terça-feira, 12 de setembro de 2006

Perplexidades em início de ano lectivo...

O ano lectivo 2006/2007 começou formalmente no passado dia 11 de Setembro. No entanto, a maioria das escolas apenas irão receber os alunos no final desta semana, o que se compreende pelo facto de haver muito trabalho de planificação do ano lectivo a efectuar antes das aulas começarem a sério. Os Departamentos têm que reunir para definirem estratégias e planificarem conteúdos, ao mesmo tempo que também os Conselhos de Turma devem reunir-se para que os professores conheçam minimamente os seus alunos e apontem rumos de actuação. Enfim, vida de professor não é só a de estar na sala de aula com os alunos. Há pois muito trabalho preparatório...
Apesar deste início de ano lectivo estar a decorrer de forma muito mais calma do que em relação a anos anteriores, há três assuntos pertinentes e pouco esclarecedores que merecem referência:
1. Muito se falou na passada semana no pacto da justiça assinado entre o PS e o PSD. Então e em relação às políticas de educação não seria conveniente também termos um acordo, sob pena de, quando o PSD voltar ao poder daqui a uns anos, termos novas experiências e mudanças nesta área, com as consequências que se conhecem ao nível do insucesso escolar?
2. O processo de colocação de professores deste ano decorreu, à luz do que a opinião pública em geral vai dizendo, de forma irrepreensível. Mas, será que alguém vai ser responsabilizado pelo facto da lista de graduação não ter sido respeitada em muitos grupos disciplinares, fazendo com que docentes melhor classificados tenham visto colegas seus com menor graduação passar-lhes à frente, pelo facto de nem todas as vagas disponíveis terem sido postas a concurso ao mesmo tempo?
3. A notícia caiu que nem uma bomba: "Professores portugueses no topo dos vencimentos da OCDE". E quais foram os critérios utilizados para realizar este estudo? O escalão mais alto da carreira e o PIB/per capita. Pois, mas se utilizarmos a média salarial de todos os 180 000 docentes portugueses e o nível de vida/per capita dos países da OCDE, os resultados serão muito diferentes...
Nota - Os sindicatos de professores uniram-se, pela primeira vez, para fazerem frente à proposta do Governo para o novo Estatuto da Carreira Docente. Falam muito nos direitos e ameaçam com manifestações e greves... Agora já é tarde. Tiveram anos e anos para se credibilizarem e agora resolvem juntar-se num último esforço. Não lhes irá servir de nada. E por causa dos "maus" professores (alguns dos sindicatos já nem leccionam há anos) todos "pagam" pela mesma bitola...

7 comentários:

Miguel Pinto disse...

"E por causa dos "maus" professores (alguns dos sindicatos já nem leccionam há anos) todos "pagam" pela mesma bitola..."
Não percebi, Miguel. Os maus professores são os sindicalizados? Os sindicatos são responsáveis pelos maus professores?... Propões alguma alternativa mais eficaz do que a greve para contestar a proposta actual do ECD? O estatuto será “negociado” até meados de Outubro, espero que não introduzas de novo o tema da Ordem para contornar esta realidade…

IsaMar disse...

Olá...
Infelizmente é sempre a mesma coisa.
Realmente a Educação em Portugal está num nivel bem baixo.

bjs

A Professorinha disse...

Não sei que critérios foram usados para nos colocar em 3º lugar, mas como se disse num blog perto de mim, eu não me importo de deixar de ganhar este ordenado e passar a ganhar o mísero ordenado suíço. Venha ele.

Anónimo disse...

Também fiz as minhas comparações

http://fliscorno.blogspot.com/2006/09/os-salrios-dos-professores-e-ocde.html

e creio poder afirmar que a ministra escolheu a dedo que parte do relatório citar, numa atitude de honestidade duvidosa...

Pedro disse...

Caro Miguel, alguns daqueles que se dizem professores, mas que estão destacados há mais de dez anos nos sindicatos, são de facto, para mim, "maus" professores, até porque já não devem saber o que é dar aulas nos dias de hoje... Depois há ainda aqueles que leccionam sem gosto e que estão na profissão errada. E, quanto a mim, é devido à incompetência destes dois tipos de professores que a nossa classe está como está: pelas ruas da amargura!!!
Quanto à alternativa à proposta ministerial do ECD já fiz a minha exposição aqui no blogue e até a enviei para a Ministra. Mas, agora é tarde e o Ministério tem a faca e o queijo na mão, dado que a opinião pública, em geral, está com a Ministra e contra os professores.
Espero ter-me feito entender. E obrigado pelo teu contributo para o debate de ideias...

Anónimo disse...

Relativamente aos sindicatos,penso existem sindicatos, credíveis, que prestam um óptimo serviço aos docentes na defesa da sua carreira e da sua dignificação, enquanto trabalhadores, e "sindiquelhos" que vão proliferando como cogumelos, com o objectivo de reinar e dividir os docentes e servir os interesses de "sabemos-todos-quem", menos os daqueles que dizem representar. A minha mulher é professora sindicalizada, e, o estatuto que tinha, até hoje, foi fruto da luta de professores que estão nos sindicatos, suportados por aqueles que representam e que estão nas escolas. Sempre se sentiu bem representada pelo seu sindicato e nunca conheceu um colega, mesmo dos não sindicalizados, que recusasse usufruir das conquistas que os colegas dos sindicatos conseguiram com o seu trabalho e as suas reinvindicações. Não é estranho que num país que se diz democrático se mobilize a opinião pública contra aqueles que ainda fazem ouvir a voz de quem está no terreno, de quem efectivamente trabalha e sente a dificuldade do quotidiano, tentando desviar a atenção das políticas obscuras que vão lançando furiosamente, cegos e surdos... Já houve um tempo em que não houve sindicatos; não estaremos a caminhar de novo para lá?????

AnaCristina disse...

Começo a acreditar no que diz o Miguel Sousa. Isto é tudo uma campanha orquestrada pelo ME e pela comunicação social.