segunda-feira, 16 de outubro de 2006

As razões que me levam a não aderir à greve

1. Os sindicatos da Educação nunca lutaram por alterar o actual sistema de avaliação de desempenho dos professores, o que lhes retira toda a credibilidade quando dizem defender uma avaliação rigorosa e exigente;
2. Só agora os sindicatos se unem num único propósito, depois de durante anos terem adoptado a estratégia de dividir para reinar, quase sempre em proveito próprio;
3. Este tipo de estratégia não terá quaisquer efeitos na acção da tutela, até porque a maioria da opinião pública está com o Governo e "contra" os sindicatos;
4. Defendo uma alteração completa do actual Estatuto da Carreira Docente e, embora não me reveja totalmente na proposta governamental (sobretudo em relação às cotas e à divisão da profissão em duas carreiras), sou apologista da elevação dos critérios de avaliação de todos os intervenientes na Escola Pública (alunos, professores, tutela e pais);
5. Tenho opinião própria, dando-a a conhecer aqui no meu "cantinho".

25 comentários:

Frederico Lucas disse...

Parabéns!

Não basta estar contra: É preciso saber qual o caminho que se pretende e defendê-lo antes de contestar as atitudes alheias.


Um abraço

João Paulo Silva disse...

Boas,
não me surpreende a tua posição e reitero a admiração pela tua frontalidade não podendo discordar mais dela.
Acho que é uma acção que manifesta uma total incoerência da tua parte, por tudo o que tens aqui (e ali) escrito.

Se os sindicatos estão não estão unidos, é porque estão separados... Se estão unidos, enfim... Permite-me que com toda a frontalidade diga que talvez fosse possível encontrar argumentos melhores.

Nos próximos dois dias ninguém pode deixar de fazer Greve, ou antes, todos vamos fazer GREVE - uns ao lado dos Professores e outros ao lado da Ministra.

Se a ti não te faz diferença ser usado pela Ministra como um professor que concorda com ela, a mim faz... e muita!

Ah! Também não concordo com a proposta de ECD! E tu?

JP

amigona avó e a neta princesa disse...

Que pena! Entre os professores e o Governo tu escolhes estar ao lado do governo! E é porque há OUTROS como tu que os resultados não são melhores! Não é à 2ª, não é à 6ª, até estão várias organizações, mas enfim tu não estás!!!! És sempre do contra, a não ser no dia que TU decidas fazer sozinho... mas até aí continuas a ser do contra... acho que tudo aquilo que vem aí de mau devia ser para os professores que aceitam as propostas...os outros, os que lutam para que TODOS fiquem melhores deviam ficar de fora... desculpa Miguel a minha frontalidade mas, hoje, desiludiste-me - MUITO!

henrique santos disse...

Miguel
apenas uma pergunta: quando é que estarias disposto a fazer uma greve de professores?

Nan disse...

Não sei ler pensamentos, mas arriscava-me a responder pelo Miguel: Nunca!
Sabe, Henrique, são formas de luta proletarizantes, cheiram a comunismo os professores não são proletários, são uma elite intelectual e tal e coisa...

Pedro disse...

Caro JP, perguntas-me se concordo com a proposta de alteração do ECD. Se leres alguns dos meus artigos anteriores poderás concluir que discordo de algumas das propostas da tutela (imposição de cotas e divisão da carreira). No entanto, também me revejo noutros pontos de vista do Governo, sobretudo em termos de elevação dos crtérios de exigência e responsabilização profissional.
Amigona, esta greve não implica que se opte por estar do lado dos sindicatos ou do Governo. Há quem pense pela sua cabeça e não se reveja totalmente em qualquer destes dois intervenientes...
Quanto à questão do Henrique, poderei dizer que colocaria a hipótese de fazer greve se a credibilidade da nossa classe fosse uma realidade e, em vez de termos sindicatos que apenas agora se unem, desde sempre tivessem tido uma posição de união e de defesa do rigor do desempenho docente (nunca os ouvi fazer pressão junto da tutela para alterar o actual sistema de avaliação do desempenho docente)...
Cara Catarina, a greve é um direito que te assiste, mas só o tornarás num direito credível se respeitares aqueles que optam por outro tipo de manifestação das suas ideias...
Abraço a todos!

Nan disse...

E eu desrespeitei-o? Limitei-me a sugerir que você nunca fará greve. Da primeira vez que fizer greve, você pode postar aqui a dizer-me: «Nhã! Nhã! Toma! Toma!». Não me sentirei minimamente desrespeitada. Até lá, estou a acertar. E já pensou que os benefícios que se obtêm (e obtiveram) com todas as greves que você não fez, são benefícios também para si?

IsaMar disse...

Olá...
Concordo plenamente contigo!
Acabei de chegar do Infantário...não fiz greve! Nem vou fazê-lo amanhã.
Fica bem e beijinhos para todos.

Pedro disse...

Cara Catarina, quando afirma que as greves "são formas de luta proletarizantes" e que "cheiram a comunismo" está a desconversar e a avançar com "indirectas" e "bocas" que tentam atingir aqueles que não fazem greve. Ora, essa atitude não é séria...
Quanto aos benefícios que durante muitos anos se obtiveram por via da pressão sindical, apenas lhe direi que discordo de muitos: por exemplo, os privilégios que os docentes do 1º ciclo tiveram durante muitos anos de se poderem reformar ao fim de 30 anos de serviço, a lógica da redução da componente lectiva aos professores que mais ganham ou a inexistência de uma avaliação séria do desempenho docente. Se concorda com esses privilégios, eu discordo...

Miguel Pinto disse...

Como é óbvio não está aqui em causa a discussão de um direito fundamental que é o direito da não adesão à greve. O que está aqui em causa é a análise dos argumentos que evocas para o exercício desse direito!
. Nos pontos 1 e 2 deslocas para os sindicatos o ónus da responsabilidade pelos efeitos perniciosos da proposta de revisão do ECD ao invés de se responsabilizares a equipa ministerial que quer impor um documento que tu condenas globalmente. Esta incoerência reflecte uma forma alienada de olhar para o que está em discussão e parece revelar um inócuo ajuste de contas com os sindicatos.
. No ponto 3 refugias-te aprioristicamente nos resultados desta luta colectiva! Ao invés de partires dos resultados de lutas do passado, nomeadamente, aquelas lutas que possibilitaram a conquista de direitos que ainda não te vi questionar, nomeadamente, a duração da carreira e a carreira única. Lançar a toalha ao chão é a atitude mais fácil, mais cómoda e a menos onerosa para o orçamento individual.
. No ponto 4 defendes as posições que os sindicatos consideram essenciais e que foram determinantes para a convocação desta forma de luta, designadamente, as cotas e a divisão da profissão em duas carreiras. É, no mínimo, incoerente.
. No ponto 5 afirmas que não fazes greve porque tens uma opinião própria. Não entendo o que queres dizer. Como sabes, há colegas que declararam fazer greve nos seus blogues. Só as minorias é que têm opinião própria? Não entendo…

João Paulo Silva disse...

Meu caro,
não queria ser mais um a bater, até porque respeito em absoluto o teu direito.

Gostaria é de perceber melhor... É que creio haver em ti uma divergência de fundo sobre a forma de luta - não devo estar enganado se pensar que nunca fizeste uma greve, certo? Vais ver que depois da primeira não vais querer outra coisa eheheh E amanhã é um bom dia para começar...

Nan disse...

Quem se declarou contra formas de luta proletarizantes foi você, aqui, há uns meses. Não inventei nada! Quanto aos tais «privilégios que os docentes do 1º ciclo tiveram durante muitos anos de se poderem reformar ao fim de 30 anos de serviço», tenha juízo! Imagina o que seja o trabalho dos docentes do 1º ciclo? Os «muitos anos» começaram em setenta e muitos! E atendendoa que, por lecionarem em regime de monodocência, não podem ter redução da componente lectiva, é apenas uma pequena compensação. Claro que você também não concorda com a redução, por idade, da componente lectiva. Espere até ter 45, 50, 60 anos, e depois falaremos!Quanto à «inexistência de uma avaliação séria do desempenho docente», que culpa têm os sindicatos se os Conselhos Pedagógicos são negligentes a fazer o seu trabalho? Eu sempre apresentei os relatórios necessários, sempre me disponibilizei para os discutir, sempre frequentei as acções de formação necessárias e sempre no ramo em que lecciono. Acha mesmo que algum Conselho Executivo ou Pedagógico será capaz de, em tempo útil, ler e analisar, com a mesma seriedade e profissionalismo que o ME diz exigir aos professores, a verdadeira montanha de papel em que consistirá a futura «avaliação»?
Sem os sindicatos, sem a luta que outros travaram por si, você ainda hoje leccionava 36 ou mais horas por semana, as professoras ainda não teriam licença de parto, nenhum professor teria direito ao subsídio de desemprego, o estágio seria pago pelo estagiário e a maioria dosp rofessores reformar-se-ia ao fim de 50 anos de trabalho precário, como provisório. Não faça greve, não lute, mas não amesquinhe a luta dos outros, nem apouque o que também você ganhou com ela.

Anónimo disse...

Tal como o meu caro [permita-me a familiaridade do termo] também existem princípios contidos nesta proposta de ECD com os quais concordo... isto não significa o mesmo que... "concordo com alguns pontos do ECD".
Para mim são questões diametralmente opostas.

Sim, creio que a avaliação de desempenho tenha de ser repensada, a actual não promove o sucesso profissional e, sobretudo, não beneficia os que dão muito de si em prol dos míudos e da escola.

Sim, creio que alguma coisa teria de ser feita em termos de redefinição de práticas e conceitos. Não era comportável continuar-se 'a ladrar' vendo a caravana 'da penúria educativa' a passar.

Concordo consigo quando deixa transparecer nas suas palavras [julgo eu] que, em determinadas ocasiões, foram outros interesses a guiar as acções dos sindicatos do que as reais necessidades e exigências dos seus representados [o mesmo se passa noutros sectores de actividade].

Defendo que devam ser criadas outras formas de representação dos professores que não passem pelas organizações sindicais, cujas acções são sempre sujeitas e leituras e interpretações dúbias.

No entanto, qualquer que fosse a intenção desta proposta de ECD, o dito deveria ser honestamente discutido com quem [à falta de melhor] 'representa' a classe docente. Sem fazer aqui um imaginativo e fastidioso recurso à lei laboral, apenas refiro o direito à negociação colectiva de matérias relativas à carreira. O que, de facto, não me parece que esteja a acontecer.

No entanto, embora não concordando, percebo o seu ponto de vista relativamente à não adesão à greve...

... e como também sei pensar pela minha própria cabeça [penso que ao ter dito isso não quis dar a entender que os que fazem grave não pensam pela sua]irei fazer, pela terceira vez na minha carreira, greve.

Anónimo disse...

Se você é tão contraditório a dar aulas, como a exprimir as suas opiniões, coitados dos seus alunos.
Não sei como ficará a sua consciência se no caso de existir alteração, às propostas do E.C.D. feitas pelo M.E., as quais você n concorda. Penso k o melhor seria estas não o contemplarem.
Sinta-se mais Professor.
Outro conselho (deve ser muito jovem) procure informar-se da luta k existiu para chegar ao E.C.D. existente e ver o k existia antes.

Pedro disse...

Hoje fui muito criticado aqui no blogue (por acaso na escola ninguém me criticou por não fazer greve) por revelar as razões que me levam a não aderir à greve. No entanto, sei distinguir a critica construtiva da critica "cega"...
Assim, vejo-me obrigado a elogiar a forma séria como o Luís (LMML) comentou o meu ponto de vista. Que sirva de exemplo a todos os que, neste período de greve, se deixam levar em demasia pela emoção. Penso que são os casos da Catarina e do "luisconcentra"(?)...
Ao Miguel direi que questiono muito do que está instituído actualmente no sistema educativo e
que foi conseguido por pressão dos sindicatos. É só ler o meu anterior comentário neste artigo para ficar do que falo.
Finalmente, apenas para dizer à Catarina que não penso ter amesquinhado a sua luta e de outros colegas que fazem greve, até porque muitos dos que fazem greve não são sindicalizados, nem se revêem nestes sindicatos. Agora, penso ter a liberdade para afirmar que não me revejo nestes sindicatos. Sempre fui a favor de uma Ordem dos Professores e da existência de apenas um sindicato que fosse credível e forte para conseguir uma eficaz defesa dos direitos laborais dos docentes...

amigona avó e a neta princesa disse...

Claro que cada um tem direito à sua opinião mas isto serve sempre para os dois lados, não é?

Como posso vir aqui ao seu "cantinho" aqui vim para, mais uma vez, exprimir a minha opinião... vale o que vale e esqueça o que lhe disse... sei que não vai aprender nada comigo ... talvez a vida lhe ensine alguma coisa, só espero que não seja demasiado tarde...mas é triste ver alguém desperdiçar a capacidade de aprender...mas enfim o Miguel é que sabe da sua vida, no entanto não vive sozinho e o Mundo, quer queira ou não será desta ou daquela maneira conforme o que os HOMENS fizeram... (acho graça ao ler o que diz sobre a Ordem... quem lhe disse que seria uma coisa boa? tem a certeza? Jura?) Como lhe disse Miguel tenho pena, hoje EU ACHO que não foi professor... hoje esteve ao lado do Ministério, ao lado dos que não respeitam os professores... foi só isso mais nada... mas não ligue é só a opinião de alguém que foi professora durante 36 anos, fez tudo o que soube para ter uma vida melhor e agora vejo roubar o que nos custou tanto a ganhar... não ligue, se calhar era bom voltarmos ao tempo da pré-história... fique bem Miguel, felicidades para si, apesar de achar que não faz muito por isso...

Nan disse...

«que não penso ter amesquinhado a sua luta e de outros colegas que fazem greve, até porque muitos dos que fazem greve não são sindicalizados,» Aqui é caso para dizer que não diz a bota com a perdigota. Não tem que se ser sindicalizado para fazer greve. Limitei-me a demonstrar-lhe que a luta (dos sindicatos e dos professores não sindicalizados) obteve melhores condições de trabalho para todos, mesmo aqueles que não lutaram. Você incluído, que escreveu aqui que os sindicatos tinham apenas conseguido «privilégios» com os quais não concorda.
«Sempre fui a favor de uma Ordem dos Professores e da existência de apenas um sindicato que fosse credível e forte para conseguir uma eficaz defesa dos direitos laborais dos docentes... » é engraçado (e lamentável) para mim, que sou bastante mais velha e me lembro, portanto, de muito mais coisas, que, quando o Governo incentivou a multiplicação de sincatos de professores, com o propósito de virar unscontra os outros, os miguéis dessa altura todos se insurgiam contra o SP (actual SPGL) que sustentava a necessidade de os trabalhadores do ensino se unirem num único sindicato. Ironias!

Anónimo disse...

Caro Miguel, espero que não se importe: fiz uso de algumas palavras do seu post no LdP... citando-o devidamente, como é óbvio.

Caso tenha alguma objecção faça-me chegar aos 'ouvidos' que eu retirarei imediatamente o post.

Anónimo disse...

desculpem lá, "cotas" ? De "cotação", "cotar"? Ou "quotas"? Apenas uma dúvida de um leigo na matéria...

Pedro disse...

Resposta à "máquina zero":
Cota é um substantivo feminino que vem do Latim quota e que significa:
quinhão;
prestação;
determinada porção;
quantia com que cada indivíduo de um grupo concorre para um fim determinado.
Ou seja, tem relação à matéria aqui discutida, tanto se pode escrever quota, como cota!
Aliás, convém esclarecer que o que acontece é que a palavra "quota" se pode escrever "cota". Mas, nenhuma das palavras "cota" se pode escrever "quota". Espero que o tenha esclarecido da melhor forma...
Abraço

AnaCristina disse...

Miguel:
Depois de ter lido a pancada que levaste aqui no Blogue, deixa-me dizer-te EU FIZ GREVE mas fui apelidada de grevista em part-time.

Que se lixe! O que interessa é que fiz o que a minha consciência disse...

Não fizeste greve! E daí? Agiste de acordo com a tua consciência, o que para mim é motivo de parabéns...

Um abraço

maria disse...

Depois de muito hesitar acabei por fazer greve porque me sentiria mais incomodada não fazendo. Li as suas razões para não fazer. Também me enerva a atitude dos sindicatos que usam os representados para tretender atingir objectivos que não sáo os que interessam tirando-lhe, como diz, credibilidade.
Concordo que muita coisa está errada na carreira docente - a entrada na profissão, a passagem quase só por antiguidade, acções de formação todos fazemos e sabemos como são muitas delas,o sermos todos iguais na progressão, sejamos bons ou maus profissionais.
Tenho dúvidas é se esta proposta do ministério irá ser mais do que obter umas economias para reduzir a despesa com o funcionalismo sacrificando o bom ambiente nas escolas e a resolução dos problemas do nosso sistema de ensino.

armanda disse...

Bem me parecia, Miguel; é muito jovem!(fui espreitar o seu perfil). Eu que trabalho há 22 anos e que tenho 45 de idade e que iria começar a usufruir da redução da componente lectiva, agora, considero completamente injusto que me tenha sido retirado esse direito. Vai ver que, daqui a 15 anos, se cansará muito mais a dar as suas aulas; que a capacidade de concentração diminuirá; que demorará mais a fazer tarefas como preparar aulas e corrigir testes, por exemplo. Nós trabalhamos com pessoas, cheias de energia, espectaculares quase sempre, mas que exigem muito de nós e que nos desgastam. No meu caso particular, numa escola com dois mil alunos, mas que foi construída, há 15 anos atrás, para mil. E nem um Polivatente tem! Nem imagina a confusão, principalmente em dias de chuva!...
Para terminar: estou convencida que a principal intenção do ministério é poupar e a dos professores que não fizeram greve também. E ao não fazê-lo todos perdem, enquanto que todos poderão lucrar com os que fazem greve.

Anónimo disse...

Parabéns, Miguel!
Eu também não fiz greve, por razões muito próximas das suas, não totalmente coincidentes, porém.
É interessante ver quem trabalha com a razão e quem trabalha com a emoção.
É interessante observar que alguns dos que aqui reclamam diálogo, partem para o insulto fácil e até expulsam colegas dos seus blogs, privando-os de comentar seja o que for. Viva a democracia!

Anónimo disse...

Eu tb não fiz greve. Ainda não me pronunciei publicamente contra os sindicatos por questão de estratégia, mas cheiram a peixe podre. Quanto ao resto, explico tudo no meu blogue:
http://paideia-idalinajorge.blogspot.com/
E o Miguel não tem nada que explicar a quem quer que seja em que condições fará greve.