quarta-feira, 17 de julho de 2013

Os resultados dos exames nacionais devem ser levados muito a sério...

Todos os anos repete-se a história: os jornais e televisões dão conta das médias obtidas pelos alunos às principais disciplinas, comparam-se os resultados deste ano com os dos anos anteriores, depois ouvem-se as versões do MEC e das associações de professores dessas disciplinas, mais tarde fazem-se os rankings das escolas e, finalmente, realizam-se umas reportagens sobre as escolas, públicas e privadas, com os melhores e os piores resultados... Tudo muito repetitivo!
Mas, há uma escala de análise que deveria ser prioritária e que continua ainda a ser efectuada, muitas vezes, de forma superficial em algumas escolas. Falo das análises que cada escola deveria realizar, de forma afincada e muito séria, sobre os resultados obtidos pelos seus alunos, colocando-se as referidas análises à disposição de todos nas páginas da Internet de cada escola. Seria bom que toda a informação relacionada com os resultados dos exames, comparando-se as médias das escolas com as médias distritais e nacionais, assim como as discrepâncias entre as médias internas e as médias de exames, fosse abordada por todos os estabelecimentos de ensino, de forma muito aberta, por forma a tornar a informação mais clara e acessível.
Todos os anos costumo aqui fazer uma breve análise dos resultados obtidos pelos alunos à disciplina de Geografia. Faço-o sobretudo a nível de escola e, apesar deste ano não ter leccionado Geografia a alunos do 11º ano, fui professor de muitos desses alunos quando estes frequentaram o 3º ciclo do ensino básico. Por outro lado, apesar dos exames servirem, sobretudo, para avaliar os conhecimentos dos alunos, parece-me lógico que os professores acabem por ser também, indirectamente, avaliados pela performance dos alunos. 
Este ano, volta ser o jornal Público a apresentar uma análise mais fina sobre os resultados dos exames. E o que ressalta mais à vista da análise do Público é a enorme discrepância entre os resultados internos (a maior parte deles a rondar os 13 valores) e os resultados externos (a maior parte deles abaixo dos 10 valores), o que deve levar os interessados na matéria a ponderar o peso dados aos exames (30%) ou a forma como estes são encarados e elaborados... Veja-se o quadro apresentado pelo Público para se perceber que algo não está a correr bem com os exames!
Mas, este é também um ano de balanços, dado que, com as colocações de professores a serem efectuadas de quatro em quatro anos, este é um ano que deve servir para analisar o trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos. Assim, elaborei uma pequena tabela com o registo dos resultados à disciplina de Geografia obtidos pelos alunos na escola onde leccionei nos últimos quatro anos e a satisfação é clara. Se os alunos têm conseguido resultados satisfatórios, sempre acima da média nacional, isso é também o resultado do bom trabalho que todos os professores de Geografia da escola desenvolveram, ao longo destes últimos quatro anos, com os seus alunos... Claro que o factor determinante para os bons resultados dos alunos tem que ver com a própria preparação dos alunos para o exame, mas os professores também têm a sua influência nos bons ou maus resultados obtidos. E, aqui na escola, não é coincidência que, nos últimos quatro anos, a média de Geografia tenha sido sempre positiva e acima da média nacional. É sinal do bom trabalho desenvolvido, quer pelos alunos, como pelo grupo disciplinar...
A análise dos resultados dos exames tem de ir para além da simples elaboração, pelos jornais e televisões, dos rankings nacionais. É importante que cada escola faça uma análise bem pormenorizada dos resultados alcançados pelos seus alunos, analisando as médias internas, as médias dos exames, as comparações a nível distrital e nacional, a evolução ao longo dos anos, enfim, um conjunto alargado de parâmetros que devem estar ao dispor de todos (professores, pais, alunos e comunidade local).

12 comentários:

Anónimo disse...

Viva!
Concordo com tudo.
Há muito que digo ser uma vergonha tamanhas discrepâncias. Já vi delas tão grandes e vergonhosas que chegam a ser de 9 valores.Na escola ao lado da minha há anos que isso acontece. E sim, os professores e as escolas deviam elaborar uma estatística. Mais os respetivos professores deviam ser chamados a prestar esclarecimentos.

Bom final de ano:-)

MJ

Anónimo disse...

É ler o artigo de opinião, no Público de hoje, da ex-ministra da educação Maria de Lurdes Rodrigues.

Anónimo disse...

Olá Pedro!
Vocês de Geografia vão deixar saudades, tanto pela simpatia como pelo trabalho realizado.
Pode ser que as colocações tragam algumas surpresas e voltem a ficar por cá. Eu sei quem é que ficaria maravilhada com essa possibilidade.
Boa sorte para os concursos.

Uma colega tua

Pedro disse...

Cara MJ,
quando as discrepâncias entre as notas internas e as notas de exame são tão grandes como as que ocorreram este ano, algo tem que ser feito...

Caro anónimo,
não percebo de que artigo fala. O Público de ontem trazia um artigo da Maria Oliveira sobre os exames. Achei o artigo interessante, sobretudo quando se refere à "inflação deliberada das classificações internas com o objetivo de facilitar aos alunos o acesso ao ensino superior."

Cara colega,
obrigado e já que insistes em não dizer quem és, também te desejo boa sorte nas colocações, caso tenhas concorrido.

Anónimo disse...

Pedro,
um bocadinho para além do tópico do post, mas mesmo assim a tocar o assunto.
Há dois dias atrás foi emitido um despacho sobre os recursos aos exames, salvaguadando alunos em que a matéria objeto dos exames não foi lecionada por alguns professorses...
Há uma semana atrás fiquei pasma quando duas colegas do meu departamento declararam em reunião não terem lecionado uma unidade completa e outra 3 unidades, argumentando que os tempos letivos não deram para mais... Eu pergunto: então, quando se planifica, não se tem em conta um calendário e as horas semanais? Para que existe , afinal, uma planificação?! Há uns anos não se podia terminar o ano se a matéria não fosse lecionada na íntegra. O Pedro, sabe se há legislação nesse sentido? Fiquei pasma quando, para além desse argumento, afirmaram que resolveram dar leitura extensiva sem nunca terem levado isso (as alterações) à área disciplinar. Tenho assistido a cada coisa de bradar aos céus.
Gostaria mt de saber a sua opinião sobre este assunto.

Obrigada.

MJ

Anónimo disse...

Correção:
O Pedro (sem vírgula) sabe se...

MJ

Pedro disse...

MJ,
sinceramente, não sei a legislação exacta sobre a questão que coloca, mas parece-me claro que em anos terminais de ciclo, nomeadamente nos 6º e 9º anos, a matéria planificada deve ser totalmente leccionada. A não ser que surjam imponderáveis que não possam ser ultrapassados...
Já os argumentos da extensão do programa ou da falta de horas, em anos terminais de ciclo, parecem-me justificações pouco sensatas...
E se falamos de alunos que foram a exame sem ter tido acesso a toda a matéria planificada, então isso já me parece bastante mais grave, dado que os alunos nunca devem ser prejudicados por não terem tido hipótese de darem determinada matéria que saiu em exame.

Gorgi disse...

Análise interessante. E é verdade que este tipo de análises deviam ser obrigatórias em todas as escolas.
É que agora fala-se muito nos exames e depois no resto do ano é coisa que nem se ouve falar.
Os exames deste ano foram mesmo uma lástima. Por aqui também. As coisas estão cada vez piores. Há que fazer alguma coisa.
Por aí a Geografia até tem andado bem. Pelo que sei o exame nem costuma ser difícil, pois tem muitas escolhas múltiplas e basta ter alguma cultura geral para conseguir positiva.
Um abraço e boa sorte para 2ª feira

Pedro disse...

Gorgi,
tens razão em relação às escolhas múltiplas. Valem metade do exame, o que me parece um exagero. Mas, olha que cultura geral é coisa que me parece que vai faltando cada vez mais aos jovens...
Abraço

Unknown disse...

Começar uma frase por «mas» já é arriscado. Pôr uma vírgula depois do «mas» é erro mesmo...

Rui Remígio disse...

Muda de escola, pá!

Muda de escola e vais ver o que acontece...

Agnelo Figueiredo disse...

Parabéns Pedro.
Na minha escola a Geografia foi-se abaixo neste ano. Estranhamente.