sábado, 25 de fevereiro de 2017

Experiências da geringonça. A saga continua...

Vamos com um ano e picos de geringonça e na Educação temos o de sempre! Uma nova equipa ministerial resolve baralhar tudo e enveredar por experiências educativas: foi o fim dos exames, a aposta nas provas de aferição e, agora, temos a possibilidade de ressuscitarem mais disciplinas semestrais. Quanto à definição de políticas educativas coerentes e assentes numa união de propostas entre PS e PSD... nada! Assim, temos que, uma vez mais, alunos e professores são tidos como cobaias de experiencialismos pedagógicos: provas de aferição e possibilidade de novas disciplinas semestrais não passam de medidas temporárias que, de sustentáveis, nada têm... 
Em relação às provas de aferição, vamos no segundo período de aulas e o que vejo são os professores das disciplinas avaliadas completamente preocupados, enquanto que a maioria dos alunos, sabendo que a prova é de aferição (e que, portanto, não conta para a sua avaliação final) atua como se não não existissem provas de aferição. Esta foi, quanto a mim, uma das piores medidas que a geringonça trouxe para a Educação: uma prova que, na prática, põe mais à prova os professores do que os alunos... Enfim, a tal desresponsabilização dos alunos a que a esquerda já nos habituou...
Quanto às novidades curriculares e programáticas que se avizinham, o problema é o de sempre: falta de coerência e a lógica do "mudar por mudar". Escolhem-se umas escolas-piloto, avança-se com mudanças, as "escolas-cobaias" (escolhidas a dedo) dão o seu aval para não terem chatices e de experiência-piloto passamos à sua generalização. Quanto a chegar-se a consensos entre partidos, professores e associações de pais... nada!
Mas, o problema maior é mesmo a inoperância desta geringonça pelos principais problemas educativos que grassam um pouco por todas as escolas do nosso país: a indisciplina, a desresponsabilização de muitos pais e alunos perante a Escola e a incapacidade para tornear o problema dos alunos que nada querem com a Escola. Ter-se prolongado a escolaridade obrigatória até aos 18 anos (e, aqui tanto PS, como PSD tiveram culpas no cartório) revelou-se uma medida apenas positiva para a estatística. De resto, fez com que a Escola fosse "contaminada" com uma grande percentagem de jovens (nem lhes chamo estudantes, porque de estudantes não têm nada) que apenas estão na escola para passarem o tempo, prejudicarem os alunos que querem aprender e enfernizarem a vida dos professores. E esta gente que enferniza a Escola sabe que vão passando de ano... sem nada fazerem e saberem! Aqui, culpa da geringonça que "ressuscitou" a conversa de que a retenção não serve para nada! Pois eu continuo a dizer que as retenções devem existir e não devem estar sujeitas a quotas ou limites. A retenção é um castigo e ponto final! Aliás, o castigo não deveria ser só a retenção. Para quem está na Escola a enfernizar a vida de quem quer estar na Escola, o castigo deveria ser também de âmbito financeiro: subsídios e rendimentos de apoio cortados. Talvez assim os pais dos "alunos baldas"se responsabilizassem mais e valorizassem a Escola... 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Colocações! As injustiças, ultrapassagens e mentiras continuam...

Entra setembro e a conversa de todos os anos não se altera: os resultados das colocações de professores são, uma vez mais, dados a conhecer tardiamente, o número de docentes não colocados cresce e os "horários zero" voltam a aumentar. Ainda por cima, mantém-se o disparate de "guardar" os destacamentos por condições específicas para mais tarde, originando deturpações e injustiças entre os professores, pois lugares que poderiam ser para os professores do quadro (por mobilidade interna) serão ocupados por colegas contratados menos graduados! Enfim, é a mesma treta de todos os anos! Não há meio do Ministério da Educação (ME), de uma vez por todas, instituir um processo de colocação de professores justo e imune a ultrapassagens e injustiças...
Mais uma vez, o número de professores dos quadros sem turma atribuída aumenta. Isto já para não falar dos casos de milhares de professores dos quadros (sobretudo QZP) que obtêm colocação sem horário completo (bastam seis horas para lhes ser atribuído horário). Ao mesmo tempo, continuamos a assistir à forma penosa como muitos colegas com mais de 60 anos de idade (que já deveriam estar aposentados) se continuam a "arrastar" pelas escolas, fugindo à penalização da antecipação da sua reforma (perdem 6% da reforma por cada ano de antecipação). Este Governo continua a não permitir que seja instituído um novo mecanismo de reforma antecipada aos docentes (penso que 36 anos de serviço é mais do que justo!). Bastaria que muitos professores com mais de 60 anos de idade se reformassem para que os "horários zero" terminassem e para que muitos dos docentes dos quadros fossem colocados perto das suas casas e que colegas contratados com 15 e mais anos de serviço conseguissem colocação! 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Então? Já está de férias, não é?

Há quase três meses que não venho aqui escrever. O tempo escasseia e o trabalho tem sido muito! Ainda pensei em vir aqui elogiar o Ministro da Educação pela decisão tomada acerca dos colégios com contrato de associação, mas faço-o agora. É que ainda tive receio que a medida não passasse do papel... mas, efetivamente, parece que nem sequer os tribunais vão conseguir "abafar" a decisão. Há que tirar o chapéu ao Ministro e à sua Secretária de Estado que, neste processo, sempre defenderam os interesses da Escola Pública. Parabéns!!!
Pois bem, desde que as aulas terminaram que trabalho não me tem faltado! Sim, muito trabalho burocrático e que em muitas escolas (sobretudo as TEIP) é uma realidade. Já nem falo das vigilâncias de exames, que isso nem dá assim tanto trabalho. Refiro-me mesmo às reuniões que têm de ser feitas (de departamento, de grupo disciplinar, das tutorias, dos apoios, das assessorias e das inúmeras equipas de trabalho), a acrescentar aos relatórios, planos e projetos que têm de ser elaborados, mais as estatísticas, estudos e reflexões que têm de ser elaboradas... E todo o trabalho que os diretores de turma têm de fazer no final de cada ano letivo? Mais as formações que, muitas vezes, só podem ser feitas nesta altura do ano! Enfim, trabalho não me falta. E ainda tenho que ouvir tanta gente que não é professor vir com a conversa de que os professores já estão de férias... Férias? Só mesmo em agosto! E em setembro, volta-se à carga...  

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Sobre a redução do número de alunos por turma...

A falta de tempo tem-me impedido de aqui vir mais regularmente. Muitas turmas e muitos cargos é no que dá! Mas, também o facto do actual Ministério da Educação gastar mais tempo a destruir o que está feito, em vez de assumir uma postura de diagnóstico, debate e compromisso...
Quanto à última novidade apresentada pela coligação de esquerda, a redução do número de alunos por turma, nada de novo... Constitui uma medida globalmente aceite. É claro que todos concordam com a ideia de que com turmas mais pequenas, o sucesso educativo é maior! Mesmo o PSD é a favor da medida. O facto do PSD não apresentar uma proposta de lei nesse sentido não quer dizer que seja contra. O grupo parlamentar do PSD apenas referiu que desde que o Orçamento para a Educação seja cumprido, é claro que concorda com a redução do número de alunos por turma! Basta ler as declarações aqui!!! Continuo a dizer que até agora, com quase cinco meses de mandato, apenas encontro uma medida coerente e que elogio: o fim da BCE!
Mas, o que mais me chamou a atenção na proposta do PS teve que ver com o ano letivo em que se efetivará a redução do número de alunos por turma! Pois bem, no ano anterior ao das próximas eleições legislativas, que terão lugar em 2019, caso a coligação de esquerda se mantenha coesa durante os quatro anos. Que nome se dá a esta forma de fazer política? Aproveitamento político!!!
Pois bem, venha de lá a redução do número de alunos por turma. Todos ganham: alunos, professores, pais, enfim, o país! Estranho é que a proposta não se efetive já no próximo ano letivo. Mas, basta ter dois dedos de testa para perceber as razões que estão por detrás desta estratégia política... O mesmo se passa com o descongelamento das carreiras!
Entretanto, continuamos à espera de saber o que o Governo pretende fazer aos vocacionais... E já nem vale a pena falar do ressuscitar das velhinhas "Novas Oportunidades! 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

À espera do que realmente interessa...

E vão três meses e... de substancial, nada!!!
O Ministro da Educação foi rápido a decidir-se sobre o que fazer com os exames nacionais. Ou melhor, foi rápido a desfazer o que estava programado fazer-se (ainda para este ano letivo) sem ligar patavina aos pareceres do CNE, do Conselho de Escolas e de outras entidades interessadas na matéria. Aliás, como se sabe o Ministério da Educação parece ter sido substituído pela Assembleia da República que foi quem realmente despoletou a substituição dos exames nacionais pelas provas de aferição. O BE e o PCP assim o exigiram ao PS e este anuiu...
De resto, continuamos ser saber o que vai acontecer em relação aos cursos vocacionais. Continuamos sem saber se nos concursos nacionais os professores QZP`s menos graduados continuam a poder "ultrapassar" os seus colegas QA`s mais graduados. Continuamos sem saber se estão previstas alterações curriculares. Continuamos sem saber porque razão é que o OE aumenta as despesas com os contratos de associação das escolas privadas, ao mesmo tempo que corta na despesa com as escolas públicas. Continuamos sem saber tanta coisa...

domingo, 27 de dezembro de 2015

E, passado um mês... nada!!!

Já passou mais de um mês desde que o novo Ministro da Educação tomou posse e... nada. Nem uma palavra sobre o pensamento do novo Ministro acerca do que quer para a Educação em Portugal. Até agora apenas vimos em todo o seu esplendor a força do PCP ao proclamar o fim dos exames do 4º ano e a impor a extinção da prova dos professores. Assistimos também ao agrado da Fenprof  no final da primeira reunião com Tiago Brandão Rodrigues, mas de resto nada...
Penso que já houve tempo para uma primeira entrevista televisiva ou de jornal de Tiago Brandão para que professores e pais possam saber o que pensa o sucessor de Crato. É que não basta falar no fim da austeridade ou na redução do número de alunos por turma. É preciso concretizar o que pensa o novo Ministro sobre as matrizes curriculares, os programas das disciplinas, o ensino não regular, a escolaridade obrigatória, a avaliação por exames... Afinal de contas, o que quer Tiago Brandão fazer em relação às escolas com contrato de associação? E o que pensa Tiago Brandão do ensino vocacional? Já agora, o que vai Tiago Brandão mudar em relação ao processo de colocação de professores? Tanto há por dizer e... nada!!!
Bem sei que havia necessidade do novo Ministro da Educação conhecer os dossiês. Aliás, Tiago Brandão teve necessidade de conhecer todo o Sistema de Educação português, dado que esteve bastantes anos no estrangeiro. Mas, já passaram mais de trinta dias desde que tomou posse. Não chega? Pelos vistos, só mesmo em 2016 vamos saber o que pensa Tiago Brandão sobre a pasta ministerial que lhe calhou na rifa. Cá para mim, nem ele esperava ser Ministro... Aguardemos... 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O fim dos vocacionais ou uma mera alteração de designações???

A Educação há muito que constitui uma das políticas onde a estabilidade não constitui palavra de ordem. As políticas educativas em Portugal correm ao sabor dos governos, ora mais à esquerda, ora mais à direita. Que me lembre, nos últimos anos, e na área da Educação, os partidos políticos apenas numa questão estiveram de acordo: no alargamento da escolaridade obrigatória para os 18 anos de idade. Uma medida que, na minha opinião, trouxe muitos problemas à Escola Pública. Quem está nas escolas todos os dias percebe o alcance das minhas palavras. Haverá coisa pior para um professor do que tentar ensinar um jovem de 16, 17 ou 18 anos que detesta estudar e que apenas gosta da Escola no tempo dos intervalos?
Mas, vamos ao cerne deste artigo. O PS, de acordo com o seu programa de Governo, defende que o currículo no ensino básico, ou seja, até ao 9º ano de escolaridade, deve ser "integrado, global e comum". E o seu comum implica, segundo o DN, que se extingam os cursos vocacionais dos 2º e 3º ciclos. Ora, a pergunta que há que fazer é a seguinte: vamos ter o fim destes cursos ou mais uma mudança de designação, como já assistimos noutros tempos? O Ministro não responde. Deve estar a estudar os dossiers. já que 15 anos fora do país e da realidade educativa nacional não é brincadeira. Aguardamos, ansiosamente, pela primeira entrevista do Ministro Tiago...
Mas, o que quer este novo Governo? Terá o novo Ministro Tiago pensamento próprios sobre o assunto ou apenas irá levar à prática o que está delineado no programa de Governo do PS? Teremos mesmo um currículo comum a todos os alunos do básico? Se sim, o que fazer com os tais alunos que desde cedo sabemos que não dão "uma para a caixa" em termos de estudo?
Aqui fica a minha opinião. Há que criar uma alternativa para esses alunos. Entre os actuais cursos vocacionais (ou seja, os ex-CEF`s) e uma espécie de Necessidades de Aprendizagens Especiais (NAE) a implementar para os tais alunos, inseridos em turmas do ensino regular, prefiro esta segunda opção. Pelo menos, diluem-se os alunos problemáticos nas ditas turmas de alunos "normais", em vez de os encafuarmos em turmas a que lhes damos nomes pomposos (vocacionais, CEF`s, PIEFs, PCA`s ou outros), numa espécie de autêntica bomba-relógio pronta a explodir. Pelo menos, nas turmas do ensino regular, "puxam-se" estes alunos para cima, em vez de lhes reduzirmos o nível de exigência e fingirmos que os alunos aprendem, que é que acontece actualmente com os cursos vocacionais em muitas escolas do país, nomeadamente as situadas em regiões deprimidas do Interior, onde nem sequer duas empresas se consegue arranjar para que os miúdos façam a componente prática dos cursos...
Necessidades de Aprendizagens Especiais é do que esses miúdos padecem... Pensemos nisso, em vez de mudarmos os nomes para tudo ficar na mesma. A ver vamos o que pensa o Ministro Tiago...    

sábado, 21 de novembro de 2015

O fim dos exames no 4º ano. Chegou o facilitismo socialista...

A esquerda negativa que tem a maioria parlamentar começou a dar de si. Ainda nem sequer estão no Governo mas, já agem como se lá estivessem. Uma das primeiras medidas que resolveram aprovar no Parlamento tem que ver com o fim dos exames no 4º ano. Nem sequer pelo fim do ano lectivo esperaram e, em pleno decurso do 1º período, quando o calendário escolar já está aprovado para todo o ano escolar, eis que a esquerda brada aos céus: "Este ano os meninos do 4º ano já não vão fazer exames"! Olhem que rico exemplo estão a passar às crianças. É o facilitismo esquerdista em todo o seu esplendor...
Políticos nada visionistas e que apenas querem mudam por mudar. É o que temos vistos nos últimos 40 anos de democracia em Portugal, ao nível da exigência. O PSD constrói, o PS destrói, o PSD volta a construir e o PS volta a destruir. Como pode a Educação em Portugal viver num clima de estabilidade com este tipo de estratégia destrutiva da esquerda portuguesa? A procura de consensos é nula...
E que exemplo estamos a dar aos nossos alunos? Os miúdos do 4º ano e que pensavam que iam ter exames no final do ano deverão ficar todos contentes. Lá vão relaxar. Os do 5º ano que tiveram de fazer exames no ano passado irão ficar defraudados, numa espécie de injustiça que lhes fizeram. Os do 3º ano, cujos professores já lhes iam falando nos exames nacionais, vão esfregar aos mãos de contentes. Enfim, é a imagem do facilitismo que passa.

sábado, 7 de novembro de 2015

Sabem quem é a Amélia Loureiro?

O XX Governo Constitucional corre o sério risco de ser o mais curto da história da democracia portuguesa. A razão é simples: a procura do poleiro por parte de António Costa e seus amigos e o constante ódio que a esquerda radical nutre por Passos Coelho. Por isso, corremos o risco de desperdiçar uma oportunidade de ouro, pelo menos ao nível da Educação. Explico-me melhor...
Apesar da Ministra da Educação e da Ciência vir da área da Gestão (deve ser para poupar ainda mais dinheiro na Educação!), a verdade é que a Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário e, portanto, quem realmente tem a função de dialogar com os diretores das escolas é alguém que conhece como poucos na Educação o real funcionamento das escolas. Porquê? Muito simples. Porque já deu aulas no ensino básico e secundário e porque era até agora a Diretora de uma das escolas de Coimbra. Portanto, sabe do que fala quando o tema é a Educação...
É uma novidade relativamente a muitos dos governos anteriores. Ter uma Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário que, na prática, foi professora e diretora de uma escola pública é uma vantagem que, nestes tempos difíceis que vivemos, não deveríamos desperdiçar. Claro que ainda podemos vir a ter um governo de gestão (tudo depende do que Cavaco Silva decidir fazer depois da aprovação da moção de rejeição do programa de Governo) mas, ainda é possível, acreditar que esta equipa governativa fique por mais alguns meses...
É uma oportunidade de ouro que pode ser desperdiçada pela ânsia de poder de António Costa, alguém que se comportou como um verdadeiro imbecil, sem escrúpulos, depois de tanto ter criticado Seguro pela sua vitória por "poucochinho". Depois de António Costa ter sofrido uma derrota tão humilhante, como a que sofreu no passado dia 4 de outubro, é preciso ter descaramento e não ter um pingo de vergonha para se sujeitar ao papel de fazer as vontades todas à esquerda radical para conseguir ir para Primeiro-Ministro.
Volto à carga! Estamos prestes a desperdiçar a oportunidade de não ver atuar como Secretária de Estado alguém que, de facto, vem da área da Educação (como professora e como diretora de uma escola) e que até já confrontou a própria tutela, ou seja, Nuno Crato há cerca de dois anos a propósito da abertura de turmas em Coimbra (ver aqui)... É mais uma razão para não guinamos à esquerda...   

domingo, 18 de outubro de 2015

Sobre a idade dos professores...

Na semana passada, o CNE (Conselho Nacional da Educação) publicou um interessante estudo sobre o Estado da Educação. É um estudo muito pormenorizado sobre a Educação em Portugal, onde são dados a conhecer centenas de gráficos a propósito da evolução registada pelo nosso país ao nível dos resultados escolares, da população estudantil, dos docentes, sempre numa lógica de comparação temporal e geográfica com os outros países da UE. Aconselho a sua leitura...
Um dos indicadores que tive maior curiosidade em analisar foi o da idade da classe docente. Sabemos que nos queixamos de que a idade média dos professores portugueses tende a ser cada vez maior, que cada vez há menos colegas contratados nas nossas escolas, que há cada vez mais professores com 50 ou mais anos de idade a leccionar... Tudo verdade! Com a quebra da natalidade e o contínuo êxodo rural, as escolas do Interior do país são aquelas que mais se ressentem com a diminuição do número de alunos. Nem o alargamento da escolaridade até aos 18 anos de idade ameniza este problema... E com a política de agrupar estabelecimentos escolares, a acrescentar à redução do número de professores no sistema, a tendência para o envelhecimento da classe docente é inevitável...
Mas, comparemos a nossa realidade com aquilo que se passa nos outros países da UE. Entre os 27 países da UE considerados no estudo (com dados de 2013), mais de metade (15 países) apresentam uma classe docente mais envelhecida que a portuguesa. De facto, se considerarmos apenas os professores com mais de 50 anos de idade, a realidade portuguesa não é das piores. Ou seja, até podemos considerar a nossa classe docente como das mais jovens da UE: há apenas 11 países, de um total de 26, que têm mais professores até aos 49 anos do que Portugal. Afinal, a nossa classe docente não está assim tão envelhecida... E, professores com mais de 60 anos de idade, há 20 países da UE, onde o seu peso percentual em relação ao total é maior do que em Portugal.
Claro que não podemos analisar apenas este tipo de indicador de forma isolada. Seria importante saber como são as condições laborais dos docentes tendo em conta a sua idade. Como é a redução da componente letiva tendo em conta a idade dos docentes nos outros países da UE? Qual é o número médio de alunos por professor, com base na idade, nos outros países da UE? Em que tipo de atividades (letivas ou não letivas) é que os professores com mais de 50 anos ocupam a maior parte do seu tempo nos outros países da UE? Muitas são as questões que estão por responder e que, efetivamente, seriam importantes de responder por forma a saber a realidade das condições em que trabalham os docentes nos países da UE
Mas, com este relatório, ficamos a saber que, afinal, a classe docente portuguesa não é assim tão envelhecida como muitos julgam. Em Portugal, no 3º ciclo do ensino básico, sete em cada dez professores têm menos de 50 anos de idade!