sábado, 14 de julho de 2012

Ninguém esperava uma hecatombe destas...

Esta foi uma semana de profunda angústia para milhares de professores. Pela primeira vez, muitos dos professores do quadro e que pensavam que tinham o seu lugar de escola assegurado para o resto da vida despertaram para o problema da instabilidade que, todos os anos, vivem dezenas de milhares dos seus colegas contratados.
Apesar de se saber que as alterações introduzidas pela equipa de Nuno Crato ao nível da criação de novos agrupamentos de escolas, do alargamento do número mínimo de alunos para a constituição de turmas e das novas matrizes curriculares (com aumento da componente letiva por docente) iriam levar à diminuição drástica do número de professores necessários ao sistema público de Educação, poucos eram os docentes do quadro que julgavam poder estar agora sem componente lectiva. Mais, esta ausência de componente letiva apanhou de surpresa muitos docentes com mais de 15 anos de serviço e que já estão efetivos em lugar de escola há muitos anos e que, portanto, já nem sabem como se concorre...
Uma verdadeira hecatombe!!! Na minha escola vi, ontem, colegas com sentimentos muito díspares: uns choravam com medo do futuro, outros discutiam entre si sobre quem não deveria ter componente letiva, outros estavam conformados, outros surpreendidos e sem reacção... Claro que os que mais davam nas vistas eram os que choravam e não se conformavam por estarem agora sujeitos à pressão de terem de concorrer a DACL, depois de tantos anos efetivos numa escola. Uma dessas colegas com 23 anos de serviço, muitos deles já no atual lugar de escola, não compreendia como podia estar numa situação destas. Só na disciplina dela, Língua Portuguesa, foram cinco os colegas sem componente lectiva... No total, em cerca de 100 professores, foram 23 (muitos deles QE) os que ficaram sem componente letiva
A diminuição de turmas está à vista: com a agregação de escolas e a constituição de turmas com um mínimo de 26 alunos é clara a redução das turmas. Se a isto juntarmos o aumento da componente letiva para as 24 horas e a saída de muitos colegas das direções, percebe-se a escala das mudanças...
Quanto aos colegas contratados, muitos deles com mais de 10 anos de serviço, não gostava de estar na sua pele! A angústia deve ser terrível! Está claro que Nuno Crato tem instruções para diminuir o número de professores existentes no sistema: somos quase 170 000, o que em salários constitui a maior fatia em toda a Adiminstração Pública. A troika sabe disso e deu "ordens" ao Governo português (basta ler o memorando assinado por Sócrates com a troika) para reduzir o número de docentes...
Avizinham-se tempos (ainda mais) terríveis... 

5 comentários:

Anónimo disse...

Pelo seu discurso, vejo que não lhe vai calhar a fava. É o que faz haver quem tenha direitos adquiridos e simpatizar com o poder... o Ângelo Correia também é assim.

Anónimo disse...

Se alguma dúvida hovesse, ela levou sumiço...

VOCÊ É OFICIALMENTE UMA BESTA!

Anónimo disse...

obviamente deve ler-se: houvesse

Anónimo disse...

Os argumentos estão corretos. Mas o Crato foi longe demais. Nem a Lurdes fez tanto mal ao mesmo tempo.

Júlio Bastos disse...

Mas, para fazer o que o Crato está a fazer bastava ter contratado um simples jardineiro. Quer dizer, para cortar em tantas escolas e professores, um jardineiro com um corta relvas fazia tanto como o Crato.
Maldita troika.