Nos ultimos dias, a SIC tem apresentado uma série de reportagens sobre algumas das escolas que mais destacaram (pela positiva ou pela negativa) ao nível dos resultados obtidos pelos seus alunos nos exames do 12º ano. Baseando-se na análise dos resultados dos alunos, alguns deles com a evolução verificada nos últimos seis anos, a SIC confundiu ranking de exames com ranking de escolas... Digo isto porque a realidade que está por trás de cada escola tem sido, em muitas das reportagens emitidas, simplesmente esquecida!
Ainda ontem, a SIC transmitiu no Jornal da Noite uma reportagem onde tentava justificar os excelentes resultados obtidos nos exames nacionais pelos alunos do 12º ano do Colégio São João de Brito. Foram dadas a conhecer as instalações da escola, a forma como as aulas funcionam, a biblioteca e os laboratórios e até se entrevistaram professores, alunos e pais. Todos falaram na forma exemplar como as aulas são leccionadas. Apenas um senão: a SIC "esqueceu-se" de referir que para frequentar o Colégio São João de Brito, os pais têm de dispender mais de 400 euros por mês, sem falar nas actividades extra-curriculares. Pois bem, não acredito que algum jovem das classes baixa ou média-baixa seja aluno deste colégio. Ou seja, nenhum aluno anda naquele colégio contrariado. Todos estão lá para aprender...
O mesmo não se passa no ensino público! Os professores do ensino público sabem muito bem que a maioria dos alunos que originam problemas nas suas aulas, contribuindo em muito para o insucesso escolar, provêm das classes sociais mais baixas. Sabendo nós que sem ovos não se fazem omoletes, não podemos ignorar as desigualdades existentes entre muitas das escolas públicas e privadas deste país em termos de comunidade discente...
Assim, convém contextualizar as realidades que estão por trás dos resultados obtidos pelos alunos no final do ensino secundário. Isto não quer dizer que o ensino público está condenado ao fracasso, mas não podemos ignorar as diferentes condições de trabalho que estão subjacentes à proveniência social da comunidade discente de cada escola.
1 comentário:
400€ é muito? O Estado gasta mais nas escolas estatais.
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