sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O essencial da entrevista de Nuno Crato

Nuno Crato concedeu uma entrevista ao semanário Sol poucos dias depois da FNE ter vindo armar-se em vitoriosa com o anúncio de que havia garantido o compromisso do Ministério para a abertura de uma vinculação extraordinária de professores contratados.
Chegou-se a falar em cerca de 12000 docentes que poderiam conseguir a vinculação nos quadros. Nuno Crato veio agora colocar os "pontos nos is" ao afirmar que essa possibilidade não passa disso mesmo: de uma possibilidade...
Nuno Crato aborda vários temas, com destaque para a que diz respeito às contratações de docentes. A este respeito, fiquei surpreendido com a análise que os principais "bloguistas" da praça fizeram da entrevista. O Guinote, o Arlindo e o Ricardo perdem demasiado tempo com questões de forma, criticam o que lhes convém e até ignoram o que lhes interessa. Há que saber criticar: elogiar o que há para elogiar e atacar quando há que atacar. Estou particularmente surpreendido com o Guinote: esperava uma análise mais ponderada e menos radical. Faz lembrar Louçã. Enfim...
Nas quatro páginas da entrevista do Ministro da Educação ao semanário Sol destaco dois excertos, aqueles que considero importantes e que abordam a questão das colocações sem rodeios.
Por um lado, Crato volta a insistir no facto de todos os professores do quadro serem necessários ao sistema educativo, o que deixa de lado qualquer risco de mobilidade especial para os colegas que não têm componente lectiva. Caso contrário, Crato não dizia isto de forma perentória as vezes que já o disse. Poucos têm sido os que destacam este aspecto!
Por outro lado, Crato é directo e frontal ao referir que nos próximos tempos será muito difícil que haja mais vinculações (estas serão escassas e muito excepcionais). Com a redução da população estudantil, a implementação de novas regras na distribuição de serviço, a agregação de escolas e outras medidas (número de alunos por turma, alterações nas disciplinas, etc.), parece claro que a lógica dos "horários zero" não será rapidamente afastada, pelo que ainda não será no próximo concurso geral (nem provavelmente no seguinte, quatro anos mais tarde) que haverá uma considerável vinculação de colegas contratados nos quadros.
Na entrevista, Crato avisa: mais de metade das despesas com salários da Administração Pública Central provém do Ministério da Educação. Ora, o erro de Crato é que se fica por aqui e não diz a verdade toda. De facto, poderia e deveria ser um pouco mais frontal e referir que as medidas que tomou têm como grande objectivo diminuir a despesa com os salários dos professores. Essa é a grande omissão de Crato. Fica-lhe mal falar apenas na questão demográfica e não dizer toda a verdade.
A mim, parece-me claro: a troika manda, o Gaspar diz que sim e o Crato corta...  E as novidades de hoje continuam a mostrar isso mesmo. O empobrecimento está para ficar, a troika faz o que quer de nós, Passos Coelho dá a cara e o outro continua lá por Paris na boa vida, longe dos cortes, da pobreza e do descontentamento que por cá grassa!

PS - Hoje, sábado, o jornal Público sintetiza em poucos palavras a verdade sobre as intenções de Nuno Crato: puro desinvestimento com vista à redução das despesas com os professores.

3 comentários:

Paulo G. disse...

O problema de se comentar os comentadores é comentar apenas um post e não os três que foram escritos.
Mais complicado... enquanto eu cito e contraponho, aqui apenas se qualifica o que escrevo, sem se ir além disso.
Pois...

Nan disse...

O colega é de Geografia, certo? Então, esqueça por momentos o seu apoio incondicional ao PSD (está no seu direito de o apoiar, mas não deve deixar que isso o cegue), vá ler isto - http://correntes.blogs.sapo.pt/1495777.html - consulte os números e depois comente.

Anónimo disse...

Claro que teria que terminar com chave de ouro,
o «...Coelho dá a cara e o outro continua lá por Paris na boa vida...»

Claro, a culpa é toda dele! Toda, toda, todinha!

Você está cego!