Não se percebe. Eu não percebo. Ou melhor, percebo que o Ministério da Educação esteja numa onda de crescente facilitismo em relação aos nossos alunos com vista à melhoria significativa das estatísticas, em termos do sucesso educativo, mas não percebo que haja quem não queira ver que as consequências a longo prazo serão catastróficas... Seja em termos da cada vez mais difícil possibilidade de se reterem alunos em anos não terminais, seja no âmbito do conteúdo dos exames nacionais, parece claro que, com esta equipa ministerial e a anuência do Presidente da República, o facilitismo veio para ficar...
O caso mais gritante foi o que ocorreu com o exame de Matemática do 9º ano. Segundo os especialistas na matéria, nomeadamente os docentes da Associação de Professores de Matemática (APM), "a prova é mais fácil do que as dos anos anteriores, existindo diversos itens que podem ser resolvidos por alunos de outros ciclos de escolaridade, como por exemplo o item 3". Assim, "os resultados poderão vir a ser melhores, não significando que existiu uma melhoria nas aprendizagens dos alunos". Não sou eu que o digo, é a APM!!!
Na disciplina que lecciono, discordo que o exame de Geografia A do secundário continue a ser elaborado de forma excessivamente displicente, com muitas questões de escolha múltipla (e muito fáceis!!!) e poucas questões de desenvolvimento. Se o objectivo é facilitar, que se acabem com os exames!!!
Seria bom que as associações profissionais representativas dos docentes das várias disciplinas e as Universidades pudessem ter uma maior intervenção ao nível da elaboração dos exames. Talvez assim o rigor e a exigência subissem de nível!!!
6 comentários:
E uma das coisas graves é que a opinião pública, mesmo aquela mais consciente e preocupada, quando forem publicados os resultados, vai acreditar que as aprendizagens dos alunos melhoraram mesmo. A generalidade não vê as provas de exame. E os pais vão ficar contentes, sem serem alertados para as consequências no futuro dos alunos.
Bem, os miúdos são imprevisíveis na situação de exame. Quando lhes parece tudo fácil, concentram-se pouco. É muito pouco previsível que os resultados melhorem pouco significativamente, mas seria uma bomba merecida para o ME se isso acontecesse.
E estes últimos exames? Demais...
E o burro sou eu????
Vamos dar os testes com as soluções que assim é mais seguro para as estatísticas...
Se acabassem com os exames não se poderia dizer que Portugal já vai sair da cauda da Europa... Num ano a ministra conseguiu melhorar os resultados escolares expectacularmente!!... É fantástico como ela fala duma forma como se estivesse convencida do que diz...
Só falta vir à praça pública a ministra dizer que os resultados foram melhores porque tomou as medidas necessárias.Acredita quem quer..
Uma vez por outra venho aqui tomar um banho de lucidez sobre o ensino.
Não tomem isto como uma provocação, p.f.
Considero que o facilitismo deve acabar. Este e o que anteriormente se verificava (para aí há uns bons séculos).
Considero que deve vir, de uma vez por todas, o rigorismo.
Quem não sabe, não passa. Quem é burro, não passa e se repetir mais de dois anos, FORA!
Não sei o que fazem dementes, autistas, atrazados mentais, hiperactivos, mal educados (pelos pais, claro), agressivos, irrequietos, ciganos,... nas nossas escolas. Deviam era estar em Centros, acampamentos, casas de correcção.
A escola é só para quem se interessa, para quem quer vencer na vida (por ex: os filhos dos que já venceram na vida, médicos, engenheiros, políticos profissionais, empresários de sucesso e, claro, professores).
A escola não pode ser para os filhos de quem não se sabe comportar. Que raio, ainda não viram isso?
E esta coisa dos exames, principalmente do 12º ano. Eh pá, se não tiverem quem lhes pague as explicações, Eh pá, o que é que essa gentalha vai lá fazer?
Abraços e portem-se bem.
Pois... a necessidade de mostrar sucesso pelas medidas implementadas obriga a alguns golpes de cintura, que só a muito custo são engolidas pelos professores. Ainda bem que já se ouvem algumas vozes contra, mas de pessoas exteriores á escola. Se fossem os professores, não seriam levados a sério. Os exames deste ano são de facto dos mais faceis que tenho visto. E os critérios de correcção??????? Por exemplo, no exame de Geografia do 12º ano existem questões que eu não faço aos alunos do 9º ano por serem demasiado faceis e por não contribuir para a aquisição de conhecimentos. Como é possível que num exame de 12º ano em 5 grupos, apenas 1 seja de resposta escrita e não escolha multipla?
Acredito que este ano as melhores notas não sejam de alunos aplicados (alguns deles ao que sei ao acharem o exame de Matemática tão fácil, resolveram complicar os exercícios) mas sim os alunos que não estudam ou estudam os mínimos para passar de ano.
E assim vai a educação em Portugal. Porreiro pá!
Zé Augusto
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