sábado, 20 de abril de 2013

E que tal uma análise fria e racional sobre as vagas?

Saiu a lista das vagas colocadas a concurso e parece que meio-mundo só agora acordou para a realidade. Será que esperavam milhares de vagas positivas e o fim das vagas negativas? Sinceramente, não percebo tanto espanto com as vagas que foram dadas a conhecer...
Sobre este assunto, penso que será importante fazer aqui uma breve análise do que, na minha opinião, é a estratégia do Ministério da Educação e Ciências (MEC) em relação ao concurso de professores. Para isso, atente-se à tabela que coloquei aqui ao lado.

Vários pontos há a reter:
1. No concurso do ano passado foram indicados para DACL um total de 14854 docentes, em resultado das medidas tomadas pela tutela: agregação de escolas, mudanças nas regras da distribuição de serviço, alterações nos currículos, entre outras;
2. Sabemos que a maior parte destes 14854 colegas indicados para DACL conseguiram ficar com componente lectiva, dado que o MEC permitiu que um professor em DACL com apenas 6 horas lectivas deixasse de ser dado como DACL;
3. Apesar das instruções do MEC terem, no início do ano lectivo, reduzido drasticamente o número de colegas em situação de DACL, só entre Setembro e finais de Dezembro de 2012 foram efectuadas quase 15 mil contratações de colegas (umas com horário cmpleto até final do ano, outras incompleto para todo o ano, outras para substituições temporárias, etc.);
5. Assim, tendo em conta os factos e números atrás apresentados, não é de espantar que o número de vagas negativas (lugares de escola excedentários em relação ao número de professores do quadro registados há 4 anos atrás) tenha sido de 12003. Ainda por cima, há que compreender a opção dos Diretores das escolas (os responsáveis pela indicação das necessidades reais das escolas) em não "inventarem" vagas. 

Há que ser realista e perceber que, neste concurso, a preocupação do MEC é a de racionalizar (e não desperdiçar) os recursos humanos de que dispõe; daí que se compreenda  que o número de QZP`s tenha sido reduzido de 23 para 10, por forma a permitir que a mobilidade interna se efective, reduzindo ao máximo a necessidade de se recorrer a contratações.
- o alargamento das áreas de QZP, por forma a que quem não tenha componente lectiva possa suprir uma necessidade numa escola do seu QZP que antes seria ocupada por um colega contratado (tínhamos situações em que colegas com horário zero ficavam assim durante todo o ano e não iam para uma escola situada a pouco mais de 50 kms apenas porque esta se localizava num outro QZP, levando à injustiça de se ter um colega sem serviço "substituído" por um docente contratado);
- a necessidade de ajustar o número de vagas colocadas a concurso às reais necessidades das escolas, flexibilizando o processo de mobilidade interna dos docentes do quadro, apesar de, nesta altura do ano, ainda ser cedo saber-se, em concreto, o número de professores necessários por disciplina, pelo que a lógica é que os Directores indiquem apenas as necessidades que correspondem a certezas (quase) absolutas.

Contudo, isto vai originar um problema que se coloca sempre que há concurso geral: depois das matrículas feitas e da constituição das turmas, haverá ainda horários completos que não foram postos a concurso e que irão "sobrar" para os colegas que estarão indicados para DACL, muitos deles com graduação inferior, originando aquele tipo de situações que todos conhecemos: colegas menos graduados com horário-zero que ficam colocados mais perto de casa do que colegas mais graduados de quadro de escola que por terem horário na sua escola de provimento não conseguiram ficar perto de casa porque a vaga não foi indicada para concurso...
Apesar de tudo, parece-me claro que quando saírem os resultados deste concurso interno serão poucos os colegas a conseguirem mudar de escola, sendo de esperar que muitos QZP`s não sejam providos em quadro de escola e que alguns milhares fiquem em DACL, tal como aconteceu há um ano atrás. Mas, também me parece que o MEC vai indicar o mesmo que indicou há um ano atrás: que um docente possa deixar de ser DACL por conseguir ter 6 horas de componente lectiva, o que irá reduzir substancialmente o número de colegas em DACL. Posteriormente, ao longo do 1º período de aulas, estou certo que o número de colegas em DACL irá reduzir-se substancialmente, em consequência das necessidades provisórias que antes eram ocupadas por colegas contratados e que para o ano serão ocupadas por colegas em horário-zero, dada a obrigatoriedade destes terem de concorrer a uma área geográfica maior.

- o número de contratações, nos próximos anos, será cada vez menor;
- os professores do quadro terão de ser suficientes para suprir as reais necessidades das escolas, mesmo que para isso se alterem regras ao nível das áreas geográficas a que os colegas em DACL têm de concorrer, embora possam ocorrer situações injustas (já atrás descritas);
- acredito que os despedimentos não irão chegar a nenhum professor do quadro.
Há quem compreenda em que situação está o país. Também há quem não compreenda ou se negue a querer compreender. Continuo a pensar que não haver professores em situação de mobilidade especial é possível e, caso de concretize, motivo de satisfação. Tal e qual como está o país e o que nos espera nos próximos anos é melhor, como diz o povo, "um pássaro na mão do que dois a voar".
Por último, hoje ouvi na RTP Informação o presidente da ANDAEP (Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas) explicar toda esta situação que rodeia os concursos dos professores. Em 5 minutos esclareceu muito melhor que o Mário Nogueira em 30 minutos: foi claro, conciso, directo e assertivo. Seria bom que todos o ouvissem para perceber que, nestes tempos difíceis que se vivem, não se podem esperar milagres... 

24 comentários:

Paulo Jorge Izidoro disse...

Tudo muito lindo. Chato é os diretores virem negar isto tudo!
Fico a aguardar a sua explicação no novo artigo!

Directores dizem que é mentira que só tenham pedido 618 professores - PÚBLICO - http://www.publico.pt/sociedade/noticia/directores-dizem-que-e-mentira-que-so-tenham-pedido-618-professores-1591995

Santiago disse...

Ó Pedro nem pareces de Geografia pá. Nunca se deve mandar bitaites sem primeiro ouvir todas as partes e como diz o comentário anterior, estou curioso agora com a tua justificação sobre esta aldrabice que está acontecer com este concurso. Se tivesses efetivo a 150 Km de casa se calhar não estavas tão compreensivo.
Saudações Geográficas.
Santiago

Anónimo disse...

Assim rápido:
Estou com horário Zero, mas não com trabalho zero. A ideia que passa é que não fazemos falta na escola e passámos um belo de um ano de papo para o ar. Pois bem, passei todo ao ano a fazer substituições - entrada na escola ao 1º tempo da manhã e ao 1º da tarde. Coadjuvações e buracos pelo meio .... Também sei de dois presidentes do Conselho Geral que estão com horário Zero. Ambos trabalham em casa pela noite dentro, que isto de agrupar escolas não é pera doce....
Quanto ào alargamento de zonas ou obrigatoriedade de concorrer para longe para ter emprego e o ME poupar ... poder ser muito engraçado, mas para o ME poupar, gasta o prof. As Deslocações são ada vez mais caras ao Km e od docenmtes estão na situação finaceira que todos nós sabemos ... Ir para longe não é só um prob de incomodidade, é de impossibilidade prática ... tudo para meditar

Pedro disse...

Caro Paulo,
já li a notícia e, de facto, é estranho que pela primeira vez apenas tenham sido levadas em conta as indicações dos diretores para as vagas negativas e não para as vagas positivas. Mas, também convém não esquecer que, pela primeira vez, estamos perante um concurso em que as "ameaças" da troika são muito claras. O MEC respondeu que o levantamento de necessidades pedido aos directores só pesou, de facto, na definição do número de professores considerados excedentários, por forma a evitar que existam docentes sem componente lectiva. Não quero aqui defender a opção do MEC; seria bom era que tudo fosse feito às claras e não com estas "surpresas". Mas, continuo a pensar que com tantos cortes (ainda) à vista não termos de recorrer a despedimentos será, dadas as circunstâncias, positivo.

Caros Santiago e anónimo(?),
claro que o ideal seria continuarmos a ter 23 QZP`s e ninguém em horário-zero. E também seria óptimo termos turmas com menos de 25 alunos e CEF`s e profissionais com menos de 20 alunos. E não termos colegas colocados longe de casa. Reconheço isso tudo. Só que há uma circunstância que uns valorizam e outros desvalorizam (ou ainda não perceberam o seu alcance): estamos numa situação de resgate financeiro, saímos há pouco de uma situação de pré-bancarrota e temos as instâncias externas (o FMI, o BCE, os credores) a exigirem cortes de 4 mil milhões de euros nas funções sociais do Estado. Neste contexto, entre estarmos mais longe de casa (mas ter lugar) ou ir para o desemprego (veja-se o que ocorreu na Grécia) parece-me que a opção é clara.
Eu não defendo o que está a acontecer na Educação; apenas compreendo que, nesta altura, há que racionalizar ao máximo os recursos humanos disponíveis. Se para isso tivermos que diminuir drasticamente as contratações, por forma a não enviar ninguém do quadro para mobilidade especial, compreendo a decisão da tutela... Claro que continuará a haver necessidade de contratar colegas, mas em menor número. Isto enquanto continuarem a existir DACL`s, que é o que a tutela quer evitar que haja. Bem sei que à custa da mobilidade interna, situação desconfortável e complicada para milhares de famílias. Mas, a outra opção seria o desemprego...
Espero ter sido claro: uma coisa é defender as decisões, outra é compreendê-las face ao contexto que vivemos...

Luís Serra disse...

E aqueles agrupamentos que têm três professores no quadro num grupo e aparecem com 5 vagas negativas nesse mesmo grupo? Quer dizer que têm dois professores a mais além daqueles que lá estão na realidade? Ele há cada um...

Anónimo disse...

Excelente análise, como sempre. Parabéns.

Anónimo das 11:42,
desculpe se o/a vou ofender com o meu comentário. Mas, não acha que devia estar contente por ter trabalho e até ganhar salário completo, tendo horário zero? Eu ficaria e não diria o que disse "A ideia que passa é que não fazemos falta na escola e passámos um belo de um ano de papo para o ar. Pois bem, passei todo ao ano a fazer substituições - entrada na escola ao 1º tempo da manhã e ao 1º da tarde. Coadjuvações e buracos pelo meio ....".
Se recebe o mesmo que o colega na coadjuvância, tendo ele decerto muito mais responsabilidades do que as suas, devia dar-se por feliz. E se entra ao 1.º tempo da manhã ou da tarde, não faz nada de excecional. A semana de trabalho começa à segunda e termina à sexta, das 8,25 até, em muitas escolas, às 22 horas. Portanto...
Só mais uma coisa: fazer substituições, é algo que esporádico e aqui, honra seja feita à MLR, os professores mais baldas quase já não faltam. Portanto, estará mais de "papo para o ar" do que outros como eu, com um universo de 150 alunos do Secundário e 3 níveis. Tenho um professor coadjuvante numa das minhas turmas que só é responsável por um aluno, sendo que todas as aulas são lecionadas por mim enquanto ele se senta ao lado do aluno NEE e o resto da turma está toda à minha responsabilidade. Sou eu APENAS que preparo as aulas, que as leciono, que elaboro e corrijo todos os testes da turma, que avalio a turma, e ainda faço com o meu coadjuvante as adaptações para os testes do referido aluno , etc.
Está a ver a disparidade de responsabilidade e trabalho quando ambos recebemos ordenado completo...

Pedro, tendo em conta o que enste comentário escrevo, penso que não será justo que o MEC volte a considerar as 6 horas letivas= ordenado completo. O que será mais justo, se optarem por essa via, é distribuir a carga de cada grupo disciplinar por todos de forma a haver equidade e justiça.

Tenha um agradável domingo.

MJ

Sara Graça disse...

Alguém me pode esclarecer se os docentes que entraram no extraordinário vão ficar num qzp e os docentes Da região autónoma que são do quadro e estão na segunda prioridade não podem vir para o continente pois não há vagas? Eu não entendo como podem eles entrar e nós não

Pedro disse...

Caro Luís,
não conheço o caso em concreto, pelo que não o posso justificar. E mesmo que conhecesse a escola e a disciplina, nada melhor que o director dessa escola para o elucidar. Mas, deixo aqui uma hipótese: as vagas agora conhecidas têm em conta as necessidades que existiam há quatro anos atrás, pelo que a agregação de escolas e as mudanças nos currículos e no número de turmas podem fazer com que uma escola que precisava de 8 docentes há 4 anos atrás necessite para o ano de apenas 3 docentes (p. ex. pode acontecer com Ed. Tec.), levando a que existam agora 5 vagas negativas. Mas, isto é só uma hipotética justificação…

Cara MJ,
Mais uma vez estamos de acordo. E concordo com o que diz. Caso o MEC volte à opção das 6 horas lectivas para retirar um docente da situação de DACL deveria haver a preocupação de distribuir as horas lectivas por todos os docentes do grupo disciplinar, evitando que uns tenham muitas turmas e alunos a seu cargo e que o colega “repescado” por ter 6 horas lectivas apenas fique com essas horas lectivas e o resto de componente não lectiva. É de inteira justiça que isso seja ponderado.

Cara Sara,
Infelizmente não a posso esclarecer. Talvez o Arlindo lhe consiga responder, visto que ele é do sindicato. Vá ao blogue dele (http://www.arlindovsky.net/) que, certamente, a poderá esclarecer. Volte sempre…

Anónimo disse...

Como se pode pretender fazer uma "análise racional" quando se continua a acreditar e a escrever que não há dinheiro, que é preciso fazer cortes e que a troika coisa e tal...

Só no ME, tem havido dinheiro, muito dinheiro mesmo, para pagar milhares a equipas que fazem metas, a equipas que vão fazer novos programas de matemática, para pagar AEC, para aumentar subsídios aos colégios privados, para contratar assessores e assessoras, enfim...
O maior cego é aquele que não quer ver.

Agnelo Figueiredo disse...

"... o MEC permitiu que um professor em DACL com apenas 6 horas lectivas deixasse de ser dado como DACL."

Isso teve e terá (já está assegurado) pouca expressão. O que aconteceu de notável é que o MEC permitiu que se considerassem letivas atividades de apoio e co-docência PARA A TOTALIDADE DAS HORAS DE MUITOS PROFESSORES.
Se esta benesse se repetir os professores excedentários poderão dar graças.
Em caso contrário, como temo - pela Troika - terão de ir a DACL e concorrer para todo o QZP.
Ora, só desta última forma se poupará dinheiro, como é bom de ver.

PIpaII disse...

"Sinceramente, não percebo tanto espanto com as vagas que foram dadas a conhecer..."
Pelo menos que estivesse bem feito...em escolas onde há horários as vagas são negativas e noutras onde não há, as vagas são nulas, vamos ver os colegas a sairem porque não têm horário e entrarem outros para o seu lugar, para a seguir concorrerem a DACL.
É uma incompetência, alguém devia ser responsabilizado por isso.

Pedro disse...

O último anónimo(?), das 7.25H, fala em gastos excessivos. Sim, concordo! Continua a haver gastos excessivos. É sempre possível poupar mais em burocracias e gastos de serviços externos como aqueles que refere. Mas, como se costumam dizer "são trocos" quando comparados com os gastos que nos levaram a esta situação... Se não fossem as PPP`s socráticas já não tinha de haver tantos cortes na Educação...

Caro Agnelo,
concordo com o que diz. E espero bem que as benesses do ano passado sejam repetidas...

Em relação ao último comentário, das 9.28H, direi que se espera que as vagas que ficámos a conhecer na 6ª feira, dentro das limitações próprias (só com matrículas e turmas feitas se tem a certeza das vagas!) sejam as correctas e que as reais necessidades de lugares não estejam, propositadamente, a ser "escondidas" pelo MEC...
Seria importante que Nuno Crato esclarecesse melhor toda esta situação.
Agora, parece-me claro que, vistas as coisas a frio, ninguém esperava que surgissem milhares de vagas positivas ou que as vagas negativas fossem poucas... Continuo a dizer que, com tantas alterações introduzidas nos últimos 4 anos (sobretudo agregações e alterações nos currículos) seria inevitável que as vagas negativas superassem em muito as positivas. Não haver mobilidade especial, dadas as circunstâncias, já é positivo!

Anónimo disse...

Caro Agnelo,
nem mais...

MJ

Anónimo disse...

Tem razão quanto ás PPP socráticas.
Mas, já viu hoje as notícias da Metro do Porto? E da Lusopontes, aqui há uns anos atrás, também não sabe de nada? E da ex SLN, agora chamada Galilei...
O Estado(os portugueses)fica com os prejuízos e os mesmos que sempre viveram à sombra dos Rendimentos Máximos veem dizer que o Estado não tem dinheiro

Serão trocos?

Pedro disse...

Caro anónimo(?),
já vi as notícias da Metro do Porto e a diferença de postura de Passos Coelho em relação a Sócrates é gritante.
Passos Coelho demitiu os alegados responsáveis, mandou o Ministério Público investigar e não abafou a questão, enquanto que Sócrates sempre defendeu as PPP´s e as rendas fixas ruinosas da EDP e os seus responsáveis (sobretudo Paulo Campos)... E isto já para não falar dos contratos "armadilhados" que os governos socráticos assinaram para que outros pagassem as obras inauguradas pelos socialistas...

Anónimo disse...

Tal como já foi aqui dito, as vagas que foram publicitadas não têm nada a ver com aquelas que os directores indicaram ao MEC. Gostava de lhe perguntar apenas a quem é que isto beneficia: será a alguns QZP's que, tal como em 2009, vão ultrapassar colegas mais graduados que, para mal dos seus pecados, efectivaram em escolas bem distantes das suas terras?
Sempre achei, e continuo a achar, que é revoltante que eu como QE não possa ser colocado perto de casa apenas para assegurar lugar para alguns QZP's na zona onde resido.
A situação é simples: se eu ficasse colocado na minha zona (no quadro ou apenas destacado) é possível que alguns QZP's não tivessem lá lugar. E depois??? Bastava que fossem colocados na minha vaga de QE, como acontecia até ao imbecil do David Justino (mais um laranjinha como o Pedro) ter tido a ideia brilhante de colocar os QZP's antes dos QE's.
Não sei se já lhe ocorreu, mas isto não tem nada a ver com a troika, pois um QE e um QZP ganham exactamente o mesmo desde que estejam no mesmo escalão. Logo, porque é que os seus amigos laranjinhas não corrigiram esta verdadeira aberração? Será que me pode explicar?

Pedro disse...

Caro anónimo(?),
o porquê de terem sido estas as vagas a concurso e não outras apenas o MEC poderá esclarecer totalmente. Numa notícia da RTP1 foram referidos quatros factores: perspectiva de número de turmas, perspectiva de aposentações, necessidade de evitar horários-zero e perspectivas demográficas. Enfim, no cálculo das vagas penso não haver certezas absolutas, sobretudo quando o que temos são perspectivas de número de turmas (quando não se sabe se há CEF`s, profissionais, etc.. É como que um tiro no escuro...
Uma coisa é certa: nesta 1ª fase do concurso o que conta é a graduação, independentemente de se ser QA ou QZP. E os sindicatos sempre lutaram para que o critério base fosse a graduação. Muitos arriscaram ir para um lugar de QA longe de casa e durante anos tivemos colegas de QZP menos graduados perto de casa com horário-zero. Cada um fez a opção que bem entendeu. Agora vamos ter muitos colegas que poderão ter de ir para longe de casa porque quiseram ficar afectos a um QZP (que agora ficou muito maior). Cada caso é um caso...
O que espero e´que depois das colocações, caso apareçam mais vagas (é sempre possível dado que as de agora não passam de suposições) se volte a respeitar a lógica da graduação (sobretudo para DAR) que, afinal de contas, é a mais justa...
De resto, neste tipo de concurso, feito com base em suposições de vagas, há sempre lugares a injustiças... Podem é ser minimizadas. E aqui os sindicatos poderiam ter um importante papel a desempenhar.
Mesmo assim, considero como mais grave a situação das escolas TEIP...
E quanto ao seu caso concreto lembre-se que, a haver mobilidade especial, quem provavelmente irá correr mais riscos serão os colegas de QZP e não você que já está em QA...

Anónimo disse...

O problema, amigo Pedro, é que:

1- Se eu actualmente sou QA (ex-QE), em vez de QZP, isso não resulta de nenhuma opção da minha parte. Isso apenas acontece porque, há mais de 10 anos, era obrigatório, para além de concorrermos a escolas, concelhos, distritos ou QZP's, concorrermos, no mínimo, a uma das 4 zonas em que o país estava dividido. É apenas por essa razão que deixei de ser QZP, não por opção! E se muitos dos actuais QZP's continuam a sê-lo, em vez de QA, é porque, no ano seguinte, essa obrigatoriedade de concorrer a uma das 4 zonas foi abolida. Porquê? O Pedro explique-me, se quiser (ou souber). É precisamente isso que eu critico, o facto de não ser opção coisa nenhuma (embora pareça, para quem não está por dentro do assunto).

2- Quando o imbecil do Justino decidiu dar prioridade à afectação de QZP's em detrimento dos DAR (em 2004), aconteceu o previsível: o concurso correu muito mal, e os resultados acabaram por ser conhecidos só em Setembro, em vez do final de Agosto. Era óbvio, pois se os QZP's ocupam os lugares que sobram na sua zona por ausência dos QE's (ou porque uma dada escola não tem QE's, ou por destacamento destes noutra escola, ou noutras funções fora do ensino), não se libertando essas vagas, nunca poderia haver lugar para QZP's. A não ser que deliberadamente se ocultassem muitas das vagas realmente existentes, para assegurar que havia lugar para os QZP's, apesar de com isso se dar cabo da vida de muitos QE's, que assim viam barrada a sua possibilidade de se aproximarem de casa (ou em definitivo, mudando de quadro, ou em destacamento). Esta situação começou em 2004, com o Justino, e nunca foi corrigida, nem pelos governos PS do seu "amigo" Sócrates, nem agora, pelos seus amigos laranjinhas. Ou seja, é tudo o mesmo lixo (se é que alguém pode ter dúvidas disso, mas enfim...)

3- Se o Pedro acredita nessas justificações esfarrapadas de que o MEC apenas publicitou essas vagas que nada têm a ver com os pedidos dos directores porque é difícil saber, neste momento, quantos lugares de facto existem, então eu pergunto: nesse caso, para quê pedir os directores para indicarem esses mesmos lugares? Bem podiam não publicitar vaga nenhuma e depois logo se via... Seja como for, o Pedro sabe tão bem como eu que, havendo um cálculo por parte dos directores, o número de turmas, apesar de variável, não varia ao ponto de haver diferenças, como aquelas que vieram a público, em que um director indicou 5 vagas e apareceram duas, ou 4 vagas e apareceu uma. Isso apenas pode ser considerado como um escândalo. Ou seja, na prática (gostava de estar enganado, mas infelizmente não estou) isto é apenas guardar as vagas na gaveta para as dar aos QZP's, e com isso evitar os horários zero, mesmo que (mais uma vez) sacaneando professores mais graduados, que mais uma vez vão continuar desterrados.
4- O Pedro diz que nesta fase apenas conta a graduação. Pois é, mas se não são colocadas as vagas reais a concurso agora, o que interessa isso???? Quando elas de facto aparecem (lá para Julho ou Agosto), a graduação é irrelevante!
5- Neste momento, é difícil prever ao certo os efeitos que este concurso terá, mas se se confirmarem algumas perspectivas mais catastrofistas, as poucas vagas que há poderão servir apenas para recolocar os colegas DACL, que pelos vistos serão muitos mais do que se pensava. O que poderá significar que nem para os QZP's haverá lugar. Caso isso se confirme, e o Pedro, como QZP, for para mobilidade especial, continuará a defender os seus amigos laranjinhas?

Por fim, apenas pergunto: em face do exposto, continua a manter uma opinião globalmente positiva em relação a tudo isto????

Pedro disse...

Caro anónimo(?),
vou começar pela sua última questão. Penso que a resposta tem de ser dada numa lógica de perspectiva, tal como aqueles que olham para um copo com água e dizem que o copo está meio cheio e outros dizem que esse mesmo copo está meio vazio.
Para quem é idealista (parece ser o seu caso) a opinião sobre este concurso só pode ser negativa. Respeito a sua opção... Para quem tenta ser mais realista (assumindo as circunstâncias que nos rodeiam e o contexto que vivemos) a opinião em relação a isto tudo é de compreensão e assumpção de que caso ninguém vá para a mobilidade especial já é bom...
Mas, vamos ao caso em concreto a que se refere.
1. É verdade que há quem esteja em QA porque a isso foi obrigado. Foi o seu caso... Também há quem quisesse estar em QA e não tenha conseguido. É o problema de muitos olharem só para o seu caso específico...
2. Defendo que os QZP só deveriam entrar numa escola depois dos DAR`s terem sido realizados.
3. A ideia que tenho (não uma certeza) é que os directores indicaram na plataforma o número de turmas, alunos e professores do quadro e que o MEC fez a sua previsão de vagas relativamente às que existiam há quatro anos atrás. Daí as discrepâncias...
4. Agora temos vagas incertas, pelo que quando surgirem as vagas realmente verdadeiras (depois das matrículas e da constituição das turmas) o que deveria ocorrer é os DAR`s de maior graduação estarem à frente dos QZP`s sem horário, mas abaixo na graduação. E aqui é que devem entrar em acção os sindicatos, por forma a exigirem que para vagas surgidas depois desta 1ª fase os DAR`s se possam aproximar da sua área de residência. O mesmo deve ocorrer em relação às TEIP`s... A graduação é o critério menos injusto...
Assim, continuo a pensar que seria inevitável que as vagas negativas fossem em maior número que as vagas positivas. Daí não ter sido surpresa para mim! Isto apesar das aposentações... As agregações tiveram este efeito. Mas, também penso que, dado o contexto actual (a pressão da troika para que os despedimentos cheguem à educação é enorme!) devemos estar medianamente satisfeitos caso a mobilidade especial não chegue à nossa classe.
É a velha lógica do copo meio cheio ou meio vazio...
Agradeço-lhe o debate suscitado. Volte sempre...

Maria disse...

O anónimo das 7.57 disse tudo o que me vai na alma. O meu caso é exactamente igual.
Concordo absolutamente com o ponto dois da resposta do Pedro.
Por último, deixo uma questão: em grupos como o de Português e Matemática, cuja carga horária foi aumentada recentemente, e que são disciplinas obrigatórias do currículo (7º ao 12ºanos- agora obrigatório também), como se explica que não surja uma única vaga em determinados concelhos com uma enorme densidade populacional? No mínimo estranho...

Anónimo disse...

Pedro, infelizmente na mobilidade interna os horários-zero vão estar à frente dos DAR, mesmo que aqueles estejam abaixo na graduação.
Por isso, vamos voltar a ter situações de injustiça de colegas que efectivaram longe de casa e que não vão conseguir aproximar-se porque vai haver muitos horários-zero que vão ocupar as vagas que irão aparecer mais tarde. Até há quem diga que há directores que guardam essas vagas para determinadas pessoas que sempre preferiram estar em QZP do que em efectivar numa escola.
Vamos voltar a ter injustiças.

Gorgi disse...

Parece-me que deste concurso não vai resultar nada de bom. Como se costuma dizer, o que nasce torto jamais se endireita, e o concurso já começou mal.
Mas também penso que não haver ninguém com horário zero já é muito bom. Com tantas vagas negativas e tão poucas positivas, serão os contratados a pagar a fatura maior deste descalabro.
Já ouvi dizer que vão bastar outra vez 6 horas lectivas para conseguir fugir à situação de DACL. Confirmas?
Desejo-te boa sorte no concurso.

Pedro disse...

Maria,
será que o fim da Área de Projecto e do Estudo Acompanhado há dois anos não poderá estar na origem das vagas negativas existentes a LP? É que no último concurso, em 2009, estas áreas curriculares contavam para muitas das horas lectivas desta disciplina.

Ao último anónimo(?) direi que caso os DACL com menor graduação estejam à frente dos DAR nas prioridades, considero isso como injusto. Ainda não analisei a legislação para perceber se isso é verdade. O justo seria colocar os DAR que estão mais graduados à frente dos DACL menos graduados, dado que muitos QA estão longe de casa porque a isso foram obrigados, pelo que deveriam ter prioridade na aproximação à residência.

Gorgi, se deste concurso não resultarem horários-zero que obrigam a ir à mobilidade especial já é bom. Há que comparar aquilo que iremos ter depois do concurso com o que a troika queria... E parece que se confirma que o último horário de cada grupo poderá ser ocupado com 6 horas lectivas. Boa sorte também para ti.

bernardino disse...

um colega sem serviço substituído por um contratado? É mais ou menos isto não é? Claro que um contratado não é um colega... as vagas são poucas e temos que nos atirar a elas como hienas...