segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Para onde vai o nosso ensino???

O Presidente da República começou o ano, questionando os nossos governantes sobre o caminho que está a seguir o estado da saúde em Portugal... Foi prespicaz e pertinente na questão formulada. Pena é que, mais uma vez, tenha optado pelo silêncio no que toca às mudanças que se perspectivam para a área da Educação do nosso país. Tendo-se referido ao aumento do número de alunos a frequentar a escola e à diminuição do insucesso escolar, não foi ao fundo da questão, omitindo as verdadeiras razões para tais factos. E, a tendência será sempre para melhorar nas estatísticas, dado que, com a lógica do insucesso escolar a impedir uma boa avaliação do desempenho dos professores, estou para ver até que ponto é que um professor se vai a arriscar a dar mais do 20% de níveis negativos...
No campo da Educação, este ano 2008 começa envolto em circunstâncias que indiciam uma vida ainda mais difícil para todos aqueles que se dedicam a esta nobre tarefa de educar e instruir. As mexidas previstas para as direcções das escolas deixam antever o regresso à velha lógica do Estado Novo, em que o poder era detido pelo "reitor". Ao passar-se da lógica colegial para a lógica individualista não estaremos a enveredar pelo caminho de uma menor democraticidade nas nossas escolas?
E o que dizer de toda a carga burocrática que espera os professores aquando da sua avaliação? Isto já para não falar da injustiça de termos a imposição de cotas, que, certamente, irão impedir que muitos dos docentes mais novos (e, por isso, os menos bem pagos e, muitas vezes, os que apanham com mais tumras) possam progredir na carreira...
De Cavaco Silva não se pode esperar nada (depois de ter concordado com um estatuto tão injusto)! Do Governo, com mais ou menos acção dos sindicatos, muito menos! Mesmo assim, acredito que a solução para esta desgraça toda apenas será uma: quando, no nosso país, a Educação bater bem lá no fundo, como aconteceu no Reino Unido há uns anos atrás (por lá até chegaram a ter falta de docentes, tal era o descrédito da função docente) aí, sim, assistiremos a verdadeiras reformas em prol da dignidade da profissão docente!!!

6 comentários:

Anónimo disse...

Houve tempo em que o meu trabalho era ensinar. Era o tempo em que eu não media esforços nem contava as horas de trabalho.

Agora, por causa da nossa iluminada ministra e da sua iluminada equipa, o meu trabalho é tudo e mais alguma coisa. Tudo - excepto ensinar. Os professores que ensinam são intelectuais, e nem o Governo, nem a UE querem intelectuais nas escolas.

Agora meço esforços e conto horas. Mais: estou firmemente decidido, a partir de agora e até que a aposentação me liberte, a aproveitar todas as lacunas da lei para trabalhar o menos possível.

E não me importo que tapem as lacunas: abrir-se-ão outras. Bem sei que o Estado de Direito é, para este governo, um empecilho; mas espero que ainda dure o suficiente para a sua abolição não me afectar.

Por razões óbvias este comentário vai ficar anónimo. Aos professores que ainda tiverem estômago para trabalhar, desejo bom trabalho. Aos outros desejo todo o ócio possível, gozado em pleno e sem sentimentos de culpa.

saltapocinhas disse...

concordo com o que dizes.
então a parte da burocracia é bruta e eu não acredito que os avaliadores tenham tempo para fazer tudo.
ou deixam de avaliar ou deixam de dar aulas!

bom fds

Anónimo disse...

Olha que com essa dos 20% de negativas chumbas mesmo, porque se assim o fizeres podes crer mesmo que não avanças na avaliação.Uns dos principais indicadores vai ser o sucesso de todos os alunos e por isso, nada de negativas.Pior que isso é todo o sistema que não nos deixa respirar com tanta burocracia. Estou farto de tantas indicações que não levam a lado nenhum.Um abraço

IC disse...

Embora eu, por princípio, não deseje que as "coisas" batam no fundo para então virem soluções, confesso que neste momento não consigo deixar de pensar que é preciso que a Educação bata no fundo para que haja um acordar colectivo.
Pedro, obrigada pela visita ao meu cantinho, deixei-lhe lá um comentário.

Anónimo disse...

Pois é, muda-se de ano mas o panorama é igual ou pior...
Na minha escola tivemos que justificar o porquê de 35% ou mais níveis negativos na disciplina. Obviamente a justificação foi fácil e lógica...não sei é se os senhores inspectores concordaram com ela. Podemos inverter a avaliação e premiar que não faz nada ou não está para se matar?...
É que assim não era preciso justificar percentagem nenhuma.

A Professorinha disse...

Há já uns tempso que ando mesmo desiludida com isto de ensinar... Sinto que já não ensino, ando ali a tomar conta de crianças...