quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Presente envenenado

A FNE veio a público vangloriar-se de ter conseguido, em reunião tida com Nuno Crato, o compromisso assumido pelo Ministério da Educação deste proceder à vinculação extraordinária de professores contratados até ao final deste ano. Não se sabe ainda as condições necessárias para que estes professores possam ser do quadro (número de anos a contrato, número de anos com horário completo, grupos disciplinares, etc.), mas sabe-se que, como diz o povo, "a bota não bate com a perdigota".
Digo isto porquê? Ora, sabendo-se que ainda há poucos dias milhares de professores do quadro ficaram sem componente lectiva e que muitos outros milhares apenas não ficaram com "horário zero" dado que as escolas lhes arranjaram seis horas lectivas, não tem lógica pensar-se na vinculação extraordinária de professores. A isto há que acrescentar o facto de se saber que daqui a uns meses se inicia um novo concurso geral de colocação de professores, este sim com carácter de vinculação, pelo que o mais sensato seria esperar por esse concurso para aí, sim, com regras bem claras em termos de colocação a concurso das necessidades reais das escolas e de respeito pelas listas de graduação profissional, se proceder à vinculação dos docentes necessários ao sistema de educação. Deste modo, evitar-se-ia o aumento dos "horários zero" e a colocação nos quadros de professores num tempo fora do normal (agora só de quatro em quatro anos).
1º - Esta novidade irá certamente criar divisões entre a classe docente (já criou entre sindicatos), dadas as injustiças criadas;
2º - Em tempos de "vacas magras", não se percebe como é que o Ministério da Educação irá poupar dinheiro com a vinculação de professores que não sabemos se irão ser necessários num próximo ano lectivo (lembremo-nos dos milhares de "horários zeros" existentes);
Assim, o que me parece que vai acontecer é algo parecido com o velho ditado popular "o elefante pariu um rato". Vamos chegar a 2013 e serão poucos ou nenhuns aqueles contratados que ficarão vinculados... Até lá, distrai-se a comunidade docente de outros assuntos e evitam-se greves, manifestações e contestações.

PS - A última prestação do Paulo Guinote no "Opinião Pública" da SIC foi de autêntico serviço público gratuito no sentido de esclarecer os menos bem informados (muitos deles também professores!) sobre o difícil ano lectivo que vamos ter pela frente, por via das injustiças e trapalhadas provocadas pelas novas regras de distribuição de serviço docente (uns cheios de turmas e alunos e outros com "pseudo-apoios) e pelo conturbado concurso de professores (recorrentes erros nas colocações e possibilidade de uma vinculação extraordinária de contratados) . Por isso, deixo o vídeo para quem quiser saber mais sobre o assunto.

2 comentários:

Luísa disse...

Um presente mais que envenenado. Uma mentira, uma injustiça e uma vergonha. O Crato goza connosco e nós a vermos.

António disse...

Amigo, surpreende-me que ainda haja tanta gente, muitos deles jovens, a quererem ser professores. Esta gente não lê jornais?