domingo, 30 de setembro de 2007

País da treta...

Um país que não cuida e protege da melhor forma os mais novos (cada vez em menor número) não passa de um projecto de país desenvolvido. É isso que penso de Portugal quando confrontado com o facto de termos uma legislação miserável no que toca à defesa da maternidade e da paternidade.
Na passada sexta-feira fui pai pela segunda vez. Depois de uma gravidez de risco que a minha esposa teve de aguentar, de forma heróica, temos pela frente tempos difíceis e desgastantes, com dois filhos de tenra idade: um de vinte e um meses e outro recém-nascido. Ambos somos professores e não temos família por perto: os avós vivem bem longe de nós. Mas, pelos filhotes nada é sacrifício...
Ora, o que o Estado nos concede para cuidar do elemento mais novo da família resume-se a um abono de família que nem para as fraldas do mês chega e uma licença de maternidade de quatro meses (com a hipótese de ter mais um mês sem direito a vencimento), a par de uma licença de paternidade de uns míseros cinco dias. Pouco, muito pouco, quando sabemos que outros países decentes desta Europa cada vez mais desigual permitem o alargamento da licença de maternidade até três anos e concedem subsídios verdadeiramente natalistas.
Como poderemos ter um país de jovens (lembremos-nos que o número de idosos já supera o de jovens) quando a classe média é posta de lado no que toca a incentivos decentes à natalidade? Aos quatro meses de idade um bébé deixa de ter a necessidade de ter a mãe ou o pai por perto? É isso que pensam os nossos governantes? Que com quatro meses já pode ser "despejado" no infantário, como se já não fosse um ser frágil? Só visto!!!
Enfim, tinha de desabafar. A felicidade de ter mais um filho não me impede que deva protestar com a actual situação de completo abandono que este e os anteriores governos demonstram ter pela classe média portuguesa. Sim, porque para a "arraia miúda" já há rendimentos mínimos e outros incentivos à preguiça...

3 comentários:

peciscas disse...

Caro colega:em primeiro lugar os meus parabéns, extensivos à colega mãe, pois a experiência da paternidade e maternidade é única.
E, de facto, choram-se por aí lágrimas de crocodilo acerca dos baixos índices de natalidade em Portugal. Pudera!Com os baixos níveis de vida e com o desemprego que temos...
E os professores, estão na primeira fila dos sacrifícios que é preciso desenvolver para criar os filhos. Sei-o, também, por experiência própria, Somos, também um casal de docentes (eu já não no activo).
Quantas vezes não podemos dar aos nossos, todos os cuidados e toda a presença que lhes devemos, porque os temos de repartir com os filhos dos outros.
E, quase sempre,para recerbermos em troca, neste país de faz de conta, uma grande falta de reconhecimento social pela profissão.
Agora, apareceram com uns subsídios de incentivo à natalidade que até dariam vontade de rir se não fossem tão despudoradamente demagógicos...
Curiosamente, antes de ler este texto, tinha estado a escrever um post, para publicar amanhã, sobre este mesmo assunto.

Anónimo disse...

Caro colega Peixoto:em primeiro lugar os meus parabéns, extensivos à colega mãe a ao filhote.
Pois ter um filho na nossa profissão tem que ser muitissimo desejado pelos sacrificios que vai acarretar. Como dizes é um país de faz de conta e quando anunciam incentivos á natalidade vão-se a ver só é para aqueles que nada têm mas que também nada fazem e por isso bem podem estar em casa a fazer e tomar conta dos filhos. Por isso se diz que estas medidas são para haver mais pobres porque a classe média foi esquecida e como só têm quatro meses para tomar conta dos filhos porque a partir daí os pais por força do emprego já não estão com eles.Também afirmo que é a classe média a mais sacrificada e por isso a crise que está a grassar sem melhorias à vista.Ao invés de outros países aqui não se investe na clase média o que leva ao desaparecimento desta classe dando origem a crises durissimas como nos dizem alguns relatos da história.Parabéns. Um abraço

Anónimo disse...

Eu passo por cima do país de treta (mas é mesmo, concordo) para deixar muitos parabéns e desejar tudo de bom para o novo filhote e para o mano :)