quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

As injustiças que se avizinham com o novo concurso extraordinário de vinculação de contratados...

Nuno Crato deu a conhecer, na passada semana, em conferência de imprensa que o MEC vai realizar, ainda este ano, um novo concurso de vinculação de contratados. Fê-lo em resultado das ameaças que recebeu de Bruxelas, dada a insistência, de há muitos anos a esta parte, do MEC proceder à contratação de alguns milhares de professores com horários anuais e completos, desrespeitando a lei em vigor que indica que ao fim de três anos de contratos anuais sucessivos se deve proceder à vinculação do trabalhador.
Pois bem, a primeira conclusão que se pode retirar desta medida tomada de forma quase coerciva é a de que, uma vez mais, e como diz o povo "a bota não bate com a perdigota". Então primeiro promove-se a rescisão amigável de contratos com professores (gastando milhões de euros em indemnizações) e depois vai-se vincular novos professores ao sistema? E ainda há outra contradição: então continuamos a ter centenas de professores em horário-zero, adivinhando-se o seu aumento nos próximos anos, dada a queda abrupta da natalidade e a política de contenção do MEC, e vão-se abrir novas vagas para vinculação? Qual a lógica disto tudo? Quanto a mim muito pouca...
Adivinham-se novas injustiças com o aumento de colegas afectos a um QZP, mas sem horário, que vão passar à frente de colegas com maior graduação vinculados a uma escola e que não vão conseguir aproximar-se das suas áreas de residência porque, uma vez mais, serão "ultrapassados" por todos aqueles colegas que estão afectos a um QZP.
Todos conhecemos casos de colegas que estão longe das suas casas e que, já com família constituída, são obrigados a estarem afastados, durante a semana, das suas famílias (muitos deles com filhos menores) porque há uns anos atrás arriscaram o vínculo a uma escola, na esperança de se aproximarem mais tarde ou de, pelo menos, conseguirem o destacamento por aproximação à residência (e também porque o MEC os incentivou a isso quando ameaçou que iria acabar com os QZP`s). Agora, longe de casa e das suas famílias, desesperam ao verem colegas menos graduados a passarem à sua frente nos concursos de mobilidade interna.
E os sindicatos? O que têm dito sobre estas injustiças? Pouco ou quase nada. Fala-se muito dos colegas contratados (e acho muito bem que se fale) mas dos colegas já vinculados a uma escola e que são ultrapassados na mobilidade interna por colegas menos graduados não se ouve nada. 
Vejamos o que temos tido. Durante anos falou-se da inevitabilidade de redução do número de professores necessários ao sistema, mas continuou a verificar-se a contratação de colegas com horários completos e anuais. Clara contradição! Promoveram-se as rescisões amigáveis, mas continuam a subsistir centenas de colegas com horário-zero e, agora, abre-se um concurso extraordinário de vinculação de contratados sem que se realize um novo concurso interno? Não tem lógica, nem é justo!
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Ora, a continuarmos assim, os horários-zero não irão diminuir e, uma vez mais, lá veremos colegas menos graduados que, por estarem afectos a um QZP e, portanto, sem escola, vão passar à frente de colegas mais graduados na hora de concorrerem à mobilidade interna...
É injusto! E esta injustiça só poderia ser minimizada com a abertura de um novo concurso interno de professores ou então com a alteração das prioridades no concurso de mobilidade interna. Note-se que não sou contra a vinculação de colegas contratados (se, de facto, são necessários ao sistema devem ter o seu vínculo ao MEC). Discordo é da possibilidade destes colegas, por vincularem a um QZP, terem prioridade em relação aos colegas mais graduados na hora de se realizar o concurso de mobilidade interna...

12 comentários:

Anónimo disse...

Então, e em relação ao «corte»do vencimento, está satisfeito com o seu psd zinho?

Agnelo Figueiredo disse...

Pedro

Aguarde a posição do Nogueira sobre esta matéria. Vamos ver a quem dá ela a prioridade...

Paula - Coimbra disse...

Concordo com o que escreve e até posso dar o meu exemplo.
Estou efetiva a mais de 150 kms de casa e por isso só posso estar com a minha família aos fins de semana. Passo mais tempo com os meus alunos do que com as minhas duas filhas e mais uma vez vou ver passar à minha frente dezenas de colegas menos graduados. Sobre isto os sindicatos nada dizem. É uma vergonha.

Anónimo disse...

Por alguma coisa há tanta gente a deixar de ser sindicalizada

Anónimo disse...

Concordo contigo. Espero que os sindicatos sejam sensíveis a esta injustiça e que façam valer a sua força nas reuniões com o MEC. Para mim as prioridades deveriam ser revistas aquando do concurso da mobilidade interna ou então, deveriam deixar os professores efetivos a um quadro de escola voltarem a ser professores de quadro de zona, o que já aconteceu. Mas o mais engraçado disto é que quando falamos nesta injustiça das prioridades com os representantes dos sindicatos nas escolas eles não percebem o que queremos dizer.

Anónimo disse...


Subscrevo.

Leonor.

Anónimo disse...

O que se pode fazer para que os sindicatos levem essa proposta de alterar as prioridades no concurso de mobilidade interna?
Eu acho que os próprios sindicatos concordam com a injustiça que se está a verificar. Ou então não sabem o que se passa.

Anónimo disse...

Os professores contratados pedem desculpa por qualquer inconveniente que a eliminação de uma ILEGALIDADE possa causar na vida dos professores do quadro. Para aqueles prof do quadro que se sintam vilipendiados podem sempre rescindir e "ascender" à condição de contratado novamente.

Anónimo disse...

Os professores contratados pedem desculpa por qualquer inconveniente que a eliminação de uma ILEGALIDADE possa causar na vida dos professores do quadro. Para aqueles prof do quadro que se sintam vilipendiados podem sempre rescindir e "ascender" à condição de contratado novamente.

Anónimo disse...

Sou professor do quadro mas nada tenho contra os professores contratados, pois não são melhores nem piores do que os do quadro. No entanto, gostava de realçar duas coisas:
1- há muitos casos (não todos, mas muitos) de professores que só são contratados porque querem, pois ao contrário de muitos que são do quadro, nunca quiseram sair da sua zona de conforto, preferindo ficar sempre perto de casa, mesmo que isso implicasse o perigo de, mais cedo ou mais tarde, ficarem sem horário. E agora que essa hora parece chegar, não se podem queixar. Relembro que me refiro apenas aos que não concorrem (ou concorriam) ao país todo.
2- para respeitar a lei comunitária (e só mesmo por isso, não pode haver dúvidas disso) o MEC foi obrigado a abrir um concurso para efectivar aqueles que andam há anos a contrato. No entanto, é preciso fazer o concurso de forma justa e honesta. Se de facto existem vagas em escolas ou zonas mais procuradas, que são ocupadas há anos por esses contratados, então é da mais elementar justiça que essas vagas sejam postas a concurso não apenas para eles, mas para todos, seguindo-se a lista de graduação. Caso essas vagas acabem por ficar para professores que já são do quadro, então as vagas por esses professores ficam para os contratados que querem passar ao quadro. Qualquer outra situação que não esta tem um nome: escândalo!

Pedro disse...

Concordo com o anterior anónimo. A haver vinculação extraordinária, a justiça só pode ser alcançada desde que os docentes do quadro possam, também eles, concorrer para as vagas que irão abrir... Doutra forma voltamos a ter injustiças.

Anónimo disse...

Se eu fosse ministro passava os QA a QZP para pararem de se queixar...Se com 25 anos de serviço como eu fizessem todos os dias entre 150 a 200 km e não estivessem dois anos consecutivos na mesma escola paravam de se queixar que são uns coitadinhos ultrapassados pelos maus do QZP que em muitos grupos têm mais graduação que os QA.
Um QZP...