segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Quais as consequências dos rankings?

Depois de há três semanas muito se ter falado e escrito sobre os rankings das escolas resultantes das avaliações tidas pelos alunos nos exames nacionais, o tema agora em voga é o das avaliações dos professores. Ora, convém esclarecer que o mais importante sobre os rankings ficou por dizer e escrever...
Apenas o jornal Público, uma vez mais, se prestou ao trabalho de fazer uma profunda reflexão sobre o que realmente está por trás dos resultados obtidos pelos alunos aos exames do secundário e a sua seriação por escola e distrito. Fizeram-se muitas reportagens nas "melhores" e "piores" escolas, nas públicas e nas privadas, mas será que o Ministério da Educação se interessou em fazer uma análise atenta dos resultados dados a conhecer. Não me parece...
Durante pouco mais de uma hora debruçei-me sobre os resultados obtidos pelos alunos da escola onde dou aulas de Geografia há já quatro anos. Uma análise atenta aos resultados das seis disciplinas com mais alunos levados a exame nos últimos dois anos na minha escola permitiu-me chegar a duas conclusões deveras pertinentes:
1. As disciplinas de História e de Geografia são aquelas que dão um melhor contributo para os resultados da escola, com classificações nos exames bem acima da média nacional (ver o 1º quadro). As outras quatro disciplinas apresentam resultados abaixo da média nacional, algumas delas com valores, no mínimo, preocupantes.
2. Quer no ranking nacional, como no ranking distrital, a minha escola obtém resultados bastante positivos às disciplinas de História e de Geografia, bem diferentes dos resultados verificados com as outras disciplinas, com destaque pela negativa para a de Matemática (ver o 2º quadro).
Razões? Não acredito na mera casualidade. Porventura, este sucesso a História e a Geografia advém de um trabalho que vem já do 3º ciclo do ensino básico e que baseia o ensino aqui ministrado, pelo menos no que diz respeito à Geografia, na prossecução de uma estratégia de exigência e rigor nas competências exigidas aos alunos.
Curiosamente, nos últimos anos, a disciplina de Geografia tem sido aquela que, na minha escola, tem tido piores performances a nível interno no que diz respeito às classificações obtidas pelos alunos no 3º ciclo. Mas, o facto de termos a Geografia mais negativas do que a generalidade das disciplinas da escola não tem de ser, forçosamente, sinal de desleixo, incúria ou mau ensino ministrado. Bem pelo contrário. Pode ser (e na minha opinião é) sinal de exigência e seriedade. Ou seja, será que são os professores de Geografia da minha escola que são muito exigentes ou os demais é que não exigem tanto??? A verdade é que, nos últimos dois anos, a fazer valer nos resultados obtidos pelos alunos no exame nacional de Geografia A, aqueles que têm chegado ao ensino secundário parece já levarem uma boa "bagagem" de conhecimentos adquiridos em anos de escolaridade anteriores, permitindo-lhes ter bons resultados a nível nacional. À custa de quê? Muito simples: à custa da elevação do nível de exigência... Quando em 2007 levei os "meus" alunos ao exame de Geografia A foi com imensa satisfação que os vi alcançar resultados bem acima da média nacional. Claro que eles se portaram bem no exame não só porque "exigi" deles ao longo dos dois anos de Geografia, mas também porque já vinham com bons pré-requisitos, por acção dos professores de Geografia que tiveram no ensino básico. E, claro, também devido ao empenho e determinação dos próprios alunos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Uma excelente conclusão sobre os resultados dos rankings. Parabéns aos alunos e ao professor que os soube levar a bom porto.Gr. Abraço

A Professorinha disse...

Pois... isso é a nossa ideia: que com exigência os alunos melhora... Já o governo pensa o contrário... enfim...