Ontem estive a assistir ao programa da RTP Prós e Contras até à 1 hora da manhã, onde se debateu, com a presença da Ministra Maria de Lurdes Rodrigues, o actual estado da Educação.
Depois de mais de duas horas de intervenções por parte da Ministra, dos representantes das escolas, dos sindicatos, dos pais e dos alunos fiquei com a clara convicção que a posição firme e rigorosa da Ministra em termos de política educativa e laboral saiu duplamente reforçada. Por um lado, a Ministra preparou-se devidamente e foi para o debate com o claro sentido de defender, a todo o custo, as suas ideias, tendo sido apoiada pela maior parte dos representantes das escolas presentes no programa (quase todos Presidentes dos Conselhos Executivos). Por outro lado, os professores, pais e alunos que intervieram não tiveram a coragem (ou capacidade?) de colocar as questões mais pertinentes à Ministra. Como resultado, tivemos um programa em que no palco quase todos os intervenientes comungaram das mesmas opiniões, sendo que apenas o ex-Secretário de Estado da Educação tentou contrariar o excesso de confiança da tutela em relação às medidas que têm vindo a ser aplicadas.
Do lado dos professores presentes no programa, há que dizer que o representante da Fenprof bem tentou alertar a Ministra para algumas injustiças vigentes na proposta ministerial do ECD, nomeadamente em relação às limitações impostas para a subida na carreira, mas não conseguiu. A moderadora do programa não ajudou e, final, tudo ficou na mesma... Pior ainda foi quando, quase no final, alguns professores da plateia apuparam, sem o mínimo de educação, a prestação de um dos seus colegas no palco!!! A prestação dos alunos foi secundarizada e nem sequer se abordou o tema dos desajustados currículos que existem no ensino básico.
Não há dúvidas que a Ministra está, de novo, numa maré de boa imagem junto da opinião pública, enquanto que aos professores resta ter paciência, pois o tempo necessário para credibilizar a nossa classe será longo. Os sindicatos precisam de uma reforma, sendo imprescindível a criação de uma Ordem com uma acção exigente e rigorosa junto dos docentes.
10 comentários:
Só tnho uma palavra para o que se passou ontem: VERGONHA. Só o colega de Seia teve coragem de falar abertamente. E disse toda a verdade. Eu nunca pensei que um programa daqueles fosse feito para pôr a ministra num pedestal. Uma vergonha, foi o que foi!!!
Olá, Miguel.
Eis o texto do mail que ontem foi enviado pelo Cartelchat para o programa em questão... Partilho aqui convosco:
A Idade dos Porquês
A Idade dos Porquês deve ser, sem dúvida, a idade mais curiosa pela qual todos já passamos, literal e figuradamente.
É a idade da descoberta, do inconformismo, questionar respostas nonsense e teimar em descobrir uma verdade que nos satisfaça.
É também certo que os melhores professores que passaram pelas nossas vidas foram aqueles que mantiveram essa postura ao longo da sua profissão.
Aqueles que nos ensinaram a questionar e teimar...
Assim, em homenagem a esses profissionais que fizeram de nós profissionais, questionamos e teimamos:
Somos teimosos, pois os ministros passam e nós ficamos cá. Quem será então mais competente? Ministros ou professores?
Gostaríamos de continuar a ser competentes, mas há certos obstáculos a ser removidos. Quando se demite?
Um grupo de professores interessados em saber respostas
Oi Miguel...
Desculpa a minha ausência...
Eu não vi o programa....mas parece que a situação é problematica.
Concordo contigo no que diz respeito à criação de uma Ordem...seria muito melhor. Haveria mais Unidade no Ensino.
Fica bem
Caro Miguel
você não viu o programa todo. Na última parte a ministra disse algumas barbaridades que só o apoio incondicional de certos poderes a levam a conseguir manter a pasta. É isso boa preparação? Também me parece que não viu a encenação exigida pelo ministério, com a cumplicidade da edição do programa. Quanto aos apupos em relação àquele lambe-botas que estava ao lado da ministra, foram poucos. Deixe-se de moralismos. Se os professores, em relação à defesa dos professores fossem defendidos por colegas que não dessem a cara em manifestações, em greves, e em outras iniciativas. deixe-me que lhe diga que você não conhece nada da história do sindicalismo docente. Daí o teor de algumas das suas afirmações.
Perdoe a franqueza, mas com a situação em que os professores estão neste momento, em risco de verem destruído o ECD que tanto custou a construir por muitos, não tenho pachorra para ler certas coisas.
Caro Henrique, ler aquilo com o qual não concordamos é uma virtude dos que apreciam o debate franco e aberto de ideias...
A verdade é que muitos daqueles que não concordam com a proposta ministerial de alteração do ECD (em algumas situações absurda, mas noutras nem tanto), são precisamente aqueles que defendem que não se mude nada no referido ECD, para que os que nada fazem continuem a subir na carreira e os que trabalham arduamente não sejam devidamente valorizados.
É também graças a sindicatos que só são rigorosos quanto à defesa de direitos que temos uma classe docente tão desprestigiada! Durante décadas apenas se preocuparam com as questões laborais, tendo ignorado as matérias relacionadas com o processo de ensino-aprendizagem. E o insucesso escolar aí está à vista!!! Agora, tentam recuperar o irrecuperável e nem com greves irão lá...
Uma Ordem dos Professores, criada há muitos anos atrás, poderia ter sido uma solução para evitar este verdadeiro "atentado" à dignidade (já de si baixa) da profissão docente, mas os sindicatos, durante anos, apenas "olharam" para o seu umbigo e só agora se lembram em unir. É tarde!!!
Caro Miguel
um sindicato ou sindicalismo que só se preocupe com questões laborais é mero corporativismo que eu abominaria e me dessindicalizaria de imediato. Eu só compreendo a defesa de uma profissão docente no seio de uma defesa de uma Educação Pública de Qualidade Para Todos os que a ela queiram aceder.
Há na história do nosso sindicalismo docente, da 1.º República, da Resistência anti-fascista e do pós-25 de Abril bons exemplos dessa aliança inextrincável. Que há problemas actuais no sindicalismo docente; que este não está tão pujante, vivo, participativo como esteve nos anos 80, isso é verdade. Há várias coisas a rectificar e eu tenho opinião a esse respeito.
Mas também lhe digo que em Portugal apenas vejo um conjunto de sindicatos pertencentes a uma única federação a praticarem um sindicalismo de participação e de não conivência com o Poder. Só nesses me revejo, embora ache útil tentar as máximas convergências entre sindicatos quando elas são possíveis como é para já este o caso.
Quanto a uma Ordem, vejo uma grande e única vantagem para já: fazer todos os professores, mesmo aqueles avessos a fazerem parte de uma classe e a pagarem para isso, serem obrigados a fazê-lo.
Quanto às Ordens eu tenho no entanto grandes reservas pois parecem-me ser estruturas que, elas sim, caem em situações de fácil corporativismo. Há exemplos vários disso em Portugal. Eu revejo-me além dos sindicatos em Associações profissionais não em Ordens. Mas olhe. Não há nada como experimentar. Era interessante um referendo aos professores para saber se querem ou não uma Ordem.
Mas olhe também que quando os problemas apertam, por ex no caso dos médicos, são os sindicatos e não a Ordem que vai à luta. a Ordem não pode e muitas das vezes parece não querer.
Perdoe mais uma vez qualquer excesso anterior mas a nossa ministra, e as suas falinhas encenadas, deixa-me fora de mim.
Pergunto:
Os Sindicatos podem levantar processos disciplinares a Professores?
Ou será que esta classe é tão exemplar ao contrário de todas as outras como os Médicos, Advogados etc..
Claro está, que só com uma Ordem, os Professores tinham ordem e eram respeitados como classe, e não como um grupo Profissional que não quer perder mordomias, por exemplo, de um dia por semana de folga.
Não me venham com o trabalho para casa, que eu também quando saiu da Empresa onde trabalho, quase sempre tarde e a más horas, ainda levo trabalho para casa.
Sabem porquê? Porque gosto da minha profissão, se não gostasse mudava!
Aproveito para informar que não vou arranjar nenhum nick, porque com nick ou anónimo, para vocês é a mesma coisa
O senhor anónimo é tão malandro que coloca respostas em série em vários blogs, independentemente da questão que se esteja a discutir.
Coitada da empresa onde ele diz que trabalha.
Não vi mas já soube.
Tristeza.
Concordo no essencial com a análise. É óbvio que os professores são parte do problema e que os Sindicatos, dirigidos por profissionais do sindicalismo, são corresponsáveis pela situação. Cuidaram de garantir carreiras e não introduziram na discussão do ensino a necessidade de avaliar o desempenho. Não faz sentido que não se diferenciem os bons professores dos maus professores e que o critério mais importante para a progressão seja a antiguidade. A Ministra tem razão e eu, como professor, tenho que reconhecer que existe muito a mudar.
Cumps
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