O recente programa "Novas Oportunidades" lançado pelo Governo apresenta-se aos olhos de muitos daqueles a quem se destina (adultos com um reduzido grau de qualificação) como uma excelente oportunidade para melhorar o seu curriculum e qualificações académicas. Mas, a que custo???
O slogan da campanha é "Aprender compensa"... Mas, a mim parece-me que a pedra angular que norteia este programa é mais a possibilidade de, a curto prazo, melhorar de forma significativa as qualificações da mão-de-obra portuguesa nas estatísticas nacionais e internacionais e não a de proporcionar, a todos aqueles que abandonaram precocemente a escola, a possibilidade de voltarem às escolas para efectivamente aprenderem e, assim, melhorarem as suas competências básicas.
Convém termos bem presente que este processo de certificação dos conhecimentos adquiridos ao longo da vida activa nada tem que ver com o regresso às carteiras da escola. Tudo se processa de forma muito rápida, visto que o candidato apenas tem de preencher uns formulários que lhe atestem a sua experiência laboral. Nada como o que acontecia até aqui, em que muitos adultos voltavam à escola para frequentar o Ensino Recorrente Nocturno e, efectivamente, aprenderem para conseguirem adquirir o certificado do 12º ano de escolaridade.
Esta estratégia do Governo, apoiada em muito do que se faz nos países nórdicos (mas lá possivelmente com maior rigor e exigência), parece-me excessivamente simplista e pouco rigorosa, sendo até injusta para com aqueles que efectivamente frequentam as escolas para alcançarem um igual nível de qualificações, mas à custa de uma maior exigência e esforço.
Conheço o caso de um amigo meu da Covilhã que deixou a escola há uns anos atrás e que tem andado a frequentar uma série de cursos de formação profissional (alguns remunerados) ao mesmo tempo que faz uns part-times em lojas comerciais. Pois bem, agora tem andado numa roda-viva para conseguir que lhe façam uns elogios por escrito em como atende muito bem ao público para, assim, conseguir que no Centro de Competências lhe atestem capacidades equivalentes ao 12º ano de escolaridade e, dessa forma, poder facilmente melhorar o seu curriculum vitae. Será que esta situação, igual a tantas outras, é justa para com aqueles que de forma esforçada tentam terminar o 12ºano na escola, seja no ensino regular, seja no recorrente nocturno. Não me parece...
Melhorar a qualificação dos portugueses à custa do facilitismo e da descida do nível de exigência? Não obrigado!!!
9 comentários:
JUstiça??
Neste País?
Eu acho que é muito justo, porque existem muitas pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, porque nem todos nasceram em berço de ouro e antigamente os tempos eram outros. Parece-me pouco ortodoxo fazer comparações com os estudantes de agora. Estamos a faler de pessoas que trabalham desde 13 ou 15 anos e neste momento têm 40 ou 50 ou mais.
SE è UM PROFESSOR REVOLTADO COM A PROFISSÃO, MUDE, EXISTEM MUITAS PROFISSÕES, MAS, OLHE À SUA VOLTA E VEJA COM OS OUTROS INDIVIDUOS QUE NÃO PERTENCEM À FUNÇÃO PÚBLICA VIVEM OS SEUS DIAS.
Isto de ter de responder a anónimos é aborrecido, mas há que esclarecer os mais distraídos. Seguem-se três chamadas de atenção:
1. Reafirmo que considero injusto que possa ser possível alguém ter equivalência ao 12º ano de escolaridade apenas por via do preenchimento de formulários e apresentação de curriculos, sem a frequência efectiva da escola. A experiência de vida não deve ser condição suficiente para banalizar os níveis de escolaridade;
2. Já por várias vezes leccionei no Ensino Secundário Nocturno e valorizei o facto de ter alunos adultos, muitos deles com filhos na escola, e que se esforçavam para também eles frequentarem a escola à noite para alcançarem o 12º ano de escolaridade, sem facilitismos, nem panaceias;
3. Asseguro que me sinto muito satisfeito com a profissão que escolhi e só tenho pena que a mesma não seja devidamente valorizada por muita gente da sociedade civil que criticam os professores, mas esquecem-se que são estes, muitas vezes, que fazem o papel de verdadeiros pais, tal é a incapacidade de muitos progenitores para tomarem conta dos seus filhos.
PS - Só deixando de lado a máscara do anonimato é possível concretizar a efectiva e adulta discussão de ideias...
Tenho um futuro cunhado a aproveitar esta oportunidade (creio ser o mesmo programa). Mas ele vai à escola, tem de fazer trabalhos e defendê-los...
Pois é NP, mas há quem tenha obtido o certificado de conclusão do 12º ano de escolaridade com "uma perna às costas", como se diz cá na minha terra...
Já agora:há uma Ministra que consegue vencer um duelo com jovens estudantes.
É de gritos!
Pode ser visto e ouvido no Peciscas.
E se a Universidade Independente não fechar, acautele-se porque esse seu amigo brevemente poderá ser engenheiro civil diplomado.
Este programa "Novas Oportunidades" é para indivíduos aleijados mentais, facilitistas, oportunistas e para idiotas fantasiosos.
O ensino recorrente nocturno já existe há mais de 10 anos, todos os professoras ajudam o quanto podem, até por vezes facilitam mais do que deviam, esta cambada nunca esteve interessada em perder 3 anos no banco da escola a estudar a sério para fazer o secundário, e não se desculpem com o trabalho porque o que não falta no ensino nocturno recorrente (normal) é indivíduos com todas idades, com filhos e a trabalhar 12 horas por dia antes de irem para a escola, não recebiam é computadores e pior ainda, tinham que estudar e aplicar-se a sério.
Este país é uma vergonha, o ensino está uma vergonha, estes senhores que "estudam" neste novo programa em vez de orgulho deviam era ter vergonha, até os ATLs dos miúdos com trissomia 21 obrigam a mais trabalho intelectual.
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