domingo, 12 de outubro de 2014

Um mês passou. E será que Crato aguentará outro mês no cargo? Custa a acreditar...

Há um mês atrás, Passos Coelho afirmava em Sernancelhe, na abertura do ano escolar, que a colocação de professores havia corrido melhor que no ano anterior e que tudo estava a correr dentro da normalidade. É claro que Passos Coelho, a leste do burocrático e complicado processo de colocação de professores, disse o que disse porque Nuno Crato certamente lhe havia dado garantias dessa normalidade. Ora, logo no próprio dia pareceu claro a todos que estaríamos perante o pior início de ano escolar desde há muitos anos e, a verdade é que, o que se tem lido e visto nos órgãos de comunicação social neste último mês em termos de notícias sobre Educação deveria fazer corar de vergonha quem tutela a pasta da Educação.
O Expresso notícia agora aquilo que muitos já suspeitavam: Nuno Crato colocou o lugar à disposição, mas Passos Coelho não aceitou. Não apenas devido à discussão do Orçamento de Estado de 2015, mas também por óbvios interesses político-partidários, numa lógica de estratégia eleitoral. Passos Coelho não quis dar parte fraca e fazer aquilo que a oposição exigia e que os comentadores políticos adivinhavam. 
Crato colocou o seu lugar à disposição. No entanto, o que deveria ter feito, caso tivesse (ainda) algum respeito pelos professores, alunos e pais afectados por tanta trapalhada e incompetência, seria, pura e simplesmente, sair pelo seu próprio pé. Demitir-se. Avisava Passos Coelho da sua decisão (irrevogável!!!) e dava-lhe algum tempo  para que arranjasse alguém que aceitasse a pasta da Educação. Pretendentes a serem Ministros é coisa que não falta neste país. E fazer pior que Crato seria difícil.
Resta saber até quando é que Nuno Crato se manterá no cargo. Custa acreditar que tenha coragem (ou deveria escrever "falta de vergonha"?) para se manter como Ministro da Educação até às próximas eleições legislativas. Seria único. Nem Miguel Relvas desceu tão baixo!!!
Passos Coelho tem agora como prioridade as próximas legislativas. Sabe que o próximo concurso de professores será fulcral para que o score da coligação não seja um desastre. Por isso (des)espera pela resolução dos problemas na Educação e na Justiça. Será que Passos está à espera do tempo certo para a remodelação (inesperada), por forma a substituir Crato e Teixeira da Cruz? Penso que sim. Custa-me acreditar que os consiga manter por mais um ano. Por isso, aposto que em Novembro (ou, o mais tardar, em Dezembro) teremos algumas caras novas no Governo. Claro que isso não limpa a face do Governo. Bem pelo contrário. Crato ficará marcado pela incompetência na abertura deste ano escolar e por ter implodido, não o MEC, mas sim o processo de colocação de professores e ainda por ter conseguido ultrapassar em arrogância e incompetência a "terrível" Maria de Lurdes Rodrigues.
Entretanto, vamos ver até quando é que continuamos a assistir a este contínuo e diário desenrolar de notícias sobre os erros e as confusões na colocação de professores a abrirem os telejornais e as capas de jornais. Uma coisa é certa: há que elogiar todos os jornalistas que não se têm cansado de mostrar à opinião pública até onde foi a incompetência daqueles que estão à frente do MEC. Só ainda não compreendi porque é que o Prós e Contras da RTP1 ainda não debateu o assunto da colocação de professores...
E lá vamos nós na quinta semana de aulas com milhares de alunos por esse país fora ainda com falta de professores a muitas das disciplinas. Na escola onde dou aulas faltavam ainda, depois de um mês de aulas, cerca de 10 professores. Tenho nove turmas e em todas elas há, pelo menos, um professor em falta. Nalgumas chegam a faltar três (de História, de Físico-Química e de EMRC). Custa a acreditar que tamanha trapalhada pudesse ser possível de ocorrer em pleno século XXI!

13 comentários:

Anónimo disse...

O facto de o 1º ministro ter afirmado que estava tudo a correr melhor do que no ano passado, sejam quais forem as circunstâncias, é SEMPRE (que fique bem claro isto) indesculpável, pois ele é o responsável máximo pelo governo, e bastava ter alguma atenção às notícias para saber que, não só não estava tudo bem, como muito menos estava melhor do que no ano passado. Aliás, bastava saber que os professores não iam ser colocados a 1 de Setembro, o que já se sabia que ia acontecer muito antes dessa data, devido aos vários atrasos.
De resto, concordo que devem ser elogiados os jornalistas que têm mostrado bem o que se está a passar. Se bem que possam na prática estar a trabalhar contra a nossa classe, e não a favor, pois a exposição de tudo isto pode ser (espero bem estar enganado) o pretexto ideal para os que querem entregar as escolas às autarquias. E todos sabemos o que isso quer dizer, certo?
Finalmente, uma pergunta que não tem nada a ver com este assunto: compreendo a apreensão do Pedro relativamente a tudo isto, e também ao que se passa na justiça. Mas só gostava de lhe perguntar se não tem nada a dizer sobre as mentiras relacionadas com o caso BES. Inicialmente, o 1º ministro e a sua acólita, a miss swaps, disseram que não ia haver custos para os contribuintes. Os burros (ou ingénuos, se não quisermos insultar tanto) acreditaram. Agora, já começam a admitir o óbvio, ou seja, que afinal pode e vai haver. Porque é que o Pedro não fala disto?? Não é relevante para o país, ou é apenas por ser um governo PSD e não PS? Lá vem o seu fanatismo outra vez...

Anónimo disse...

O Pedro sofre de partidarite e por isso só fala do Crato e não do nº1 o qual não é melhor que o Sócrates em nada - mentiroso, cínico, corrupto e incompetente. E, tal como o seu antecessor, despreza e achincalha os funcionários públicos esbulhando-os na carteira e na dignidade.
Estamos entregues à bicharada seja qual for a sua cor.Muito triste.
maria

Anónimo disse...

E porque é que não deve ser o Coelho a demitir-se? Importa-se de responder.

Agnelo disse...

Pedro, quantos professores faltam na sua escola?

Agnelo disse...

Peço desculpa. Já vi que são 10.
No meu Agrupamento, que é bastante grande, não falta nenhum.
Pense nisto:
Porque faltam professores em algumas escolas?


Anónimo disse...

Não deixa de ser irónico, falta professores nas escolas e muitos estão em casa porque não realizaram a PACC por motivos não imputáveis e foram excluídos dos concursos! Estamos a falar de professores PROFISSIONALIZADOS!! uns até com mestrado e doutoramento!!

Anónimo disse...

Não deixa de ser irónico, falta professores nas escolas e muitos estão em casa porque não realizaram a PACC por motivos não imputáveis e foram excluídos dos concursos! Estamos a falar de professores PROFISSIONALIZADOS!! uns até com mestrado e doutoramento!!

Professor revoltado disse...

Também acho muito estranho que no prós e contras ainda não se tenha debatido este assunto. Mas também não ia adiantar de nada.

Pedro disse...

Há quem insista em afirmar que os políticos são todos iguais e que termos Sócrates ou Passos Coelho à frente do Governo é igual. Não vou por esse caminho. Só sei que um contribuiu (e muito) para a desgraça do país, fomentando o despesismo e gastando o que não tinha, e que o outro (melhor ou pior, com mais ou menos austeridade, de forma mais ou menos correcta - gostos há muitos) está a tentar colocar o país na ordem. Claro que há tiques semelhantes: teimosia, prepotência... E claro que as falhas na Educação e na Justiça são indesculpáveis. Mas, daí a dizer-se que este é igual ao anterior vai, quanto a mim, uma grande distância. E não, não é partidarite... Quanto ao BES, a solução foi diferente da do BPN: este foi como que "nacionalizado", com os contribuintes a pagarem as falcatruas, enquanto que no BES são os bancos (e, claro, também a CGD) a parte da solução. Convenhamos que a solução encontrada foi bem diferente.
Quanto ao tema do post, discordo que Passos se deva demitir. Penso que deveria ter sido mais sério, demitindo Crato e a sua equipa. Mas, defender a demissão do Governo pelos erros na Educação e Justiça considero um exagero. Seria uma porta aberta para que futuramente tivéssemos governos de seis meses.
Caro Agnelo, a sua escola não tem contrato de autonomia, pois não? Não depende da BCE, onde ocorreram os erros mais graves. Está explicada a razão de ter os professores todos colocados...
Professor revoltado, até concordo consigo. Ninguém se iria entender no debate e com aquela moderadora pior ainda...

Anónimo disse...

"Só sei que um contribuiu (e muito) para a desgraça do país, fomentando o despesismo e gastando o que não tinha, e que o outro... está a tentar colocar o país na ordem." escreve o Pedro. Tenho de concordar que está a colocar o país na ordem. Na justiça e na educação, é uma ordem tal que acho que países civilizados como Suécia, Alemanha, etc, até devem estar a pensar em seguir o nosso exemplo... Pedro, por favor, pense um pouco antes de dizer barbaridades... Uma coisa é odiar o PS e o Sócrates (como eu, diga-se de passagem). Outra é não querer ver que o Passos e o seu PSD são o mesmo lixo, pois estão a conseguir fazer, sobretudo nestes 2 sectores (vitais) ainda pior do que o seu ódio de estimação. Ou será que consegue refutar isto???

Pedro disse...

Não há nenhum ódio de estimação. Apenas a constatação de que em 40 anos de democracia foram três governos de esquerda que nos obrigaram a recorrer ao FMI (1978, 1983 e 2011).
De resto, estes erros (indesculpáveis) na Educação e na Justiça não são suficientes, quanto a mim, para virmos dizer que o país está numa desgraça. Claro que são erros graves que mereciam a demissão de quem os tutela. Mas, em estado desgraçado estava o país há três anos atrás, depois de anos de governação PS em puro estado de graça (com valores médios de 7% de défice ao ano!), que nos levou onde todos sabemos... Haja memória!

Anónimo disse...

Pois é, Pedro... o PS esbanja o que temos e o que não temos, e o PSD aproveita na perfeição esse pretexto para pôr os trabalhadores a pão e água, levando a austeridade muito mais longe do que é necessário, escravizando as pessoas e obrigando-as a emigrar. E isso não é culpa do PS, é uma opção de governo. E depois ainda dizem, alarvemente, que esperavam que o consumo não baixasse tanto. Mas como é que as pessoas podem consumir, se não têm dinheiro para isso???

Agnelo disse...

Não é isso, Pedro. Só pedimos dois professores, ambos de Espanhol. E isso não depende de haver contrato de autonomia ou não. Só depende do dimensionamento do quadro.
A questão que ponho é porque é que há tantas escolas com quadro sub-dimensionado.