sábado, 14 de setembro de 2013

O início de mais um ano lectivo...

As últimas duas semanas foram de grande ansiedade para largos milhares de professores. Depois da publicação das listas de colocação de professores (de mobilidade interna e de contratação) houve um pouco de tudo: colegas desanimados por, nos quatro anos que se seguem, irem leccionar para mais longe das suas casas; colegas satisfeitos por, sendo de QZP, terem conseguido lugar numa escola mais próximo das suas residências, "ultrapassando" colegas mais graduados; e, claro, o que se esperava, milhares de colegas que almejavam ter colocação nas listas de contratação e que viram as suas expectativas defraudadas. Nisto tudo, a grande novidade foi mesmo o facto de ter havido um elevado número de professores prejudicados por colegas seus menos graduados, mas afectos a um QZP, terem ficado melhor colocados que colegas mais graduados. 
De resto, aconteceu o que já era esperado: um menor número de horários colocados a concurso, comparando com o que ocorreu no último concurso geral de há 4 anos atrás e a redução do número de colegas contratados. Finalmente, algo, no mínimo, discutível: o facto de haver largas centenas de horários (muitos deles completos), dos mais variados grupos disciplinares, respeitantes a escolas TEIP e que agora serão alvo de oferta de escola, mas que muita gente diz já estarem, em muitas escolas, "prometidos" a determinados colegas nossos. Esta é uma situação que não posso confirmar se ocorre ou não, mas pelo que vou ouvindo de colegas que leccionam nessas escolas, a forma como muitos destes horários são preenchidos parece ser, no mínimo, um pouco duvidosa. Adiante...
Quanto ao novo ano lectivo que agora começa, não há dúvidas que a colocação de mais de 5 mil colegas quase a meio do mês de Setembro (e ainda faltam colocar outros 2 mil) afectou a normal abertura do ano lectivo. É a (a)normalidade a que assistimos todos os anos, ou seja, nada de novo... De facto, muitos foram os conselhos de turma que por esse país fora se realizaram sem a presença de um, dois ou mais professores. Muitos até se realizaram sem se saber ainda quem seria o director de turma. Culpa de quem? Sem dúvida, dos serviços do MEC em Lisboa... 
Quanto ao que se perspectiva no próximo ano lectivo, provavelmente, teremos mais do mesmo: o MEC a dizer que tudo está a correr dentro da normalidade, os sindicatos a dizerem que tudo está a correr mal e os professores, como diz o povo, "a fazerem das tripas coração" para, com mais trabalho, com mais turmas, com mais alunos e, provavelmente, com mais papelada, não prejudicarem em nada o normal processo de aprendizagem dos seus alunos. E porquê? Porque me parece que a grande maioria dos professores deste país (claro que há excepções que todos conhecemos) ainda tem o discernimento necessário para, ao entrar na sala de aula, ser profissional e colocar por trás das costas, as dificuldades que o sistema lhe impõe. É a teoria do "fazer o mesmo ou melhor com  menos" a ser posta em prática. A bem dos alunos...
Pessoalmente, as duas primeiras semanas numa nova escola, com novos colegas e com novos procedimentos, tem sido bastante positiva. Uma grande parte dos novos professores da escola são de fora e a "camaradagem" tem sido excelente. No dia da reunião geral de professores, um dos temas de que mais se falava era o das boleias... Quanto ao trabalho que me espera, mais uma vez, terei um curso profissional e uma nova disciplina para leccionar. Desta vez, uma disciplina denominada OTET (Operações Técnicas em Empresas Turísticas), pelo que o mais certo é sobrar-me menos tempo para vir aqui ao blogue. Esta é já a enésima disciplina diferente que lecciono desde que dou aulas: para além de Geografia no ensino regular (do 7º ao 11º anos de escolaridade), no PCA, no recorrente e ainda no profissional, já tive a meu cargo as disciplinas de IDES, CA, CMA, AI, TTG, ADR e, este ano, será a vez de ter OTET. Tanta sigla!!! Mais uma vez, lá terei de me preparar para uma disciplina mais relacionada com Gestão e que, provavelmente me irá dar muito trabalho (e logo muito tempo ocupado!). E, este ano, ainda terei a Geografia dos 7º e  10º anos de escolaridade, para além de uma direcção de turma. Enfim, não vai ser um ano nada fácil, pelo que o mais certo é ter menos tempo disponível para a blogosfera. Só fico admirado como é que há colegas meus com 20 e mais anos de serviço a quem nunca lhes calhou um CEF ou um profissional!!!
Resta-me, uma vez mais, desejar um bom ano lectivo a todos aqueles que por aqui costumam fazer uma visita. Continuarei a escrever sobre aquilo que se vai passando na área da Educação. O ano não vai ser fácil. Teremos muitas questões para debater: o cheque-ensino, o ensino vocacional, os exames nacionais, as metas curriculares, a mobilidade especial (agora não com o risco do despedimento, mas com o risco de perda salarial), a autonomia das escolas, a avaliação docente e por aí fora... Os sindicatos, com a Fenprof à cabeça, não irão silenciar-se e, mesmo que não haja problemas de maior, estes têm de ser "inventados" a bem da sobrevivência sindical. A grande maioria da classe docente está desanimada e com as suas expectativas defraudadas, mas também está como que conformada, pelo que veremos como vai decorrer este ano. Votos de boa sorte para todos!

4 comentários:

Anónimo disse...

Só gostava de dizer que, ao contrário do que diz, não deve haver quase ninguém contente com estas colocações. Os QE/QA que ficaram em horário-zero, salvo raras excepções, ficaram mais longe de casa. Dos QE/QA que estavam longe de casa, só uma minoria conseguiu melhorar, sendo que, se passaram a ser os menos graduados do respectivo agrupamento, arriscam-se a acabar em horário-zero num futuro não muito distante. Dos QZP, há muitos que ainda não têm (e dificilmente terão, de forma permanente) um horário, pelo que podem temer um corte no salário, tal como foi anunciado pelo governo, que não deve demorar muito a acontecer. E finalmente, os contratados, que, em muitos grupos de recrutamento (a maioria, penso eu) viram chegado o fim da linha, sendo apenas uma miragem que algum dia possam voltar ao ensino, a não ser que se dediquem a outra coisa qualquer enquanto esperam que muitos colegas mais velhos se reformem e as suas vagas não fechem.
Resumindo: acho que a única alegria que se pode retirar deste início de um novo ano lectivo é mesmo o facto de se ter emprego. Há uns anos, esta forma de ver as coisas podia parecer mesquinha. Agora, parece apenas realista, pois com o país a desmoronar-se, num processo que está a ser acelerado (e não combatido) pelo PSD, com toda esta austeridade, é bem melhor ter um emprego cada vez mais mal pago e onde somos escravizados do que não o ter, ou estar a caminho de o perder.

Carla Sousa disse...

Também me tem acontecido o mesmo. Como sou a última da lista todos os anos fico com profissionais enquanto os colegas mais velhos se livram das turmas difíceis.

Pedro disse...

Caro anónimo(?),
uma parte significativa dos colegas do QZP que concorreram na 1ª prioridade estão contentes, por duas razões principais:
1º, porque concorreram na primeira prioridade em relação aos colegas do QA/QE que tentaram a mobilidade, permitindo-lhes passarem à frente de colegas mais graduados;
2º, porque, tendo em conta aquilo que se perspectivava que acontecesse a muitos destes colegas afectos a um QZP em termos de mobilidade especial e risco de "horário zero", muitos podem ter ficado numa escola mais longe em relação ao último ano, mas com uma situação mais estável relativamente ao "risco" de não ficarem colocados.
Agora, claro que muitos outros colegas ficaram insatisfeitos com as colocações. Houve o alargamento dos QZP`s e menos horários postos a concurso, pelo que muitos colegas ficaram mais longe de suas casas. Há casos verdadeiramente terríveis, que todos conhecemos, e que televisões jornais têm dado a conhecer. E quanto aos contratados também foram poucos os que viram a sua situação melhorar...
Quanto à "alegria" de que fala de termos emprego, embora cada vez mais instável e incerto, é uma verdade dos dias de hoje que já há muito se perspectivava. Ainda por cima, estamos numa profissão onde a "matéria prima" tende a escassear (sobretudo nas regiões do Interior) e com um patrão ainda não se livrou da bancarrota e que recorre à emissão de dívida pública para nos pagar os salários...
Tempos difíceis!!!

Cara Carla Sousa,
só quem já teve ensino profissional, sobretudo disciplinas de cariz técnico, é que pode dar valor aos colegas que dão estas disciplinas. Em muitas nem há manual e aquilo que se ensina tem de ser previamente preparado. Aqui não há lugar a improvisos...
Boa sorte para si. E é como diz: muitas vezes estas disciplinas são dadas a colegas que estão no final da lista e não aos colegas com mais experiência. Porque será? Todos sabemos a razão...

Anónimo disse...

Bom ano e tudo de bom. Com saúde e amor pelo ensino, tudo se consegue...


MJ