quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Mal-estar latente entre QA`s e QZP`s...

A publicação das listas de colocação referentes à Mobilidade Interna (MI) veio agudizar o mal-estar que já era evidente entre os professores vinculados a uma escola ou agrupamento e os que estão vinculados a um QZP.
Já por várias vezes aqui escrevi sobre este assunto. Para alguns não pensarem que apenas agora me queixo desta injustiça, basta lerem o que escrevi há um ano e meio aqui... Parece claro que o clima de tensão é bem evidente: basta ler os comentários incluídos no artigo anterior para perceber como se sentem os QA`s que estão vinculados longe das suas áreas de residência e que se vêem, ano após anos, "ultrapassados" por colegas menos graduados na fase dos destacamentos para aproximação à residência. É que convém não esquecer que muitos destes QA`s estão efectivos longe das suas casas porque a isso foram obrigados quando há uns anos atrás o MEC obrigou os QZP´s a concorrerem para efectivar numa escola, tendo em vista o fim dos QZP´s. Os governos mudaram, as regras mudaram e agora parece evidente que o MEC pretende ter o maior número possível de docentes afectos a um QZP para reduzir o número de professores contratados. E quem fica prejudicado com esta situação toda são muitos dos QA`s que se vêm "ultrapassados" por colegas QZP`s menos graduados...
É claro que os professores QZP`s que saem beneficiados com as actuais regras injustas não têm culpa dessa situação. Não cometem nenhuma ilegalidade e apenas usufruem das regras existentes. E é claro que nem todos os QZP`s conseguem ficar próximos das suas áreas de residência, mesmo concorrendo na 1º prioridade na fase da MI. Há casos para todos os gostos...
Mas, nota-se que aqueles colegas que estão vinculados a um QZP e que nesta fase dos concursos concorrem na 1º prioridade, com uma graduação muito abaixo de colegas QA`s e que, fruto das regras existentes, ficam próximos das suas casas, muitas vezes, com componentes lectivas que não chegam a 10 horas semanais, esse colegas QZP`s, dizia, parecem andar comprometidos com a situação. Sentem que beneficiam de algo que, em termos de ética profissional, é injusto. Pelo menos é isso que tenho constatado ao falar com colegas com pouco mais de dez anos de serviço, que estão vinculados a um QZP e que, concorrendo na 1ª prioridade na MI, passam à frente de colegas QA´s muito mais graduados e que, ano após ano, vêm cada vez mais longínqua a hipótese de ficarem destacados mais próximo das suas famílias.
É que, convenhamos, quando analisamos as listas da MI e verificamos que no nosso grupo disciplinar dezenas de colegas menos graduados passam para a 1º prioridade porque estão vinculados a um QZP (queixando-se que não têm escola) e depois conseguem, ano após ano, um horário, muitas vezes com pouco mais do que oito horas lectivas, numa escola bem perto das suas áreas de residência, a palavra que mais se ouve nas conversas entre professores é "injustiça"...
Já não bastava o mal-estar que, muitas vezes, é bem notório nas nossas escolas entre professores mais velhos e menos velhos (por causas dos salários auferidos) ou entre colegas efectivos e colegas contratados (por causa do tipo de turmas que lhes são distribuídas), agora temos o "conflito" entre docentes QA`s e os que são QZP`s. 
Com um novo Ministro da Educação (a questão dos concursos foi um dos pontos negros da governação de Nuno Crato durante estes quatro anos)  pode ser que as regras concursais mudem. Aliás, urge reformar por completo os procedimentos de colocação de professores. É que também nas BCE`s, a confusão é total... Mas, também seria importante que os sindicatos se mexessem...

11 comentários:

Anónimo disse...

Está a ver?
Não doeu assim tanto pois não?
É isto que deve ser dito:

- Graduação profissional como primeiríssimo critério!

Falou também das BCE (eu chamar-lhes-ia BSE uma vez que é um concurso de loucos), mas esqueceu-se das AEC's.

NENHUM destes concursos deveria, sequer, existir!

Lembra-se dos mini-concursos? Se já eles raiavam a loucura isto é completamente insano, com a agravante de ser a multiplicar por três! Apesar de tudo, relativamente aos mini-concursos, eram bastante mais justos, eram um totoloto, mas respeitava-se a graduação profissional.

Apontou, de facto, o dedo aos culpados, mas de uma forma muito «soft», remetendo parte das culpas para os sindicatos. É verdade, também eles têm uma grande parte da culpa, no entanto não se esqueça que os sindicatos somos nós e, perante propostas mais arrojadas e baseadas no cumprimento escrupuloso das nossas funções, nós, repito, nós simplesmente não queremos! Logo, a força dos sindicatos é cada vez menor, quer porque nós não temos coragem para realizar acções significativas, quer porque os colegas cada vez mais descontentes com a crescente redução de força dos sindicatos se desvinculam dos mesmos, redundando em efeito bola de neve.

Conclusão - se continuarmos assim estamos entregues aos bichos, não é só no boletim de voto que podemos mudar as coisas, é através de acções a nível nacional que tenham impacto efectivo naquilo que fazemos, ao mesmo tempo que mostra ao público em geral a importância do nosso trabalho e as condições em que o desempenhamos.

Anónimo disse...

O Nuno Crato é o ponto negro da história da educação em Portugal!

Um colega disse...

Excelente artigo Pedro. Deveria ser de leitura obrigatória para a dupla Crato e Nogueira.

Anónimo disse...

Todos sabemos a quem interessa a divisão e o mal-estar existente na nossa classe.

Anónimo disse...

Sendo que a situação é tão obviamente injusta, e já dura desde 2004 (eu sei, porque é desde essa altura que fui obrigado a ir para a escola onde sou efectivo, pois nunca mais consegui destacamento) pois nem PS nem PSD mostraram até aqui vontade de mudar, só posso pensar que isso é (mais) uma forma de dividir para reinar, saindo a fava aos QA/QE e o Euromilhões aos QZP.
A ideia inicial, em 2004, penso que seria evitar que os QZP's das zonas mais apetecíveis ficassem sem horário, pois os colegas QA/QE pediam destacamento para essas zonas e ocupavam as vagas disponíveis lá, ficando os QZP's em horário zero, e libertando as suas vagas de QA/QE em zonas menos procuradas, que muitas vezes iam para professores contratados, o que era ruinoso para o estado.
No entanto, a partir do momento em que é permitido a um QZP concorrer para qualquer ponto do país (ainda por cima, antes de ser obrigado a concorrer às escolas da zona a que formalmente pertence), essas prioridades são uma aberração.
Já era tempo de a Fenprof (nem falo da FNE, pois esses só servem para dar o aval a qualquer patifaria do governo, arruinando o esforço da Fenprof) negociar com o MEC e exigir a mudança. Caso contrário, os colegas QA/QE prejudicados deviam argumentar que abandonariam o sindicato.

Pedro disse...

O último anónimo refere aquilo que já aqui referi tantas vezes: quantos mais QZP`s o MEC tiver menos irá necessitar de ter contratados no sistema; por isso a manutenção deste sistema de colocações tão injusto. E quem se "lixa" são os QA´s que estão longe de casa...

Anónimo disse...

AAAAaaaAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaAAAAAAAaaaaaaaaaAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
CHEGUEI.............. SOU O BICHO PAPÃO QZP E VOU-VOS COMER AS VAGAS TODAS, TODAS, TOOOOOOOOOOOOOOOOODAAAAAAAAAAAAAAAAAAAASSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!

Anónimo disse...

Truque para aproximar à residência de forma limpa, legal e, ainda por cima, mudando de lugar de quadro.
Com tantos anos de serviço vamos conhecendo os colegas do nosso grupo disciplinar, quanto mais não seja pelos nomes associados às suas preferências de colocação.
Agora observem o seguinte, baseado em casos que conheço, o colega A, efectivo numa escola em Lisboa, pretende colocação em Bragança por ser a sua residência; o colega B, efectivo em Bragança, pretende mudar para uma escola de Lisboa pelas mesmas razões.
A, após análise das listas respeitantes a vários anos lectivos, verificou que B concorria sempre para Lisboa e entrou em contacto com ele.
Concordaram concorrer no concurso interno, tendo cada um concorrido APENAS à escola do outro.
Resultado, permutaram definitivamente de lugar de quadro.
Isto funciona mesmo, independentemente da graduação profissional e independentemente do número de candidatos aos lugares de A e B, pois A só muda de B desocupar a vaga e vice-versa.
Conheço seis casos destes e de certeza que há muitos mais.
Quem é amigo, quem é?
Para o ano já sabem! Comecem a fazer trabalho de casa.

Anónimo disse...

Já agora, convém que nenhum tenha horário zero!

Anónimo disse...

Que truque tão engenhoso! E por acaso pode indicar-me um igualmente infalível para mudar de uma escola do interior para uma escola do litoral, quando nenhum colega QA/QE do meu grupo de docência quer sair dessa zona do litoral, muito menos para a zona da minha escola, situada no interior?
Sabe que falar é fácil, amigo...

Anónimo disse...

Pois, se você fica num sítio onde ninguém quer ficar...
Agora, que é infalível, é! Só precisa de duas pessoas que entrem em consenso.
Se pesquisar listas de mobilidade de dois ou três anos a esta parte é provável que encontre quem esteja interessado em ficar na sua vaga, por vezes, aquele que está no litoral pode ter interesse em ficar no seu lugar pela simples razão de ficar a menos quilómetros de casa.
Agora, que é realmente engenhoso e infalível, é!
Como referi anteriormente conheço casos de colegas nossos que o fizeram, num dos casos até houve denúncia de outro colega, muito mais graduado, por considerar ter havido «falcatrua», mas como é óbvio não deu em nada!
Que também dá trabalho, dá com certeza, se vale a pena? A mim parece-me nitidamente que sim!