sábado, 24 de fevereiro de 2007

O aborto numa aula de Geografia

Já quase no final da aula, depois de terem sido analisados vários mapas sobre a distribuição da taxa de natalidade no mundo, o diálogo professor-alunos "aquece"...
Professor: "Então, quem me quer dizer quais serão os factores que explicam as reduzidas taxas de natalidade verificadas em muitos dos países europeus"?
Muitos alunos vão referindo a utilização dos métodos contraceptivos, o planeamento familiar, as despesas tidas com os filhos e os casamentos tardios até que intervém o José Fernando.
Inês (13 anos): "Eu acho que a principal causa é a utilização dos métodos contraceptivos."
Professor: "José Fernando, consideras mesmo que a prática do aborto é responsável pelo reduzido número de nascimentos verificados em muitos dos países europeus"?
Professor: "Então consideras que a prática do aborto constitui um método contraceptivo"?
José Fernando: "Acho que sim".
Professor: "E concordas que assim seja?"
José Fernando: "Não sei. Para quem concorde com o aborto será."
Muitos dos alunos ficam a cochichar entre si, admirando-se de, na próxima aula, irmos aprofundar o tema do aborto...

5 comentários:

Nan disse...

Já experimentou explicar-lhes que a principal causa das baixas taxas de natalidade se prende com o facto de as pessoas terem percebido que:
- Uma vez que quase todas as crianças que nascem sobrevivem, não é preciso ter seis filhos para criar três;
- Os filhos não são uma fonte de rendimento, como eram até à primeira metade do século passado, quando, nas famílias pobres, as crianças começavam a trabalhar por volta dos doze anos, mas uma fonte de despesas;
- Quem tem um ou dois filhos tem mais hipóteses de lhes dar uma vida digna e um bom futuro qo quem tem seis ou sete ( a menos que falemos de pessoas muito ricas);
- As mulheres deixaram de ter a maternidade como única forma de realização pessoal.
Talvez eles entendessem. Não é difícil.

Anónimo disse...

A Catarina deve ter lido o meu artigo à pressa. Só assim se compreende que tenha desprezado a seguinte passagem:
"Muitos alunos vão referindo a utilização dos métodos contraceptivos, o planeamento familiar, as despesas tidas com os filhos e os casamentos tardios até que intervém o José Fernando."
Cara Catarina, os alunos sabem muito bem porque é que o número médio de filhos por casal tem vindo a diminuir.
O problema é quando alguns, pelos mais variados factores, têm a ideia de que o aborto livre e legal pode ser utilizado como método contraceptivo. O meu papel de professor é precisamente o de contrariar essa ideia. Apesar de a lei que irá ser aplicada a curto prazo não ajudar em nada...

umquarentao disse...

Apelo em divulgação na internet:

'CAIXOTE DO LIXO'... NÃO!!!
ÚTEROS ARTIFICIAIS... SIM!!!

Nas Sociedades Tradicionalmente Poligâmicas apenas os machos mais fortes é que possuem filhos.
No entanto, para conseguirem SOBREVIVER, muitas sociedades tiveram necessidade de mobilizar/motivar os machos mais fracos no sentido de eles se interessarem/lutarem pela preservação da sua Identidade.
De facto, analisando o Tabú-Sexo (nas Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas) chegamos à conclusão de que o verdadeiro objectivo do Tabú-Sexo era proceder à integração social dos machos sexualmente mais fracos -> Ver O Tabú-Sexo.
{http://tabusexo.blogspot.com/}

Com o fim do Tabú-Sexo a percentagem de machos sem filhos aumentou imenso...
As Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas têm de Assumir a sua História!!!... Isto é, estas sociedades não podem continuar a tratar os machos sexualmente mais fracos como sendo o CAIXOTE DO LIXO da sociedade!!!... Isto é, os machos ( dotados de Boa Saúde... ) rejeitados pelas fêmeas devem possuir o LEGÍTIMO Direito de ter acesso a Úteros Artificiais.
{ nota: deve ser considerado uma Investigação Cientifica Prioritária }

Anónimo disse...

Olá Pedro
Leitor regular do seu blog, não posso deixar de o felicitar pela capacidade de integrar factos do quotidiano nos coetúdos da disciplina, pois é dessa forma que eu encaro a Escola. Por isso, considero pertinente o comentário do aluno José Fernando, ao referir um tema actual e não apenas aqueles que constam do manual. É salutar fomentar uma atitude crítica por parte dos alunos, ainda que por vezes pouco reflectida, pois só assim se progride no conhecimento.
Votos de continuação de um bom trabalho,
João

Nan disse...

Sim, eu li mesmo tudo e percebi. Só lhe escrevi o comentário porque você está permanentemente - ou muitas vezes - a falar em incentivar os nascimentos, como se alguma política pudesse convencer as pessoas a terem de novo cinco e seis filhos por família. E repare que eu acho que nenhum casal deveria ficar só com um filho, mas não é por razões demográficas - é porque tenho verificado que essas famílias se tornam em pequenas células de egoísmo a três e que, quando há um filho único, os pais tendem a depositar demasiadas esperanças nele e, portanto, a mimarem-no demais, por um lado, e a exigir demais dele, por outro, e os filhos tendem a depender demasiado e até demasiado tarde dos pais e a fazer chantagem sentimental para conseguir o que querem. E, sendo coerente, tenho duas filhas. Mas não penso ter mais...