sábado, 25 de julho de 2015

A dura realidade explicada por Passos Coelho

Na mais recente entrevista concedida por Passos Coelho à TVI falou-se sobre o "desinvestimento" público no sector da Educação a que assistimos nestes últimos quatro anos. De facto, basta recorrermos ao últimos quatro Orçamentos de Estado para percebermos que a despesa pública destinada à Educação decresceu. Uma das perguntas feitas a Passos Coelho teve que ver precisamente com essa constatação.
Ora, como já escrevi aqui inúmeras vezes, gastar-se menos dinheiro numa determinada área não significa, forçosamente, que nessa área se assista a uma perda de qualidade ao nível do serviço prestado. E Passos Coelho explicou-se muito bem. De facto, se nestes quatro anos houve uma redução do número de professores, é óbvio que a despesa pública na área da Educação teve que baixar, até porque 70% da despesa pública na Educação se destina ao pagamento de salários. Claro que, como diz o povo, "sem ovos não se fazem omoletes" e, portanto, se há menos professores para o mesmo número de alunos, a qualidade do ensino em Portugal não pode ser a mesma, até porque, a tendência sentida não foi a da redução do número de alunos por turma. Mas, também aqui há pontos que devem ser esclarecidos para que se compreenda por que razão se pode dizer que um menor número de professores no sistema não tem, forçosamente, de comprometer a qualidade do ensino prestado aos nossos alunos. Efectivamente, há três realidades que não devem ser esquecidas: o número de alunos, por via da redução da natalidade, tem vindo a decrescer; o fecho das pequenas escolas do 1º ciclo e a sua concentração em pólos foi uma medida que já vinha de trás e em que se continuou a apostar; a crescente litoralização é um fenómeno também sentido na Educação. Estas três realidade explicam, em grande parte, a redução do número de professores, para além da tomada de uma medida administrativa que levou à redução do número de professores do quadro com horário zero ou reduzido: a redução do número de QZP`s. A combinação destes factores levou a que, nestes quatro anos, o número de professores contratados tenha decrescido na ordem das duas dezenas de milhar, com consequências óbvias ao nível da redução da despesa pública.
Claro que o ideal seria termos menos alunos por turma, mais escolas de média dimensão (em vez dos mega-agrupamentos que temos), maior número de professores e, já agora, uma taxa de natalidade mais elevada. Mas, a dura realidade que temos é bem diferente da idealizada e é com ela que temos de nos confrontar: um país que há quatro anos esteve à beira da bancarrota, com défices orçamentais anuais a rondar os 10% e que foi obrigado a entrar numa lógica de austeridade e contenção de gastos, também ela sentida na Educação, sobretudo ao nível da redução do número de professores contratados. Como escrevi há quatro anos penso que, tal como pode e deve ocorrer ao nível dos orçamentos familiares, também ao nível do Estado se "pode fazer o mesmo ou melhor com menos"...
Agora é chegado o tempo de reflectir e decidir: ou continuamos paulatinamente o caminho que temos vindo a trilhar com, como diz o povo, "os pés bem assentes na terra" e sem desvarios ou, em alternativa, voltamos ao passado e à lógica do viver-se "em grande e em festa", qual desvario socialista que quase nos levou à bancarrota... 

14 comentários:

Anónimo disse...

É bom falar quando se tem emprego, não é?

Blogue Assistente Tecnico disse...


Vou comentar apenas a parte dos resultados dos alunos. Digam o que quiserem sobre o privado, mas com turmas de 15 alunos eles fazem "milagres" para alguns, depois dizem o que dizem do público! Para confirmar, basta verificar os resultados dos exames nacionais do privado...

Relativamente à redução de custos.. tinha muito para dizer.

Anónimo disse...

Será que mantinha este tipo de discurso se, também a si, lhe calhasse a «mobilidade especial» ou até mesmo o despedimento?
Com a desgraça dos outros podemos todos muito bem, não é verdade?

Pedro disse...

Apenas uma chamada de atenção para o comentário do último anónimo: que eu saiba a mobilidade especial não afectou qualquer professor, nem tão pouco se pode falar de despedimentos na nossa classe profissional. Portanto...

Anónimo disse...

Pedro, isso que afirma não é verdade!
Quem obteve o seu vínculo após 2009, será despedido caso se mantenha na dita «mobilidade especial» por mais do que dois anos, os outros, ficarão com 40% do vencimento ad eternum(?) e sujeitos a todo o tipo de proposta indecente.
Pesquise que irá confirmar isto.

Mas o interessante é que você não respondeu à pergunta:

- Manteria essa mesmíssima postura, e consequente opinião, caso a desgraça (que você vê com normalidade e como inevitável) dos outros lhe fosse bater à porta?

Sim ou não?

Pedro disse...

Falar no futuro do pretérito do indicativo é próprio dos políticos. Não entro por aí...
Apenas lhe continuo a dizer que compreendo as explicações dadas por Passos Coelho, assentes na realidade (dura, é verdade!) e não no "faz de conta".

Anónimo disse...

Os resultados dos exames nacionais do privado? Quais, aqueles em cujas escolas até há professores que escrevem as respostas no quadro? Ou serão aqueles cujos "vigilantes" (óbvio eufemismo) estão a jogar PlayStation enquanto os alunos copiam à vontade???
Tenha vergonha!!!

Anónimo disse...

Não afectou, mas falta pouco para afectar!!!

Roberto Dias disse...

Para de lamber os colhões ao Passos!

Metes nojo!

Sim, não é possível argumentar com burros com palas!

Anónimo disse...

Este blog devia ter o nome - «Na sala do anormal»

Tem mas é vergonha na cara.

Uma antiga colega de escola disse...

Louvo-te a capacidade para retratares a realidade do que se vai passando na Educação. É uma realidade dura e ingrata de descrever mas é a que temos.
Não ligues aos que só sabem criticar, desvalorizar e acusar. Por eles está sempre tudo mal e o MEC deveria ser um centro de emprego.
Umas boas ferias.

Anónimo disse...

Olha outra que acha que a ela não lhe calha a desgraça «tão normal» nos outros!

Anónimo disse...

A redução do número de professores teve objetivos meramente economicistas. Foi uma condição imposta pela troika e é claro que apenas visou professores contratados. Nenhum professor dos quadros foi despedido.
Não sejamos ingénuos. É verdade que durante anos tivemos professores a mais. Recordemos o que se passava nas escolas nos anos 90, com colegas nossos que apenas tinham oito horas de aulas por semana.
Estamos agora a pagar os erros do passado.

Anónimo disse...

Enquanto uns desesperam por uma colocação em qualquer parte do país, outros inventam doenças para conseguirem destacamento para perto de casa.