sexta-feira, 12 de maio de 2006

Aproxima-se mais uma época "quente" de exames

Parece que já se torna uma rotina: os sindicatos da educação já vieram avisar quem de direito que a ameaça de greve aos exames deverá ser para levar a sério. Desta vez, a justificação para tal atitude prende-se com o teor da proposta do Ministério da Educação relativamente ao novo Estatuto da Carreira Docente (ECD), que os sindicatos supõem estar recheado de más notícias: maior carga lectiva, maior exigência na progressão na carreira, mudança do regime de faltas, etc.
Penso que a estratégia da greve, a ser efectivada pelos sindicatos, apenas terá uma consequência: a continuação do desgaste da imagem que a classe docente tem junto da opinião pública. Aliás, a Ministra da Educação sabe muito bem que terá do seu lado a generalidade das famílias portuguesas caso se avance para uma greve aos exames dos estudantes que pretendem entrar para o ensino superior. Por isso, não é de admirar se a proposta do novo ECD chegar para discussão pouco tempo antes de se iniciarem os exames.
Enquanto as dezenas de milhares de professores não tiverem uma organização que os represente de forma séria e credível continuaremos a assistir à situação que temos: o Ministério da Educação decide a seu belo prazer, sem ligar ao que os sindicatos dizem defender, sendo que muitas das mudanças levadas a cabo nos últimos anos na área da Educação não têm conseguido alterar a situação de insucesso escolar que continuamos a ter no nosso país.

11 comentários:

henrique santos disse...

Caro Miguel
a sua grande esperança na Ordem dos professores como entidade que resolverá muitos dos problemas da Educação e dos professores parece-me pouco realista. Oxalá fosse assim, mas basta ver que as outras ordens em outras profissões onde ela existe não resolvem os problemas e são os sindicatos desses sectores que promovem acções absolutamente necessárias. Vejo também com alguma pena que o Miguel faça parte daqueles que sistematicamente estão contra os sindicatos. Sem serem perfeitos eles são necessários e imprescindíveis. É necessário avaliá-los em função das suas acções concretas (e discursos concretos) e apoiar aqueles que defendem a Profissão e a Educação.
Também a Greve é um recurso a utilizar, principalmente contra Ministérios ou Governos prepotentes. Haja professores que lhe dêem - à Greve - substância.

IsaMar disse...

Olha...eu tb estou de acordo contigo Pedro...
A greve só irá denegrir mais a nossa imagem...e para além do mais atrasar coisas mais importantes...os testes...e a preparação dos alunos para os exames nacionais...
Os sindicatos são importantes...mas na situação politica actual do País muito pouco podemoa fazer...

Fica bem

afigaro disse...

Eh!amigo! Você sublinha de mais. Quem por aqui está sabe ler e não sofre da iliteracia motivada pelos "furos" dos professores.

A Professorinha disse...

Já no ano passado se fez greve a exames... o que aconteceu? Fomos apelidados de tudo e mais alguma coisa, foi dito que não pensamos nos alunos, que só queremos pouco trabalho , etc... Não acredito que, se for convocada, a greve a exames tenha muita adesão. O ano passado a Ministra resolveu as coisas à la ditadura, este ano, como já estão confortavelmente sentados no poleiro e já ganharam ainda mais petulância do que antes, vai acontecer o mesmo... talvez até com piores consequências do que no ano passado.

henrique santos disse...

Já ando há alguns anos nisto...
Um dos argumentos que muitos dos professores que nunca fazem greve davam para não fazer greves "normais" era: se fossem greves aos exames isso sim é que era a valer. Agora o argumento tem de ser outro...
Mas há algo que os professores, classe em que eu me incluo, tem de conhecer e entender:
-quer queiram, quer não, os sindicatos são os representantes dos professores em matéria de direitos e deveres, além de partícipes na discussão das políticas educativas;
-a união dos professores (pelo menos de uma parte substancial da classe) é necessária para que aspectos importantes da sua profissão sejam respeitadas;
-quem tem o poder para decretar greves são, exclusivamente, os sindicatos;
-os sindicatos são, em muito, aquilo que os seus associados, com a sua participação, fazem.
Deixemo-nos de bater em nós próprios, através das pancadas nos sindicatos. Participemos neles. Afinal há tantos (muitos com o apoio implícito e interessado do poder). Será que não há nenhum em que possamos participar? Eu fiz essa escolha quando comecei a trabalhar. É tempo de participar nos sindicatos... por dentro.

Pedro disse...

Henrique, quando temos sindicatos que se deixam conduzir por questões partidárias, a adesão torna-se difícil... Sobretudo quando se sabe que é esse tipo de actuação que interessa ao Governo. Mais uma razão para exigir a criação da Ordem dos Professores!
Birbante, "cobardia e medo de ir à luta"? Há quem defenda que a luta não se faz com greves marcadas para as sextas-feiras, antecipando fins-de-semana...
"Classe de professores dominada por totós"? Será que isso quer dizer que quem está à frente dos sindicatos são totós?

Nan disse...

Muito bem! Mas nunca oiço os colegas que se queixam de que «certamente que também não será com greves que a situação poderá melhorar para o lado dos professores!» proporem formas de luta. Ou não temos capacidadede lutar? Temos que aceitar passivamente todos os ditames do ME, por absurdos que sejam? E propostas, hã? Propostas sérias, de forma de luta sérias, capazes de fazer ouvir a voz dos professores deste país, que andam a ser insultados e humilhados pelos sucessivos governos...

Pedro disse...

Catarina, a forma de luta que defendo é a do reforço da credibilidade da nossa classe profissional junto da opinião pública, que poderia ser alcançada, por exemplo, através da união dos sindicatos num só ou da criação de uma Ordem dos Professores...
A actual situação é insustentável e só não vê quem não quer...

Nan disse...

Mas isso não é uma forma de luta. Isso é trabalho de propaganda. Não se deixe intimidar pela palavra, é assim que se chama. É uma boa coisa e deve fazer-se mas isso não contribui em nada para lutar contra as determinações cegas de um Ministério da Educação igualmente cego. E não foram os professores que fizeram a sua própria descredibilização social, embora alguma comunicação e algumas forças políticas assim queiram fazer crer. Esse trabalho foi feito pelos sucessivos governos, tanto de centro direita como de centro esquerda. Trabalhar em prol da credibilidade é uma coisa. Lutar por condições dignas de trabalho, para nós e para os nossos alunos, por programas lógicos e racionais, por uma escola em que a exigência e o rigor sejam constantes e em que não se «ajude» os «desfavorecidozinhos» esperando menos deles, porque são pobres ou moram longe, é uma outra coisa que não se consegue sem LUTA. E luta, colega, significa frequentemente pisar os calos de alguém. Não há luta sem uns «galos» aqui e ali, não há luta sem feridos, mesmo que metafóricos.

Pedro disse...

Catarina,esse tipo de intervenção proletarista não faz o meu género. Prefiro a conquista da credibilidade para depois, de forma séria, serena e capaz, conseguir junto da tutela o melhor para a Escola portuguesa, que é como quem diz, melhores condições de trabalho para alcançar o devido sucesso escolar...
A conversa dos sindicatos já todos sabemos: salários, salários e mais salários, reivindicando direitos e fazendo tábua rasa dos deveres!
Mas, como tudo na vida é uma questão de escolha. Eu escolho a credibilidade e a seriedade...

Nan disse...

Caro birbante, tirou-me as palavras da boca, como costuma dizer-se!