pais e famílias nem uma palavra.
Melhor ainda. Afirmou que o actual sistema de percursos educativos não serve nem o desenvolvimento do país nem os alunos. Depois de o Governo PS ter apostado nos CEF`s, nos cursos profissionais e nas Novas Oportunidades, pior crítica não poderia existir.
Por fim, deu a entender que devemos "copiar" o Canadá e a Austrália, como se por lá existisse a miséria que por cá abunda em termos de pobreza. Convém não esquecermos que a maioria dos alunos problemáticos, indisciplinados e sem sucesso escolar são os que provêm de famílias onde os rendimentos económicos estão muito abaixo do razoável.
Ora, só com a erradicação da pobreza se poderá acabar com o insucesso escolar. Veja-se os alunos que estão nos CEF`s. A maioria deles são oriundos de famílias onde impera a pobreza e a ignorância.
Neste particular, aproximo-me bastante do discurso do CDS-PP: acabe-se com a subsidiodependência, que apenas tenta esconder os problemas e nada resolve, aumente-se a produtividade e o rendimento das famílias e aposte-se na disciplina, rigor e exigência na escola. Pode ser que assim aumente o sucesso escolar à custa de uma verdadeira aprendizagem dos alunos.