
Mais do que discorrer sobre as ideias que Maria Filomena Mónica tem da Escola Pública, prefiro recorrer a algumas das afirmações que constam do seu livro "A Sala de Aula" e com as quais me identifico.
Deixo uma citação respeitante a cada um dos capítulos do livro, citação essa que define muito bem aquilo que penso e que tenho vindo a apresentar neste blogue desde há muitos anos...
- "Ao longo dos anos, (o MEC) não tem cessado de emitir leis e mais leis, o que mina a autonomia e a responsabilidade das escolas". - página 52
- "E aqueles (alunos) que se esforçam, que são capazes de renunciar à folia e à preguiça para terem as matérias em dia, que estão atentos, que participam que atingem notas altas, que valorizam a escola, que respeitam os professores e dão bom nome a uma instituição, ... às vezes são esquecidos". - página 82
- "Os jovens deixaram de acreditar no valor do esforço; os pais deixaram de ser capazes de inculcar regras e as escolas optaram por divertir os alunos" - página 97
- "...é preciso formar técnicos, mas os cursos (profissionais) que os preparam não podem ser o caixote do lixo para onde se atiram os deserdados da sorte. Há dois lados nesta fraude: cursos mal concebidos e alunos mal-educados" - página 122
- "A ideia de que, em Humanidades, é possível aplicar testes de escolha múltipla é um crime... tudo fica reduzido a um jogo de sorte e azar". - página 131
- "É como se aos estudantes fossem apenas exigidas técnicas de copy & paste. Muitas vezes o que lhes é solicitado é que escrevam por palavras próprias, ou nem isso, o que está nas fontes e documentos dos enunciados dos exames". - página 157
- "Todos sabem, em cada escola, quem são os maus professores, os baldas, aqueles que não preparam aulas... mas falta a coragem para tomar a decisão de se lhes atribuir uma avaliação negativa". - página 169
- "Há o problema da uniformidade dos salários dos docentes, que faz com que os preguiçosos recebam o mesmo que os que se esforçam. Trata-se de uma assunto tabu para os sindicatos". - página 195
- "Entre o compadrio que possa existir quando as escolas são entregues às comunidades (especialmente devido à corrupção endémica das autarquias) e o MEC a escolha é difícil". - página 210
- "Há muitos professores nas escolas... que apenas têm 14 horas de aulas. Até se reformarem há, de facto, uma injustiça no interior da classe: ao lado de professores com imensos alunos, haverá outros com poucos". - página 249
Ficam apenas algumas das frases que constam do livro de Maria Filomena Mónica das muitas com as quais concordo. Um livro que aconselho a todos...