sexta-feira, 26 de julho de 2013

Em jeito de despedida. O balanço destes últimos quatro anos...

Já tenho este blogue desde 2005 e todos os anos, por finais de Julho, costumo aqui escrever um artigo a dar conta de como decorreu o ano transacto. Havendo grandes probabilidades de no próximo ano lectivo estar na escola onde sou efectivo, dadas as circunstâncias deste concurso de professores (com quase 12 mil professores do QZP à espera de escola, a acrescentar a muitos QA em situação de DACL não acredito que os antigos DAR`s sejam em número elevado!) é chegado o tempo de fazer um curto balanço de como foram os meus últimos quatro anos na escola onde estive a leccionar.
Primeiro que tudo tenho que dizer que fiz boas amizades. Uma das vantagens de se chegar a uma escola e ficar por lá durante quatro anos tem que ver com as raízes que se vão criando nesse novo ambiente escolar. E estes foram quatro anos de muito trabalho, compensados por um espírito de grupo e de inter-ajuda bastante positivos. Fosse durante os intervalos, na sala dos professores, ou naqueles almoços de intensa cavaqueira, muitos foram os bons tempos passados com alguns dos colegas de profissão...
Quanto ao trabalho lectivo, posso dizer que das várias escolas por onde passei desde que comecei a dar aulas esta foi aquela onde, sem dúvida, menos "brindes" tive. Basta pensar que nestes quatro anos lectivos, para além da disciplina de Geografia (aos 7º, 8º, 9º e 11º anos de escolaridade) tive ainda que leccionar quatro disciplinas diferentes de cursos de âmbito profissional que me obrigaram a preparar toda a matéria, dada a falta de manuais escolares e de outros recursos pedagógicos a não ser o programa das disciplinas: só no curso de Turismo Ambiental e Rural leccionei Geografia, AI (Área de Integração) e ADR (Ambiente e Desenvolvimento Rural), para além da disciplina de CMA (Cidadania e Mundo Actual) no curso CEF de pastelaria. Enfim, só quem já deu aulas a cursos CEF`s e a profissionais, sobretudo em disciplinas técnicas, é que sabe do imenso trabalho que estas disciplinas dão, não esquecendo que as características específicas destes alunos (geralmente alunos com maiores dificuldades de aprendizagem) implicam um trabalho redobrado em termos de motivação e apoio...
Mas, houve uma outra situação que, não sendo muito usual ocorrer, implicou uma maior dose de trabalho: é que nestes quatro anos lectivos nunca dei continuidade a nenhuma direcção de turma. Tive o cargo de DT em quatro turmas diferentes: uma do 8º ano, duas do 9º ano e uma do 10º ano profissional! Ora, não sendo esta situação muito habitual, o trabalho com este cargo foi sempre "coartado" no final de cada ano lectivo, tendo tido sempre a obrigação de começar tudo de novo em Setembro com uma nova turma...
O que mais me agradou, em termos profissionais, nestes quatro anos foi ter leccionado a disciplina de Geografia a duas turmas do 11º ano, sobretudo porque, aquando da realização dos exames nacionais, os alunos não falharam e obtiveram excelentes resultados, colocando-os nos primeiros lugares do ranking distrital do exame de Geografia. Já há alguns anos que não leccionava ao 11º ano e a experiência com estes alunos, apesar da situação das Humanidades no país não ser a melhor, foi nesta escola bastante profícua... Todos concluíram a disciplina com sucesso, o que ajudou a que a média da escola nos exames nacionais fosse bastante positiva.
Quanto ao aspecto menos positivo destes quatro anos, sou obrigado a constatar que as obras de requalificação da escola não beneficiaram em nada (pelo menos por enquanto!) o processo de ensino-aprendizagem. Há quatro anos atrás tínhamos duas escolas (uma básica e outra secundária), é certo que mais pequenas, mas que, como se costuma dizer, "davam para as encomendas" e agora temos uma escola (que no final das obras mais vai parecer uma universidade, tal a grandiosidade da mesma!), mas que por enquanto (com as obras paradas por falta de verba) mais parece uma escola "espartilhada", com uma parte renovada, uma outra parte que transformada em estaleiro de obras e ainda outra parte repleta de contentores, sem pavilhão desportivo e sem suficientes espaços de recreio para os alunos, situação que transformou os dois últimos anos mais difíceis de enfrentar, tanto para alunos como para professores... Muitas foram as vezes em que cheguei a pensar "Que saudades da antiga escola!", mas o Governo socrático quis apostar na requalificação das escolas e agora as obras não andam, nem desandam...
Enfim, agora resta esperar pelo dia 31 de Agosto para saber os resultados da mobilidade interna. Até lá, há que gozar de umas merecidas férias em família para que em Setembro a mente e o corpo estejam em ordem para enfrentar um novo lectivo e um novo ciclo de quatro anos. Até lá, votos de umas boas férias para os que aqui costumam vir dar uma espreitadela, em especial para aqueles que, nestes últimos quatro anos, deixaram de ser meros colegas de trabalho e se transformaram em verdadeiros amigos...

10 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais, tenho de dizer que vou responder neste tópico porque talvez seja mais visível do que no anterior. Fui eu que escrevi ontem à noite sobre a injustiça da ultrapassagem de QE's por QZP's menos graduados.

Hoje de manhã fui verificar nas listas, e vi que o Pedro é de facto QE no Agrupamento de Escolas de Cinfães, antiga EB23 de Cinfães. As minhas desculpas por ter dito que era QZP, não sabia que já tinha passado para QE. Eu sei que o Pedro tem escrito aqui que não concorda com isso, mas agora, depois de ler este seu novo post, percebo porque tem uma atitude tão passiva em relação a isso: é porque esteve estes últimos 4 anos destacado. No entanto, se não conseguir destacamento agora (a juntar ao facto de não ter conseguido mudar para um quadro perto de casa, como poderia, caso não houvesse estas prioridades criminosas), talvez comece a dar valor à frustração e à revolta que eu sinto há anos, e cada vez mais. Quando começar a fazer a estrada Viseu-Cinfães todos os dias, sobretudo no Inverno, por vezes com neve e gelo (arriscando-se a ter um acidente com potenciais consequências para si ou para o seu carro) pode ser que seja menos passivo em relação a esta injustiça. É que uma coisa é ser contra esta situação, outra é aceitá-la como se fosse algo de pouca importância.

Quanto ao que disse no post anterior, sobre o facto de não podermos esperar outra coisa deste concurso, isso foi o que eu pensei no momento em que vi a lista de vagas (claro eufemismo, chamar-lhe assim). Perdi logo a esperança. No entanto, depois dessa publicação, houve vários factores que me deram alguma esperança, que foram os seguintes:
1- Pouco depois da publicação das vagas, vários directores disseram que elas não tinham nada a ver com as que tinham indicado, o que levava a pensar que teria havido um erro grosseiro nessas vagas publicadas, mas que poderiam corrigi-lo aquando do processo de colocações.
2- Por alturas da greve de professores, o MEC anunciou que ia acelerar as reformas de 6000 professores. Eu sei que o objectivo era evitar que houvesse horários-zero. Mas porque não colocar os QE's nessas vagas, já neste concurso? Como se sabe, se isso tivesse sido feito, as vagas libertadas por esses professores QE's poderiam ser ocupadas por outros QE's ou mesmo por QZP's (o que também ajudava a evitar esses horários-zero). Porque não o fizeram? Talvez o Pedro, que tem ligações ao PSD, possa tentar saber e explicar-me, porque eu não percebo.
3- Por último, a demora na publicação das listas: se as vagas eram quase inexistentes (e as colocações, como se sabe, foram residuais) então qual o motivo para demorarem tanto para colocar meia-dúzia de pessoas? Na maioria dos grupos, e com os recursos informáticos que há hoje, bastavam umas horas (provavelmente até bem menos do que isso) para as colocações estarem completas. No entanto, demoraram cerca de 3 meses para publicarem as listas. Essa demora fez-me pensar (a mim e a muitos outros) que só poderia ser motivada por estarem também a colocar nos lugares entretanto deixados vagos pelos novos reformados, ou porque tinham em conta as vagas reais e não as anunciadas. Afinal, foi apenas mais uma forma de nos desprezarem, como é típico deles... Eu sei que as vagas são calculadas por baixo, mas este ano não foi isso que aconteceu: foi uma aberração, que simplesmente não teve nada a ver com as vagas reais: quero eu dizer que nunca houve uma discrepância assim.

Quanto a ser QZP e não ter a certeza se vai ter escola, como deve saber, isso são casos bem raros, sobretudo no caso de colegas que já têm cerca de 15 anos de serviço, como o Pedro e eu.

Outra coisa: onde é que leu que eu prefiro a alternativa de que se fala (concursos de âmbito escolar em vez de serem à escala nacional)??? Eu quero um concurso nacional, sem qualquer dúvida. Apenas defendo é que as colocações (seja qual for a fase do concurso) sejam SEMPRE feitas com base na lista de graduação.

Anónimo disse...

Acrescento que aceito que se dê prioridade aos colegas que ficam sem lugar devido ao fecho da sua escola, embora isso também leve a algumas injustiças. Mas como são casos raros, ainda se aceita...

Finalmente, sobre as declarações do Mário Nogueira (assim como outras intervenções dele) apenas digo que eu não sou do PCP, e como tal não me revejo em muitas das suas declarações. E essa é uma das razões pelas quais não sou sindicalizado...

leitor atento disse...

Gostei deste seu testemunho e espero que não seja uma despedida mas um até já. Votos de umas boas férias.

Helena disse...

Pedro, há muito que leio o seu blogue e aprecio a forma como apresenta a sua opinião sobre muitos temas da Educação.
Não faz o meu feitio deixar comentários, mas acredite que leio com atenção todos os artigos que escreve.
Apenas comento agora para que este não seja um artigo de despedida e que em Setembro regresse com mais textos, pois o que mais abundam são blogues onde se diz mal de tudo e de todos pela simples razão de se dizer mal. Por isso é que gosto de vir aqui ler aquilo que escreve, já que o Pedro tanto é capaz de elogiar o Governo e sindicatos, como criticá-los quando é necessário.
Desejo-lhe umas boas férias, mas espero que regresse para que continue com as suas escritas.
Um abraço

Anticrato disse...

Por mim podes fechar a loja à vontade.
Vai e não voltes à blogosfera que não fazes cá falta nenhuma. Boa viagem.

Pedro disse...

Caro anónimo (o primeiro),
concordo com muito daquilo que escreveu, nomeadamente no que respeita às injustiças que, todos os anos, este tipo de concursos de âmbito nacional provocam... Não são novidade. Sempre as houve, sobretudo em relação aos QZP`s.
Ainda hoje fiquei a saber do caso de um colega meu, menos graduado e colocado mais longe do que eu, mas que por ter sido informado que teria de concorrer a DACL, certamente irá ficar melhor colocado do que eu. Eu ficarei a 80 Kms de casa e ele "arrisca-se" a ficar em casa. São as regras do concurso, com as quais temos de conviver... Não vale a pena ficarmos revoltados!!!
O facto é que a forma como estes concursos estão estruturados levam a que ocorram sempre situações deste género, dado que as vagas que vão para a 1ª fase do concurso são ainda incertas e o MEC prefere "jogar" por baixo. Depois surgem as matrículas e aparecem novas vagas. E, como tem acontecido muitas vezes, colegas menos graduados conseguem ficar melhor colocados que aqueles que estão afectos a uma escola e que têm horário e que são "ultrapassados" pelos DACL`s. Como diz o povo "é a vida"...
Mas concordo consigo e já o escrevi aqui muitas vezes: o critério mais justo é o da graduação! A única excepção admissível à graduação seria o da mobilidade por condições específicas.
Volte sempre...

Caro leitor atento e cara Helena,
agradeço as vossas palavras, mas quando me referia a despedida não era em relação ao blogue, mas sim à escola onde estive nos últimos quatro anos. É que com tantos DACL`s o mais certo é não regressar à escola onde estive. Certamente que irei regressar à base...
Helena, deixo-lhe um desafio: se lê, comente e dê a sua opinião.

Anticrato,
desengane-se. Espero continuar na blogosfera. Se não gosta de ler o que escrevo, não venha até aqui...

Anónimo disse...

Pedro,

muitas felicidades e umas boas férias. Aprecio o seu blog , o seu discernimento e a sua atitude.
Até setembro:-)

MJ

Anónimo disse...

Olá Pedro.
Gostei de ler esta tua reflexão. Este foi mesmo um ano complicado e também eu tenho saudades da nossa velhinha escola.
Desejo-te umas boas férias. Pode ser que nos voltemos a encontrar numa outra escola. Até sempre.

Uma colega tua

Ana disse...

O seu amigo Crato está a preparar o maior despedimento na classe dos professores. Uma vergonha. E dizia ele que queria evitar mandar professores para a mobilidade especial. Um mentiroso.

Anónimo disse...

http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=P2012N24260